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Ecolocalização

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Ecolocalização ou Biossonar é um
sentido, uma sofisticada capacidade
biológica de detectar a posição e/ou
distância de objetos (obstáculos no meio
ambiente) ou animais através de
emissão de ondas ultrassônicas, no ar
ou na água, e análise ou cronometragem
do tempo gasto para essas ondas serem
emitidas, refletirem no alvo e voltarem à
fonte sobre a forma de eco (ondas
refletidas). Para diversos mamíferos,
como morcegos, golfinhos e baleias,
essa capacidade é de importância
crucial em condições onde a visão é
insuficiente, de noite no caso dos
morcegos ou em águas escuras ou
turvas para os golfinhos, seja para
locomoção ou para captura de presas.
Alguns Morcegos também utilizam a
ecolocalização para voarem em
cavernas. Baseado nessa capacidade
natural, os seres humanos
desenvolveram a "ecolocalização
artificial" com o advento do radar, sonar
e aparelhos de ultrassonografia.[1]

História
Apesar de essa capacidade ter sido
postulada pelo biólogo italiano Lazzaro
Spallanzani (1729-1799), foi descrita
primeiramente nos anos de 1930. O
termo "ecolocalização" é atribuído ao
zoólogo Donald R. Griffin e ao
pesquisador Jonas Ansel, que foi o
primeiro a demonstrar conclusivamente
a existência da mesma nos morcegos.

Ecolocalização em morcegos

Esquema da ecolocalização em morcego, emitindo


ultrassons (em vermelho) que atingem o objeto (em
azul), sendo refletidas sobre a forma de eco (em
d ) lt d l l
verde) e voltando ao morcego que calcula a
distância (r) com base no tempo entre a emissão e
recepção

Morcego-das-hortas (Eptesicus serotinus)

Os morcegos são animais mamíferos


muito diferente dos demais,
principalmente por serem os únicos
adaptados ao voo verdadeiro, habilidade
que compartilham com as aves e os
insetos. Durante o dia, dormem
pendurados pelos pés em cavernas,
forros de casas abandonadas ou
árvores. Tem hábitos noturnos, portanto
à noite saem à procura de alimento, e
consomem principalmente insetos,
frutos e também néctar de algumas
flores. Os que se alimentam de sangue
de gado e outros animais são chamados
de morcegos hematófagos. A maioria
dos morcegos possui um sentido
adicional, aliado aos cinco sentidos com
que os humanos estão acostumados: a
ecolocalização ou biosonar, trata-se de
um poderoso e importante recurso para
orientação à noite ou em ambientes
escuros como cavernas e para captura
de presas.

Funcionamento …
O morcego emite ondas ultrassônicas,
isso é, com frequência muito alta, na
faixa de 20 a 215 quilohertz, pelas
narinas ou pela boca, dependendo da
espécie. Essas ondas atingem
obstáculos no meio ambiente e voltam
na forma de ecos com frequência menor.
Esses ecos são recebidos pelo morcego
e com base no tempo em que os ecos
demoraram a voltar, nas direções de
onde vieram e nas direções de onde
nenhum eco veio, os morcegos
percebem se há obstáculos no caminho,
as distâncias, as formas e as
velocidades relativas entre eles, no caso
de insetos voadores que servem de
alimento, por exemplo. Desse modo esse
sentido chama-se ecolocalização, ou
seja, orientação por ecos, uma
habilidade que eles dividem com os
golfinhos e as baleias e alguns pássaros.
O modo de utilizá-la varia para cada
espécie, alguns emitem sons puros que
duram até 150 milissegundos, enquanto
outros usam uma série de “chilreios”
curtos. A eficiência da ecolocalização
também varia entre as espécies, sendo
que os de hábito alimentar insetívoro, ou
predadores de insetos em geral,
geralmente possuem esse sistema muito
desenvolvido. Morcegos que se
alimentam de plantas também tem uma
ecolocalização bem eficiente, ao
contrário do que se pensava há alguns
anos, usando esse sentido para
encontrar e identificar frutos [2] e flores
[3]. Dentro de colônias, mães e filhotes
também usam a ecolocalização para se
identificarem [4]. Mesmo na escuridão
total, o morcego consegue capturar sua
presa em pleno voo.

Ecolocalização em baleias
dentadas
A baleia dentada é um mamífero marinho
que pertence à ordem dos cetáceos. Há
mais de 60 espécies de baleias dentadas
que usam a ecolocalizaçãoː entre elas,
a cachalote é a mais conhecida. Esse
sistema de ecolocalização dessa
espécie consiste basicamente na
capacidade de explorar o seu redor,
precisando o tamanho e a distância em
que se encontra cada objeto. Isto as
ajuda a orientar-se, a navegar e, inclusive,
a caçar no escuro. A baleia produz um
som com sua laringe e cavidades, que
são conectadas às bolhas. Elas
produzem uma série rápida de tiros em
uma ampla gama de frequências,
geralmente entre 50 000 a 200 000
gamahertz. Elas produzem som, ouvem
os ecos e depois os interpretam. Os
ecos são produzidos quando as ondas
sonoras batem em objetos ou outras
presas, permitindo que a baleia perceba
a posição destes.[5]

Ondas sonoras x canto das baleias …

As baleias produzem um som com a sua


laringe e cavidades, que estão ligados
aos respiradores. Elas possuem um
órgão na frente de suas cabeças
semelhante a um melão. Ele atua como
uma lente para focar as ondas sonoras
em um feixe estreito. Os ecos são
recebidos no maxilar inferior, que
funciona como um receptor. Os ecos são
transmitidos para o ouvido interno. O
lapso de tempo que ocorre entre o som
da baleia e o eco permite que a baleia
determine a distância do objeto. Esse
processo só ocorre em baleias
dentadas.

Já no caso do canto das baleias, o que


ocorre é a produção de um som utilizado
para elas se comunicarem entre si.
Acredita-se que, enquanto os complexos
e inesquecíveis sons da baleia-jubarte e
algumas baleias-azuis sejam utilizados
principalmente na época de seleção
sexual, os sons mais simples de outras
baleias são utilizados durante todo o
ano. Esse processo só ocorre em baleias
de barbatana.[6]

Baleias de barbatana x baleias


dentadas …
A característica mais marcante dessa
espécie de baleia é, naturalmente, a
sua barbatana. Estas baleias
desenvolveram placas em vez de dentes,
que elas utilizam como um filtro. Esta é
uma adaptação útil porque, embora
essas criaturas sejam enormes, elas
preferem se alimentar de alguns dos
organismos mais pequenos no mar,
como o krill ou o plâncton. As baleias
com dentes são
chamadas Odontoceti. Seus dentes são
fortes e elas utilizam-nos para lutar
umas com as outras pelo direito
de acasalar as fêmeas. Este grupo inclui
baleias, cachalotes, baleias-beluga
e baleias-piloto.[7]

Ecolocalização em golfinhos

Ilustração animada do golfinho utilizando a


ecolocalização para capturar um peixe

Delfim-comum - (Delphinus delphis)

Os golfinhos são animais mamíferos


cetáceos pertencentes à família
Delphinidae. São perfeitamente
adaptados para viver no meio ambiente
áquático, existem 37 espécies
conhecidas de golfinhos, dentre os de
água salgada e água doce. A espécie
mais comum é a Delphinus delphis

Funcionamento …

O golfinho possui um extraordinário


sistema acústico de ecolocalização que
lhe permite obter informações sobre
outros animais e o meio ambiente, pois
consegue produzir sons de alta
frequência ou ultrassônicos, na faixa de
150 quilohertz, sob a forma de cliques ou
estalidos. Esses sons são gerados pelo
ar inspirado e expirado através de um
órgão existente no alto da cabeça, os
sacos nasais ou aéreos. Os sons
provavelmente são controlados,
amplificados e enviados à frente através
de uma ampola cheia de óleo situada na
nuca ou testa, o Espermatócito, que
dirige as ondas sonoras em feixe à
frente, para o ambiente aquático. Esse
ambiente favorece muito esse sentido,
pois o som se propaga na água cinco
vezes mais rápido do que no ar. A
frequência desses estalidos é mais alta
que a dos sons usados para
comunicações e é diferente para cada
espécie.
Quando o som atinge um objeto ou
presa, parte é refletida de volta na forma
de eco e é captado por um grande órgão
adiposo ou tecido especial no seu
maxilar inferior ou mandíbula, sendo os
sons transmitidos ao ouvido interno ou
médio e daí para o cérebro. Grande parte
do cérebro está envolvida no
processamento e na interpretação
dessas informações acústicas geradas
pela ecolocalização.

Assim que o eco é recebido, o golfinho


gera outro estalido. Quanto mais perto
está do objeto que examina, mais rápido
é o eco e com mais frequência os
estalidos são emitidos. O lapso temporal
entre os estalidos permite ao golfinho
identificar a distância que o separa do
objeto ou presa em movimento. Pela
continuidade deste processo, o golfinho
consegue segui-los, sendo capaz de o
fazer num ambiente com ruídos, de
assobiar e ecoar ao mesmo tempo e
pode ecoar diferentes objetos
simultaneamente.

A ecolocalização dos golfinhos, além de


permitir saber a distância do objeto e se
o mesmo está em movimento ou não,
permite saber a textura, a densidade e o
tamanho do objeto ou presa.

Ecolocalização em pássaros
Antena de radar

O pássaro-do-petróleo ou Guácharo sul-


americano (Steatornis caripensis) e certo
tipo de andorinhão do gênero
Aerodramus (anteriormente, Collocalia),
são as únicas aves conhecidas que
também podem ecolocalizar e voar na
escuridão absoluta. Porém o sistema
desses pássaros não é tão sofisticado
quanto o do morcego e golfinho, além de
servir somente para orientação ao voo.
Ecolocalização artificial
A ecolocalização também é chamada de
"biossonar", pois foi a partir do estudo
dessa capacidade natural que os seres
humanos desenvolveram a
"ecolocalização artificial", de grande
importância na aeronáutica, navegação e
medicina, como o radar, o sonar e os
aparelhos de ultrassonografia.

O radar é encontrado em aviões e


aeroportos e utiliza ondas
eletromagnéticas.

O sonar, presente em navios e


submarinos, faz uso de ondas
ultrassônicas para orientação da
navegação.

A ultrassonografia contribui como auxílio


no diagnóstico médico e veterinário,
sendo sua aplicação mais ampla em
seres humanos, particularmente durante
a gravidez.

Ver também
Morcego
Golfinho
Baleia
Pássaro do petróleo
Radar
Sonar
Ultrassonografia
Ecossonda
Ultrassom
Eco
Velocidade do som

Referências
1. Coelho, Franscisco (2012).
«Metaheurística inspirada na
ecolocalização de morcegos:
aperfeiçoamento e estudo de
casos» (PDF). simpósio brasileiro de
pesquisa operacional. Consultado
em 10 de Agosto de 2017
2. Kalko EKV, Condon MA. 1998.
Echolocation, olfaction and fruit
display: how bats find fruit of
flagellichorous cucurbits. Functional
Ecology 12:364-372.
3. Simon R, Holderied MW, Koch CU,
von Helversen O. 2011. Floral
Acoustics: Conspicuous Echoes of a
Dish-Shaped Leaf Attract Bat
Pollinators. Science 333(6042):631-
633.
4. Knornschild M, Helversen O. 2008.
Nonmutual vocal mother-pup
recognition in the greater sac-winged
bat. Animal Behaviour 76(3):1001-
1009.
5. Gutstein, Carolina (2006).
«Brachydelphis(pontoporiidae,
odonceti, cetacea) do neógeno do
pacífico sul oriental» (PDF).
Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. Consultado em 10 de Agosto
de 2017
. Faria, Suzana (26 de Abril de 2011).
«Biofísica da fonação» (PDF). Sérgio
Pilling. Consultado em 10 de Agosto
de 2017
7. Jacobina, Ana Maria (2000). «Os
cetáceos» (PDF). Centro Universitário
de Brasília. Consultado em 10 de
Agosto de 2017

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Última modifi cação há 6 meses por Young Brujah

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