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Quem quer ser um piscicultor milionário (em 2029)?

Há seis segmentos econômicos que consideramos prioritários ao futuro amazonense: 1)


indústria, 2) turismo, 3) energia, 4) serviços, 5) recursos naturais e agro-silvicultura e 6)
serviços ambientais.  Tomo aqui a oportunidade de focar dentro da agricultura, em
temas como silvicultura e piscicultura.  Há dois objetivos principais: a) convencer a
todos que é preciso sim ter atividades rurais no Amazonas, obviamente sempre
pautadas por sustentabilidade ambiental, e b) encorajar alguns potenciais
empreendedores (você). 

Excluindo-se Manaus, Coari e Presidente Figueiredo, todos os demais municípios do


Amazonas têm como vocação principal e muitas vezes única a atividade rural, seja ela
pesca, extrativismo, pecuária, manejo florestal, silvicultura, agricultura ou piscicultura.
Mais da metade dos amazonenses lá vivem.  É desnecessário e injusto pedir que vivam
em meio a um santuário florestal; é mito criado em gabinete de Brasília achar que é
possível banir agricultura no Amazonas.  É apropriado e desejável que se busque boas
práticas de utilização do solo com alta produtividade (e conseqüentemente renda) em
conjuntura com a conservação de nosso patrimônio ambiental.  Para início de conversa,
já temos 2% de nosso território desmatado, o que equivale a mais de 3 milhões de
hectares, que por si só seriam suficientes para grandiosa produção rural.  

Começo pela piscicultura.  As melhores práticas, com alevinos de qualidade, ração
apropriada, tanques adequados e monitoramento veterinário, permitem uma
produtividade de entre 8 e 10 toneladas por hectare por ano, seja de matrinxã ou de
tambaqui (as duas espécies mais estudadas e melhor conhecidas).  A um preço
conservador de R$5 por quilo de peixe, a renda anual atingiria R$45 mil por hectare
por ano.  Um módulo produtivo de 10 hectares proporcionaria renda de R$450 mil.
Metade desta renda em geral é gasta com ração e um quinto é atribuível a outras
despesas (energia, água, mão-de-obra, etc.), deixando um lucro de cerca de R$130 mil
(antes da dentada do leão).  

Comparemos este cenário com a tradição amazônida de plantar mandioca.  Um


hectare, com tecnologia tradicional, produz cerca de 10 toneladas por hectare por ano.
Estas geram aproximadamente 2,5 toneladas de farinha, ao preço médio (no produtor)
de R$1 por quilo, gerando renda de R$2,5 mil por ano.  É claro que grande parte desta
produção serve de subsistência familiar, sobrando menos da metade.  Dado alto
volume de trabalho, quando este não é mecanizado, cada família pode cuidar de pouco
mais de um hectare.  Está assim garantida a subsistência e institucionalizada a pobreza
eterna.  Com módulos produtivos maiores e melhor tecnologia e mecanização, atinge-
se até 30 toneladas por hectare; com um pouco de tecnologia, produz-se fécula de
mandioca, de grande valor agregado e demanda de quase 100 mil toneladas apenas em
Manaus; quebra-se assim o ciclo de pobreza sem fim ribeirinho.  

Na mesma categoria do "um hectare de mandioca" está a pecuária extensiva; em um


hectare a produtividade máxima anual é de 200 quilos (um boi) e o dano ambiental é
máximo.  É imperativo eliminar de nosso estado esta pecuária extensiva de baixa
tecnologia, que assim como a mandioca de um hectare renova o ciclo de pobreza no
qual nosso caboclo está imerso.  Entretanto a pecuária extensiva assim como a
mandioca são de simples e barata implantação. 

Aos investidores mais planejados, temos a silvicultura de espécies como teca, mogno,
borracha e pau-rosa.  Estas, apesar da necessidade de um capital de giro elevado, têm o
potencial de verdadeiro enriquecimento a longo prazo.  Por exemplo, aos preços atuais,
um m3 de mogno atinge cerca de R$5 mil.

Outras alternativas incluem a citricultura, o dendê, a criação de abelhas, a pecuária e


caprinocultura intensivas, dentre outros.  Tomamos uma decisão estratégica de sermos
o estado mais bem preservado do Brasil (potencialmente do mundo).  Esta decisão não
está em conflito com uma boa utilização das áreas já desmatadas e de baixa
produtividade.  E mesmo do ponto de vista ambiental, antes decidirmos ativamente as
formas que queremos utilizar nosso território que deixar que atividades de baixa
produtividade como a pecuária extensiva o ocupe.

Parto com um simples proposta - seja um milionário em 20 anos.  Com 10 hectares de


piscicultura nos arredores de Manaus, a renda pós-IR pode chegar a R$100 mil/ano.
Economize 20% deste total e, com rendimento de 10% ao ano, em 20 anos você será um
milionário.  Cultive essa idéia.

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