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Com o poder que Iemanjá tem, se você


me dá uns presentes “merda” desses,
eu te afogo em poça, destruo a sua vida!!!

Fui com minha mulher na


“macumba” e a “macumbeira”
pediu para eu colocar umas
oferendas para Iemanjá.

No dia 31 de Dezembro,
fui com minha mulher
numa loja de Um-
banda, comprar os
preparativos, com-
prei um barquinho
azul, um perfume
lilás com uma tampa
de rolha, um pente
de plástico, flores
de plástico. Estou
vendo minha mulher
pegando isso e falei:

- AMOR que é isso que você


está pegando?

- São os presentes de Iemanjá!

- AMOR, na boa, tu me dá uns presente merda destes, e eu tenho


o poder que Iemanjá tem, eu ferro sua vida, eu te destruo, você
vai morrer afogada em poça, acho uma sacanagem fazer isso com
Iemanjá.
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Fui pra Praia com o barquinho em baixo do braço e alguém disse “o


cara da Globo é macumbeiro”, eu disse “é sushi!”
Pulei Sete ondinhas, coloquei o barco no mar, o barco andou meio
metro e virou, minha mulher gritando “Ela aceitou!”.
Aceitou nada, falei que ela não ia gostar dessas bugigangas, peguei
o barquinho tirei as bugigangas, coloquei uma nota de R$50,00 e um
bilhete: “A SENHORA COMPRA O QUE QUISER”.
Com este texto o humorista Leandro Hassun fez, por muito tempo,
um stand-up que comentava algumas coisas da “macumba” citando
“Umbanda”, terreiro, incorporação, festa de Cosme e Damião e etc.

Antes de criticá-lo por fazer humor com nossos valores vamos refle-
tir o que aprender com isso?

IEMANJÁ PRECISA DE BARQUINHO?


IEMANJÁ PRECISA DE ESPELHINHO?
IEMANJÁ PRECISA DE VIDRO DE PERFUME?

NÃO !!!
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Tudo isso pode parecer muito bonito a quem entrega, mas é lixo,
suja, polui e demonstra ENORME IGNORÃNCIA ECOLOGICA de quem
defende a ideia do Culto as forças da natureza. Você está sujando a
casa de Iemanjá, isso sim.

Quer levar uma


oferenda para Iemanjá?
Leve rosas brancas, sem espinho, e entregue apenas as pétalas no
mar, leve um champanhe abra sem perder a rolha e despeje um pouco
da bebida e guarde a garrafa, pule Sete Ondas em sua homenagem
pedindo para ela abrir seu caminho nos sete sentidos da vida. Por fim
entregue seu amor, sua fé e ofereça “a manifestação do espírito para
a prática da caridade” ao próximo em homenagem a Ela.

Simples assim!!!
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Mais uma vez, muita


gente, não? Mais
uma vez, ser um
exemplo para outros
que vivem isolados,
como se a sua tenda
fosse sua proprieda-
de e não da religião.
A tenda que perten-
ce aos seus
dirigentes, pertence
à religião.

O dirigente que não entender isso é um infeliz. A tenda pertence à


religião. A religião é maior que todas as tendas juntas, porque
quanto mais tendas vierem, maior será a religião.

E vocês estão de parabéns, porque a Senhora do Mar, que tem todas


as tendas diante dela hoje, essa foi a mais abençoada, podem ter
certeza disso, pela vossa união, onde todos se mostram iguais e
ninguém é superior a ninguém. Tem que ser assim a religião, porque,
se não, ela não prospera. Ela fica fechada em pequenas aldeiazi-
nhas, onde o egoísmo impera e não a generosidade.

Religião nenhuma cresce onde há o egoísmo, tem que haver a gene-


rosidade entre seus praticantes. Porque ali prospera, sendo genero-
sos nas suas tendas.

Ajude o próximo sem esperar nada em troca, porque quem vai com-
pensá-los não é da terra. A recompensa da terra é passageira e você
não pode levá-la para o outro lado. Mas a recompensa da Senhora
do Mar, essa você leva, porque ela está no teu espírito.

É a benção dela, para que você se sinta abençoado. Lembre-se


disso, não seja egoísta na sua tenda. Seja rigoroso, mas não egoísta.
Seja duro com os médiuns relapsos, mas não egoísta.
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Não queira pra você o que não lhe pertence, mas não negue ao Pai o
que pertence a Ele, porque tudo é Dele. Tudo pertence a Ele, inclu-
sive vocês, donos de tenda. Lembre-se disso, a tua tenda pertence
à tua religião. Ela é tua religião. Ela não é teu castelo, onde você é o
senhor. Mas ela é o Templo onde você é o servo do Senhor.

Aqueles que entenderem essas palavras serão dirigentes muito


melhores. Aqueles que não entenderem continuarão a mesma coisa,
mesquinhos e egoístas. E o mesquinho e egoísta só atrai mesquinhos
e egoístas. E o generoso só atrai os generosos. Lembrem-se disso!

Isso que vocês fazem aqui é único. Ninguém consegue fazer. Nin-
guém quer tirar o cocar de chefe, ninguém quer ser índio. Todo
mundo quer ser chefe, quer estar na frente mostrando sua vaidade,
esquecendo que o que está perto dele é o auxiliar direto dele e, se
crescer através dele também vai ser grande e irá torná-lo maior ainda.

É assim que meu médium cresce, deixando todo mundo crescer à


volta dele, não negando a ninguém a possibilidade de crescer e cum-
prir o que tem que cumprir nessa terra com as suas forças. É assim
que tem que ser e é assim que sempre foi e é assim que sempre será.

O egoísta só vai atrair egoísta, o generoso vai atrair generoso. É a Lei


da afinidade. Por isso todos vocês vêm aqui, porque meu médium é
generoso.

Ele quer que todos cresçam, porque, se todos crescerem, aí sim, ele
cresce; porque, se não crescerem, ele não cresce também. Lembre-
se disso, faça crescer os que estão à sua volta. Faça crescer aqueles
que dependem da sua ajuda para eles crescerem. Seja você o adu-
bo que vai fazer eles crescerem à sua volta, porque a sombra dele
vai refrescar você.
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E aquele que não crescer nada à volta dele vai ficar exposto ao sol
escaldante. Quem está exposto ao sol escaldante morre ressequido
da alma. A alma perece, porque lhe falta a sombra dos que cres-
ceram à sua volta. Muitos de vocês hoje já são grandes dentro da
religião e conservam aquilo que o meu médium nunca deixou de
ter: - A humildade!

Eu, mais uma vez, fico agradecido a vocês por virem até aqui no meu
domínio, porque meu domínio é esse, é a terra. Eu não domino lá na
água, eu domino aqui na terra, eu atuo através da terra, por isso eu
sou Quebra-mar.

Só a terra quebra o mar. Sejam vocês quebra-mares, contenham as


águas revoltas, sendo terra firme para aqueles que se achegarem a
vocês encontrem um solo firme, mas fértil. Faça crescer a tua reli-
gião, faça do teu templo um templo da religião, e não seu.

Não diga “esse é o meu centro”, e sim, diga “esse é o centro da


minha religião”. E todo aquele que vier dentro dele está na minha
religião, sinta orgulho disso. Sinta orgulho disso!

Porque a Umbanda põe todas as pessoas em contato com o plano


espiritual, tanto o superior, quanto o inferior. Siga para o superior
quem é superior, siga para o inferior quem é inferior, mas não diga
que não entrou em contato com o poder do plano espiritual.

Portanto, volte-se para a Senhora do Mar, que Ela está de frente


para vocês, e elevem os vossos pensamentos, e façam diante Dela
os seus atos de fé e se consagrem à sua religião. Podem se virar
para ela, porque ela esta diante de vocês!

Eu sou Exu Quebra- Mar!

MENSAGEM DO SR. EXU QUEBRA-MAR,


INCORPORADO EM RUBENS SARACENI NA
FESTA DE IEMANJÁ 2013 – AUEESP
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Viver a vida sem máscaras, ser simplesmente você mesmo, ter cora-
gem de se entregar ao universo, e a consciência de ser o todo diante
da imensidão da existência. Foi nessa sensação de entrega total,
que vi diante de mim a mãe da vida Iemanjá. Vi sim, com os olhos da
alma. Momento este, que perdi totalmente o sentido físico da vida.

Só minha alma existia na força do amor daquela mãe. A maior e mais


poderosa de todas as mães. Sua presença ativou em mim, o que
mais a vida tem me cobrado, força para encarar minhas sombras e
assumir minha verdade.

Vim buscar na Umbanda um caminho que me levasse à verdade,


pois, minha fé dizia que ela me libertaria de qualquer mal. Encontrei
muito mais que isso.
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Encontrei o amor
verdadeiro e liber-
tador. No sábado,
10/12/16, me
preparei para ir a
uma festa, festa de
Iemanjá.

Só não imaginei que fosse ter um encontro pessoal e único com a


“anfitriã”. Foi fantástico. E como disse Pai Alexandre Cumino: “Ela
veio até nós, na praia”. Não precisamos ir até o mar. A maré subiu e
“Ela veio até nós”. Durante a festa, a emoção irradiava para todos
como as ondas do mar.

E assim, descrevo a minha vivência como umbandista apaixonada


que aprendi a ser.

Mãe Iemanjá expandiu um pouco mais minha consciência para que


eu pudesse entender a transformação planetária que estamos vi-
vendo. É preciso abrir o coração para encontrar a Paz e a Verdade
no meio do caos, pois nós mesmos criamos o caos em nosso interior
e exterior. Agora, resta-nos através do amor e paciência, colocar a
casa em ordem. Reconhecendo e aceitando ajuda dos Guias, Mes-
tres, Mentores e Orixás.

Gratidão aos irmãos e irmãs que ampararam meu corpo físico en-
quanto meu espírito vivenciava esse grande encontro e aprendizado.
Gratidão a todos os Orixás, gratidão à Umbanda que a cada dia pro-
porciona um novo sentido a minha VIDA! Salve a Umbanda!
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No ultimo dia 10 de
Dezembro a AUEESP
realizou a tradicional
Festa de Iemanjá
na Praia Grande,
da forma como o
Mestre Rubens Sara-
ceni idealizou, vários
terreiros se reúnem
e trabalharam juntos
como um único tem-
plo, diante do Mar,
sob o comando da Mãe Alzira Saraceni, Stela Saraceni e de Sandra
Santos, presidente da AUEESP e responsável por esta realização.
Este é o segundo ano sem a presença física de Rubens Saraceni, não
precisamos comentar a emoção de todos que aflora com relação a
saudade do mestre e em especial da esposa e filhos que continuam
o seu legado à frente do Colégio de Umbanda Sagrada Pai Benedito
de Aruanda.
Durante 15 anos Rubens Saraceni esteve a frente deste culto de lou-
vação à Rainha do Mar e em 2014, logo antes de seu desencarne em
março de 2015, muito consciente ele se pronunciou e disse que não
sabia se estaria ali no outro ano, mas que seria de sua vontade que a
“Festa” continuasse.
Rubens sempre abria ritualisticamente e em seguida compartilhava
o comando, no qual se revezavam os sacerdotes presentes na cha-
mada de cada linha de trabalho. Este modelo de realizar o ritual se
perpetuou e permanece como ideal para um trabalho com muitos
templos reunidos e irmanados.
Nesta ocasião o Caboclo Pena Branca deu uma mensagem simples
e direta, a qual transcrevemos abaixo:
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“Caboclo agradece esse amor, esse caboclo não é ninguém, quem


fala é a voz de todos, uma voz maior. AMOR, FÉ, DEDICAÇÃO, esse
caboclo vem agradecer a Festa Formosa. Não falta nada, filho maior
(Rubens Saraceni) está cá, Mãe (Alzira Saraceni) está cá.

Vive dentro de cada um uma semente maior que multiplica, brota e


germina, esse é o sentido pra fazer desse seu amor a muitos aben-
çoar.”

Sempre com muita saudade do Mestre Rubens Saraceni, cada um


de nós seus filhos espirituais carrega dentro de si esta semente
plantada pelo Mestre em seus discípulos. Rubens Saraceni vive em
cada um de nós, milhares e milhares de médiuns de Umbanda e
multiplicadores do amor que recebemos, amor que germina e da
frutos na terra do coração. Dedico estas poucas palavras a Mãe Alzi-
ra Saraceni e filhos com quem compartilhamos a saudade e o amor
do Mestre, Pai, Marido, Amigo, Irmão e exemplo de umbandista.
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Exibindo um lon-
go cabelo preto,
pairando sobre as
águas salgadas e
trajando o mais belo
azul celeste. Mãe
Iemanjá abre os
braços e deixando
cair de suas mãos
espalha pequenas
pérolas que trouxe
consigo do fundo
do mar.

Assim é a concepção que a Umbanda tem da Rainha do mar, lem-


brando que essa é única imagem genuinamente umbandista onde
devemos à ela boa parte da popularização da orixá.

Isso é tão evidente que encontramos pessoas que sabem que essa
imagem se refere a uma orixá a qual chamamos de Iemanjá, no en-
tanto não fazem a mínima ideia do que é Umbanda.

Os braços de Mãe Iemanjá é tão compassivo e agregador que


aconchega todos os seus filhos e os que nem imaginam o que ela
significa, mas mesmo assim sentem esse axe ao se deparam com a
sua representação.

Sendo assim, tem quem deposite sua fé, voltando-se para imagem
da orixá sem saber da sua história ou origem mas, que sente seu
amparo e a ternura que só uma mãe pode emanar.
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Origem

Várias são as versões sobre o surgimento do quadro de Iemanjá que


originou as imagens que vemos hoje nos templos de Umbanda. A pri-
meira delas, descrita no livro História da Umbanda no Brasil, Vol III, de
Diamantino Fernandes Trindade, é a versão do escritor José Beniste
onde diz que ela foi criada na déc de 50 quando o marido da Dra. Dala
Paes Leme como forma de homenagea-la mandou pintar um quadro
com suas feições.

Na pintura que possui uma semelhança


inegável com as imagens populares da
orixá, a mulher pintada possui traços de
cabocla, estatura média a alta e é mo-
rena. A esse quadro foi atribuído o início
das festividades de Iemanjá no fim do
ano nas praias do Rio de Janeiro.

Diamantino destaca no livro também


uma outra versão, na qual a senhora
Dalas teria tido uma visão dessa figura e
pediu para que um artista (desconhecido)
à pintasse.

Ela mesmo era parte integrante da “Co-


missão de Divulgação da Imagem“. Sim,
existia uma comissão que tinha como ob-
jetivo divulgar a pintura e que organizava
procissões com o quadro por entre os
terreiros da época e que a mesma senho-
ra Dalas que presidia.

A partir dessas iniciativas e em razão


do esforço de diversas entidades em
divulgar a imagem de Iemanjá que várias
outras representações semelhantes foram reproduzidas dentro dos
terreiros e em diversas manifestações populares até se chegar a
amplitude e a forma que vemos hoje.
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No livro de Diamantino também encontra-se um trecho da matéria


do Jornal de Umbanda, n. 78, de abril de 1958 que registrou a pre-
sença do quadro nos terreiros de Niterói:

“No dia 21 de fevereiro


a Tenda Tujupiara fez
levar em bela procissão
à noite, sob as luzes
de milhares de velas,
com enorme acompa-
nhamento o referido
quadro (de Iemanjá)
para o Centro São Se-
bastião, sito à Travessa
Filgueiras, no bairro do
Fonseca e que obedece
à direção material do
irmão Custódio seu
presidente e que tem
como Babá a irmã Maria
de Oliveira. Ofereceram
os componentes deste
conceituado terreiro
uma magnífica mani-
festação à chegada do
quadro e a todos que
acompanhavam a pro-
cissão.”

A pesquisa levantada e tratada no livro leva em consideração peri-


ódicos da época e fatos ocorridos nessa fase da religião. Para quem
deseja se aprofundar e saber mais sobre essa história bem como a
popularização da festa de Iemanjá indicamos o acesso ao livro su-
pracitado e ao curso Teologia de Umbanda que dedica um módulo
a história da religião e suas vertentes.
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Fim de ano chegando e a mesma história


se repete: como será o Ano Novo? Será
que terei mais sorte no amor, mais abun-
dância, mais prosperidade financeira?
Um dos trabalhos assumidos por nós,
nos canais Umbanda, eu curto!, é res-
ponder dúvidas diariamente dos umban-
distas (e dos não umbandistas também)
sobre temas relacionados (ou não relacionados) à Umbanda. Amor,
prosperidade, mediunidade, Orixá de Cabeça, ritualística e muitos
outros temas costumam gerar insegurança em muita gente.
Se na Umbanda o oráculo é vivo, pois todos podem conversar com
os médiuns incorporados por Linhas como Caboclos, Pretos Velhos,
Exus, etc, nada mais justo do que auxiliarmos nossas irmãs e irmãos
também pela internet.
É natural que neste período do ano nos sintamos mais cansados,
tensos, irritados e até decepcionados com situações que ocorre-
ram (ou que deixaram de ocorrer) durante o ano. A vida é para ser
vivida, mas demanda energia, foco, força pessoal constante para
enfrentar todos os desafios e isso, num certo momento, traz conse-
quências. Aí, uma das formas tradicionais de motivação e despren-
dimento da realidade é focar em perspectivas futuras.
Que cor devo usar no Reveillón para ter sucesso em 2017? Que Ori-
xá vai reger o mundo no próximo ano? Que tal ler cartas com uma
médium ou sensitiva, ‘Madame tal’ ou ainda ‘Cigana tal’? Que atire
a primeira pedra quem nunca dedicou alguns minutos na vida com
estas questões!
Citamos estes exemplos não para criticar e sim para elogiar.
Sim, é importante preocupar-se com o futuro.
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É importante planejar o que se quer e como chegar lá. Uma


cor, um gesto, uma palavra de incentivo pode ser determinante
para que você desperte dentro de si uma força adormecida,
uma centelha divina que nem fazia ideia que já estava lá.

Então, que seja um conselho da Cigana, de suas cartas; que seja


uma cor de roupa usada na Virada ou ainda uma simples e sincera
oração ao ‘Orixá do Ano’, não importa. O importante é manter-se ati-
vo, vigilante e pronto para aproveitar a energia do novo, essa grande,
enorme força gerada em todo o mundo a partir da crença de que
com a chegada de um novo ano, tudo será diferente para melhor.

Os ensinamentos diários que a Umbanda nos traz de fé, amor, cari-


dade e respeito ao próximo continuarão sempre valendo, seja você
adepto de cores, cartas ou Orixás ‘da Virada’. Somos todos livres e
Oxalá abençoa todos os que têm bondade e fé no coração.

Que 2017 traga muita luz em nossas mentes e corações para conti-
nuarmos atentos ao futuro, mas vivendo cada vez mais intensamen-
te o presente!

Feliz
Ano
Novo!
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A primeira edição do JUS continha três


páginas impressas em preto e branco, duas pequenas imagens
e uma vontade muito grande de falar sobre Umbanda.

Seu fundador, o sacerdote e diretor do Umbanda


EAD Pai Rodrigo Queiroz tinha 18 anos quando decidiu que
os adeptos da religião precisavam se informar sobre seus
fundamentos e que esse acesso seria facilitado por um
meio de comunicação. Embora singelo e muito tímido
em sua estética, já trazia manchetes incisivas e um
conteúdo reflexivo que se faz pertinente ao debate –
desde a primeira edição – até hoje.
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Atualmente é possível observar uma grande diversidade nos recursos


e tipos de textos que exprimem os fundamentos sobre Umbanda.
A presença da religião nas novas mídias (principalmente nas redes
sociais) é um “fenômeno” cada vez mais recorrente e expressivo nos
ambientes digitais.

Desta forma, vive-se um novo momento para essa realidade, entretan-


to, em 1999 quando o JUS inicia sua história, pouco ainda se encontrava
de material (salvo alguns poucos livros) como via de entendimento dos
ritos e credos da Umbanda – mais precisamente sobre a Umbanda
Sagrada – que como hoje, se confere amplamente subjugada e mis-
tificada pela sociedade em geral.

E foi à essa missão de desconstruir o “não dito”, que Rodrigo Queiroz


(nesse momento ainda sem o “Pai” junto ao nome) se propõe a criar e


somar a religião com a fundação do JUS.

Eu usava uma impressora HP jato


de tinta do meu pai para imprimir
50 exemplares do JUS. Deixava
nas duas únicas lojas de artigos
religiosos da cidade (Bauru - SP)
e quando voltava - depois de um
longo período - nenhum exemplar
tinha saído do lugar e assim
foi por um bom tempo.
Rodrigo Queiroz
Diretor-Fundador do Jornal de Umbanda Sagrada
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Hoje a tiragem do jornal é de 26 mil exemplares, que são distribuídos


por entre os terreiros parceiros do JUS (nesse momento o jornal conta
com mais de 10 parceiros distribuídos pelo país) e alguns acompanham
os produtos da loja online Terra Mystica.

A distribuição é e sempre de aconteceu de forma gratuita e livre


de anúncios, sendo que a sua última edição foi a nº 198 do mês de
Novembro que traz na capa a ilustração do artista Marcelo Moreno
e retrata o momento da anunciação da Umbanda (imagem abaixo).
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Seu diretor responsável e também à quem devemos a graça da


permanência viva e a constante reinvenção do segmento há quase
15 anos é Pai Alexandre Cumino, que desde os primórdios embarcou
junto nessa jornada e acabou por continuar o trabalho iniciado –
como dito – por Pai Rodrigo Queiroz.

A imersão nesse trabalho é tão profundo alguns dos livros de Ale-


xandre Cumino, tal como Umbanda e o Umbandista e Umbanda
Não é Macumba, derivam do jornal sendo eles copilados dos textos
publicados para o meio.

Então leitores, é com muito prazer que anunciamos que o JUS tá de


cara nova! Agora além da versão em PDF foi lançado ontem (01/12)
o SITE jornaldeumbandasagrada.com.br exclusivo do jornal, onde o
leitor pode ter acesso à todas as edições do tabloide e também ao
Blog!

De 1999 para 2016 muita coisa mudou e você precisa saber dessas
novidades!! Axé leitores!! Viva o JUS
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E quando aparecer nos dará uma bronca. Final de ano está chegando
e vamos falar de um assunto muito importante: Como agradar o seu
Orixá para essa virada de ano! Como? Então...

Nas lojas de artigos


religiosos já pode se
ver barquinhos, taças
lindíssimas, champa-
nhes maravilhosos,
além dos tradicionais
kits de Iemanjá. Tudo
isso seria lindo, meus
irmãos, se ela fosse
encarnada. No mar isso
tudo é lixo e não agra-
da NADA mamãe.

“Que isso, irmão! Tá


dizendo que os pre-
sentes que damos são
lixos?! São de coração,
tá!!!”

Sim, meus anjos e isso é maravilhoso. Não estou colocando em cheque


a fé de vocês, mas sim a NOSSA maneira de manifestá-la. Digo isso
porque antes de ter essa consciência eu estava quase colocando
uma fragata na água, tamanho era o barco com quinquilharias dentro.

O Mar, as matas, a Terra é a casa do Orixá, é onde sua vibração


emana. Se sujarmos não estamos agradando à ele, mas destruindo
a biodiversidade que existe naquele ambiente e o faz ser o que é. O
Barquinho que você colocou vai afundar e virar madeira apodrecida
(o que nem é o pior).
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Mas, o pente poderá ser co-


mido pelos animais que lá
vivem, causando a morte
desses.

Além de que tudo de plástico


que você coloca no mar de-
mora MAIS DE 100 ANOS para
se decompor. As garrafas de
vidro serão cacos que um dia
podem machucar você mesmo. Além de roupas, balaios, bonecas....
etc. Não façam isso.

“Ah, irmão! Então como agrado Iemanjá?”

Sendo uma boa pessoa já está ótimo, mas se quiser dar mimos a ela, es-
colha presentes biodegradáveis ou orgânicos de curta decomposição.

O pó de arroz, ao invés de jogar com o saquinho, dissolva no ar. A al-


fazema, ao invés de no frasco, despeje na água. Rosas, palmas e afins
está liberado! Isso muito agrada mamãe e não faz mal ao ambiente.
Só tira os espinhos amores, que os erês sofrem muito pisando neles
quando estão brincando à beira-mar. E os pentes, ESQUECE! Mamãe
é energia, e vamos combinar que seja liso ou Afro o cabelo dela é
babadeiro demais para aqueles pentes de plástico empenados (Sério,
nunca achei um reto hauhaua)

Ah, e o mais importante: TENHA FÉ. Todo tipo de oferenda começa


primeiro na intenção, no mental, que transborda de você para o
físico. Curtam, compartilhem e comentem se já seguem esse tipo
de oferenda menos agressiva à casa de mamãe e o que você coloca!
Vamos espalhar essa mensagem de fé e conscientização!
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Lendo, pesquisando, trabalhando


com Círculos de Cura para Mulhe-
res e, sobretudo, refletindo muito
venho compartilhar com vocês
algumas ideias sobre o discurso an-
tiquíssimo de que “homem nenhum
merece seu sofrimento, suas lágri-
mas, que você se rebaixe, que você
[mulher] sofra por qualquer coisa.”

O feminismo, o Sagrado Feminino,


os processos de empoderamento,
são ferramentas para auxiliar as
mulheres a desconstruir uma série de ideias machistas, retrógradas
e nocivas que vem sendo difundidas há milênios de submissão e
medo.

Isso me parece importante, porque muitas de nós somos também


machistas e naturalizamos ideias que foram forjadas por nossos
pais, avós, tios e tomamos tais discursos como verdadeiros.

A ideia não é segregar homens e mulheres, tampouco reforçar o


conceito de que homens são inferiores, mas trazer consciência a
fim de proporcionar autoconhecimento, autorreflexão e autoacolhi-
mento.

Toda vez que uma mulher lhe diz: “Homem nenhum merece que
você passe por isso”, ela está reproduzindo uma ideia muito antiga,
de que homens são inferiores, perigosos, desonestos, indignos, ima-
turos e, por tudo isso, não são merecedores da nossa atenção.

Perceba que há um problema duplo nesse discurso: de cunho


ideológico e de cunho prático. Se você é espiritualista, esse
discurso não pode vigorar porque é segregador demais para a
proposta integrativa de vida pregada pelo amor incondicional e pela
ideia de que somos todos um.
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Ora, se somos mesmo todos um, os homens são um só conosco. Se


você é feminista, essa ideia igualmente cai por terra, porque igual-
dade de direitos pressupõe antes que haja igualdade entre os seres
humanos, sejam eles homens ou mulheres.

Portanto, a ideia de que homem nenhum merece, por sua inferiori-


dade, isso ou aquilo, é oposta à ideologia feminista, aproximando-se
nesse caso de uma postura feminista, onde mulheres creem ser o
sexo feminino superior ao masculino.

Qualquer ideia que possa ser defendida,


se irrefletida e não praticada, passa a ser
um problema. Novamente venho refor-
çar a importância da reflexão e da coe-
rência entre o que se fala e o que se faz.
Eu, assim como você, tenho as minhas
incoerências e venho olhando para elas
com o intuito de tomar consciência, para
acolher e cuidar. Estamos todos juntos
no mesmo processo de descoberta.

O feminismo, a sororidade e a espiritualidade feminina apenas como


bandeira hasteada não farão muito diferença hoje e não deixarão
legado para as futuras gerações. Só a prática faz isso.

A mudança de padrão mental, a desconstrução de jargões e ideias


que foram disseminadas pela minha e pela sua linhagem ancestral,
constituída por mulheres que passaram por inúmeras situações de
violência, desprezo, desamparo e castração é necessária.

Aprendemos no Xamanismo que é preciso honrar aqueles que


vieram antes de nós. Como mulheres, daremos atenção especial
àquelas que nos antecederam, mas esteja atenta, porque honrar é
na vida e não na morte.
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A honra que somos orientados a prestar a estes antepassados é


sempre no que eles nos deixaram de bom, nas qualidade e caracte-
rísticas que nos fortalecem para a vida e a saúde e não naquilo que
nos oprime.

Desconstruir ideias
como essa de que
homem nenhum me-
rece isso ou aquilo, é
levar alento para as
próximas gerações
de mulheres, que
merecem enxergar
os parceiros como
bons companheiros
e não como preda-
dores maus. Esse
peso que carrega-
mos, o nosso medo de estar em um relacionamento e ter de passar
por tudo aquilo que passaram nossas mães e avós é nosso.

Seria maravilhoso se pudéssemos olhar para as nossas feridas e dar


a elas um novo significado, para que amanhã nossas filhas, afilhadas,
sobrinhas, não olhem para estas máculas e se sintam também res-
ponsáveis por toda essa dor e continuem projetando em seus com-
panheiros o homem mau que fez sofrer a mãe ou a avó.

Ter amor próprio é importante, estando ou não em um relaciona-


mento, e isso nada tem a ver com os jogos do ego que nos fazem
operar sob a égide de “quem merece o quê” ou “quem é superior e
quem é inferior”.

Essa ideia de que ele ou ela não merecem isso ou aquilo é uma
armadilha que nos coloca em um pedestal e rebaixa quem está do
outro lado.
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Além do que, essa postura acaba impossibilitando um diálogo fran-


co e amigável, em que cada parte possa falar como se sente e o que
sente, sem estar na lógica de um jogo onde alguém ganha e alguém
perde. A ideia de que homens e mulheres são rivais é muito antiga e
talvez tenha nos servido em outras Eras, mas chegou o momento de
ressignificar todos esses processos com uma atitude mais amorosa
dentro dos relacionamentos e, consequentemente, mais integrativa.

Diante de um con-
flito entre homem
e mulher, quando
percebemos que não
estamos em uma
competição, o outro
volta a ser um par-
ceiro e então posso,
em vez de acusa-lo e
dizer que ele não me-
rece o que eu tenho a
oferecer, falar sinceramente sobre como me sinto, para pensarmos
juntos uma solução. Afinal, aquele é o meu parceiro e não meu inimi-
go. Não se trata de um “homem nenhum merece” qualquer…

Falar sobre como nos sentimos não é nos rebaixarmos, embora te-
nhamos aprendido com a mamãe que nós mulheres temos que ser
fortes e não demonstrar fragilidade. A fragilidade faz parte do seu
humano, e se não estamos mais em uma disputa, porque já pode-
mos compreender que os homens não são nossos inimigos, por que
não abrir o coração?

Afinal, amor próprio é escolher o melhor para mim e não me julgar


tão boa a ponto de acreditar que homem nenhum merece o meu
amor ou o meu ódio.
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Escrever sobre a Umbanda não é tarefa para leigos, repórteres ou


curiosos. Estes, por falta de percepção, sensibilidade ou de conhe-
cimento enxergam a Umbanda como um emaranhado confuso de
práticas oriundas das mais diversas religiões.

Jamais pararam para se perguntar por que um culto, por eles mes-
mos tratado como fetichista, pode atrair milhões de pessoas. Diriam
até que seria pelo aspecto etnocultural das mais diversas classes
socioculturais.

Que mistério há por trás desses ritos que consideram confusos e


destituídos de bom senso? Por que tantos a atacam?

É preciso conhecer seus


aspectos fenomênicos,
magísticos, mediúnicos,
ritualísticos, doutrinários e
filosóficos, nas suas causas.
É preciso também que se
tenha um vivencial do dia
a dia de seus Terreiros e
Templos. Raros, raríssimos
são os que têm essa expe-
riência.

Enquanto a Umbanda se
abre em um leque de mil cores, muitos se interessam apenas pela
qual se afinizam, certos de que é a melhor.

Outros pretendem impor um determinado ritual porque é aquele


que lhes trás mais benefícios, principalmente financeiros. Quem
quiser, apenas de longe, saber o que a Senhora das Mil Faces repre-
senta para o povo brasileiro, basta ver o que acontece nas praias na
passagem do ano.
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Lá se encontram ricos, pobres, brancos, negros, amarelos, verme-


lhos, mestiços, todos juntos, acendendo suas velas e ofertando flo-
res a Iemanjá, pedindo que o ano lhes seja propício. Esta manifes-
tação colossal é peculiar, é própria da fé ou da mística umbandista.
Muitos se aproximam da Umbanda, pois pressentem sua força, sua
magia, seu poder de transformação.

A Umbanda aceita e respeita as necessidades de cada grupo naqui-


lo que os faz sentirem-se unidos ao Sagrado.

Por isso Ela parece tão variada em suas manifestações, pois cada
unidade-terreiro exprime com fidelidade as necessidades daque-
les que ali acorrem. Para muitos, esta maleabilidade é confundida
como uma mistura desconexa, mas na verdade apenas traduz,
em seus aspectos mais profundos, um motivo: atingir a síntese do
conhecimento humano, lembrar a todos que como Caboclo, Preto
Velho e Criança.

Também somos espíritos eternos e imortais e que cada existência


nos serve de aprendizado e aperfeiçoamento para vidas futuras,
caminhando rumo à nossa realidade espiritual. Esta é a Umbanda
de Todos Nós. Por isso repito: escrever sobre a Umbanda não é
tarefa para leigos, repórteres ou curiosos. O que nós umbandistas
oferecemos para que os leigos e os nossos detratores nos ataquem
diretamente ou à socapa?
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Dentre outras coisas, oferecemos nossa vaidade explícita de diver-


sas maneiras: com roupas extravagantes, com dezenas de guias
no pescoço, por exemplo. Muitos cantam aos quatro ventos que
seguem os ensinamentos de Zélio de Moraes e o Caboclo das Sete
Encruzilhadas. Para estes ficam as perguntas:

– Por que usar roupas extravagantes se eles diziam que a roupa de-
via ser branca?

– Por que tantas guias se


eles diziam que uma úni-
ca guia era suficiente?

Então, o que vemos é


um discurso diferente
da prática para alimentar
a vaidade, câncer que
corrói a maior parte da
humanidade.

A ânsia pelo poder tem-


poral dentro dos Terreiros
e organizações umban-
distas mostra que a maio-
ria ainda não conseguiu aplacar dentro do peito o egoísmo.

As futricas e a maldade são alguns dos pratos do dia nos Terreiros,


onde deveríamos estar apenas para praticar a caridade e evoluir
espiritualmente.

Oferecemos farta munição para os nossos detratores e depois nos


queixamos dos ataques. Não seria hora de rever nossos conceitos e
ações para que a Senhora das Mil Faces possa continuar a nos pro-
digalizar com seu manto de amor caridade?
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