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A experiência do voluntariado no Sexta-feira, 29 de Outubro de 2010


contexto da globalização
Escrevi este texto em 2001. Continuo a acreditar que o exercício de uma cidadania activa e
consciente traz benefícios que vão muito além do que, à partida, se espera. 2011 será o Ano
Europeu do Voluntariado. Deitemos mãos à obra! Os cidadãos devem envolver-se em causas.
Fernando José de La Vieter
Ribeiro Nobre nasceu em Luanda em Devem acreditar. Só assim poderão sentir-se parte da solução. Não nos desiludamos. Não
1951. Em 1964 mudou-se para o Congo e, três baixemos os braços. Não nos divorciemos do nosso país. Ele é de todos nós! De cada um de
anos mais tarde, para Bruxelas, onde estudou
e residiu até 1985, altura em que veio para nós.
Portugal, país das suas origens paternas. É
Doutor em Medicina pela Universidade Livre de
Bruxelas, onde foi Assistente (Anatomia e
Embriologia) e Especialista em Cirurgia Geral e
Urologia. (continuar a ler)
Permitam-me, antes de mais, que vos fale um pouco da globalização. Como é de todos
sabido, a globalização não é um fenómeno da nossa época já que ela encontra nos episódios
mais remotos da humanidade a sua verdadeira génese. Já os Romanos quiseram fazê-la em
toda a Europa e nós, Portugueses, contribuímos decisivamente para que ela se alargasse ao
Conheça a minha página no Facebook mundo então conhecido. O que a globalização dos nossos dias tem indiscutivelmente como
Basta seguir este link
característica própria é a grande velocidade a que ela se processa, aliada a um progresso
científico e técnico ímpar na história da humanidade, uma comunicação global e uma
liberdade de movimentação financeira desregrada e sem o mínimo controlo. A globalização
actual associada a uma quebra significativa da influência política tende efectivamente a
estar quase exclusivamente na posse do grande capital financeiro, para não falar do capital
FOTO DA SEMANA
financeiro especulativo, deixando à margem desta globalização grandes franjas da
humanidade. Esta globalização trouxe indiscutivelmente grande instabilidade e uma
profunda exclusão já que se sobrepôs ao ideal político e menosprezou por completo as
profundas preocupações sociais, culturais, ambientais, éticas e morais que deviam ter sido
apanágio do século XX.

Vivemos hoje, indiscutivelmente, uma revolução mundial que parece querer ser conduzida
unicamente pela força do mercado pondo à margem o homem que devia ter sido sempre o
objectivo final de toda e qualquer globalização. É por isso que a sociedade civil, hoje, no
mundo, protesta e se manifesta, não contra a globalização em si, mas contra “esta”
globalização, apelando a uma globalização alternativa para que um outro mundo mais
justo, mais ético, mais solidário seja possível. Face a esta tendência, que não passa de uma
tendência, promovida pelo Fórum Económico Mundial de Davos há cerca de 30 anos e que
pretende impor uma globalização com marcadas tendências financeiras e especulativas, é
LIVROS DO MÊS
fundamental que a sociedade civil se constitua como contrapoder, não para tomar o poder
- "Mais Histórias que Contei aos Meus mas para defender valores. Os cidadãos têm a obrigação de promover e defender valores.
Filhos", Oficina do Livro

- "Humanidade - Despertar para a Não é por acaso que alguns autores falam da globalização armadilhada. Nesta globalização
Cidadania Global Solidária", Temas e puramente economicista e produtivista só 20% da mão-de-obra seria necessária, sendo os
Debates/Círculo de Leitores
outros 80% perfeitamente dispensáveis e descartáveis.

O mercado parece, assim, ter sido eleito como nova ideologia e não é por acaso que muitos
lhe chamam o Deus Mercado. Foi por isso que em 2001 se realizou, pela primeira vez, na
LIVROS QUE PUBLIQUEI cidade do Porto Alegre, no Brasil, o Fórum Social Mundial para que justamente a sociedade
civil mundial pudesse dar voz ao seu desalento, exprimir o seu repúdio pelo que se vinha
- "Viagens Contra a Indiferença",
processando na nossa sociedade e para apresentar alternativas ao processo em curso

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- "Viagens Contra a Indiferença",


Temas & Debates processando na nossa sociedade e para apresentar alternativas ao processo em curso
dizendo bem alto que uma outra globalização é possível, como um outro mundo é possível e
- "Gritos Contra a Indiferença",
que há alternativas credíveis ao processo que uma minoria planeou e que está a executar em
Temas & Debates
detrimento de uma larga franja da humanidade que se vê assim excluída, talvez
- "Imagens Contra a Indiferença", irreversivelmente, de todo o processo de desenvolvimento a também tem direito.
Círculo de Leitores / Temas & Debates

É verdade que o fosso que se tem acentuado entre pobres e ricos tem sido encapotado por
- "Histórias que contei aos meus filhos",
Oficina do Livro eufemismos linguísticos. Por exemplo, hoje fala-se nos “países menos avançados” quando,
anteriormente, se falava dos países “em vias de desenvolvimento” ou, mesmo antes, dos
“países subdesenvolvidos”. Não é menos verdade que, em menos de 30 anos os países hoje
- "Mais Histórias que Contei aos Meus
Filhos", Oficina do Livro ditos menos avançados passaram de 29 para 59. A África que era auto-suficiente no aspecto
alimentar há 20 ou 30 anos, recebe hoje 4/5 dos seus bens alimentares, o que faz desde já
- "Humanidade - Despertar para a
antever uma catástrofe humanitária de proporções bíblicas quando sabemos que a África
Cidadania Global Solidária", Temas e
Debates/Círculo de Leitores subsariana, que tem hoje 800 milhões de habitantes, passará para o dobro em menos de 25
anos. A esse empobrecimento real de uma boa parte da humanidade associa-se uma política
de dois pesos e duas medidas: os ditadores são ou não aceites consoante aceitem ou não as
“regras do mercado” e a ele se dobrem e com ele pactuem. Pouco importa a desgovernação
e a corrupção desenfreada desde que sejam submissos às leis e imposições do Fundo
Monetário Internacional e do Banco Mundial.

Pesquisa
Um dos grandes efeitos perversos da globalização especulativa em curso foi, sem dúvida
OK
nenhuma, a queda das ideologias. Todos os políticos têm o mesmo discurso, hoje quem
manda é indiscutivelmente o poder económico-financeiro especulativo. É constrangedor ver
como os ex-ministros são hoje funcionários dos grandes grupos económicos. É sem dúvida
alarmante apercebermo-nos que, intimamente associado a esse poder económico,
predomina também o mundo da comunicação que já só fala de “conteúdos” - noção
Links
abstracta e manipuladora, tendo esquecido por completo o seu dever informativo e
AMI - Site formativo. Hoje há um Poder cada vez mais perigoso e inquietante, um Poder sem rosto,
AMI - Blog globalizado, incontrolado. Há cada vez mais multinacionais (com fácil acesso ao crédito
Alertnet bancário, que é, de facto, o verdadeiro poder) a beneficiar de orçamentos superiores aos de
Reliefweb muitos estados desenvolvidos e os seus presidentes são autênticos chefes de estado. Sem
MSF
saberem já quem os representa e quem os governa, não é por acaso que os sindicatos
CICR
UNHCR
perdem força e influência e as pessoas se alheiam cada vez mais da vida política como prova
Courrier International o facto de a abstenção em actos eleitorais ser hoje o maior partido europeu.
BBC News
Climate Network
REAPN É cada vez mais importante despertar as consciências para uma cidadania efectiva. É aqui
Ideas 4 Development que o voluntariado encontra permanentemente toda a sua expressão. É fundamental, pois,
UN Millennium Goals promover uma cidadania crítica, em permanente alerta, atenta, interventiva e é esta atitude
Blog 19 que sustenta o voluntariado. Os cidadãos têm que assumir uma atitude activa e participativa.
Geneall
Sem participação da sociedade civil não pode haver autêntico desenvolvimento nem
Associação 25 de Abril
Associação Tratado de Simulambuco
verdadeira democracia. É esse o drama, nomeadamente em África, porque, pese embora
Instituto da Democracia Portuguesa começarem a ter uma sociedade civil activa, ela é ainda incipiente e extremamente frágil.
Associação Para a Promoção e Dignificação do Daí os desvarios permitidos a governos perfeitamente corruptos e sem a mínima noção de
Homem
estado e do bem público.
CAVITOP - Centro de Apoio a Vítimas de Tortura
Condomínio da Terra

O voluntariado é, pois, a solidariedade activa e não apenas “de boca”. Perdeu-se muito o
conceito de subsidiariedade, não responsabilizando os cidadãos pelos seus deveres e
desvalorizando a sua efectiva participação na vida social.

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os cidadãos saberão responder positivamente tanto no que diz respeito à defesa do ambiente
como à condução de uma ajuda humanitária verdadeiramente credível e não manipulada
por outros interesses menos claros, como no combate sem tréguas à pobreza e à exclusão
social e também numa luta sem quartel contra toda a forma de intolerância. Num mundo em
Arquivo que a ausência de políticas corajosas gera a ausência de causas, estou convicto que uma
Dezembro 2010
Outubro 2010 sociedade civil forte e activa saberá lutar por essas causas, as eternas causas universais, as
Setembro 2010 causas dos valores, porque é disso que estamos à espera, duma globalização de valores e
Agosto 2010
Julho 2010 sobre isso, sem dúvida nenhuma, o voluntariado tem uma palavra decisiva a dizer. Estou
Junho 2010 certo que a dirá.
Maio 2010
Abril 2010 3 de Dezembro de 2001
Março 2010
Fevereiro 2010
Janeiro 2010
Dezembro 2009
Novembro 2009
Outubro 2009 Tags: cidadania, crise financeira, portugal
Setembro 2009
Agosto 2009
Julho 2009
Junho 2009
Maio 2009 publicado por Fernando Nobre às 10:33
Abril 2009
Março 2009 link do post | comentar
Fevereiro 2009
Janeiro 2009 PDF Email
Dezembro 2008

Contador de Visitas 79 comentários:

De Pedro Maximino a 6 de Dezembro de 2010 às 07:39

“À lupa”

Subscrever feeds Vai ser analisado à lupa


Posts O nosso querido Portugal
Comentários Na euro reunião semanal
Comentários do post Mais um dia que se ocupa

No final com todo o preceito


Arautos desenrolam o papiro
Tocam cornetins, eu suspiro
O que gastaram dava-me jeito

Da conclusão em voz alta


Dez páginas e o arauto rouco
Não se preocupam c’a malta

É só economia, fico louco


Apenas o Euro ocupa a ribalta
Para nós sobra muito pouco.

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De Alvaro de Azevedo Moura a 5 de Dezembro de 2010 às 23:46

Este é um excelente artigo. Enquanto existirem figuras públicas a escreverem assim, existe
ainda esperança para este Planeta.
Muito obrigado.

responder a comentário

De Pedro Maximino a 5 de Dezembro de 2010 às 14:39

“Desdentados”

Portugal será regenerado


Vem a caminho a solução
Ninguém sabe quantos são
Serão acima dum punhado

Vêm de armas e bagagens


Instalar-se nos ministérios
Vão-se basear em critérios
Nunca aceitarão colagens

Depois desta regeneração


Nada será como dantes
Poremos no mapa a nação

Ponham-se a pau gigantes


Pois do cabo abaixo cairão
Perderão uns quantos dentes.

responder a comentário

De Magda A.L.Susano a 5 de Dezembro de 2010 às 13:03

Sr. Fernando Nobre, o texto que colocou é extremamente interessante e informativo,


obrigada! Partilho da sua opinião a 100% e felicito-o pelo excelente trabalho que tem vindo
a fazer no despertar das consciências.

Abraço
Magda

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De Pedro Maximino a 4 de Dezembro de 2010 às 23:55

“Levas”

Com os controladores levas


Mas não é cá nestas terras
Cá só leva quem merece
Quando se mete com o PS

Levou também distinta mãe


Do D.Afonso primeiro rei
Grande fundador deste país
Por fazer o que ele não quis

Sem o saberes bem porquê


Levas tu também por tabela
Mas isso não importa já se vê

Vês-te enredado numa novela


Em que és o mau da fita Zé
E levas mais a cada cavadela.

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De Pedro Maximino a 4 de Dezembro de 2010 às 10:25

“Avisados”

De cimeira em cimeira
Assim vamos vivendo
E outros lá vão dizendo
Que não será a primeira

Nem segunda ou terceira


Vez que aviso lançaram
Pois há sete anos avisaram
Pr’a presente desgraceira

Mas eu que não fui avisado


Tenho lido alguns manuais
Pelos quais fui informado

Os nossos desígnios actuais


E que nos têm afundado

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E que nos têm afundado
Iniciaram em mil cento e tais.

responder a comentário

De Pedro Maximino a 3 de Dezembro de 2010 às 21:52

“Merceeiro”

Para aliviar a classe média


Estamos a fazer um plano
Vigorará já no próximo ano
Nem fomos à enciclopédia

Fomos ao livro de mercearia


Vimos umas contas ancestrais
Percebemos como os demais
Que rumo a coisa tomaria

Para a economia revitalizar


Lançamos medida apropriada
Novas taxas vamos aplicar

Desta forma assim aliviada


Classe média pode descansar
Por ter a bolsa menos pesada.

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De Pedro Maximino a 3 de Dezembro de 2010 às 21:51

"N’arena"

Andamos cá para penar


E é disso que tenho pena
Como do animal na arena
Quando o estão a tourear

Mantem toda a nobreza


Durante a lide é altivo
Tu tentas manter-te vivo
Tentas fintar com destreza

O destino mais que a sorte


Que à lide não vais escapar
Como o destino é mais forte

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Tentamos a capa desfeitear


Que os ferros são passaporte
Para a nobreza conquistar.

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De Pedro Maximino a 3 de Dezembro de 2010 às 08:00

“Molho de tomate"

Observo as desigualdades
E que faço para as esbater
Quase nada ou banalidades
Pois continuam a crescer

Muito têm e mais querem


E eu tento ter pr’a comer
É por não compreenderem
Que nos andam a espremer

Espremem tudo até ao fim


Que já só falta devorar-te
Será o final deste folhetim

Pois já estão a preparar-te


Está a aproximar-se o festim
Faça-se o molho de tomate.

responder a comentário

De Pedro Maximino a 3 de Dezembro de 2010 às 07:56

"Estádios de areia"

A Rússia ficou c’o mundial


Eles não brincam em serviço
Houve um grande reboliço
Pr’a nós um melão, é oficial

Nossos estádios ao abandono


Não conseguimos rentabilizar
Podemos à Rússia emprestar
Devolvem-nos no fim do ano

Pagam em caixas de vodka


Smirnoff, que nós aceitamos

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Smirnoff, que nós aceitamos
Esta malta não se equívoca

Se o betão não rentabilizamos


Tentamos na próxima época
O dos matraquilhos humanos.

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