Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Joao Dasnevesdiasneto Atividade3+
Joao Dasnevesdiasneto Atividade3+
Joao Dasnevesdiasneto Atividade3+
Niterói
2020
joão das neves dias neto
Orientador:
Niterói
2020
BANCA EXAMINADORA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
The work seeks to deepen the understanding of Natural Laws and Positive
Laws in the Work of Saint Tomas of Aquino in relation to the way the human being
has to face, starting from within himself, morals and ethics. Aimed especially at those
who aim to Operate the Law considering that Saint Tomas of Aquino is the greatest,
philosopher, theologian, sociologist, and mainly philosopher jus, and political thinker
of History, but also to all scholars in the field of Philosophy of Law.
INTRODUÇÃO............................................................................................................10
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................32
REFERÊNCIAS...........................................................................................................34
INTRODUÇÃO
elas sido fielmente guardadas! Quanto ao que me toca, talvez não tivesse
escrito de todo o meu livro se as houvesse conhecido; pois, as ideias
fundamentais que nele ia expor já se encontram, com perfeita clareza e
notável fecundidade de concepção, expostas nas obras desse vigoroso
pensador.”1
JHERING, Rudolf. Der Zweck im Recht. 2. ed .Leipzig: Breitkopf und Härtel, 1886. v. 2.
p. 161.
CORRÊA, Alexandre. Concepção tomista do direito natural (1941). In: Id. Ensaios políticos
e Filosóficos. Prefácio de Ubiratan Macedo. São Paulo: Editora Convívio/EDUSP, 1984. p. 167.
13
2
ROLAND-GOSSELIN, Bernard. La doctrine politique de Saint Thomasd’Aquin, 1928, p. 164.
15
ARISTÓTELES. Retórica. I, 13. Trad., textos adicionais e notas de Edson Bini. 1. ed. São Paulo:
dessa virtude da justiça, em relação ao direito, se faz através de leis eternas, leis
naturais e leis humanas. Por isso o homem, ser criado por Deus, dotado em seu ser
das leis naturais, que são as virtudes da Justiça, as desenvolve nas leis naturais
(Jusnaturalismo) e nas leis humanas (Juspositivismo) que estão intimamente ligadas
às leis naturais, ou seja, as leis humanas não podem se desvincular das leis
naturais. Tais explosões são dadas no chamado “Tratado da Lei” que possui dentro
da principal obra do Doutor Angélico, intitulada “Suma Teológica” (1265-1273),
imensa importância. Portanto é importantíssimo ao operador do Direito o
conhecimento de tais relações. Segundo Mário Curtis Giordani, Santo Tomás de
Aquino é de grande representatividade para o Direito:
4
GIORDANI, Mário Curtis. Tomás de Aquino e o direito romano. In: Estudos em homenagem ao
Professor Caio Mário da Silva Pereira. Rio de Janeiro: Forense, 1984. p. 458.
5
CORRÊA, Alexandre. Há um Direito Natural? Qual o seu conteúdo? (1914). In: Idem. Ensaios
políticos e filosóficos. Prefácio de Ubiratan Macedo. São Paulo: Editora Convívio/EDUSP, 1984. p. 36.
17
8
A doutrina do direito natural em Tomás de Aquino. Idade média: ética e política, org. Luiz Alberto de
Boni, Porto Alegre: Editora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul-EDIPUCRS,
1996, p.223.
9
Cf. Suma de teologia, tradução dos regentes de estudos das províncias dominicanas da Espanha.
Colaboradores: Ángel Martínez, Donato González, Emilio G. Estébanez, Luis Lopes de las Heras,
Jesús M. Rodríguez Arias, Rafael Larrañeta, Victorino Rodríguez, Antonio Sanchís, Esteban Pérez,
Antonio Osuna, Niceto Blázquez, Ramón Hernández, vol. 9, Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos,
1989 e 2001, p. 489.
21
10
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito, 7ª ed., São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 1.
11
Cf. Dicionário de filosofia, São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 281
22
12
Cf. RHONHEIMER, Martin. Ley natural y razón práctica. Pamplona: Eunsa, 2000, p. 59
24
Para nosso Doutor Angélico as normas do Direito Natural, conforme foi visto,
encerram preceitos basilares do Direito como um todo, embora de modo como que
genérico. Sendo de certo modo normas abstratas, e por isso terminam por carecer
de especificação alcançada através direito positivado. Essa compressão faz com
que o pensamento, teoria e doutrina Tomista seja muito especifico se relacionados
às demais escolas de jusnaturalismo: Para ele, as normas do Direito Natural, ainda
que detenham primazia se fundem ao Direito Positivo e tem relação de dependência
deste para alcançar seu proposito e especificidade própria. Donde se poderia inferir
que, mesmo para Santo Tomás de Aquino, sem o Direito Positivo o Direito Natural é
completamente indefinido e vago; portanto, ineficaz.
Quando Santo Tomás ensina a que se deve a obediência às leis escritas
(que ele mesmo denomina como direito positivo), já explicita a existência de leis
justas, isto é, em sua teoria, as leis consonantes com o Direito Natural. Assim sendo,
na doutrina tomista, a lei não é mera consequência da vontade artificial do homem,
mas deve portar em si própria os valores transcendentes inerentes a Lei Natural. E,
disso, devem ocupar-se tanto os juristas como os intérpretes das Leis.
A primeira característica essencial da lei é reside no fato de que ela é uma
ordenação racional a toda ação. Ou seja, todo principio que nos serve de parâmetro
para a ação do ser humano se denomina enunciado de lei, que objetivamente tem
por principio impelir o individuo a agir de determinado modo. Uma Lei servirá sempre
para dar regulação a algo; e como sabemos que regular é necessariamente uma
atividade do intelecto movido pela razão; depreende-se que a lei é algo que
pertencerá ao campo da razão. Devemos neste sentido buscar compreender de que
modo se dá então a relação entre a Lei e a Razão para chegar ao entendimento De
qual a relação na Obra de Santo Tomás entre o Jusnaturalismo e o chamado Direito
Positivo. A argumentação de Tomás pode ser entendida da seguinte forma: se a lei
serve como princípio que regulamente, organiza e mede a ação; e como o princípio
de medir e de regular é algo próprio da razão; logo, a lei, em si, é um ordenamento
da razão, ou seja, a lei é um produto da atividade racional que é inata ao ser
humano. A lei natural é o resultado do exercício natural da razão prática. No artigo
primeiro, da questão 94, Tomás de Aquino refuta a compreensão dela como sendo
25
14
Cf. STh IaIIae, q.94, a,2
26
próprias ações morais, ocorre então um progresso moral, através do qual mais
preceitos secundários poderão ser acrescentados à chamada da lei natural. Para
Tomás de Aquino o acréscimo dos chamados preceitos secundários é a única
mudança que poderia ocorrer na lei natural, tendo em vista que em relação aos
princípios mais básicos e universais ela sempre será imutável e impossível de deixar
de sê-la. Para Santo Tomás à medida que o homem reconhece a existência da Lei
Natural é que então lhe é permitido conhecer que tem um fim ultimo, superior a
todos os demais fins e próprio apenas da natureza humana, e então busca agir
sempre de acordo com ele. Buscando sempre a felicidade o ser humano participa
então da Lei Eterna que já sabemos ser, no ensinamento de Tomás, o ordenamento
racional presente na mente divina. No entanto, a lei natural também estará presente
nas leis humanas positivas que são criadas para o aperfeiçoamento das virtudes
humanas ou mesmo para refrear os ímpetos daqueles que se desregram, sendo
acima de qualquer outra coisa indispensáveis para preservação da paz comum e a
busca da sociedade perfeita. Será sempre promulgada por aqueles que sejam
responsáveis pelo bem comum, à lei civil só terá efetiva força de lei quando for em
sua totalidade um ordenamento adequado ao fim próprio racional humano.
A lei pode ser compreendida como ordem para alcançar um fim
determinado, no artigo 2, da questão 90, Santo Tomás escreve em seu responde:
“primum autem principium in operativis, quorum est ratio practica, est finis ultimus”15.
De acordo com o pensamento aristotélico, Aquino defende que toda ação se
desenrola visando um fim, no entanto há um fim último, mais adequado do que todos
os demais e próprio, de acordo com o princípio ordenador de tudo. No caso do ser
humano, por sua própria natureza, o princípio ordenador é racional, assim seu
objetivo deverá estar de acordo com a sua natureza racional. Se houvesse uma
escala de fins particulares, nada poderia ser mais racional do que buscar a própria
felicidade ou beatitude, o fim supremo ser humano. Desta maneira, toda lei é um
ordenamento da razão visando sempre à obtenção da felicidade do homem. No
entanto, a felicidade do homem passará pela felicidade da sociedade na qual está
inserido. Dito de outro modo, os seres humanos estão inclinados naturalmente ao
convívio em sociedade, e o bem comum é parte constitutiva da felicidade humana.
Ressalte-se que a lei tem ligação com o ordenamento comum e que ela deverá ser
estabelecida por alguém que é capaz dessa tarefa. E sendo assim, no plano da vida
15
Cfr. STh IaIIae, q.90, a.2, res.
27
16
Cfr. STh IaIIae, q.90, a.4.
17
Cfr. STh IaIIae, 1. parte da 2. parte, q. XCI, art. III
28
A definição mais autêntica da Lei Humana Positiva foi bem definida por Santo
Isidoro de Sevilha, em suas Etimologias, passagem destacada por Aquino na Suma
Teológica onde se diz que:
18
Cfr. STh IaIIae, Id. 1. parte da 2. parte,q. XCI, art. III
19
Id. Suma Teológica. II.ª parte da II.ª parte, q. 60, art. 5., resp. à primeira objeção. Tradução de
Alexandre Corrêa. 1. ed. v. XIV. São Paulo: Livraria Editora Odeon, 1937. p. 71.
29
20
ISIDORUS HISPALENSIS, Sanctus. Etymologiarum sive Originum. Liber V, XXI. Tradução do
Autor. Disponível em: http://www.thelatinlibrary.com/isidore/5.shtml. Acesso em: 25 Outubro. 2020.
21
CORRÊA, Alexandre. Há um Direito Natural? Qual o seu conteúdo? (1914), 1. ed. v. XIV. São
Paulo: Livraria Editora Odeon, 1937. p. 42.
30
31
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, o Direito Natural em Tomás de Aquino carrega em seu bojo uma
categoria e metodologia que oportunamente dissipa incongruências que hoje
conspiram de forma radical contra o Direito e sua mais pura essência. Os mais
variados exemplos se demonstram no dia-a-dia judiciário como determinadas
normas jurídicas que invertem as posições de credor e devedor, ou de vítima e
criminoso, até mesmo de honesto e ímprobo, e que nada mais são que puros
reflexos dessa perversão do que chamamos Direito. É por isso que ao direito
positivo incumbe a particularização e efetivação dos preceitos do direito natural.
Como restou demonstrado, mais que nunca, o Direito Natural é capaz de, por sua
forma inata à própria razão de ser, impor sua necessidade e suas relações com o
direito positivo.
Fato é que independente do tempo e do lugar existe um Direito comum a tudo
e a todos, que devota justa homenagem à ordem natural das coisas sobre as quais o
homem, em todas as línguas e nações, deve militar. Todo estudo e pesquisa que
envolve a Filosofia e Direito são importantes à magistratura, aos operadores do
direito, e aos estudiosos em geral. Portanto ressuscitar, novamente, as ideias e
ensinamentos de jusfilósofos, especialmente de Tomás de Aquino, aplicando-as ao
nosso dia-a-dia no Direito, é efetivar em cada um a consciência de pensar o Direito
como objeto da ação da Justiça.
Finalmente, é mister destacar que o Direito Natural per si não é bastante
como regra de vida, se fazendo necessária sua complementação através do Direito
Positivo. A este sempre caberá à concretização dos princípios elencados pelo Direito
Natural, levando a aplicação das máximas deste às diversas situações da vida em
Sociedade. E deverá sempre fazê-lo levando-se em consideração as circunstâncias
de tempo e de lugar, motivo que o levará a ter caráter eminentemente histórico
filosófico. Com esta pesquisa esperamos despertar ainda mais o interesse dos
Juristas da Atualidade pela portentosa obra do Aquinate, como ressalta Michel
Villey, “os juristas só teriam a ganhar caso se libertassem do preconceito que ainda
envolve o nome e a obra do Angélico Doutor.”22 Ficando o convite para que aqueles
que não a conhecem que se debrucem sobre tal para vislumbrar as maravilhas que
22
VILLEY, Michel. Filosofia do direito: definições e fins do direito: os meios do direito. Prefácio de
François Terré. Trad. de Márcia Valéria Martinez de Aguiar. Rev. téc. de Ari Solon. 2. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2008. p. 114.
32
REFERÊNCIAS
1984.
1886. v. 2.
A doutrina do direito natural em Tomás de Aquino. Idade média: ética e política, org.
Luiz Alberto de Boni, Porto Alegre: Editora da Pontifícia Universidade Católica do Rio
CORRÊA, Alexandre. Concepção tomista do direito natural (1941). In: Id. Ensaios
políticos e Filosóficos. Prefácio de Ubiratan Macedo. São Paulo: Editora
Convívio/EDUSP, 1984.
ARIAS, Gino. Manual de Economía Política. Buenos Aires: L. Lajouane & Cia.
– Editores, 1942.
BITTAR, Eduardo C. B.; Almeida, Guilherme Assis de. Curso de Filosofia do Direito,
3ª edição. Editora Atlas.
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito, 7ª ed., São Paulo: Martins Fontes,
2006.
VILLEY, Michel. Filosofia do direito: definições e fins do direito: os meios do
direito. Prefácio de François Terré. Trad. de Márcia Valéria Martinez de Aguiar. Rev.
35