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MÃO-DE-OBRA IMPORTADA

As exigências para estrangeiro vir trabalhar LEIA TAMBÉM


no Brasil GEOGRAFIA DA COMPETÊNCIA
Justiça do Trabalho julga estrangeiro
30 de janeiro de 2006, 15h01 Imprimir Enviar
que atua no país

Por Thiago Silva Junqueira


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O trabalho de cidadão estrangeiro em território nacional é regido pela Lei
6.815, de 19 de agosto de 1980, regulamentada pelo Decreto 86.715, de 10 de
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dezembro de 1981. Essas normas estabelecem diretrizes e orientações de
caráter geral no que concerne à situação jurídica do estrangeiro no Brasil.

Assim, o Ministério do Trabalho, por meio do Conselho Nacional de


Imigração (órgão responsável pela formulação da política de imigração e
coordenação de suas atividades no país), estabelece procedimentos e
orientações relativos à concessão de autorização de trabalho a estrangeiros
que desejem permanecer no país a trabalho, temporária ou definitivamente.

Para melhor compreensão do tema, entretanto, é necessária a fixação dos


seguintes conceitos:

a) Autorização de trabalho a estrangeiros: é o ato administrativo, de


competência do Ministério do Trabalho, exigido pelas autoridades
consulares brasileiras para a concessão de visto temporário ou permanente
a estrangeiros que planejam permanecer, a trabalho, em território nacional;

b) Visto: é o ato administrativo de competência do Ministério das Relações


Exteriores, que se traduz por autorização consular registrada no passaporte
de estrangeiros que lhes permite entrar e permanecer no país. Diante disso,
é possível afirmar que a autorização de trabalho é pressuposto para a
obtenção do visto.

b1) Visto temporário: é a autorização concedida pelo Ministério das Relações


Exteriores, por meio dos consulados brasileiros no exterior, aos estrangeiros
que pretendem vir ao Brasil: (I) em viagem cultural ou missão de estudos;
(II) em viagem de negócios; (III) na condição de artista ou desportista; (IV) na
condição de estudante; (V) na condição de cientista, professor, técnico ou
profissional de outra categoria, sob regime de contrato, ou a serviço do
governo brasileiro; (VI) na condição de correspondente de jornal, revista,
rádio, televisão ou agência noticiosa estrangeira; (VII) na condição de
ministro de confissão religiosa ou membro de instituto de vida consagrada e
de congregação ou ordem religiosa.

Para a concessão de visto temporário, no caso dos itens III e V, é exigida,


também, a autorização de trabalho.
b2) Visto permanente: é a autorização concedida pelo Ministério das
Relações Exteriores ao estrangeiro que pretenda estabelecer-se
definitivamente no Brasil. A concessão desse tipo de visto também requer
prévia autorização de trabalho emitida pelo Ministério do Trabalho nos
casos de pesquisador ou especialista de alto nível, investidor (pessoa física)
ou ocupante de cargos de administrador, gerente ou diretor de sociedade
comercial ou civil.

O Conselho Nacional de Imigração, como órgão competente para disciplinar


a matéria, editou em 13 de setembro de 2005 a Resolução Normativa 64, a
qual estabelece os novos critérios necessários para a autorização de trabalho
a estrangeiros a serem admitidos no Brasil sob visto temporário.

As recentes alterações de critérios para autorização de trabalho estrangeiro


trazidas pela citada resolução são também reflexos de mudanças ocorridas
no mundo globalizado, vez que com as novas tecnologias e avanços atuais,
aliada à política econômica que implantou normas públicas que respaldam
o processo de desestatização nos principais setores da economia nacional
(telecomunicações, gás, energia elétrica, etc.), tornou-se premente a
necessidade de haver trabalho capacitado e altamente qualificado à
disposição das empresas aqui instaladas.

Entretanto, não é necessariamente verdadeiro o conceito de que para a


ocupação de cargos especializados haja necessidade de contratação de
profissional estrangeiro. É com base nisso, buscando assegurar que os
profissionais brasileiros que também possuam capacitação técnica possam
competir por tais vagas, que foram traçados novos critérios para
contratação de estrangeiros.

Nessa linha, verifica-se que para o estrangeiro vir trabalhar no Brasil com
vínculo de emprego, é imprescindível que tenha comprovada qualificação
e/ou experiência profissional.

De acordo com a resolução que recentemente entrou em vigor, o estrangeiro


que pretenda trabalhar no Brasil, no ato do pedido de autorização para o
trabalho, requerido perante o Ministério do Trabalho, deve comprovar sua
capacidade e qualificação para trabalhar mediante a apresentação de
diplomas, certificados ou declarações das instituições em que já tenha
desempenhado suas atividades.

Como requisito necessário para a demonstração de qualificação e/ou


experiência profissional, deverá o estrangeiro candidato ao trabalho no
Brasil demonstrar, alternativamente: (i) experiência de dois anos no
exercício de profissão de nível médio, com escolaridade mínima de nove
anos; ou (ii) experiência de um ano no exercício de profissão de nível
superior, contando esse prazo da conclusão do curso de graduação que o
habilitou a esse exercício; ou (iii) conclusão de curso de mestrado ou grau
superior compatível com a atividade que irá desempenhar; ou (iv)
experiência de três anos no exercício de profissão, cuja atividade artística ou
cultural independa de formação escolar.

Além de tais medidas, que visam demonstrar a plena capacidade e


qualificação do estrangeiro em vir a ocupar uma vaga no mercado de
trabalho nacional, faz-se ainda necessário que a organização contratante
justifique a chamada de mão-de-obra estrangeira para o trabalho nacional.

A empresa que desejar contratar mão-de-obra estrangeira (normalmente de


prestação de serviço ou execução de um projeto) deverá solicitar
autorização de trabalho junto à Coordenação Geral de Imigração do
Ministério do Trabalho e Emprego, mediante preenchimento de
requerimento padrão, instruindo o pedido com os documentos exigidos
tanto da empresa quanto do candidato. Assim, a chamada de mão-de-obra
estrangeira encontra respaldo na medida em que houver o preenchimento
dos requisitos estabelecidos pela resolução normativa em comento.

Além disso, cabe ainda lembrar a necessidade de atendimento à


proporcionalidade entre trabalhadores brasileiros e estrangeiros, seguindo
as disposições dos artigos 352 e seguintes da CLT.

Por outro lado, vale ressaltar que, se o estrangeiro entrar ou permanecer em


território nacional em situação irregular (sem o devido visto) e se não se
retirar espontaneamente, poderá ser deportado, seja para o país da
nacionalidade do estrangeiro, seja para o país de procedência do
estrangeiro, ou ainda, para outro país que consinta em recebê-lo. Essa
situação, ainda que anômala e pouco usual, pode ocorrer em determinados
casos.

Ficará sujeita à fiscalização do Ministério do Trabalho a empresa nacional


contratante de estrangeiro que esteja cumprindo aqui um contrato
(normalmente de prestação de serviço ou execução de um projeto) que
empregar esse tipo de mão-de-obra de modo irregular, podendo ser autuada
e incorrer no pagamento das multas previstas nos regulamentos deste
órgão.

Por fim, recorde-se ainda que a própria CLT também prevê a possibilidade
de a empresa sofrer imposição de multa no caso de descumprimento das
normas referentes ao trabalho estrangeiro, cabendo frisar que em caso de a
infração ser cometida por empresa concessionária de serviço público ou por
empresa estrangeira autorizada a funcionar no país, e após a imposição de
multa tal empresa não se adequar às exigências legais, poderá, em último
caso, ter cassada a sua concessão ou autorização.

Apesar de o assunto exigir uma série de trâmites burocráticos e


procedimentos por vezes morosos, o tema é de grande responsabilidade, e o
cumprimento dessa legislação é de vital importância para as empresas,
evitando riscos muitas vezes desconhecidos.

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Thiago Silva Junqueira é advogado da Manhães Moreira Advogados Associados.

Revista Consultor Jurídico, 30 de janeiro de 2006, 15h01

COMENTÁRIOS DE LEITORES
2 comentários

thiago, gostaria de saber se, estrangeiro que t...


Vinicius Fontana (Bacharel)
17 de dezembro de 2007, 11h30

thiago, gostaria de saber se, estrangeiro que tem visto de permanencia no brasil por ter
casado com brasileiro, teria que tirar visto de trabalha para trabalhar no pais ou se como
apenas o visto de permanencia e carteira de trabalho ele ja estaria legal para exercer
alguma funçao assalariada? grato

Um país de estrangeiros, paradoxalmente, aplic...


A.G. Moreira (Consultor)
30 de janeiro de 2006, 23h50

Um país de estrangeiros, paradoxalmente, aplica aos "Novos Estrangeiros" um regime


muito severo, como se o "novo estrangeiro" fosse um "MAL" que, devido a Normas
Internacionais, tem de se aceitar, tolerar e aguentar . Não existe "Discriminação" maior
no Brasil do que a que se inflige aos estrangeiros. Mas, o mais absurdo, é que, neste caso,
o "discriminador" não é o povo brasileiro, nem mesmo os nacionalistas mais ferrenhos,
mas sim as Leis contidas no Estatuto do Estrangeiro. Já se passaram 25 anos e os
absurdos, ainda, não foram abolidos , como , por exemplo : Após todos os anos de
cumprimento de exigências para, finalmente, conseguir o "VISTO PERMANENTE" , o
cidadão estrangeiro perderá o direito de residir no Brasil ( terá o visto permanente
cassado ), se , por qualquer motivo , ficar no estrangeiro mais de 2 anos . Não importa se
ele é casado no Brasil, se é empresário, proprietário de imóveis, ou se tem filhos
brasileiros e, até, se vive no Brasil há mais de 50 anos. Nada disto justifica o seu "direito"
de morar no Brasil . Simplesmente, perde o direito legal de morar no Brasil e terá que
começar tudo de novo , para poder morar em sua casa com a sua esposa e filhos . Para
não ser muito "prolixo" , não citarei outros absurdos .

Comentários encerrados em 07/02/2006.


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publicação.

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