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RRAg-747-92 2016 5 09 0654
RRAg-747-92 2016 5 09 0654
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-RRAg-747-92.2016.5.09.0654
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003F2EC59FE96156A.
A C Ó R D Ã O
(8ª Turma)
BP/dm
PROCESSO Nº TST-RRAg-747-92.2016.5.09.0654
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Tribunal Pleno desta Corte, no
julgamento do TST-IIN-RR-1.540/2005-
046-12-00.5, em 17/11/2008, decidiu que
o art. 384 da CLT fora recepcionado pela
Constituição da República. São, assim,
devidas horas extras em razão da não
concessão do intervalo nele previsto. O
art. 384 da CLT não condiciona a
concessão do intervalo para a mulher à
realização de um tempo mínimo de
trabalho extraordinário. Precedentes.
Desse modo, tendo a reclamante direito
ao intervalo, e, não sendo este
concedido, deve a reclamada pagar o
período correspondente como horas
extras, independentemente da duração do
trabalho em sobrejornada.
Recurso de Revista de que se conhece e
a que se dá provimento.
V O T O
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Foram satisfeitos os pressupostos recursais do Agravo
de Instrumento.
O presente Agravo de Instrumento visa destrancar
Recurso de Revista interposto contra decisão publicada na vigência da
Lei 13.467/2017.
No Agravo de Instrumento, procura-se evidenciar a
admissibilidade do Recurso de Revista, sob o argumento de que foram
atendidos seus pressupostos recursais.
O Recurso de Revista teve seu processamento denegado,
sob os seguintes fundamentos:
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e psicológica dos sexos' (GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de
Direito do Trabalho. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. p. 1003).
Nos exatos termos da clássica lição de Rui Barbosa: 'A regra da
igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos
desiguais, na medida em que se desigualam.' (Oração aos Moços. São
Paulo: Edijur, 2006. p. 22).
Desse modo, havendo prestação de horas extraordinárias sem a
prévia concessão do intervalo de 15min previsto no art. 384 da CLT, a
empregada tem direito ao pagamento, como extra, da pausa suprimida.
A omissão do empregador em conceder 15min de intervalo
antes da prorrogação da jornada gera prejuízo orgânico direto à
empregada, o qual deve ser reparado de algum modo, ainda que pela
via pecuniária. Portanto, considerar que a violação do art. 384 da CLT
configura apenas infração administrativa, tal como consignado na r.
sentença, simplesmente negaria à trabalhadora o direito de ter seu
prejuízo biológico compensado monetariamente.
Entendo, pessoalmente, que apenas os cinco minutos residuais
de tolerância previstos no art. 58, § 1º, da CLT é que poderiam, em
tese, desobrigar o empregador da concessão desse intervalo. Não há
outra disposição legal a justificar, como condicionante, um período
mínimo de prorrogação.
Este E. Regional consolidou entendimento, no entanto, no
sentido de que a trabalhadora somente terá direito ao referido intervalo
na hipótese de o trabalho extraordinário exceder 30 minutos. Reza a
Súmula nº 22, 'verbis':
INTERVALO. TRABALHO DA MULHER. ART. 384
DA CLT. RECEPÇÃO PELO ART. 5º, I, DA CF. O art. 384 da
CLT foi recepcionado pela Constituição Federal, o que torna
devido, à trabalhadora, o intervalo de 15 minutos antes do
início do labor extraordinário. Entretanto, pela razoabilidade,
somente deve ser considerado exigível o referido intervalo se o
trabalho extraordinário exceder a 30 minutos.
Decidir diferente, porém, só criaria falsa expectativa ao
empregador, em prejuízo, ainda, da celeridade processual.
Isso posto, vencido este Relator, reforma-se a r. sentença para
determinar o pagamento, como extra, do tempo do intervalo especial
estabelecido no art. 384 da CLT, nas oportunidades em que houver
prorrogação em mais de 30min do horário normal de trabalho sem a
sua regular concessão, observados os mesmos parâmetros de cálculo e
liquidação fixados para as demais horas extras, inclusive reflexos.'
De acordo com os fundamentos expostos no acórdão ('A omissão do
empregador em conceder 15min de intervalo antes da prorrogação da jornada
gera prejuízo orgânico direto à empregada, o qual deve ser reparado de
algum modo, ainda que pela via pecuniária. Portanto, considerar que a
violação do art. 384 da CLT configura apenas infração administrativa, tal
como consignado na r. sentença, simplesmente negaria à trabalhadora o
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direito de ter seu prejuízo biológico compensado monetariamente. Entendo,
pessoalmente, que apenas os cinco minutos residuais de tolerância previstos
no art. 58, § 1º, da CLT é que poderiam, em tese, desobrigar o empregador da
concessão desse intervalo. Não há outra disposição legal a justificar, como
condicionante, um período mínimo de prorrogação. Este E. Regional
consolidou entendimento, no entanto, no sentido de que a trabalhadora
somente terá direito ao referido intervalo na hipótese de o trabalho
extraordinário exceder 30 minutos. Reza a Súmula nº 22, 'verbis':
INTERVALO. TRABALHO DA MULHER. ART. 384
DA CLT. RECEPÇÃO PELO ART. 5º, I, DA CF. O art. 384 da CLT foi
recepcionado pela Constituição Federal, o que torna devido, à trabalhadora, o
intervalo de 15 minutos antes do início do labor extraordinário. Entretanto,
pela razoabilidade, somente deve ser considerado exigível o referido
intervalo se o trabalho extraordinário exceder a 30 minutos.'), a limitação
decorre de aplicação do princípio da razoabilidade. Por isso, não se
vislumbra possível violação literal e direta aos dispositivos da legislação
federal invocados.
Os arestos transcritos nas razões recursais não caracterizam a alegada
divergência jurisprudencial, a teor da Súmula 23 do Tribunal Superior do
Trabalho porque não abrangem todos os fundamentos utilizados no acórdão,
pois nenhum dos entendimentos sinaliza em sentido contrário acerca do
tempo mínimo, entre outros.
Denego.
DURAÇÃO DO TRABALHO/INTERVALO INTERJORNADAS.
Alegação(ões):
-violação da(o) artigo 67 da Consolidação das Leis do Trabalho.
- divergência jurisprudencial.
A recorrente alega que é devido o pagamento de horas extras pela
sonegação do intervalo do artigo 67 da CLT.
Fundamentos do acórdão recorrido:
'O art. 67 da CLT não trata de intervalo propriamente dito, mas
de repouso semanal de 24h, o mesmo previsto no art. 1º da Lei nº
605/49.
Existe, assim, o intervalo de 11h previsto no art. 66 da CLT,
entre a jornada de um dia e outro, e o repouso de 24h entre uma semana
e outra (art. 67 da CLT). A soma dos dois perfaz, por certo, 35h, mas
isso não significa, em absoluto, haver amparo legal para se invocar
'intervalo' de 35h.
Tão somente a supressão do repouso de 24h, em si, não induz
condenação em horas extras por aplicação analógica do art. 71,
parágrafo 4º, da CLT, pois, não concedida a folga compensatória, o
tempo respectivo será pago em dobro, nos termos da Lei nº 605/49, que
trata especificamente dessa situação, sob pena de 'bis in idem'.
As horas trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24
horas (art. 67 da CLT e art. 1º da Lei nº 605/49), com dano ao intervalo
mínimo de 11h consecutivas para o descanso entre jornadas é que
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garantem o direito a extras, inclusive com o respectivo adicional. A
apuração desse intervalo tem início, vale frisar, após o término da
jornada anterior ao descanso semanal, seja normal ou extraordinária,
continuando imediatamente após o seu período.
Deve ser desconsiderado, pois, o descanso semanal
remunerado de vinte e quatro horas, ou seja, na verificação quanto a ter
havido ou não violação ao intervalo entrejornadas deverão ser
desprezadas as vinte e quatro horas destinadas ao descanso semanal
(com ou sem trabalho nesse dia). Inteligência da Súmula nº 110 do C.
TST.
Tome-se por exemplo: se o empregado trabalha até 20h do
sábado, só depois do intervalo de 11h, sem computar o tempo
destinado ao repouso (24h), poderá iniciar nova jornada, ou seja, só
depois das 07h da manhã da segunda-feira. Se nesse dia começar antes,
terá direito a extras decorrentes da supressão parcial ou total que
houver.
No presente caso, os contracheques de fls. 122/156 evidenciam
pagamento em dobro das horas trabalhadas em domingos e feriados
sem folga compensatória na mesma semana, e não há prova nos autos
de que esses valores estão incorretos.
Portanto, é incabível a condenação ao pagamento, como extra,
das horas faltantes para completar o dito 'intervalo do art. 67 da CLT'.
Nega-se provimento.'
De acordo com os fundamentos expostos no acórdão ('Tão somente a
supressão do repouso de 24h, em si, não induz condenação em horas extras
por aplicação analógica do art. 71, parágrafo 4º, da CLT, pois, não concedida
a folga compensatória, o tempo respectivo será pago em dobro, nos termos
da Lei nº 605/49, que trata especificamente dessa situação, sob pena de 'bis in
idem'. As horas trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24 horas (art.
67 da CLT e art. 1º da Lei nº 605/49), com dano ao intervalo mínimo de 11h
consecutivas para o descanso entre jornadas é que garantem o direito a
extras, inclusive com o respectivo adicional. A apuração desse intervalo tem
início, vale frisar, após o término da jornada anterior ao descanso semanal,
seja normal ou extraordinária, continuando imediatamente após o seu
período'), não se vislumbra possível violação literal e direta ao dispositivo da
legislação federal invocado e tampouco a pretensa divergência
jurisprudencial.
Denego.
CONCLUSÃO
Denego seguimento” (fls. 715/718).
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por violação ao art. 384 da CLT, o qual não prevê a limitação imposta
pelo Tribunal Regional.
O entendimento desta Corte é no sentido de que a
empregada tem direito ao intervalo previsto no art. 384 da CLT sempre
que houver trabalho extraordinário, tendo em vista que referido
dispositivo não fixa qualquer condição ou limitação à concessão
do intervalo.
Assim, verifica-se a plausibilidade da indicada
afronta ao art. 384 da CLT, circunstância que impõe o provimento ao Agravo
de Instrumento para determinar o processamento do recurso de revista
quanto ao tema.
Relativamente ao tema intervalo previsto no art. 67
da CLT, a agravante sustenta ter demostrado afronta ao referido artigo
de lei, bem como divergência jurisprudencial.
Nos termos o entendimento concentrado na Súmula 146
desta Corte, “o trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado, deve ser pago em
dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal".
No caso, o Tribunal Regional julgou improcedente o
pedido de horas extras decorrentes da inobservância do intervalo previsto
no art. 67 da CLT, consignando que “os contracheques de fls. 122/156 evidenciam
pagamento em dobro das horas trabalhadas em domingos e feriados sem folga compensatória na mesma
semana”.
A jurisprudência desta Corte, firmada a partir da
interpretação do art. 9º da Lei 605/49 e do entendimento firmado na Súmula
146, é de que, a comprovação de trabalho em dia destinado ao repouso
semanal, sem a consequente folga compensatória, enseja o pagamento das
horas trabalhadas em dobro, sem gerar direito ao recebimento, também,
das decorrentes da inobservância do aludido intervalo.
Nesse sentido, são os seguintes precedentes:
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períodos de descanso, o seu descumprimento gera efeitos diferentes,
conforme pacificado nesta Corte Superior. 3- Com efeito, a não
observância do intervalo interjornada de 11 horas, previsto no art. 66
da CLT ‘acarreta, por analogia, os mesmos efeitos previstos no § 4º do
art. 71 da CLT e na Súmula nº 110 do TST, devendo-se pagar a
integralidade das horas que foram subtraídas do intervalo, acrescidas
do respectivo adicional’, nos termos da Orientação Jurisprudencial nº
355 da SbDI-1 do TST. 4- Já o trabalho ‘prestado em domingos e
feriados, não compensado, deve ser pago em dobro, sem prejuízo da
remuneração relativa ao repouso semanal’, conforme a Súmula nº 146
do TST. 5- No caso, o TRT consignou, de uma parte, que, ‘constatado
que o reclamante trabalhou em dia destinado ao repouso, deve receber
pelo trabalho prestado de forma dobrada.’. De outra parte, registrou
que não houve inobservância do intervalo interjornada de onze horas
previsto no art. 66 da CLT. Sob esse prisma, não há diferenças salariais
a serem pagas sob tais títulos. 6- Recurso de revista de que não se
conhece" (ARR-10510-63.2015.5.03.0026, 6ª Turma,
Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT
18/10/2019, sem grifo no original).
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sentido de que eventual inobservância do período de descanso semanal
de 24 horas estabelecido no art. 67 da CLT em decorrência da
prestação de serviço no dia de descanso enseja o pagamento das horas
trabalhadas em dobro, na forma da Súmula nº 146 do TST, afastando a
pretensão de horas extras. Recurso de revista não conhecido"
(ARR-667-18.2015.5.09.0411, 8ª Turma, Relatora
Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 22/06/2018, sem
grifo no original).
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"AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE EM
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº
13.015/2014 E DO NCPC - INTERVALO SEMANAL - ART. 67 DA
CLT A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que o
desrespeito ao descanso semanal, previsto no art. 67 da CLT, enseja o
pagamento em dobro das horas trabalhadas, nos termos da Súmula nº
146, e não o pagamento destas acrescido de horas extras pelo
descumprimento do intervalo semanal de 35 horas. Julgados" (ARR -
11501-84.2014.5.03.0087, Relatora Ministra:
Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Data de
Julgamento: 12/12/2018, 8ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 14/12/2018, sem grifo no
original).
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2. RECURSO DE REVISTA
2.1. CONHECIMENTO
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Nos exatos termos da clássica lição de Rui Barbosa: 'A regra da
igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos
desiguais, na medida em que se desigualam.' (Oração aos Moços. São
Paulo: Edijur, 2006. p. 22).
Desse modo, havendo prestação de horas extraordinárias sem a
prévia concessão do intervalo de 15min previsto no art. 384 da CLT, a
empregada tem direito ao pagamento, como extra, da pausa suprimida.
A omissão do empregador em conceder 15min de intervalo
antes da prorrogação da jornada gera prejuízo orgânico direto à
empregada, o qual deve ser reparado de algum modo, ainda que pela
via pecuniária. Portanto, considerar que a violação do art. 384 da CLT
configura apenas infração administrativa, tal como consignado na r.
sentença, simplesmente negaria à trabalhadora o direito de ter seu
prejuízo biológico compensado monetariamente.
Entendo, pessoalmente, que apenas os cinco minutos residuais
de tolerância previstos no art. 58, § 1º, da CLT é que poderiam, em
tese, desobrigar o empregador da concessão desse intervalo. Não há
outra disposição legal a justificar, como condicionante, um período
mínimo de prorrogação.
Este E. Regional consolidou entendimento, no entanto, no
sentido de que a trabalhadora somente terá direito ao referido
intervalo na hipótese de o trabalho extraordinário exceder 30
minutos. Reza a Súmula nº 22, 'verbis':
INTERVALO. TRABALHO DA MULHER. ART. 384
DA CLT. RECEPÇÃO PELO ART. 5º, I, DA CF. O art. 384 da
CLT foi recepcionado pela Constituição Federal, o que torna
devido, à trabalhadora, o intervalo de 15 minutos antes do
início do labor extraordinário. Entretanto, pela razoabilidade,
somente deve ser considerado exigível o referido intervalo se o
trabalho extraordinário exceder a 30 minutos.
Decidir diferente, porém, só criaria falsa expectativa ao
empregador, em prejuízo, ainda, da celeridade processual.” (fls.
676/677, sem grifo no original).
PROCESSO Nº TST-RRAg-747-92.2016.5.09.0654
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O entendimento desta Corte é no sentido de que o art.
384 da CLT não condiciona a concessão do intervalo para a mulher à
realização de um tempo mínimo de trabalho extraordinário. Desse modo,
tendo a reclamante direito ao intervalo, e, não sendo concedido, deve
a reclamada pagar o benefício.
Nesse sentido, eis os seguintes precedentes desta
Corte:
“RECURSO DE REVISTA. INTERVALO PREVISTO NO ART.
384 DA CLT. PROTEÇÃO AO TRABALHO DA MULHER. LIMITAÇÃO
DE TEMPO . O Regional deferiu o pagamento do intervalo do art. 384 da
CLT, contudo limitou sua concessão aos dias em que houve labor superior a
trinta minutos. No entanto, o entendimento perfilhado nesta Corte Superior é
o de que o intervalo previsto no artigo 384 da CLT é devido sempre que
houver labor em sobrejornada, não havendo fixação legal de um tempo
mínimo de sobrelabor para concessão do referido intervalo. Recurso de
revista conhecido e provido" (ARR-2063-83.2015.5.09.0652, 8ª
Turma, Rel. Min. Dora Maria da Costa, DEJT 10/2/2020,
sem grifo no original).
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a não concessão do intervalo de 15 minutos antes do início da jornada
extraordinária acarreta o pagamento desse período como hora extra,
conforme entendimento firmado no âmbito desta Corte Superior, que
também se posicionou no sentido de o referido direito não está condicionado
apenas ao sobrelabor que exceder os 30 minutos diários. Agravo não
provido, com aplicação de multa"
(Ag-ED-RR-1343-95.2010.5.09.0651, 5ª Turma, Rel.
Min. Breno Medeiros, DEJT 24/4/2020, sem grifo no
original).
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sobrelabor, viola o artigo 384 da CLT, que não fixa tempo mínimo de
sobrelabor para a concessão do intervalo em questão. Recurso de revista
conhecido e provido" (ARR-20739-86.2014.5.04.0027, 2ª
Turma, Rel. Min. Maria Helena Mallmann, DEJT
20/3/2020, sem grifo no original).
2.2. MÉRITO
ISTO POSTO
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ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal
Superior do Trabalho, por unanimidade: I – dar provimento parcial ao
Agravo de Instrumento para determinar o processamento do Recurso de
Revista apenas quanto ao tema “Intervalo Previsto no Art. 384 da CLT”,
e; II – conhecer do Recurso de Revista interposto pela reclamante quanto
ao tema “Intervalo do art. 384 da CLT”, por violação ao art. 384 da CLT
e, no mérito, dar-lhe provimento para incluir na condenação ao pagamento
de horas extras decorrentes da supressão do intervalo previsto no art.
384 da CLT os dias em que houve a supressão do referido intervalo e que
a prestação de horas extras foi igual ou inferior a 30 minutos.
Brasília, 2 de dezembro de 2020.
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