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Tema: Constituição
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1. Introdução
No presente trabalho iremos abordar sobre a constituição que é a lei mãe em que no mesmo
trabalho teremos o conceito da constituição, as suas funções, a sua estrutura, a sua classificação,
teremos também a história do constitucionalismo moderno e por fim uma breve debruçacão
sobre o poder constituinte.
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2. Objectivos
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3. A Constituição
Com efeito, todo Estado moderno assenta na Constituição como norma fundamental que
institucionaliza o poder político, sua organização e o seu funcionamento.
“Não há uma ideia do Poder (ou do Estado) sem uma ideia do Direito, e a autoridade dos
governantes em concreto tem que ser constituída (…) por um conjunto de normas fundamentais,
pela Constituição” (Miranda, 2015, p. 8.).
Do mesmo modo o povo e território considerados elementos do Estado, não o são senão em
termos do Direito. A pertença de alguém ao povo depende das normas de nacionalidade.
Igualmente a pertença de um espaço ao determinado Estado depende do Direito Internacional
(idem). Aliás, constituir um Estado, é nos termos de defendido por Miranda (2015), “dar-lhe a
sua primeira Constituição, lançar as bases da sua ordem jurídica, a dispor de um estatuto geral
dos governados e dos governantes”.
Em termos simples, podemos definir a Constituição como a lei fundamental do Estado, lei mãe,
isto é, lei suprema que visa regular a organização do Estado e suas funções, definido direitos e
deveres fundamentais dos cidadãos e a ordem jurídica do Estado. A Constituição é lei suprema
pois é fonte primaria de produção de todas normas jurídicas. Assim todo acto do poder político,
todas normas jurídicas só tem validade se estiverem em conformidade com a Constituição (No
caso moçambicano veja o estatuído no n.º do artigo 2 da CRM de 2004).
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4. Funções da Constituição
5. Estrutura da Constituição
A estrutura das Constituições escritas varia de um país ao outro. Todavia, partindo do modelo
das Constituições americanas de 1787 e francesa 1789, defende-se que uma Constituição deve
possuir as seguintes partes fundamentais:
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c) Parte dogmática: Parte da Constituição em que se consagram os direitos fundamentais,
as liberdades e garantias dos cidadãos.
d) Cláusula de reforma: Parte final da Constituição, em que se apresenta os procedimentos
para a modificação da Constituição. É nesta parte onde se obtém os elementos que
permitem determinar se estamos perante uma Constituição rígida, flexível ou semi-rígida.
As partes da Constituição acima indicadas são apenas aquelas que geralmente estão presentes
num texto constitucional. Algumas Constituições podem não conter todos elementos acima
indicadas. Encontramos, assim, Constituições sem o preâmbulo, ou sem a parte dogmática, ou
ainda sem a cláusula de reforma. Todavia não há uma constituição sem a parte orgânica, uma vez
que a Constituição regula fundamentalmente o Estado. Outras Constituições podem ter uma
estrutura que vai para além das partes acima indicada. Para além disto, a distinção entre as partes
acima iludidas podem não estar de forma nítida no texto constitucional. Estes dois últimos
aspectos são característicos da Constituição de Moçambique.
A Constituição moçambicana contem XVII Títulos (partes), dentro dos quais encontramos de
forma, por vezes dispersa, os elementos das partes da Constituição acima iludidas. A parte
orgânica da constituição moçambicana, por exemplo, está contida não só em um Título, mas em
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direitos, deveres e liberdades fundamentais, mas também em outros Títulos (veja por exemplo, o
n.º 1 do artigo 121, que estabelece o direito de proteção familiar, da sociedade e do Estado a toda
criança; o n.º 1 do artigo 263 que estabelece o dever dos cidadãos de participar na defesa da
independência nacional, soberania e integridade territorial. Estes direitos e deveres estão fora do
Título relativo aos Direitos e deveres fundamentais).
6. Classificação da Constituição
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6.1. Quanto ao Conteúdo
6.1.1. Constituição material
Conjunto de normas escritas ou não e até dispersas, que versam sobre questões cuja a
importância para a sociedade são consideradas como normas constitucionais. É o caso das
normas relacionadas a titularidade do poder político, órgãos que o exercem e direitos que o
limitam. Estas normas estejam ou não elencadas na Constituição, são materialmente
constitucionais. Segundo Canotilho (2003) a Constituição material “é o conjunto de normas que
regulam as estruturas do Estado e da sociedade nos seus aspectos fundamentais,
independentemente das fontes formais donde estas normas são oriundas”, isto é, se essas normas
são formalmente constitucionais ou não.
Este tipo de Constituição não existe como um documento formal, mas é fruto da tradição
histórica e do costume legal (que se acham, também, por escrito). São formadas por leis
dispersas. Um exemplo clássico é encontrado no sistema jurídico inglês, pois não há uma
Constituição escrita (unwritten Constitution), mais conjunto de actos normativos elaborados em
diferentes épocas [Carta Magna (1215), Bill of Rights (1689), Bill of Parliaments (1911),
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Estatuto de Westminster (1931)], jurisprudência e normas sedimentadas na tradição histórica do
País.
É concebida racionalmente por um órgão incumbido de sua elaboração, ou seja, por um órgão
constituinte (Uma Assembleia constituinte, por exemplo, ou um órgão político, como foi o caso
da primeira constituição moçambicana que foi elaborada pelo Comité Central da Frelimo).
Trata-se de uma Constituição não escrita que é forjada por um longo processo histórico, da lenta
evolução das tradições e costumes consagrados pelo povo. A Constituição escrita é sempre
dogmática e a Constituição histórica é sempre não escrita.
Estas Constituições são fruto de uma Assembleia Nacional Constituinte, formadas por
representantes do povo eleitos com a finalidade de realizar essa tarefa. Outorgada: sua redação e
imposição são feitas pelo poder governante (que geralmente exerce alguma forma de
dominação). O Caso da primeira Constituição moçambicana que foi elaborado e imposto pela
FRELIMO através do seu Comité Central.
São Constituições que exigem um procedimento legislativo mais solene, rigoroso para a
alteração do texto. Normalmente o processo da revisão da constituição obedece um processo
diferente do processo legislativo ordinário (revisão de leis ordinárias). É o caso da Constituição
moçambicana vigente que impõe para sua revisão o poder de iniciativa do Presidente da
República e do um terço dos deputados, cuja proposta da alteração deve ser depositada na
Assembleia no mínimo 90 dias antes do início do seu debate. Para além disto a constituição
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moçambicana impõe alguns limites materiais e temporais (5 anos) para sua revisão. Aprovação
da proposta da revisão só é possível com 2 terços dos deputados (artigos 299 a 304 da CRM)
São constituições que facilmente podem ser modificados, pois não exigem formas especificas da
sua revisão, obedecendo os mesmos mecanismo do processo legislativo ordinário (Ex:
Constituição Italiana de 1945).
São aqueles em que parte do seu texto admite um processo análogo do processo legislativo das
normas ordinária para sua revisão, e outra parte impõem actos bastante solenes e diferentes do
processo legislativo ordinário para sua revisão.
Contra as arbitrariedades e o abuso do poder, as revoluções burguesas tanto nos Estados Unidos
da América (1776) como na Franca (1789) esgrimem um argumento de direito (a ideia de
direito) que deveria ser respeitado de forma solene pelos novos governos. Surge assim a
Constituição, não só como instrumento de regulação das relações do poder político, mas
sobretudo de limitação deste e da definição das garantias dos direitos individuais, considerados
como direitos naturais.
Portanto, podemos afirmar que o constitucionalismo moderno tem como fonte as revoluções
americanas e francesas e está ligado ao processo de limitação normativa do poder político e de
definição das garantais dos cidadãos indisponíveis e livres da intervenção estatal.
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8. Poder Constituinte (formação da Constituição)
Se a Constituição é norma suprema da comunidade política, não havendo por cima dela outra
norma, a questão fundamental é de onde surge essa norma, isto é, de que poder depende esta
norma constitutiva da Comunidade política?
A resposta a esta questão foi dada no Seculo XVIII no âmbito da revolução francesa, pelo Abade
Emanuel Sieyès, ao teorizar sobre o poder Constituinte.
Para Sieyès a revelação (criação) de nova ordem jurídica constitutiva da sociedade (formação da
Constituição) é produto do poder de uma determinada sociedade de elaborar a sua Constituição.
A constituição não é um dado, mais sim uma criação.
Assim, podemos definir o poder Constituinte como o poder de elaborar uma Constituição. Da
mesma forma que as leis ordinárias são elaboradas pelo poder legislativo. A constituição como
lei suprema é elaborada pelo poder Constituinte. Ou seja, o poder Constituinte visa criar,
constituir normas jurídicas com valor constitucional. Isto é, força originária da nação que define
a organização do poder político.
A necessidade de elaborar uma Constituição pode ser motivada por vários factores, isto é,
impulso constituinte, o que não significa necessariamente elaborar uma nova constituição. Pode
ser necessário apenas a reforma, revisão ou emenda da Constituição. Isto leva-nos a distinguir,
por um lado, o poder constituinte originário e, por outro lado, o poder constituinte derivado ou
constituído.
O Poder Constituinte originário é aquele que cria a nova Constituição. Assim ele é:
a) Um poder inicial, ponto de partida da nova ordem jurídica, ou seja, funda um novo
começo da ordem jurídica. Por outra inaugura um rompimento com a ordem jurídica
anterior. Por ser um poder inicial, o poder constituinte ocorre, geralmente, nos momentos
de desconstrução e reconstrução social: revolução, golpe do Estado, desintegração
político-social (rescisão dos Estados existentes);
b) É poder autônomo, pois não depende de um outro poder constituinte, visto que não
existe numa comunidade política duas soberanias.
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c) É um poder superior e juridicamente ilimitado, na medida em que não está vinculado
a nenhuma outra constituição que possa lhe condicionar. O único limite ao poder
constituinte originário é Direito natural. Assim, o poder constituinte originário não é um
poder jurídico mais um poder político, pré-jurídico ou extrajurídico (as revoluções, os
golpes do Estado ocorrem fora do quadro legal existente). Portanto, uma força virtual
através da qual uma comunidade política se atribui uma constituição. Com efeito, é desta
característica que, em parte, resulta a supremacia da Constituição em relação as outras
normas jurídicas;
d) É um poder permanente na medida em que ele não desaparece com a promulgação da
Constituição ou de quem exercer esse poder (como por exemplo com a dissolução da
Assembleia Constituinte), ele continua presente latente na ordem jurídica.
O poder Constituinte material é aquele que criadora de normas conformadoras do Estado, isto é,
estruturante da comunidade política, mediante uma certa ideia de direito enquanto que o poder
constituinte formal corresponde a criação de normas com força jurídica constitucional. O poder
Constituinte material precede o poder constituinte formal, uma vez que antes da Constituição
formal surge a constituição material.
Quem é o titular do poder Constituinte? A resposta a esta questão está ligada a concepção sobre
o titular da soberania. Do ponto de vista jurídico é soberano aquele que é capaz de criar o direito.
Durante muito tempo a soberania estava vinculada a Deus. Assim, nas sociedades de cunho
religioso, ou seja onde vigora o Direito religioso, o titular do poder constituinte é a divindade.
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É com as revoluções americana e francesa, que culminou com a transferência do soberania, do
monarca para o povo, como consequência das teses liberais defendidas por John Locke, Jean
Jacque Roussseau, que a titularidade do poder constituído passou sendo a ser defendido como
sendo a do Povo.
Mas como todo povo não pode se reunir para elaborar a constituição, particularmente, na sua
perspectiva formal, o poder constituinte se exerce através dos seus representantes, sejam eles
eleitos (Assembleia Constituinte) ou não (quando um grupo revolucionário auto intitulando-se
representante do povo toma essa função). Esta representação tem como fim último a elaboração e
aprovação da constituição, distinguindo-se dos representantes para a legislaturas ordinária.
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11. Conclusão
Findo o trabalho podemos concluir que a constituição é como a lei fundamental do Estado, lei
mãe, isto é, lei suprema que visa regular a organização do Estado e suas funções, definido
direitos e deveres fundamentais dos cidadãos e a ordem jurídica do Estado. A Constituição é lei
suprema pois é fonte primária de produção de todas normas jurídicas. Assim todo acto do poder
político, todas normas jurídicas só tem validade se estiverem em conformidade com a
Constituição. A estrutura das Constituições escritas varia de um país ao outro.
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12. Referencias Bibliográficas
jorge-miranda-manual-de-direito-constitucional-1
UCG, Conceitos de Constituição, acesso na página http://www.professor.ucg.br;
Pinto Ferreira, Princípios Gerais do Direito Constitucional Moderno, Tomo I, 4ª edição
Del Rey, 2008; Moraes, Alexandre de, Direito Constitucional, 20ª ed., SP: Atlas, 2006.
Constituição da Republica de Moçambique de 2004 e 2018
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