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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RRAg-747-92.2016.5.09.0654

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003F2EC59FE96156A.
A C Ó R D Ã O
(8ª Turma)
BP/dm

1. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE


REVISTA. LEI 13.467/2017.
INTERVALO PREVISTO NO ART. 384 DA CLT.
PROTEÇÃO DO TRABALHO DA MULHER. FIXAÇÃO
DE TEMPO MÍNIMO DE TRABALHO
EXTRAORDINÁRIO PARA INCIDÊNCIA DA
NORMA. IMPOSSIBILIDADE. Em face da
plausibilidade da indicada afronta ao
art. 384 da CLT, dá-se provimento ao
Agravo de Instrumento para o amplo
julgamento do Recurso de Revista.
INTERVALO PREVISTO NO ART. 67 DA CLT.
DESCANSO SEMANAL. NÃO CONCESSÃO.
REMUNERAÇÃO DO PERÍODO COMO HORAS
EXTRAS. INDEVIDA. A Súmula 146 desta
Corte concentra o entendimento de “o
trabalho prestado em domingos e feriados, não
compensado, deve ser pago em dobro, sem prejuízo da
remuneração relativa ao repouso semanal". A
jurisprudência desta Corte, firmada a
partir da interpretação do art. 9º da
Lei 605/49 e do entendimento firmado na
referida Súmula, é de que, a comprovação
de trabalho em dia destinado ao repouso
semanal, sem a consequente folga
compensatória, enseja o pagamento das
horas trabalhadas em dobro, sem
prejuízo da remuneração relativa ao
repouso semanal e sem gerar o direito ao
recebimento, também, do período
correspondente à inobservância do
aludido intervalo como horas extras.
Precedentes.
Agravo de Instrumento a que se dá
parcial provimento.
2.RECURSO DE REVISTA INTERPOTO CONTRA
DECISÃO PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI
13.467/2017. INTERVALO PREVISTO NO ART.
384 DA CLT. PROTEÇÃO DO TRABALHO DA
MULHER. FIXAÇÃO DE TEMPO MÍNIMO DE
TRABALHO EXTRAORDINÁRIO PARA
INCIDÊNCIA DA NORMA. IMPOSSIBILIDADE. O
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Tribunal Pleno desta Corte, no
julgamento do TST-IIN-RR-1.540/2005-
046-12-00.5, em 17/11/2008, decidiu que
o art. 384 da CLT fora recepcionado pela
Constituição da República. São, assim,
devidas horas extras em razão da não
concessão do intervalo nele previsto. O
art. 384 da CLT não condiciona a
concessão do intervalo para a mulher à
realização de um tempo mínimo de
trabalho extraordinário. Precedentes.
Desse modo, tendo a reclamante direito
ao intervalo, e, não sendo este
concedido, deve a reclamada pagar o
período correspondente como horas
extras, independentemente da duração do
trabalho em sobrejornada.
Recurso de Revista de que se conhece e
a que se dá provimento.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso


de Revista com Agravo n° TST-RRAg-747-92.2016.5.09.0654, em que é
Agravante e Recorrente SOLIMAR DO CARMO KUTZ DE FREITAS e Agravado e
Recorrido CHARLOTTE-IND.E COMERCIO PRODUTOS ALIMENTICIOS LTDA.

Trata-se de Agravo de Instrumento interposto contra


o despacho mediante o qual se denegou seguimento ao Recurso de Revista.
Procura-se, no Agravo, demonstrar a satisfação aos
pressupostos para o processamento do Recurso obstado.
Foi apresentada contraminuta ao Agravo de
Instrumento.
O Recurso não foi submetido a parecer do Ministério
Público do Trabalho.
É o relatório.

V O T O

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Foram satisfeitos os pressupostos recursais do Agravo
de Instrumento.
O presente Agravo de Instrumento visa destrancar
Recurso de Revista interposto contra decisão publicada na vigência da
Lei 13.467/2017.
No Agravo de Instrumento, procura-se evidenciar a
admissibilidade do Recurso de Revista, sob o argumento de que foram
atendidos seus pressupostos recursais.
O Recurso de Revista teve seu processamento denegado,
sob os seguintes fundamentos:

“DURAÇÃO DO TRABALHO/INTERVALO INTRAJORNADA


/INTERVALO 15 MINUTOS MULHER.
Alegação(ões):
- violação do(s) inciso I do artigo 5º da Constituição Federal.
-violação da(o) artigo 384 da Consolidação das Leis do Trabalho.
- divergência jurisprudencial.
A recorrente alega que não há limite mínimo de horas extras para a
aplicação do intervalo em questão, ao contrário do entendimento contido no
v. acórdão recorrido.
Fundamentos do acórdão recorrido:
'O Excelso STF, ao julgar o Recurso Extraordinário (RE)
658312, com repercussão geral reconhecida, confirmou o
entendimento do C. TST no sentido de que o artigo 384 da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi recepcionado pela
Constituição da República de 1988.
O capítulo especialmente redigido com normas de saúde e
segurança para as mulheres justifica-se em razão dos próprios
preceitos constitucionais dispostos no art. 7º, XX ('proteção do
mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos
termos da lei').
O legislador, ao elaborar o art. 384 da CLT, considerou que as
mulheres sofrem maiores desgastes e consequências com a
prorrogação da jornada, justificando-se, assim, a concessão do
intervalo.
Vale dizer: a norma se sustenta em razão da constituição
biológica e orgânica diferenciada que tem a mulher.
Prevalece, portanto, o entendimento de que o intervalo de 15
(quinze) minutos antes do labor em sobrejornada, pela mulher, não
viola o princípio da igualdade, tendo em vista que 'a igualdade jurídica
entre homens e mulheres não afasta a natural diferenciação fisiológica

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e psicológica dos sexos' (GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de
Direito do Trabalho. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. p. 1003).
Nos exatos termos da clássica lição de Rui Barbosa: 'A regra da
igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos
desiguais, na medida em que se desigualam.' (Oração aos Moços. São
Paulo: Edijur, 2006. p. 22).
Desse modo, havendo prestação de horas extraordinárias sem a
prévia concessão do intervalo de 15min previsto no art. 384 da CLT, a
empregada tem direito ao pagamento, como extra, da pausa suprimida.
A omissão do empregador em conceder 15min de intervalo
antes da prorrogação da jornada gera prejuízo orgânico direto à
empregada, o qual deve ser reparado de algum modo, ainda que pela
via pecuniária. Portanto, considerar que a violação do art. 384 da CLT
configura apenas infração administrativa, tal como consignado na r.
sentença, simplesmente negaria à trabalhadora o direito de ter seu
prejuízo biológico compensado monetariamente.
Entendo, pessoalmente, que apenas os cinco minutos residuais
de tolerância previstos no art. 58, § 1º, da CLT é que poderiam, em
tese, desobrigar o empregador da concessão desse intervalo. Não há
outra disposição legal a justificar, como condicionante, um período
mínimo de prorrogação.
Este E. Regional consolidou entendimento, no entanto, no
sentido de que a trabalhadora somente terá direito ao referido intervalo
na hipótese de o trabalho extraordinário exceder 30 minutos. Reza a
Súmula nº 22, 'verbis':
INTERVALO. TRABALHO DA MULHER. ART. 384
DA CLT. RECEPÇÃO PELO ART. 5º, I, DA CF. O art. 384 da
CLT foi recepcionado pela Constituição Federal, o que torna
devido, à trabalhadora, o intervalo de 15 minutos antes do
início do labor extraordinário. Entretanto, pela razoabilidade,
somente deve ser considerado exigível o referido intervalo se o
trabalho extraordinário exceder a 30 minutos.
Decidir diferente, porém, só criaria falsa expectativa ao
empregador, em prejuízo, ainda, da celeridade processual.
Isso posto, vencido este Relator, reforma-se a r. sentença para
determinar o pagamento, como extra, do tempo do intervalo especial
estabelecido no art. 384 da CLT, nas oportunidades em que houver
prorrogação em mais de 30min do horário normal de trabalho sem a
sua regular concessão, observados os mesmos parâmetros de cálculo e
liquidação fixados para as demais horas extras, inclusive reflexos.'
De acordo com os fundamentos expostos no acórdão ('A omissão do
empregador em conceder 15min de intervalo antes da prorrogação da jornada
gera prejuízo orgânico direto à empregada, o qual deve ser reparado de
algum modo, ainda que pela via pecuniária. Portanto, considerar que a
violação do art. 384 da CLT configura apenas infração administrativa, tal
como consignado na r. sentença, simplesmente negaria à trabalhadora o
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direito de ter seu prejuízo biológico compensado monetariamente. Entendo,
pessoalmente, que apenas os cinco minutos residuais de tolerância previstos
no art. 58, § 1º, da CLT é que poderiam, em tese, desobrigar o empregador da
concessão desse intervalo. Não há outra disposição legal a justificar, como
condicionante, um período mínimo de prorrogação. Este E. Regional
consolidou entendimento, no entanto, no sentido de que a trabalhadora
somente terá direito ao referido intervalo na hipótese de o trabalho
extraordinário exceder 30 minutos. Reza a Súmula nº 22, 'verbis':
INTERVALO. TRABALHO DA MULHER. ART. 384
DA CLT. RECEPÇÃO PELO ART. 5º, I, DA CF. O art. 384 da CLT foi
recepcionado pela Constituição Federal, o que torna devido, à trabalhadora, o
intervalo de 15 minutos antes do início do labor extraordinário. Entretanto,
pela razoabilidade, somente deve ser considerado exigível o referido
intervalo se o trabalho extraordinário exceder a 30 minutos.'), a limitação
decorre de aplicação do princípio da razoabilidade. Por isso, não se
vislumbra possível violação literal e direta aos dispositivos da legislação
federal invocados.
Os arestos transcritos nas razões recursais não caracterizam a alegada
divergência jurisprudencial, a teor da Súmula 23 do Tribunal Superior do
Trabalho porque não abrangem todos os fundamentos utilizados no acórdão,
pois nenhum dos entendimentos sinaliza em sentido contrário acerca do
tempo mínimo, entre outros.
Denego.
DURAÇÃO DO TRABALHO/INTERVALO INTERJORNADAS.
Alegação(ões):
-violação da(o) artigo 67 da Consolidação das Leis do Trabalho.
- divergência jurisprudencial.
A recorrente alega que é devido o pagamento de horas extras pela
sonegação do intervalo do artigo 67 da CLT.
Fundamentos do acórdão recorrido:
'O art. 67 da CLT não trata de intervalo propriamente dito, mas
de repouso semanal de 24h, o mesmo previsto no art. 1º da Lei nº
605/49.
Existe, assim, o intervalo de 11h previsto no art. 66 da CLT,
entre a jornada de um dia e outro, e o repouso de 24h entre uma semana
e outra (art. 67 da CLT). A soma dos dois perfaz, por certo, 35h, mas
isso não significa, em absoluto, haver amparo legal para se invocar
'intervalo' de 35h.
Tão somente a supressão do repouso de 24h, em si, não induz
condenação em horas extras por aplicação analógica do art. 71,
parágrafo 4º, da CLT, pois, não concedida a folga compensatória, o
tempo respectivo será pago em dobro, nos termos da Lei nº 605/49, que
trata especificamente dessa situação, sob pena de 'bis in idem'.
As horas trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24
horas (art. 67 da CLT e art. 1º da Lei nº 605/49), com dano ao intervalo
mínimo de 11h consecutivas para o descanso entre jornadas é que
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garantem o direito a extras, inclusive com o respectivo adicional. A
apuração desse intervalo tem início, vale frisar, após o término da
jornada anterior ao descanso semanal, seja normal ou extraordinária,
continuando imediatamente após o seu período.
Deve ser desconsiderado, pois, o descanso semanal
remunerado de vinte e quatro horas, ou seja, na verificação quanto a ter
havido ou não violação ao intervalo entrejornadas deverão ser
desprezadas as vinte e quatro horas destinadas ao descanso semanal
(com ou sem trabalho nesse dia). Inteligência da Súmula nº 110 do C.
TST.
Tome-se por exemplo: se o empregado trabalha até 20h do
sábado, só depois do intervalo de 11h, sem computar o tempo
destinado ao repouso (24h), poderá iniciar nova jornada, ou seja, só
depois das 07h da manhã da segunda-feira. Se nesse dia começar antes,
terá direito a extras decorrentes da supressão parcial ou total que
houver.
No presente caso, os contracheques de fls. 122/156 evidenciam
pagamento em dobro das horas trabalhadas em domingos e feriados
sem folga compensatória na mesma semana, e não há prova nos autos
de que esses valores estão incorretos.
Portanto, é incabível a condenação ao pagamento, como extra,
das horas faltantes para completar o dito 'intervalo do art. 67 da CLT'.
Nega-se provimento.'
De acordo com os fundamentos expostos no acórdão ('Tão somente a
supressão do repouso de 24h, em si, não induz condenação em horas extras
por aplicação analógica do art. 71, parágrafo 4º, da CLT, pois, não concedida
a folga compensatória, o tempo respectivo será pago em dobro, nos termos
da Lei nº 605/49, que trata especificamente dessa situação, sob pena de 'bis in
idem'. As horas trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24 horas (art.
67 da CLT e art. 1º da Lei nº 605/49), com dano ao intervalo mínimo de 11h
consecutivas para o descanso entre jornadas é que garantem o direito a
extras, inclusive com o respectivo adicional. A apuração desse intervalo tem
início, vale frisar, após o término da jornada anterior ao descanso semanal,
seja normal ou extraordinária, continuando imediatamente após o seu
período'), não se vislumbra possível violação literal e direta ao dispositivo da
legislação federal invocado e tampouco a pretensa divergência
jurisprudencial.
Denego.
CONCLUSÃO
Denego seguimento” (fls. 715/718).

No que tange ao intervalo previsto no art. 384 da CLT,


a agravante sustenta ter demonstrado a existência de divergência
jurisprudencial, bem como que o recurso de revista alcança conhecimento

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por violação ao art. 384 da CLT, o qual não prevê a limitação imposta
pelo Tribunal Regional.
O entendimento desta Corte é no sentido de que a
empregada tem direito ao intervalo previsto no art. 384 da CLT sempre
que houver trabalho extraordinário, tendo em vista que referido
dispositivo não fixa qualquer condição ou limitação à concessão
do intervalo.
Assim, verifica-se a plausibilidade da indicada
afronta ao art. 384 da CLT, circunstância que impõe o provimento ao Agravo
de Instrumento para determinar o processamento do recurso de revista
quanto ao tema.
Relativamente ao tema intervalo previsto no art. 67
da CLT, a agravante sustenta ter demostrado afronta ao referido artigo
de lei, bem como divergência jurisprudencial.
Nos termos o entendimento concentrado na Súmula 146
desta Corte, “o trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado, deve ser pago em
dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal".
No caso, o Tribunal Regional julgou improcedente o
pedido de horas extras decorrentes da inobservância do intervalo previsto
no art. 67 da CLT, consignando que “os contracheques de fls. 122/156 evidenciam
pagamento em dobro das horas trabalhadas em domingos e feriados sem folga compensatória na mesma
semana”.
A jurisprudência desta Corte, firmada a partir da
interpretação do art. 9º da Lei 605/49 e do entendimento firmado na Súmula
146, é de que, a comprovação de trabalho em dia destinado ao repouso
semanal, sem a consequente folga compensatória, enseja o pagamento das
horas trabalhadas em dobro, sem gerar direito ao recebimento, também,
das decorrentes da inobservância do aludido intervalo.
Nesse sentido, são os seguintes precedentes:

"RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE.


INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014. ANTERIOR
À LEI Nº 13.467/2017 (...) INTERVALO INTERJORNADA E
REPOUSO SEMANAL REMUNERADO. ARTS. 66 E 67 DA CLT
(35 HORAS) 1- Atendidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT. 2-
Os arts. 66 e 67 da CLT dispõem sobre dois direitos distintos (intervalo
interjornada e repouso semanal remunerado). Embora ambos sejam
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períodos de descanso, o seu descumprimento gera efeitos diferentes,
conforme pacificado nesta Corte Superior. 3- Com efeito, a não
observância do intervalo interjornada de 11 horas, previsto no art. 66
da CLT ‘acarreta, por analogia, os mesmos efeitos previstos no § 4º do
art. 71 da CLT e na Súmula nº 110 do TST, devendo-se pagar a
integralidade das horas que foram subtraídas do intervalo, acrescidas
do respectivo adicional’, nos termos da Orientação Jurisprudencial nº
355 da SbDI-1 do TST. 4- Já o trabalho ‘prestado em domingos e
feriados, não compensado, deve ser pago em dobro, sem prejuízo da
remuneração relativa ao repouso semanal’, conforme a Súmula nº 146
do TST. 5- No caso, o TRT consignou, de uma parte, que, ‘constatado
que o reclamante trabalhou em dia destinado ao repouso, deve receber
pelo trabalho prestado de forma dobrada.’. De outra parte, registrou
que não houve inobservância do intervalo interjornada de onze horas
previsto no art. 66 da CLT. Sob esse prisma, não há diferenças salariais
a serem pagas sob tais títulos. 6- Recurso de revista de que não se
conhece" (ARR-10510-63.2015.5.03.0026, 6ª Turma,
Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT
18/10/2019, sem grifo no original).

"INTERVALO INTERSEMANAL DE 35 HORAS . Consoante


a Orientação Jurisprudencial 355, da SBDI-1, desta Corte Superior, ‘o
desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas previsto no art. 66 da
CLT acarreta, por analogia, os mesmos efeitos previstos no § 4º do art.
71 da CLT e na Súmula 110 do TST, devendo-se pagar a integralidade
das horas que foram subtraídas do intervalo, acrescidas do respectivo
adicional’. Por outro lado, de acordo com a Súmula 146 do TST, ‘o
trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado, deve ser
pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso
semanal’. Vê-se que, conforme entendimento pacífico desta Corte
Superior, a inobservância aos intervalos previstos nos arts. 66 e 67 da
CLT implica efeitos jurídicos distintos. No primeiro caso, resulta em
aplicação analógica da norma do § 4º do art. 71 da CLT, enquanto, no
segundo, o labor prestado em domingos e feriados não compensado
deve ser remunerado em dobro. Recurso de revista conhecido e
provido” (RR-1193-90.2012.5.09.0022, 6ª Turma,
Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho,
DEJT 20/09/2019, sem grifo no original).

"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO


RECLAMANTE. INTERVALO INTERSEMANAL DE 35 HORAS.
ARTIGOS 66 E 67 DA CLT. INTERVALO INTERJORNADAS E
REPOUSO SEMANAL. No caso, conforme delineado pelo Regional,
não restou evidenciada a inobservância do intervalo interjornadas
previsto no artigo 66 da CLT. Outrossim, a decisão recorrida revela
perfeita harmonia com a jurisprudência deste Tribunal Superior, no
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sentido de que eventual inobservância do período de descanso semanal
de 24 horas estabelecido no art. 67 da CLT em decorrência da
prestação de serviço no dia de descanso enseja o pagamento das horas
trabalhadas em dobro, na forma da Súmula nº 146 do TST, afastando a
pretensão de horas extras. Recurso de revista não conhecido"
(ARR-667-18.2015.5.09.0411, 8ª Turma, Relatora
Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 22/06/2018, sem
grifo no original).

"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO


RECLAMANTE. INTERVALO INTERJORNADAS. REPOUSO
SEMANAL REMUNERADO . A jurisprudência desta Corte Superior
é firme no sentido de que a ausência do repouso semanal remunerado,
previsto no artigo 67 da CLT, em razão do labor nesse dia, com a
condenação ao pagamento em dobro, não acarreta a condenação em
horas extras do tempo suprimido do mencionado dispositivo
consolidado. Nesse sentido, o julgamento proferido no Proc.
E-ED-Ag-RR - 295-77.2012.5.09.0022, Rel. Min. Walmir Oliveira da
Costa, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT
13/10/2017. Desse entendimento não divergiu o acórdão regional,
incidência do art. 896, § 7º, da CLT. Recurso de revista de que não se
conhece" (ARR-1148-24.2013.5.09.0872, 1ª Turma,
Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT
27/04/2018, sem grifo no original).

"RECURSO DE EMBARGOS. REGÊNCIA DA LEI Nº


13.015/2014. HORAS EXTRAS. INTERVALO MÍNIMO
INTERJORNADAS. DESCANSO SEMANAL REMUNERADO. 1.
A eg. Quinta Turma negou provimento ao agravo em recurso de
revista, com base na Súmula nº 333 desta Corte, sob o fundamento de
que o Tribunal Regional observou a Orientação Jurisprudencial nº 355
desta Subseção ao aplicar, por analogia, o § 4º do art. 71 da CLT e a
Súmula nº 110 do TST, no julgamento da controvérsia sobre o
pagamento, como horas extras, do período subtraído das 24 horas de
descanso semanal remunerado previsto no art. 67 da CLT. 2. Deferida
a remuneração em dobro do labor aos domingos, não compensado,
bem como o pagamento, com adicional de 50%, das horas subtraídas
do intervalo mínimo de onze horas interjornadas, não cabe aplicar, por
analogia, a Orientação Jurisprudencial nº 354 desta SBDI-1 pelo
descumprimento do repouso semanal remunerado de que trata o art. 67
da CLT, sob pena de caracterização de ‘bis in idem’. Recurso de
embargos conhecido e provido."
(E-ED-Ag-RR-295-77.2012.5.09.0022, Rel. Min.
Walmir Oliveira da Costa, SDI-1, DEJT 13/10/2017,
sem grifo no original).

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"AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE EM
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº
13.015/2014 E DO NCPC - INTERVALO SEMANAL - ART. 67 DA
CLT A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que o
desrespeito ao descanso semanal, previsto no art. 67 da CLT, enseja o
pagamento em dobro das horas trabalhadas, nos termos da Súmula nº
146, e não o pagamento destas acrescido de horas extras pelo
descumprimento do intervalo semanal de 35 horas. Julgados" (ARR -
11501-84.2014.5.03.0087, Relatora Ministra:
Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Data de
Julgamento: 12/12/2018, 8ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 14/12/2018, sem grifo no
original).

"RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE - LEI Nº


13.015/2014 - INTERVALO INTERSEMANAL DE 35 HORAS.
ARTIGOS 66 E 67 DA CLT. HORAS EXTRAORDINÁRIAS. A
decisão recorrida está em consonância com a jurisprudência desta
Corte Superior que se firma no sentido de que o desrespeito ao
descanso semanal, previsto no artigo 67 da CLT, enseja o pagamento
em dobro das horas trabalhadas, nos termos da Súmula 146, e não o
pagamento destas acrescidas de horas extras pelo descumprimento do
intervalo semanal de 35 horas (repouso semanal de 24 horas e intervalo
interjornadas de 11 horas), sob pena de incorrer em bis in idem.
Recurso de revista não conhecido"
(ARR-347-59.2014.5.09.0004 Data de Julgamento:
24/04/2019, Relator Ministro: Márcio Eurico
Vitral Amaro, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
29/04/2019).

Ante o exposto, não se constata afronta ao art. 67 da


CLT.
Saliente-se que o aresto transcrito a fls. 702,
oriundo do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região, não serve para
o confronto de teses, a teor da Súmula 337, item I, letra “a”, desta Corte,
porque não indica a fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi
publicada, nem foi apresentada certidão ou cópia autenticada de seu
inteiro teor.
Ante o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao Agravo de
Instrumento, para determinar o processamento do recurso de revista apenas
quanto ao tema “Intervalo Previsto no art. 384 da CLT”.

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2. RECURSO DE REVISTA

Satisfeitos os pressupostos comuns de admissibilidade


do Recurso de Revista e preenchidos os requisitos previstos no art. 896,
§ 1º-A, da CLT, com a redação dada pela Lei 13.015/2014.

2.1. CONHECIMENTO

2.1. INTERVALO PREVISTO NO ART. 384 DA CLT. FIXAÇÃO


DE TEMPO MÍNIMO DE TRABALHO EXTRAORDINÁRIO PARA INCIDÊNCIA DA NORMA

O Tribunal Regional deu provimento parcial ao recurso


ordinário interposto pela reclamante para “determinar o pagamento, como extra, do
tempo do intervalo especial estabelecido no art. 384 da CLT, nas oportunidades em que houver
prorrogação em mais de 30min do horário normal de trabalho sem a sua regular concessão” (fls.
684), sob os seguintes fundamentos:

“d) intervalo do art. 384 da CLT


O Excelso STF, ao julgar o Recurso Extraordinário (RE)
658312, com repercussão geral reconhecida, confirmou o
entendimento do C. TST no sentido de que o artigo 384 da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi recepcionado pela
Constituição da República de 1988.
O capítulo especialmente redigido com normas de saúde e
segurança para as mulheres justifica-se em razão dos próprios
preceitos constitucionais dispostos no art. 7º, XX ('proteção do
mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos
termos da lei').
O legislador, ao elaborar o art. 384 da CLT, considerou que as
mulheres sofrem maiores desgastes e consequências com a
prorrogação da jornada, justificando-se, assim, a concessão do
intervalo.
Vale dizer: a norma se sustenta em razão da constituição
biológica e orgânica diferenciada que tem a mulher.
Prevalece, portanto, o entendimento de que o intervalo de 15
(quinze) minutos antes do labor em sobrejornada, pela mulher, não
viola o princípio da igualdade, tendo em vista que 'a igualdade jurídica
entre homens e mulheres não afasta a natural diferenciação fisiológica
e psicológica dos sexos' (GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de
Direito do Trabalho. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. p. 1003).

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Nos exatos termos da clássica lição de Rui Barbosa: 'A regra da
igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos
desiguais, na medida em que se desigualam.' (Oração aos Moços. São
Paulo: Edijur, 2006. p. 22).
Desse modo, havendo prestação de horas extraordinárias sem a
prévia concessão do intervalo de 15min previsto no art. 384 da CLT, a
empregada tem direito ao pagamento, como extra, da pausa suprimida.
A omissão do empregador em conceder 15min de intervalo
antes da prorrogação da jornada gera prejuízo orgânico direto à
empregada, o qual deve ser reparado de algum modo, ainda que pela
via pecuniária. Portanto, considerar que a violação do art. 384 da CLT
configura apenas infração administrativa, tal como consignado na r.
sentença, simplesmente negaria à trabalhadora o direito de ter seu
prejuízo biológico compensado monetariamente.
Entendo, pessoalmente, que apenas os cinco minutos residuais
de tolerância previstos no art. 58, § 1º, da CLT é que poderiam, em
tese, desobrigar o empregador da concessão desse intervalo. Não há
outra disposição legal a justificar, como condicionante, um período
mínimo de prorrogação.
Este E. Regional consolidou entendimento, no entanto, no
sentido de que a trabalhadora somente terá direito ao referido
intervalo na hipótese de o trabalho extraordinário exceder 30
minutos. Reza a Súmula nº 22, 'verbis':
INTERVALO. TRABALHO DA MULHER. ART. 384
DA CLT. RECEPÇÃO PELO ART. 5º, I, DA CF. O art. 384 da
CLT foi recepcionado pela Constituição Federal, o que torna
devido, à trabalhadora, o intervalo de 15 minutos antes do
início do labor extraordinário. Entretanto, pela razoabilidade,
somente deve ser considerado exigível o referido intervalo se o
trabalho extraordinário exceder a 30 minutos.
Decidir diferente, porém, só criaria falsa expectativa ao
empregador, em prejuízo, ainda, da celeridade processual.” (fls.
676/677, sem grifo no original).

A reclamante insurge-se contra a limitação ao


pagamento de horas extras pelo descumprimento do intervalo do art. 384
da CLT apenas na hipótese de o trabalho extraordinário extrapolar 30
minutos. Aduz que a norma de regência não fixa nenhum limite mínimo de
jornada extraordinária para a sua incidência. Aponta violação ao art.
384 da CLT e transcreve aresto.
O Tribunal Pleno desta Corte, no julgamento do
TST-IIN-RR-1.540/2005-046-12-00.5, em 17/11/2008, decidiu que o art. 384
da CLT fora recepcionado pela Constituição da República.
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O entendimento desta Corte é no sentido de que o art.
384 da CLT não condiciona a concessão do intervalo para a mulher à
realização de um tempo mínimo de trabalho extraordinário. Desse modo,
tendo a reclamante direito ao intervalo, e, não sendo concedido, deve
a reclamada pagar o benefício.
Nesse sentido, eis os seguintes precedentes desta
Corte:
“RECURSO DE REVISTA. INTERVALO PREVISTO NO ART.
384 DA CLT. PROTEÇÃO AO TRABALHO DA MULHER. LIMITAÇÃO
DE TEMPO . O Regional deferiu o pagamento do intervalo do art. 384 da
CLT, contudo limitou sua concessão aos dias em que houve labor superior a
trinta minutos. No entanto, o entendimento perfilhado nesta Corte Superior é
o de que o intervalo previsto no artigo 384 da CLT é devido sempre que
houver labor em sobrejornada, não havendo fixação legal de um tempo
mínimo de sobrelabor para concessão do referido intervalo. Recurso de
revista conhecido e provido" (ARR-2063-83.2015.5.09.0652, 8ª
Turma, Rel. Min. Dora Maria da Costa, DEJT 10/2/2020,
sem grifo no original).

"INTERVALO DISPOSTO NO ART. 384 DA CLT. TRABALHO


DA MULHER. LIMITAÇÃO TEMPORAL. 1 - De acordo com a
literalidade do artigo 384 da CLT: "em caso de prorrogação do horário
normal, será obrigatório um descanso de 15 (quinze) minutos no mínimo,
antes do início do período extraordinário do trabalho". 2 - Sob esse prisma, o
art. 384 da CLT não condiciona o intervalo para a mulher ao tempo em
sobrelabor, ou seja, não há limitação temporal. Há julgados. 3 - No caso, o
TRT entendeu que intervalo disposto no art. 384 da CLT é devido somente
‘se o trabalho extraordinário exceder a 30 minutos’. Nesse sentido, manteve
a sentença ‘que restringiu o pagamento do tempo de intervalo previsto no art.
384 da CLT apenas às situações em que constatada prestação de serviços por
mais de 30 minutos além da jornada normal diária’. 4 - Recurso de revista de
que se conhece e a que se dá provimento"
(ARR-93-43.2016.5.09.0028, 6ª Turma, Rel. Min. Kátia
Magalhães Arruda, DEJT 24/4/2020, sem grifo no
original).

"AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO


ANTES VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. INTERVALO DO ART. 384
DA CLT. A decisão agravada encontra-se em conformidade com a
jurisprudência atual e pacífica desta Corte Superior no sentido de que o art.
384 da CLT foi recepcionado pelo CF/88, sendo aplicável exclusivamente
para as mulheres. Além disso, o descumprimento da disposição contida no
art. 384 da CLT não configura mera infração administrativa, razão pela qual
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a não concessão do intervalo de 15 minutos antes do início da jornada
extraordinária acarreta o pagamento desse período como hora extra,
conforme entendimento firmado no âmbito desta Corte Superior, que
também se posicionou no sentido de o referido direito não está condicionado
apenas ao sobrelabor que exceder os 30 minutos diários. Agravo não
provido, com aplicação de multa"
(Ag-ED-RR-1343-95.2010.5.09.0651, 5ª Turma, Rel.
Min. Breno Medeiros, DEJT 24/4/2020, sem grifo no
original).

"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMANTE.


ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DAS LEIS NOS
13.015/2014 E 13.467/2017. 1. TRABALHO DA MULHER. INTERVALO
PREVISTO NO ART. 384 DA CLT . EXIGÊNCIA DE JORNADA
EXTRAORDIÁRIA SUPERIOR A 30 MINUTOS PARA CONCESSÃO.
IMPOSSIBILIDADE. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA
RECONHECIDA. CONHECIMENTO E PROVIMENTO. I. Hipótese em
que, embora tendo reconhecido a constitucionalidade do art. 384 da CLT
(vigente antes da edição da Lei nº 13.467/2017), a Corte de origem deixou de
aplicar o referido preceito, por entender que o período de repouso nele
estabelecido somente é devido na hipótese em que a prorrogação da jornada é
superior a 30 (trinta) minutos . II. A jurisprudência desta Corte Superior
firmou-se no sentido de que a empregada faz jus ao intervalo previsto no art.
384 da CLT sempre que houver labor extraordinário, uma vez que o aludido
dispositivo legal não estipula qualquer condição ou limitação à concessão do
intervalo à luz do tempo mínimo de trabalho em sobrejornada. III . Nesse
contexto, ao limitar a condenação relativa ao intervalo previsto no art. 384 da
CLT às ocasiões em que a jornada extraordinária seja superior a 30 (trinta)
minutos, a Corte Regional contrariou a jurisprudência deste Tribunal
Superior e violou o mencionado dispositivo celetista. Demonstrada
transcendência política da causa e violação do art. 384 da CLT. IV. Recurso
de revista de que se conhece, por violação do art. 384 da CLT, e a que se dá
provimento" (RR-714-06.2017.5.09.0028, 4ª Turma, Rel.
Min. Alexandre Luiz Ramos, DEJT 3/4/2020, sem grifo
no original).

"INTERVALO DO ART. 384 DA CLT. NORMA DE PROTEÇÃO


AO TRABALHO DA MULHER. PRESTAÇÃO DE NO MÍNIMO UMA
HORA extra DIÁRIA. O artigo 384 da CLT dispõe que "Em caso de
prorrogação do horário normal, será obrigatório um descanso de quinze (15)
minutos no mínimo, antes do início do período extraordinário do trabalho".
A jurisprudência dessa Corte é no sentido de que o intervalo previsto no
artigo 384 da CLT é devido sempre que houver labor em sobrejornada, não
havendo fixação legal de um tempo mínimo de sobrelabor para concessão do
intervalo. A decisão recorrida, ao condicionar a concessão do intervalo
previsto no artigo 384 da CLT à prestação de no mínimo uma hora diária de
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sobrelabor, viola o artigo 384 da CLT, que não fixa tempo mínimo de
sobrelabor para a concessão do intervalo em questão. Recurso de revista
conhecido e provido" (ARR-20739-86.2014.5.04.0027, 2ª
Turma, Rel. Min. Maria Helena Mallmann, DEJT
20/3/2020, sem grifo no original).

"RECURSO DE REVISTA. INTERVALO DO ART. 384 DA CLT.


LIMITAÇÃO TEMPORAL. INEXISTÊNCIA. O descumprimento do
intervalo previsto no art. 384 da CLT importa em pagamento de horas extras
correspondentes àquele período. O referido dispositivo não condiciona o
intervalo para a mulher ao tempo da hora em sobrelabor, ou seja, não há
limitação temporal. Desse modo, a empregada faz jus ao referido intervalo
sempre que existir prorrogação de jornada, e, não sendo concedido, a
empregadora deve pagá-lo em sua totalidade como horas extras. Recurso de
Revista conhecido e provido" (RR-10188-77.2016.5.09.0014, 1ª
Turma, Rel. Min. Luiz José Dezena da Silva, DEJT
25/11/2019, sem grifo no original).

Assim, o Tribunal Regional, ao restringir o pagamento


do intervalo apenas aos dias em que o trabalho em sobrejornada ultrapassou
30 minutos, violou o disposto no art. 384 da CLT.
Ante o exposto, CONHEÇO do Recurso de Revista, por
violação ao art. 384 da CLT.

2.2. MÉRITO

2.2.1. INTERVALO PREVISTO NO ART. 384 DA CLT. FIXAÇÃO


DE TEMPO MÍNIMO DE TRABALHO EXTRAORDINÁRIO PARA INCIDÊNCIA DA NORMA

Em face do conhecimento do Recurso de Revista, por


violação ao art. 384 da CLT, DOU-LHE PROVIMENTO para incluir na condenação
ao pagamento de horas extras decorrentes da supressão do intervalo
previsto no art. 384 da CLT, os dias em que houve a supressão do referido
intervalo e que a prestação de horas extras foi igual ou inferior a 30
minutos.

ISTO POSTO

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ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal
Superior do Trabalho, por unanimidade: I – dar provimento parcial ao
Agravo de Instrumento para determinar o processamento do Recurso de
Revista apenas quanto ao tema “Intervalo Previsto no Art. 384 da CLT”,
e; II – conhecer do Recurso de Revista interposto pela reclamante quanto
ao tema “Intervalo do art. 384 da CLT”, por violação ao art. 384 da CLT
e, no mérito, dar-lhe provimento para incluir na condenação ao pagamento
de horas extras decorrentes da supressão do intervalo previsto no art.
384 da CLT os dias em que houve a supressão do referido intervalo e que
a prestação de horas extras foi igual ou inferior a 30 minutos.
Brasília, 2 de dezembro de 2020.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


JOÃO BATISTA BRITO PEREIRA
Ministro Relator

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