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O orçamento preliminar está um degrau acima da estimativa de custos, sendo um pouco mais
detalhado. Pressupõe o levantamento expedito de algumas quantidades e a atribuição do custo de
alguns serviços. Seu grau de incerteza é mais baixo do que o da estimativa de custos.
No orçamento preliminar, trabalha-se com uma quantidade maior de indicadores, que representam
um aprimoramento da estimativa inicial. Os indicadores servem para gerar pacotes de trabalho
menores, de maior facilidade de orçamento e análise de sensibilidade de preços.
Em obras similares, a construtora pode ir gerando seus próprios indicadores. Embora os prédios
tenham projetos arquitetônicos distintos e acabamentos diferentes, nota-se que os indicadores não
flutuam muito.
A seguir são apresentados alguns indicadores úteis para levantamentos expeditos de construções
prediais.
Volume de concreto
O volume de concreto de um pavimento engloba pilares, vigas, lajes e escadas. Define-se espessura
média como a espessura que o volume de concreto do pavimento atingiria se fosse distribuído
regularmente pela área do pavimento.
Obs: a espessura média refere-se apenas à superestrutura do prédio: não inclui concreto de fundações
(blocos, tubulões), quadras esportivas, etc.
Peso de armação
Embora lajes, pilares e vigas tenham solicitações distintas e que sejam armados com diferentes
densidades de aço por metro cúbico de concreto, verifica-se que em construções prediais a taxa de
aço média fica numa faixa.
Indicador: taxa de aço.
Embora a quantidade de forma para moldagem de um pilar seja bem mais representativa do que para
uma laje, verifica-se que a utilização média de forma cai sempre numa determinada faixa.
Exemplo: Seja um edifício residencial de oito pavimentos de três quartos, de 300 m2 por pavimento,
de padrão normal, em Porto Alegre. Calcular o custo de construção, utilizando o CUB. Estimar os
quantitativos de concreto, aço e forma do edifício.
LEVANTAMENTO DE QUANTIDADES
O início da orçamentação de uma obra requer o conhecimento dos diversos serviços que a compõe.
Não basta saber quais os serviços, é preciso saber também quanto de cada um deve ser feito.
A etapa de levantamento de quantidades (ou quantitativo) é uma das que intelectualmente mais
exigem do orçamentista, porque demanda leitura de projeto, cálculos de áreas e volumes, consulta a
tabelas de engenharia, tabulação de números, etc.
O processo de levantamento das quantidades de cada material deve sempre deixar uma memória de
cálculo fácil de ser manipulada, a fim de que as contas possam ser conferidas por outra pessoa e que
uma mudança de características ou dimensões do projeto não acarrete um segundo levantamento
completo. Em vista disso, são normalmente usados formulários padronizados por cada empresa.
Dimensões
Dimensão Exemplo
Lineares Tubulação, meio-fio, cerca, sinalização horizontal de
estradas, rodapé
Superfícies ou de áreas Limpeza e desmatamento, fôrma, alvenaria, forro,
esquadria, pintura, impermeabilização, plantio de grama
Volumétricos Concreto, escavação, aterro, dragagem, bombeamento
De peso Armação, estrutura metálica
Adimensionais Referem-se à serviços que não são pagos por medida, mas
por simples contagem: postes, portões, placas de
sinalização, comportas, etc.
Quanto à permanência, os materiais empregados em uma obra podem ser classificados em dois tipos:
Eventualmente, o construtor pode fabricar seu próprio material. Um exemplo é uma obra de estrada
em que o agregado provém de britagem e peneiramento de blocos rochosos escavados a fogo. Nesse
caso, o preço do material (seja em metro cúbico ou em tonelada) é o preço do desmonte da rocha
mais seu beneficiamento.
Demolição
O volume da estrutura a ser demolida “cresce” quando passa da construção ao entulho. Isso porque o
arranjo da massa se desfaz e aumenta de volume. Esse “inchamento”, bem semelhante a um
empolamento, varia de material para material, e de acordo com o método de demolição.
Para demolição de alvenaria de blocos, comum em obras e reformas, recomenda-se multiplicar o
volume por 2. Em outras palavras, 1m3 de alvenaria gera cerca de 2m3 de entulho quando demolida.
Fôrma
Para a determinação do quantitativo de fôrmas, é importante que haja um projeto executivo, com o
detalhamento das diversas peças.
Sarrafo:
Total = 282,4m
Tensor metálico
Prego:
Usar taxa de 0,25 kg/m2 → 7,70m x 2,90m x 2 lados x 0,25 kg/m2 = 11,2 kg
Desmoldante:
Usar taxa de 0,10 l/m2 → 7,70m x 2,90m x 2 lados x 0,10 l/m2 = 4,5 l
Armação
O serviço de armação é estimado com base no peso de aço requerido de acordo com o projeto
estrutural, que em geral traz um quadro de ferragem ou lista de ferros de cada peça ou conjunto de
peças, contendo os respectivos comprimentos, bitola e quantidade.
Agrupados por bitola, o comprimento pode ser convertido em peso por meio da seguinte
correspondência:
Peso:
Alvenaria
O levantamento de quantidades de alvenaria destina-se a obter a área de parede a ser edificada, por
tipo, assim como desmembrar essa área em termos dos insumos que entram na execução do serviço.
Em outras palavras, primeiro determina-se a área de parede e, a partir dela, a quantidade de blocos e
de argamassa de levante da alvenaria.
A área de alvenaria servirá de base para o levantamento de quantidades de outros serviços, tais como
chapisco, emboço, reboco, pintura e azulejo.
Área de alvenaria
O levantamento da área de alvenaria a ser executada na obra parte da interpretação da planta baixa da
edificação, associada às elevações mostradas nos cortes transversais. Pode-se calcular a área de
alvenaria pela simples multiplicação comprimento x altura, ou perímetro x pé direito.
A tabulação individual das paredes permite a checagem das contas e consultas posteriores, além de
servir como registro (memória de cálculo).
Quando num pano de parede existirem aberturas - portas, janelas, basculantes, elementos vazados,
etc. - , existem algumas regras práticas para o levantamento da área de alvenaria.
- Área da abertura igual ou superior a 2,0m2 - desconta-se da área total o que exceder a 2,0m2.
Essa regra parte do pressuposto que a execução da alvenaria nas bordas da abertura demanda tempo
com ajustes, arestamento, escoramento dos blocos, colocação de verga e contraverga, e que esse
tempo seria equivalente ao que o pedreiro levaria para preencher o vão se a parede fosse inteira. A
regra não é perfeita porque faz uma compensação de homem-hora por material, mas ainda assim é
uma prática muito difundida entre os orçamentistas.
A quantidade de blocos e argamassa por metro quadrado de alvenaria depende das dimensões do
bloco e da espessura das juntas horizontais e verticais.
Parametricamente:
1
𝑛=
(𝑏 + 𝑒 )𝑥(𝑏 + 𝑒 )
Para o cômputo do volume de argamassa por metro quadrado de alvenaria, a maneira mais prática é
subtrair de 1m2 a área frontal dos blocos existentes nessa área e multiplicar o resultado pela
espessura da parede (b3):
𝑉 = [1 − 𝑛 𝑥(𝑏 𝑥𝑏 )]𝑥𝑏
Exemplo. Para uma alvenaria com bloco de 14cm (largura) x 19cm x 39cm e juntas de 1,5cm,
calcular o consume teórico de blocos e de argamassa de assentamento por m2 de parede.
1
𝑛= = 12,04 𝑢𝑛⁄𝑚
(0,39 + 0,015)𝑥(0,19 + 0,015)
A tabela abaixo mostra a quantidade teórica (nominal) de blocos e o volume de argamassa por metro
quadrado de alvenaria para várias combinações de dimensões de blocos e espessura de junta.
190kg de cimento
0,632m3 de cal
10h de servente
1
𝑛= = 31,47 𝑢𝑛
(0,19 + 0,015)𝑥(0,14 + 0,015)
𝑉 = [1 − 31,47𝑥(0,19𝑥0,14)]𝑥0,09 = 0,01466𝑚
Pedreiro = 0,90h
Servente = 0,90h
Composição de insumos por m2 de alvenaria (composição unitária):
Obs.: Esta composição considera o consumo nominal dos insumos, sem perdas.
Exemplo. No exemplo anterior, se houver no estoque da obra 12 sacos de cimento, 3m3 de cal, 5m3
de areia e 10.000 blocos, qual a área de alvenaria que pode ser feita sem compra adicional de
material?
Pintura
A quantidade de tinta (e também lixamento, selador e massa corrida, se aplicáveis) depende da área
total a ser pintada.
Como portas, portões, janelas, grades e armários possuem reentrâncias, fica impraticável levantar a
área real a ser pintada. A regra usada é aplicar um multiplicador sobre a área frontal (vão-luz) do
elemento a ser pintado, conforme mostra o quadro:
Formulários de levantamento
Outro formulário serve para o levantamento das quantidades de piso, contrapiso, impermeabilização,
forro e pintura de teto. Isso porque estes serviços vinculam-se com a área do cômodo.
Cobertura
Deve-se sempre levar em consideração a inclinação de cada água do telhado, que normalmente é
dada sob a forma percentual:
Como geralmente as dimensões do telhado são obtidas em projeção horizontal a partir da planta
baixa, é necessário obter a área real do telhado, ou seja, ao longo da hipotenusa. Para isso, basta
multiplicar a área em projeção horizontal pelo fator abaixo:
Total: 354,0 m2
Perdas
Há perdas que podem ser evitadas e outras que são inerentes à atividade. É quase impossível, por
exemplo, pensar em uma armação estrutural com perda zero, por melhor que seja a equipe e o
detalhamento do projeto. O que acontece é que, pelo fato de sempre haver um pedaço de vergalhão
que não tem como ser aproveitado, a perda é inevitável.
Com relação a concreto, por exemplo, há desperdício de material por extravasão na concretagem,
deformação das fôrmas, resíduo que fica na betoneira, excesso na fabricação (faz-se mais do que o
estritamente necessário0, material utilizado para moldagem de corpos de prova, etc. As maiores
perdas de concreto, contudo, estão na diferença dimensional entre projeto e campo - uma laje
projetada para 10cm, que venha a ter a dimensão final d 10,5cm já representa 5% de perda, ainda que
não se veja nenhum resíduo.
Diferenças dimensionais também são sempre verificadas em emboço, chapisco, contrapiso, etc.
Já quando o material é madeira para fôrma, as perdas surgem principalmente das sobras nas
atividades de corte e montagem.
Carga e descarga malfeitas - as operações de retirada dos materiais dos caminhões de entrega são
fontes importantes de desperdício. A quebra de tijolos arremessados displicentemente sobre o solo ou
sobre outros tijolos, e a descarga de areia e brita são exemplos cotidianos;
Armazenamento impróprio - Sacos de cimento estocados sobre o chão, tijolos em pilhas disformes,
montes compridos de areia e brita (quanto maior a área de contato da pilha com o solo, maior é a
perda, porque há uma incorporação das partículas ao solo subjacente e também contaminação do
material), barras de aço em contato com umidade, barras de aço cortadas sem etiqueta de
identificação, etc.
Roubo - na construção civil o roubo é uma grande fonte de perdas. Excesso de locais de estoque,
inexistência de controle de entrada e saída de materiais e ferramentas, almoxarifado devassado,
grandes estoques, mão-de-obra pouco confiável e falta de vigilância são fatores que contribuem para
para que o roubo seja significativo.
Perdas de insumos
Insumo Perda Motivo
Aço 15% Desbitolamento das barras e pontas que sobram
Azulejo 10% Transporte, manuseio e cortes para arremates
Cimento 5% Preparo de concreto e argamassa com betoneira
Cimento 10% Preparo de concreto e argamassa sem betoneira
Blocos de concreto 4% Transporte, manuseio e arremates
Blocos cerâmicos 8% Transporte, manuseio e cortes
Reaproveitamento
Os materiais permanentes, por ficarem incorporados ao produto final, são utilizados apenas uma vez.
Os materiais não permanentes, no entanto, podem ser empregados mais de uma vez na obra. Assim,
enquanto um tijolo é utilizado uma única vez, os painéis de madeira compensada, os pregos e os
tirantes metálicos das formas podem ser usados várias vezes, em várias fôrmas.
O reaproveitamento representa uma maneira de economizar insumos. Quanto mais reutilizado for um
mesmo material, menor será o custo da obra com aquele insumo.
Na composição de custos, quando um material pode ser aproveitado n vezes, seu índice de utilização
deve aparecer dividido por n. Por exemplo, se as folhas de compensado são usadas em média quatro
vezes, este insumo deve aperecer com uma incidência de apenas 0,25m2 por m2 de fôrma de
compensado.
Composição de Custos
- mão de obra
- material
- equipamento
A composição de custos pode ser feita antes ou depois da execução do serviço, com propósitos
diferentes nos dois casos.
Antes: chamada de estimativa ou orçamento, serve para que o construtor tenha uma noção do custo a
ser incluído por ele no futuro. A composição de custos é a base para definição de preços a serem
atribuídos em licitações e propostas.
Depois: neste caso, a composição de custos passa a ser um instrumento de controle de custos,
permitindo ao construtor identificar possíveis fontes de erro na composição do orçamento original, e
gerando uma história para a empresa.