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Ciclo 1 - CRC Políticas Da Educação Básica PDF
Ciclo 1 - CRC Políticas Da Educação Básica PDF
Políticas da Educação Básica – Prof. Ms. Rubens Arantes Corrêa e Profa. Ms. Karina Elizabeth
Serrazes
Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
370 S496p
ISBN: 978-85-8377-093-0
CDD 370
Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Eduardo Henrique Marinheiro
Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Juliana Biggi
Dandara Louise Vieira Matavelli Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Elaine Aparecida de Lima Moraes Rafael Antonio Morotti
Josiane Marchiori Martins Rodrigo Ferreira Daverni
Sônia Galindo Melo
Lidiane Maria Magalini Talita Cristina Bartolomeu
Luciana A. Mani Adami Vanessa Vergani Machado
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Patrícia Alves Veronez Montera Projeto gráfico, diagramação e capa
Raquel Baptista Meneses Frata Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos
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forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do
autor e da Ação Educacional Claretiana.
CRC
Conteúdo––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
As Políticas Educacionais (aspectos sociopolíticos e históricos; reformas educa-
cionais e planos de educação; programas nacionais de educação). As Estruturas
do Ensino Brasileiro (níveis e modalidades de educação e ensino; estrutura di-
dática; estrutura administrativa; currículo escolar). A Legislação Escolar (Lei Fe-
deral nº 9.394/96 – LDB; Constituição Federal de 1.988; Lei Federal nº 8.069/90
– ECA). Financiamento da Educação Escolar. Gestão Escolar. Profissionais da
Educação.
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1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo!
Vamos dar início ao estudo de Políticas da Educação Básica,
componente curricular obrigatório nos cursos de licenciatura ofere-
cidos pelo Centro Universitário Claretiano na modalidade EaD.
O objetivo central deste Caderno de Referência de Conteúdo
é o de possibilitar uma discussão sobre as políticas públicas adota-
das no Brasil para as etapas constitutivas da educação básica, em
especial, para os níveis do ensino fundamental e médio, analisan-
do-as em uma perspectiva histórico-sociológica.
8 © Políticas da Educação Básica
Abordagem Geral
Profª. Dra. Mecira Rosa Ferreira
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi-
da e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom
domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de co-
nhecimento dos temas tratados em Políticas da Educação Básica.
Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Currículo escolar: projeto que define as intenções, prin-
cípios e orientações educativas e proporciona informa-
ções concretas sobre o que ensinar, quando ensinar,
como ensinar e como e quando avaliar.
2) Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs): conjunto de
definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos
e procedimento da educação básica, expressas pela Câ-
mara de Educação Básica do Conselho Nacional de Edu-
cação, que orientam as escolas brasileiras dos sistemas
de ensino na organização, articulação, desenvolvimento
e avaliação de suas propostas pedagógicas.
3) Educação Básica: nível de ensino que compreende a edu-
cação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio.
4) Entulho autoritário: refere-se às leis que foram criadas
durante a ditadura militar.
5) Globalização: conceito que designa a etapa do capitalis-
mo marcada pela intensificação da interdependência e
das relações mundiais por meio da conjugação de fato-
res econômicos, sociais, políticos e culturais.
© Caderno de Referência de Conteúdo 23
Transformações
Pressões técnico-científicas,
externas econômicas, políticas,
sociais e culturais
ESTADO EDUCAÇÃO SOCIEDADE
Valores
Forma de governo Concepções e práticas Concepção de
educação
Ideologia/Partido Participação
política
Legislação
Interesses Planos
econômicos e Reformas
políticos
Educação
democrática e de
qualidade
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser
de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como
relacioná-las com a prática pode ser uma forma de você avaliar o
seu conhecimento. Assim, mediante a resolução de questões per-
tinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a ava-
liação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira
privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma for-
mação sólida para a sua prática profissional.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada,
a Educação como processo de emancipação do ser humano. É
importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e
científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem
como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com-
partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se
descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a
notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto,
uma capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade
EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente.
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades
nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas.
© Caderno de Referência de Conteúdo 29
1
E Políticos
1. OBJETIVOS
• Identificar e analisar as políticas de educação adotadas
pelo Estado brasileiro na atualidade, considerando o con-
texto das transformações técnico-científicas, econômicas,
políticas, sociais e culturais do mundo contemporâneo.
• Compreender a trajetória histórica das reformas educa-
cionais e dos planos de educação no Brasil e analisar as
relações entre Estado, Sociedade e Educação.
• Discutir o impacto da globalização e do neoliberalismo no
direcionamento das políticas educacionais no Brasil.
2. CONTEÚDOS
• Panorama histórico da educação básica no Brasil.
• Planos nacionais de educação e reformas educacionais.
• Neoliberalismo, globalização e educação no Brasil.
32 © Políticas da Educação Básica
Dermeval Saviani
Professor doutor em Filosofia da Educação pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo. Professor emérito da
UNICAMP e coordenador geral do grupo de estudos e pes-
quisas "História, Sociedade e Educação no Brasil" (HISTE-
DBR) (imagem disponível em: <http://www.fae.unicamp.br/
dermeval/index2.html>. Acesso em: 21 abr. 2012).
Gustavo Capanema
Gustavo Capanema foi Ministro da Educação de 1937 a 1945,
foi responsável por uma série de projetos importantes de reorga-
nização do ensino no país, assim como pela organização do
Ministério da Educação em moldes semelhantes ao que ainda é
hoje. O apoio dado por Capanema a grupos intelectuais e, espe-
cialmente, a arquitetos e artistas plásticos de orientação moder-
na contribuiu para cercar sua gestão de uma imagem de moder-
nização na esfera educacional que ainda não havia sido exami-
nada mais detalhadamente (imagem disponível em: <http://
www2.camara.gov.br/deputados/pesquisa/layouts_deputados_
biografia?pk=119086>. Acesso em: 21 abr. 2012).
Moacir Gadotti
Professor doutor em educação pela Universite de Gene-
ve. Atualmente, é professor titular da Universidade de São
Paulo e diretor geral do Instituto Paulo Freire (imagem dis-
ponível em: <http://www.pedagogia.seed.pr.gov.br/modu-
les/conteudo/conteudo.php?conteudo=46>. Acesso em:
21 abr. 2012).
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, estudaremos as políticas da educação básica ado-
tadas no Brasil, considerando seus aspectos históricos, sociais e políti-
cos. Como sabemos, quando falamos em políticas de educação (assim
como de quaisquer outras políticas públicas), estamos nos referindo,
especificamente, à relação do Estado com a Sociedade. Quem estabe-
lece as políticas públicas, entre elas, as de educação, é o Estado.
Dessa forma, podemos dizer que, no caso do Brasil, o Estado
se concretizou formalmente com a Constituição de 1824. Portanto, o
período colonial (1500-1822) não estará nessa abordagem histórica.
É importante que você saiba que o período colonial (1500-
1822) se estende desde o descobrimento do Brasil até a forma-
lização de sua Independência. Após este marco, deu-se início ao
período monárquico, o qual veremos no tópico seguinte.
Na atualidade, o direito à educação deve ser assegurado
pelo Estado por intermédio de seu sistema de ensino, instituído a
partir de normas, leis e diretrizes educacionais. Esses dispositivos
legais e administrativos do sistema de ensino estão sujeitos a inte-
resses políticos e econômicos, pois resultam do embate das forças
sociais que se movimentam na sociedade.
Ao longo da história da estrutura e da organização do siste-
ma de ensino no Brasil, as transformações do mundo do trabalho,
a forma de governo adotada no país, os interesses econômicos e
© U1 - Políticas de Educação Básica: Aspectos Históricos, Sociais e Políticos 35
8. TEXTO COMPLEMENTAR
Neste fragmento de texto de Antonio Inácio Andrioli, você po-
derá refletir um pouco mais sobre o tema A educação neoliberal.
Antes de iniciar a leitura, é importante saber que Antonio
Inácio Andrioli é doutor em Ciências Econômicas e Sociais pela
Universidade de Osnabrück/Alemanha (2006) e pós-doutorado
pela Universidade Johannes Kepler de Linz/Áustria (2009).
© U1 - Políticas de Educação Básica: Aspectos Históricos, Sociais e Políticos 67
Educação Neoliberal–––––––––––––––––––––––––––––––––––
Do ponto de vista liberal, a educação ocupa um lugar central na sociedade e, por
isso, precisa ser incentivada. De acordo com o Banco Mundial são duas as tare-
fas relevantes ao capital que estão colocadas para a educação: a) ampliar o mer-
cado consumidor, apostando na educação como geradora de trabalho, consumo
e cidadania (incluir mais pessoas como consumidoras); b) gerar estabilidade po-
lítica nos países com a subordinação dos processos educativos aos interesses
da reprodução das relações sociais capitalistas (garantir governabilidade).
Para quem duvida da priorização da educação nos países pobres, observe o
seguinte trecho do vice-presidente do Banco Mundial: "Para nós, não há maior
prioridade na América Latina do que a educação. Entre 1987 e 1992 nosso pro-
grama anual de empréstimos para a educação na América Latina e o Caribe
aumentou de 85 para 780 milhões de dólares, e antecipamos outro aumento para
1000 milhões em 1994". Porém, não vamos nos iludir pensando que a grande ta-
refa dos mecanismos internacionais a serviço do capital é financiar a educação.
Conforme análise de Sérgio Haddad, o principal meio de intervenção é a pressão
sobre países devedores e a imposição de suas "assessorias": "A contribuição
mais importante do Banco Mundial deve ser seu trabalho de assessoria, con-
cebido para ajudar os governos a desenvolver políticas educativas adequadas
às especificidades de seus países. (...) O Banco Mundial é a principal fonte de
assessoramento da política educativa, e outras agências seguem cada vez mais
sua liderança".
É evidente que a preocupação do capital não é gratuita. Existe uma coerência
do discurso liberal sobre a educação no sentido de entendê-la como "definidora
da competitividade entre as nações" e por se constituir numa condição de
empregabilidade em períodos de crise econômica. Como para os liberais está
dado o fato de que todos não conseguirão "vencer", importa então impregnar
a cultura do povo com a ideologia da competição e valorizar os poucos que
conseguem se adaptar à lógica excludente, o que é considerado um "incentivo à
livre iniciativa e ao desenvolvimento da criatividade". Mas, e o que fazer com os
"perdedores"? Conforme o Prof. Roberto Lehrer (UFRJ), o próprio Banco Mundial
tem declarado explicitamente que "as pessoas pobres precisam ser ajudadas,
senão ficarão zangadas". Essa interpretação é precisa com o que o próprio
Banco tem apresentado oficialmente como preocupação nos países pobres: "a
pobreza urbana será o problema mais importante e mais explosivo do próximo
século do ponto de vista político".
Os reflexos diretos esperados pelo grande capital a partir de sua intervenção nas
políticas educacionais dos países pobres, em linhas gerais, são os seguintes:
a) garantir governabilidade (condições para o desenvolvimento dos negócios) e
segurança nos países "perdedores"; b) quebrar a inércia que mantém o atraso
nos países do chamado "Terceiro Mundo"; c) construir um caráter internaciona-
lista das políticas públicas com a ação direta e o controle dos Estados Unidos; d)
estabelecer um corte significativo na produção do conhecimento nesses países;
e) incentivar a exclusão de disciplinas científicas, priorizando o ensino elementar
e profissionalizante.
Mas, é evidente que parte do resultado esperado por parte de quem encaminha
as políticas educacionais de forma global fica frustrada porque sua eficácia de-
pende muito da aceitação ou não de lideranças políticas locais e, principalmen-
te, dos educadores. A interferência de oposições locais ao projeto neoliberal na
educação é o que de mais decisivo se possui na atual conjuntura em termos de
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Nesta unidade, você estudou conceitos importantes para sua
formação profissional. Para reforçá-los, retome os tópicos apre-
sentados com a intenção de rever questões que não ficaram claras
e consulte seu tutor e seus colegas. Esta interação será importante
durante a realização das suas atividades e interatividades.
Além disso, sugerimos que você procure responder, discutir
e comentar as questões a seguir que tratam da temática desenvol-
vida na unidade.
3) Por que podemos afirmar que no início do período republicano o Brasil ain-
da não dispunha de um sistema de ensino articulado?
12) O que foi o acordo MEC-USAID? Qual foi o seu impacto para a educação
brasileira?
16) Quais as metas e ações propostas pelo Plano Nacional de Educação aprova-
do em 2001?
18) Por que o PDE teve uma recepção favorável por parte da imprensa e do em-
presariado brasileiro?
10. CONSIDERAÇÕES
Nesta primeira unidade, procuramos tratar as políticas de
educação no Brasil tendo como foco central sua perspectiva his-
tórica, considerando o aparato jurídico-legal consolidado por meio
de leis e de constituições.
Acreditamos que foi possível perceber a negligência do Es-
tado brasileiro com um dos direitos fundamentais da cidadania:
o direito à educação. Apesar de observarmos que as reformas no
campo educacional ocorreram em grande número, boa parte de-
las não atingiu a grande massa da população, que ficou à margem
do sistema escolar por longo tempo. Apenas muito recentemente
é que, por força da pressão da sociedade civil organizada, o Esta-
do brasileiro efetivou políticas de inclusão dos setores sociais mais
pobres, dando, assim, um grande passo no sentido de universalizar
a educação básica no país. Entretanto, a democratização do acesso
à educação não foi acompanhada da qualidade de ensino espera-
da e este é o maior desafio da educação brasileira para o século
21: compatibilizar os avanços quantitativos e o ensino democráti-
co de qualidade.
11. E-REFERÊNCIAS
Sites pesquisados
ANDRIOLI, Antonio Inácio. As políticas educacionais no contexto do neoliberalismo.
Revista Espaço Acadêmico. Ano II. nº 13, jun. 2002. Disponível em: <http://www.
espacoacademico.com.br/013/13andrioli.htm>. Acesso em: 21 abr. 2012.