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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-Ag-RR-1148-04.2010.5.04.0020

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A C Ó R D Ã O
(1.ª Turma)
GMDS/r2/msr/eo

AGRAVO INTERNO EM RECURSO DE REVISTA.


ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE CRÉDITO.
ENQUADRAMENTO COMO FINANCIÁRIA. SÚMULA
N.º 55 DO TST. É entendimento
consolidado nesta Corte Superior que a
empresa administradora de cartão de
crédito, caso da ora agravante,
enquadra-se como instituição
financeira, sendo, portanto, correto o
reconhecimento da condição de
financiária da reclamante (Súmula n.º
55 do TST). Precedentes da Corte. HORAS
EXTRAS. REGIME DE COMPENSAÇÃO. SÚMULA
N.º 221 DO TST. A mera indicação de
violação do art. 59 da CLT não autoriza
a admissão do apelo, nos termos da
Súmula n.º 221 desta Corte, visto que
caberia à parte Recorrente a correta
indicação do parágrafo ou inciso
eventualmente vulnerados pela decisão
Recorrida. DIFERENÇAS DE FGTS. ÔNUS DA
PROVA. SÚMULA N.º 461 DO TST. Hipótese
em que a decisão regional amolda-se à
Súmula n.º 461 do TST, que prevê que “É
do empregador o ônus da prova em relação
à regularidade dos depósitos do FGTS,
pois o pagamento é fato extintivo do
direito do autor (art. 373, II, do CPC
de 2015)”. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
SÚMULA N.º 219, I, DO TST. Nos termos da
Súmula n.º 219, I, do TST, “Na Justiça
do Trabalho, a condenação ao pagamento
de honorários advocatícios não decorre
pura e simplesmente da sucumbência,
devendo a parte, concomitantemente: a)
estar assistida por sindicato da
categoria profissional; b) comprovar a
percepção de salário inferior ao dobro
do salário mínimo ou encontrar-se em
situação econômica que não lhe permita
demandar sem prejuízo do próprio
sustento ou da respectiva família”. In
casu, tendo a reclamante firmado, de
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próprio punho, declaração de que não
tinha condições financeiras de arcar
com as custas do processo sem prejuízo
do seu sustento próprio e de sua
família, o deferimento da verba
honorária encontra amparo na
jurisprudência desta Corte. Agravo
conhecido e não provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo


em Recurso de Revista n.º TST-Ag-RR-1148-04.2010.5.04.0020, em que é
Agravante CARREFOUR COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA. e são Agravados ANA PAULA
FREDO PEREIRA e BANCO CSF S.A.

R E L A T Ó R I O

Inconformado com a decisão monocrática (doc. seq. 25),


pela qual não foi conhecido o seu Recurso de Revista, o reclamado interpõe
o presente Agravo Interno (doc. seq. 27), pretendendo a reforma do
julgado.
O reclamante apresentou contrarrazões (doc. seq. 31).
É o relatório.

V O T O

ADMISSIBILIDADE

Conheço do Agravo, porque são tempestivos e atendem


aos pressupostos legais de admissibilidade.

MÉRITO

ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE CRÉDITO – ENQUADRAMENTO


COMO FINANCIÁRIA - SÚMULA N.º 55 DO TST – HORAS EXTRAS – REGIME DE
COMPENSAÇÃO – ÔNUS DA PROVA QUANTO ÀS DIFERENÇAS DE FGTS - HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS
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A decisão ora agravada foi vazada nos seguintes
termos:

“ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE CRÉDITO –


ENQUADRAMENTO COM INSTITUIÇÃO FINANCEIRA -
SÚMULA N.º 55 DO TST
Eis os termos do acórdão recorrido:

„Nos termos do decidido em sentença, embora não tenha


sido juntado o contrato social da primeira ré-recorrente,
percebe-se, do contrato de trabalho às fls. 227-228, que a razão
social da ré anteriormente era „CARREFOUR ADM. CART.
CRÉD. COM. PART. LTDA.‟. Assim, como administradora de
cartão de crédito, incide na espécie o disposto no art. 1.º, § 1.º,
inciso VI da Lei Complementar n.º 105/01: „Art. 1.º As
instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações
ativas e passivas e serviços prestados. § 1o São consideradas
instituições financeiras, para os efeitos desta Lei Complementar:
[...] VI - administradoras de cartões de crédito;‟.
Ademais, nos termos do artigo 17 da Lei n. 4.595/64, não
há como ser afastado o entendimento de que a recorrente é uma
instituição financeira. O referido dispositivo assim disciplina:
„Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da
legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas,
que tenham como atividade principal ou acessória a coleta,
intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou
de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de
valor de propriedade de terceiros.‟
O depoimento do próprio preposto da recorrente corrobora
a assertiva:
„[...] que inicialmente era o próprio Carrefour que fazia o
aporte financeiro para pagamento das compras a crédito dos
clientes; que a 1.ª reclamada era a empresa que prestava serviços
ao banco Carrefour; [...]; que os dados do cliente eram digitados
no sistema, enviados eletronicamente e caso aprovado o crédito
já era emitida uma autorização, por via eletrônica, para a 1.ª
compra através do cartão de crédito; que os empregados da 1.ª
reclamada podiam rejeitar o encaminhamento das propostas de
crédito aos clientes quando houvesse algum problema na
documentação ou quando a renda do cliente fosse inferior ao
limite mínimo estabelecido pela empresa; que também era
possível lançar, no sistema, um comando de alerta à matriz para
que buscasse uma avaliação mais aprofundada do cadastro do
cliente; que a depoente acredita que os juros incidentes sobre as
operações de crédito revertessem inicialmente para a 1.ª
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reclamada e, após, para o banco Carrefour; que a depoente não
sabe informar se o banco Carrefour foi criado a partir de
operação entre a empresa Cetelem e o Carrefour; que a Cetelem é
a empresa que provia o sistema utilizado pela 1.ª reclamada nos
produtos oferecidos; que a depoente não tem conhecimento do
documento de fls. 37 e seguintes, sendo que a concessão de
crédito e mais especificamente a retirada de empréstimos pelos
clientes pode ser feita diretamente no Banco 24 horas; que a
depoente não sabe a origem dos recursos disponibilizados aos
clientes, acreditando que seja da própria 1.ª reclamada; que o
cliente faz o saque no Banco 24 horas com o cartão Carrefour.‟
(grifa-se - fls. 343v.)
Entende-se, assim, que o conjunto probatório dos autos
autoriza o enquadramento realizado na origem de reconhecer a ré
como uma instituição financeira, não tendo as razões de recurso
logrado desconstituir o decidido.
No mesmo sentido vem decidindo esta Turma julgadora
em processos envolvendo a mesma ré, conforme decisão a seguir
transcrita:
[...] A reclamada presta serviços específicos de
financiamentos, operando intermediação de operações de crédito
(empréstimos), além de vendas de cartões de créditos e seguros,
o que descarta qualquer conclusão diversa da já proferida na
sentença. Sendo a autora empregada financiária fica integrada
nesta categoria, e, em consequência, nas disposições específicas.
Incide sobre o caso dos autos o entendimento expresso na
Súmula n.º 55 do TST, assim redigida: „FINANCEIRAS -
EQUIPARAÇÃO A ESTABELECIMENTOS BANCÁRIOS.
As empresas de crédito, financiamento ou investimento, também
denominadas financeiras, equiparam-se aos estabelecimentos
bancários para os efeitos do art. 224 da CLT. (RA 105/1974, DJ
24.10.1974)‟. (TRT da 4.ª Região, 5a. Turma,
0001461-95.2010.5.04.0203 RO, em 30/08/2012,
Desembargadora Berenice Messias Corrêa - Relatora.
Participaram do julgamento: Desembargador Clóvis Fernando
Schuch Santos, Desembargadora Rejane Souza Pedra)
Dessa forma, como a categoria profissional do empregado
é determinada pela atividade preponderante da empregadora,
salvo na hipótese de categoria diferenciada (que não é o caso dos
autos), conclui-se que a autora, empregada da Carrefour
Promotora de Vendas e Participações Ltda., detém a condição de
financiária, sendo-lhe aplicável os ditames previstos nas normas
coletivas assegurada à categoria profissional dos financiários,
sendo irrelevante que a ré não tenha participado de forma direta,
ou representada, na elaboração das normas juntadas pela autora.

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Neste sentido, correta a decisão singular que deferiu à
autora parcela assegurada à categoria profissional dos
financiários, inclusive a gratificação semestral que tem expressa
previsão na 7.ª cláusula das Convenções Coletivas - 2006, 2007 e
2008, fls. 82, 102 e 117.
Nega-se provimento ao recurso, portanto.‟

A reclamada afirma que, tendo como atividade preponderante a


„promoção e venda de cartões, de crédito; atendimento e prospecção de
clientes para contratação de seguro, cartões de créditos, e produtos
financeiros, recepção e encaminhamento de proposta de emissão de cartões
de crédito; análise e coleta de informações cadastrais dos proponentes de
emissão de cartões de crédito, processamento eletrônico dos dados relativos
às operações pactuadas; prestação de serviços administrativos‟, não pode
ser enquadrada como instituição financeira nem como instituição bancária.
Argumenta, por tal razão, que deve ser afastado o enquadramento da
reclamante como financiária. Indica violação dos arts. 17, caput e parágrafo
único, e 18 da Lei n.º 4.595/1964 e 5.º, II, da Constituição Federal e
contrariedade à Súmula n.º 55 do TST. Colaciona arestos.
Ao exame.
Diante da premissa fática delineada pela Corte de origem e da própria
argumentação trazida nas razões recursais, no sentido de que a ora recorrente
atuava como típica instituição financeira, visto se tratar de administradora de
cartão de crédito, o enquadramento da reclamante na categoria de financiária
encontra respaldo na Súmula n.º 55 do TST e na jurisprudência desta Corte.
A propósito:

„RECURSO DE EMBARGOS. REGÊNCIA DA LEI N.º


11.496/2007. EMPRESA DE ADMINISTRAÇÃO DE
CARTÕES DE CRÉDITO. EQUIPARAÇÃO A
ESTABELECIMENTOS BANCÁRIOS. JORNADA DE
TRABALHO REDUZIDA. HORAS EXTRAS. 1. A eg. Quarta
Turma deu provimento ao recurso de revista interposto pelo
reclamado para indeferir o pagamento da 7.ª e 8.ª horas como
extraordinárias, sob o fundamento de que as administradoras de
cartão de crédito não se enquadram como empresas financeiras e,
portanto, não se equiparam às instituições bancárias, para efeito
de jornada de trabalho de seis horas prevista em lei aos
bancários. 2. Conforme precedentes desta SBDI-1, e de todas as
Turmas desta Corte Superior, específicos sobre o reclamado
Carrefour Administração de Cartão de Crédito, as
administradoras de cartões de crédito são consideradas empresas
de crédito e financiamento para fins de aplicação da jornada
reduzida dos bancários, na forma prevista na Súmula n.º 55 deste
Tribunal, segundo a qual „As empresas de crédito, financiamento
ou investimento, também denominadas financeiras,
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equiparam-se aos estabelecimentos bancários para os efeitos do
art. 224 da CLT‟. 3. Em tal contexto, conclui-se que o acórdão
Embargado contrariou a referida Súmula n.º 55 do TST. Recurso
de embargos conhecido e provido.‟
(E-RR-3100-02.2006.5.04.0006, Subseção I Especializada em
Dissídios Individuais, Relator: Ministro Walmir Oliveira da
Costa, DEJT 17/6/2016.)

„RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI


13.467/2017. EMPRESA ADMINISTRADORA DE CARTÃO
DE CRÉDITO. ENQUADRAMENTO COMO INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA. EQUIPARAÇÃO À CATEGORIA DOS
FINANCIÁRIOS. SÚMULA 55 DO TST. REQUISITOS DO
ART. 896, § 1.º-A, DA CLT, ATENDIDOS. O Regional
registrou que „a 2.ª reclamada, empregadora da obreira, possui
como objeto social a administração de cartões de crédito ,
atividades de teleatendimento, atividades de intermediação e
agenciamento de serviços e negócios em geral (...)‟. No entanto,
a Corte de Origem entendeu que as atividades da reclamante não
se enquadrariam como típicas da condição de financiária, motivo
pelo qual manteve a sentença de origem que indeferiu os pedidos
autorais, no aspecto. Contudo, a SBDI-1 do TST possui o
entendimento consolidado de que as administradoras de cartão
de crédito são consideradas empresas de crédito e financiamento,
razão pela qual seus empregados devem ser enquadrados na
categoria profissional dos financiários para fins de aplicação da
Súmula 55 do TST. Ademais, estabelecido que a reclamada é
uma empresa financeira e que a autora exerce atividades
correlatas à atividade-fim da instituição financeira, a reclamante
tem direito aos benefícios e vantagens inscritos nas normas
coletivas aplicáveis ao financiários. Precedentes da SBDI-1 e de
todas as Turmas do TST. Recurso de revista conhecido e
provido.‟ (RR-1000464-42.2016.5.02.0203, 6.ª Turma, Relator:
Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 8/5/2020.)

„A) AGRAVO DE INSTRUMENTO . RECURSO DE


REVISTA . PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º
13.015/2014 E ANTERIOR À LEI N.º 13.467/2017 . EMPRESA
ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE CRÉDITO.
EQUIPARAÇÃO A ESTABELECIMENTO BANCÁRIO
PARA OS EFEITOS DO ART. 224 DA CLT. SÚMULA 55 DO
TST . Demonstrado no agravo de instrumento que o recurso de
revista preenchia os requisitos do art. 896 da CLT, quanto ao
enquadramento da empregada como financiária e à fixação de
sua jornada de trabalho, dá-se provimento ao agravo de
instrumento, para melhor análise da arguição de contrariedade à
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Súmula 55 do TST, suscitada no recurso de revista. Agravo de
instrumento provido. B) RECURSO DE REVISTA.
PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 13.015/2014 E
ANTERIOR À LEI N.º 13.467/2017. EMPRESA
ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE CRÉDITO.
EQUIPARAÇÃO A ESTABELECIMENTO BANCÁRIO
PARA OS EFEITOS DO ART. 224 DA CLT. SÚMULA 55 DO
TST. Esta Corte Superior tem adotado entendimento de que se
aplica a inteligência da Súmula 55 do TST quando a instituição, a
despeito de denominar-se administradora de cartões de crédito,
desenvolve atividade típica de financeiras e, como tal, também se
equipara aos estabelecimentos bancários para os efeitos do art.
224 da CLT. No caso concreto , ficou incontroverso nos autos
que a Reclamada presta serviços de financiamentos, intermedia
operações de crédito (empréstimos) e realiza vendas de cartões
de créditos e seguros, bem como que a Reclamante exercia tais
atividades. Assim, considerando que a obreira atuava como
financiária, deve ser considerada a jornada de trabalho de 6
horas, nos termos da Súmula 55 do TST, que equipara as
empresas financeiras aos estabelecimentos bancários, apenas e
exclusivamente para efeitos da jornada de trabalho reduzida ,
prevista no art. 224 da CLT. Registre-se que o labor da
Reclamante, na presente hipótese, não se resumia a oferecer
cartões de crédito aos clientes do estabelecimento comercial,
mas englobava, também, atividades típicas dos financiários, já
que atuava junto aos clientes, negociando dívidas e
oferecendo-lhes produtos financeiros. Recurso de revista
conhecido e parcialmente provido.‟
(RR-1236-03.2014.5.02.0038, 3.ª Turma, Relator: Ministro
Mauricio Godinho Delgado, DEJT 5/4/2019.)

Assinale-se, por oportuno, que, in casu, não se está a discutir eventual


ilicitude de terceirização ou reconhecimento de vínculo com instituição
bancária (2.ª reclamada), mas apenas o enquadramento do trabalhador na
categoria de financiário e, por conseguinte, a equiparação aos
estabelecimentos bancários apenas para os efeitos do art. 224 da CLT.
Assim, estando a decisão recorrida em consonância com a
jurisprudência iterativa e atual desta Corte, a revisão pretendida encontra-se
obstada pela Súmula n.º 333 do TST e pelo art. 896, § 7.º, da CLT.
Não conheço.

HORAS EXTRAS – REGIME DE COMPENSAÇÃO


Eis os termos da decisão recorrida:

„2.1 Financiários. Incidência do artigo 224 da CLT

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Reconhecida a condição de financiária da autora, conforme
já analisado no item anterior, aplica-se ao caso o entendimento
contido na Súmula n. 55 do Tribunal Superior do Trabalho:
„FINANCEIRAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003 As empresas de crédito, financiamento ou
investimento, também denominadas financeiras, equiparam-se
aos estabelecimentos bancários para os efeitos do art. 224 da
CLT‟.
Portanto, correta a decisão do Juízo de origem que
condenou a ré ao pagamento das horas extras excedentes à 6.ª
hora diária, diante do reconhecimento da condição de
financiária.
2.2 Regime de compensação de horário
De início, sinala-se que os cartões-ponto das fls. 248 e
seguinte são considerados válidos para aferir a jornada de
trabalho efetivamente desempenhada pela autora, inexistindo
recurso quanto à matéria. Em relação aos períodos em que não
juntados os controles de horário, restou a jornada fixada pelo
MM. Julgador, o que também não foi objeto de recurso („nos
meses em que não há registros de horários nos autos, fixo a
jornada da reclamante, com base no conjunto probatório dos
autos, das 13h às 22h, com uma hora de intervalo, de segundas a
sábados, no período até abril de 2007, sendo que, depois deste
mês, a autora passou para uma jornada das 8h às 21h, também
com uma hora de intervalo, de segundas a sábados‟ - fls. 351v.).
Por outro lado, como afirmado pela recorrente, o contrato
de trabalho celebrado entre as partes prevê a possibilidade de
adoção de um regime de compensação de horário (anual). O
documento das fls. 227-229 ajusta a possibilidade de o horário de
trabalho da autora ser prorrogado em até 2 horas diárias, nos
termos do artigo 59, §2.º, da CLT.
Todavia, tendo em conta a jornada arbitrada, que abrange
período maior do que o documentado por meio dos
registros-ponto colacionados, constata-se que a autora prestava
trabalho extraordinário de maneira habitual, extrapolando os
limites do pactuado, bem como do disposto no próprio texto da
CLT - artigo 59, § 2.º.
Ademais, a habitualidade da prestação de horas extras
também decorre da incidência do artigo 224 da CLT, tendo em
vista a autora ter sido contratada para uma jornada de 44 horas
por semana, o que ultrapassa a jornada de trabalho máxima
prevista na mencionada norma.
Por fim, apenas registre-se a inaplicabilidade da aplicação
do disposto no item IV, da Súmula n. 85, do TST, ao caso em
apreço, em razão de não se tratar de regime compensatório
semanal. O contrato de trabalho da autora prevê uma carga
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horária de 7h20min a ser laborada em seis dias da semana, com
possibilidade de elastecimento da jornada com diminuição em
outros dias, nos termos do parágrafo 2.ª, do artigo 59, da CLT, o
que configura sistema denominado banco de horas (ou regime
compensatório anual). O banco de horas, por mais gravoso,
necessita ser formalizado por meio de normas coletivas,
inexistindo tal disposição nas normas coletivas aplicáveis à
autora. Ademais, o item V da Súmula n. 85, do TST, é expresso
ao referir a inaplicabilidade dos demais itens da Súmula ao banco
de horas.
Pelo exposto, a manutenção da invalidade do regime
compensatório adotado é medida que se impõe.
Nega-se provimento ao recurso.‟

A recorrente afirma que o deferimento das horas extras viola os arts. 59


e 818 da CLT e 333 do CPC.
De início, impende registrar que, em relação à alegada afronta aos arts.
59 da CLT e 333 do CPC, a revisão pretendida esbarra no óbice da Súmula
n.º 221 do TST, porquanto não especificado qual inciso ou parágrafo do
preceito legal estaria sendo vulnerado pelo acórdão regional.
Ademais, no tocante à violação do art. 818 da CLT, a Súmula n.º 297
emerge como obstáculo à admissão do apelo.
Não conheço.

DIFERENÇAS DE FGTS – ÔNUS DA PROVA


Assim decidiu o Regional:

„Na petição inicial, a autora refere que a ré não teria


recolhido corretamente os depósitos referentes ao FGTS do
período trabalhado.
Em defesa, a ré refuta as alegações da autora, mas não
junta extrato da conta vinculada, sendo condenada ao pagamento
de diferenças de FGTS a serem apuradas em liquidação de
sentença.
No aspecto, comunga-se do entendimento do Julgador do
primeiro grau de que são devidas as diferenças de FGTS, em face
da inexistência de provas quanto aos depósitos na conta
vinculada da autora. Registra-se que pertence à ré o ônus de
comprovar a correção dos depósitos e não à autora.
Salienta-se que havia divergência em relação ao ônus da
prova quando vigente o entendimento contido na Orientação
Jurisprudencial n. 301 da SDI-I do TST. Entretanto, a partir do
seu cancelamento em maio de 2011, não resta dúvida de que o
ônus da prova é do empregador, diante do princípio da aptidão
para a prova. Transcreve-se, por oportuno, decisões do Tribunal

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Superior do Trabalho, nesse sentido, proferidas após o
cancelamento da referida Orientação Jurisprudencial:
(...)
Assim, não tendo a empregadora, a quem incumbe o dever
de documentação pertinente ao contrato de trabalho,
comprovado a totalidade dos depósitos, há de ser condenada ao
pagamento de diferenças de FGTS, conforme deferido na
sentença.
Sinala-se, por fim, que o Juízo de origem autorizou o
abatimento dos valores depositados, o que oportunizará, na fase
de liquidação de sentença, a comprovação dos depósitos
efetivamente realizados, evitando-se o enriquecimento indevido
da parte adversa.
Nega-se provimento ao recurso ordinário.‟

Pugna a reclamada para que seja reformado o acórdão regional, por


entender que, ante os termos dos arts. 818 da CLT e 333 do CPC/1973, cabe
à parte reclamante o ônus de provar eventuais diferenças no recolhimento do
FGTS.
Sem razão.
Com efeito, a pretensão recursal de que seja atribuída à parte
reclamante o ônus de provar o regular recolhimento do FGTS não encontra
amparo na jurisprudência sedimentada nesta Corte, segundo se infere da
Súmula n.º 461 do TST, que assim dispõe:

„FGTS. DIFERENÇAS. RECOLHIMENTO. ÔNUS DA


PROVA. É do empregador o ônus da prova em relação à
regularidade dos depósitos do FGTS, pois o pagamento é fato
extintivo do direito do autor (art. 373, II, do CPC de 2015).‟

Não conheço.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - AUSÊNCIA DE


ASSISTÊNCIA SINDICAL
Eis a decisão recorrida:

„De fato, a autora, embora postule enquadramento na


categoria profissional dos financiários, está assistida por
profissional credenciado junto ao Sindicato dos Empregados no
Comércio de Porto Alegre.
A teor do disposto no artigo 14, da Lei n. 5.584/70, „Na
Justiça do Trabalho, a assistência judiciária a que se refere a Lei
n.º 1.060, de 5 de fevereiro de 1950 , será prestada pelo Sindicato
da categoria profissional a que pertencer o trabalhador‟,
disciplinando o artigo 16, do mesmo diploma legal, que „Os

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honorários do advogado pagos pelo vencido reverterão em favor
do Sindicato assistente‟.
Assim, se fosse entendimento deste Relator que a
concessão de honorários de assistência judiciária estivesse
adstrita ao que dispõe a Lei n. 5.584/70, em razão do
enquadramento reconhecido judicialmente, a autora não faria jus
à verba em questão, pois, ainda que assistida por sindicato, a
assistência que lhe é prestada provém de sindicato que não
representa sua categoria profissional, o que descaracteriza a
credencial apresentada à fls. 13.
Entretanto, o fundamento para a concessão dos honorários
de assistência judiciária é outro.
(...)
Assim, a limitação imposta à concessão de honorários
advocatícios na Justiça do Trabalho pela Lei 5.584/74,
outorgando-os apenas aos trabalhadores reconhecidamente
pobres e que ajuizassem suas demandas assistidos pelo seu
sindicato profissional, visava ressarcir o ente sindical pelas
despesas de criação e manutenção de uma assistência jurídica
gratuita e especializada na área trabalhista, tanto que os
honorários assistenciais, segundo previsto no citado artigo 16 da
Lei 5.584/70, são revertidos à entidade sindical e não ao
advogado.
Em razão de tais considerações, não se justifica mais a
manutenção do monopólio sindical no recebimento de
honorários assistenciais, fato que, persistindo, restringe o direito
de escolha do empregado como consumidor, pois está limitado a
receber um acesso à Justiça parcial quando pretenda contratar
profissional da advocacia não vinculado a sua entidade sindical
obreira. Desta forma, a Súmula n. 219, item I, do TST, não
impede que se outorguem honorários advocatícios com esteio na
Lei 1.060/50, indicando apenas os requisitos para a concessão de
honorários com base na Lei 5.584/70‟.

A reclamada alega, diante dos termos da Súmula n.º 219 do TST, que o
deferimento da verba honorária na Justiça do Trabalho demanda o
preenchimento de dois requisitos, quais sejam, a „assistência pelo sindicato
da categoria econômica (sic) e hipossuficiência econômica‟. Argumenta que,
no caso dos autos, não são devidos os honorários advocatícios, pois a
reclamante não logrou comprovar a percepção de salário inferior a duas
vezes o salário mínimo legal.
Ao exame.
A princípio, impende assinalar que, diante da delimitação das razões
recursais, a questão relativa à condenação em honorários advocatícios deverá
ser apreciada apenas no enfoque da comprovação, ou não, da miserabilidade
jurídica.
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Destaca-se, de início, que, tendo sido a Reclamação Trabalhista
ajuizada antes da Lei n.º 13.467/2017, a questão pertinente à assistência
judiciária gratuita persiste regulada pelas normas vigentes à época do seu
ajuizamento.
O tema referente aos benefícios da assistência judiciária está regulado
pelo art. 4.º da Lei n.º 1.060/1950, que previa a sua concessão àquele que
“mediante a simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em
condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem
prejuízo próprio ou de sua família” (redação dada pela Lei n.º 7.510/1986).
Ademais, conforme o art. 790, § 3.º, da CLT, há de se conceder a
gratuidade de justiça, até mesmo ex officio, àqueles que perceberem salário
igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou se declararem, sob as penas da
lei, sem condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento
próprio ou de sua família.
In casu, compulsando-se os autos, verifica-se que a autora, quando do
ajuizamento da Reclamação Trabalhista, firmou, de próprio punho,
declaração de que não tinha condições financeiras de arcar com as custas do
processo sem prejuízo do seu sustento próprio e de sua família (fls. 27-e).
Assim, havendo declaração de miserabilidade jurídica, na forma
exigida pelos arts. 4.º da Lei n.º 1.060/1950 e 790, § 3.º, da CLT, está
preenchido o requisito questionado pela recorrente, razão pela qual deve ser
mantida a condenação em honorários advocatícios.
Não conheço.

CONCLUSÃO
Diante do exposto, com fundamento nos arts. 932 do CPC/2015 e 251
do RITST, não conheço do Recurso de Revista da reclamada.”

Busca o agravante a reforma do julgado, com os


seguintes argumentos: a) incontroverso que não se trata de instituição
financeira, afigura-se equivocada a aplicação da Súmula n.º 55 do TST
e do art. 224 da CLT à reclamante; b) o deferimento de horas extras implica
afronta ao art. 59 da CLT, visto que desconsiderado o sistema de
compensação; c) quanto às diferenças do FGTS é manifesta a violação dos
arts. 818 da CLT e 373 do CPC; d) o deferimento dos honorários advocatícios
sem a comprovação de que a reclamante percebe menos de dois salários
mínimos contraria a Súmula n.º 219 do TST.
Ao exame.
No que tange ao enquadramento da reclamante como
financiária, não há como se afastar o óbice das Súmulas n.os 126 e 333
do TST.
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Com efeito, tendo a Corte de origem, com lastro nos
elementos probatórios dos autos, em especial o depoimento do preposto,
expressamente consignado que a ora agravante tem como objeto social a
administração de cartões de créditos, qualquer ilação em sentido
contrário demandaria o reexame do conjunto fático-probatório, o que é
vedado pela Súmula n.º 126 do TST.
Ademais, partindo-se da premissa fática delineada
pelo Regional, a condição de financiária da obreira encontra amparo na
jurisprudência desta Corte. A propósito:

“RECURSO DE EMBARGOS. REGÊNCIA DA LEI N.º


13.015/2014. ADMINISTRADORA DE CARTÕES DE CRÉDITO.
ENQUADRAMENTO COMO INSTITUIÇÃO FINANCEIRA.
EQUIPARAÇÃO À CATEGORIA DOS FINANCIÁRIOS. SÚMULA N.º
55 DO TST. 1. A jurisprudência desta Corte Superior é firme no sentido de
que as administradoras de cartão de crédito enquadram-se como empresas
financeiras, e, portanto, equiparam-se às instituições bancárias para os
efeitos do art. 224 da CLT. 2. Na hipótese, a Sexta Turma, considerando as
atividades desempenhadas pelo reclamante, registradas no acórdão regional,
reconheceu a aplicação do regime de trabalho dos bancários, excluindo,
todavia, o respectivo enquadramento sindical, conforme a diretriz da Súmula
n.º 55 do TST. 3. Diante da consonância do acórdão Embargado com o
entendimento desta Subseção, o recurso de embargos se afigura incabível,
nos termos do art. 894, § 2.º, da CLT. Recurso de embargos de que não se
conhece”. (E-ED-RR - 953-31.2015.5.17.0004, Relator: Ministro Walmir
Oliveira da Costa, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT
29/11/2019.)

“AGRAVO INTERPOSTO CONTRA DECISÃO DE PRESIDENTE


DE TURMA DENEGATÓRIA DE SEGUIMENTO DE EMBARGOS
REGIDOS PELA LEI N.º 13.015/2014. EMPRESA ADMINISTRADORA
DE CARTÕES DE CRÉDITO. EQUIPARAÇÃO A INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA. ENQUADRAMENTO SINDICAL. FINANCIÁRIO.
Trata-se de pedido de enquadramento sindical na condição de financiário. A
Turma assentou que as empresas administradoras de cartões de crédito se
equiparam às financeiras. A definição legal de instituição financeira está
disposta no art. 17 da Lei n.º 4.595/64, in verbis: „Art. 17. Consideram-se
instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas
jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou
acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros
próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de
valor de propriedade de terceiros. Parágrafo único. Para os efeitos desta lei e
da legislação em vigor, equiparam-se às instituições financeiras as pessoas
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físicas que exerçam qualquer das atividades referidas neste artigo, de forma
permanente ou eventual.‟ Considerando, portanto, que a atividade
preponderante da reclamante era inerente às instituições financeiras -
serviços ligados ao encaminhamento de propostas de cartão de crédito -,
conclui-se que o correto enquadramento sindical da autora é na condição de
financiária. Aliás, esta Subseção já decidiu, por unanimidade, no julgamento
do Processo E-RR - 3100-02.2006.5.04.0006, Relator Ministro Walmir
Oliveira da Costa, em 9/6/2016, que as administradoras de cartão de crédito
são consideradas empresas de crédito e financiamento, razão pela qual seus
empregados são enquadrados na categoria profissional dos financiários.
Portanto, a Turma, ao reconhecer a condição de financiária da reclamante,
por laborar em empresa administradora de cartão de crédito, decidiu em
consonância com a Súmula n.º 55 desta Corte, razão pela qual não há falar
em contrariedade ao seu teor. Agravo desprovido.”
(Ag-E-ED-RR-52600-21.2013.5.17.0009, Relator: Ministro José Roberto
Freire Pimenta, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT
17/05/2019.)

“(...) AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA


SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. EMPRESA ADMINISTRADORA
DE CARTÃO DE CRÉDITO. ENQUADRAMENTO COMO
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. EQUIPARAÇÃO À CATEGORIA DOS
FINANCIÁRIOS. SÚMULA 55 DO TST. Agravo de instrumento provido
ante possível violação ao art. 17 da Lei 4.595/64. III - RECURSO DE
REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. EMPRESA
ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE
CRÉDITO. ENQUADRAMENTO COMO INSTITUIÇÃO FINANCEIRA.
EQUIPARAÇÃO À CATEGORIA DOS FINANCIÁRIOS. SÚMULA 55
DO TST. REQUISITOS DO ART. 896, § 1.º-A, DA CLT, ATENDIDOS. O
Regional registrou que "a 2.ª reclamada, empregadora da obreira, possui
como objeto social a administração de cartões de crédito, atividades de
teleatendimento, atividades de intermediação e agenciamento de serviços e
negócios em geral (...)". No entanto, a Corte de Origem entendeu que as
atividades da reclamante não se enquadrariam como típicas da condição de
financiária, motivo pelo qual manteve a sentença de origem que indeferiu os
pedidos autorais, no aspecto. Contudo, a SBDI-1 do TST possui o
entendimento consolidado de que as administradoras de cartão de crédito são
consideradas empresas de crédito e financiamento, razão pela qual seus
empregados devem ser enquadrados na categoria profissional dos
financiários para fins de aplicação da Súmula 55 do TST. Ademais,
estabelecido que a reclamada é uma empresa financeira e que a autora exerce
atividades correlatas à atividade-fim da instituição financeira, a reclamante
tem direito aos benefícios e vantagens inscritos nas normas coletivas
aplicáveis ao financiários. Precedentes da SBDI-1 e de todas as Turmas do
TST. Recurso de revista conhecido e provido.”

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(RR-1000464-42.2016.5.02.0203, Relator: Ministro Augusto César Leite de
Carvalho, 6.ª Turma, DEJT 8/5/2020.)

Em relação ao regime de compensação, tendo a parte


recorrente indicado afronta ao art. 59 da CLT, não há como se afastar
a incidência da Súmula n.º 221 do TST.
No que tange ao ônus da prova das diferenças do FGTS,
a decisão regional amolda-se à Súmula n.º 461 desta Corte, que assim
dispõe:

“FGTS. DIFERENÇAS. RECOLHIMENTO. ÔNUS DA PROVA. É


do empregador o ônus da prova em relação à regularidade dos depósitos do
FGTS, pois o pagamento é fato extintivo do direito do autor (art. 373, II, do
CPC de 2015).”

Por fim, quanto aos honorários advocatícios, tem-se


que, tendo a reclamante firmado, de próprio punho, declaração de que não
tinha condições financeiras de arcar com as custas do processo sem
prejuízo do seu sustento próprio e de sua família, a condenação do
empregador ao pagamento dos honorários advocatícios encontra-se em
sintonia com o item I da Súmula n.º 219 do TST.
Diante do exposto, conclui-se que a decisão agravada,
que não conheceu do Recurso de Revista patronal, não merece reparos.
Nego provimento.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Primeira Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, à unanimidade, conhecer do Agravo Interno e, no
mérito, negar-lhe provimento.
Brasília, 2 de dezembro de 2020.

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LUIZ JOSÉ DEZENA DA SILVA
Ministro Relator

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