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Desenvolvimento do trabalho
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Suécia: o empregador deverá considerar na planificação do trabalho que
as aptidões dos seres humanos são diferentes, devendo o trabalho adaptar-se a estas
diferentes aptidões físicas e mentais dos trabalhadores.
Espanha: as tarefas devem ser passadas aos trabalhadores de acordo com
as suas capacidades profissionais, devendo o empresário prever possíveis distrações
ou imprudências não temerárias que podem ser praticadas pelo trabalhador.
Esse direito passou a existir e a ser levado em conta nos últimos tempos,
quando se percebeu que a participação ativa dos destinatários diretos da tutela jurídica
(trabalhadores e seus representantes) era imprescindível para uma melhor e mais
efetiva proteção legal, em termos de saúde do trabalhador.
A legislação dos diversos países assim refletiu a tendência:
Estados Unidos: o empregador deve se utilizar de formas de advertência
necessárias para dar ao trabalhador o conhecimento dos riscos a que está exposto, os
sintomas correspondentes e o tratamento de urgência apropriado.
Itália: o empregador tem a obrigação de elaborar o mapeamento do
estabelecimento, informando substâncias presentes no ciclo da produção,
características toxicológicas e efeitos sobre o ser humano. A Lei n. 300 permitiu que o
trabalhador, através de suas representações, tenha o direito de controlar a aplicação
das normas para a prevenção de acidentes do trabalho e das doenças profissionais.
Noruega: foi criado o cargo de Delegado de Segurança, com formação
propiciada pelo empregador, tendo poder para interromper o trabalho, quando julgar
que há perigo imediato para a vida e a saúde dos trabalhadores.
Tais normas, no sentido de se dar a informação aos trabalhadores sobre
os riscos a que estão expostos, além de serem eles consultados sobre normas de
segurança e saúde, também existem na Holanda, Turquia, Portugal, Venezuela,
Paraguai e Suíça.
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Canadá: em 1979, foi publicada lei sobre higiene e segurança do
trabalho, onde constou: “A presente lei tem por objetivo eliminar na raiz os problemas
que ameacem a saúde, a segurança e integridade física dos trabalhadores”.
Holanda: em 1980, foi estabelecido que os perigos para a segurança ou
saúde dos trabalhadores deverão, na medida do possível, com caráter prioritário,
prevenir-se na origem ou limitar-se, o quanto seja possível.
Paraguai: o código do trabalho do Paraguai, de 1993, estabelece que o
empregador deverá avaliar, evitar e combater os riscos na sua própria origem.
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§ 2º: O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das
empresas e da sociedade.
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finalmente, medidas que reduzam os níveis ou a concentração de tais agentes no
ambiente de trabalho.
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8) ACIDENTES DE TRABALHO E SITUAÇÕES
EQUIPARÁVEIS
Falar na guerra civil silenciosa existente no país – número de
excluídos do mundo do trabalho por mês e por dia.
Na segunda tabela, verifica-se que a despeito de ter havido aumento
no número de trabalhadores formais, o total de acidentes diminuiu muito – sub-
notificação (empresas passam a não mais emitir a CAT). Além do mais, muitas
doenças, originadas do trabalho são diagnosticadas e tratadas como doenças
comuns.
O número de doenças ocupacionais disparou, uma vez que hoje o
trabalho é mais denso e tenso, sendo que o número de micro-decisões por minuto é
muito superior às do passado.
O número de mortes permaneceu estabilizado, porque a realidade
impera sobre o desejo de esconder os acidentes – não é possível esconder
cadáveres.
A doença grave pede remédio mais forte. A realidade social
demonstrada pelos gráficos analisados, pede leis mais severas.
Antes de passar à análise do acidente do trabalho e conseqüências
legais, devemos analisar as agressões a que se sujeita o trabalhador, no exercício de
suas atribuições e que, potencialmente, podem gerar danos à sua saúde e/ou
integridade física e mental.
As principais obrigações do contrato de trabalho são, de um lado, a
entrega da força de trabalho, por parte do trabalhador, e, de outro, o pagamento do
salário, por parte do empregador, sendo certo que entre o fornecimento da mão-de-
obra e o pagamento do salário está a pessoa física do trabalhador, não sendo
possível separar a força de trabalho da pessoa do trabalhador. E esse trabalhador
deve sair íntegro do ambiente de trabalho, devendo o empregador cuidar para que
seja-lhe assegurada a saúde física, mental e social.
Faremos a análise dos principais agentes agressivos, que podem gerar
danos à saúde do trabalhador:
1 – HORAS EXTRAS
O corpo humano tem necessidade do descanso para recompor o
equilíbrio físico, em decorrência das calorias consumidas na execução do trabalho.
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O cansaço é uma das notas que demonstram a necessidade de descanso para a
referida recomposição, sendo certo que a continuidade da prestação do trabalho
implicará em fadiga crescente, sinalizando para a interrupção do trabalho, como
mecanismo de conservação da vida.
Um processo prolongado de fadiga induz à instalação da fadiga
crônica, que não cede nem mesmo como repouso diário, o que compromete o
sistema imunológico, deixando o indivíduo mais vulnerável a doenças, além de
produzir insatisfação com o trabalho, baixa produtividade, aumento no número de
acidente de trabalho e absenteísmo.
A fadiga física e a fadiga mental estão muito próximas, sendo certo
que empregado sujeito a carga pesada de trabalho diário, com longo tempo
consumido no trajeto residência-trabalho e vise versa, com pouco espaço para
descanso e lazer, acabam por gerar quadro de insatisfação recorrente, perda da
auto-estima, apatia, depressão, levando ao aparecimento de doenças.
Há uma tendência universal de redução da jornada de trabalho, sendo
certo que não adianta limitar a jornada de trabalho, sem controlar, com rigor, o
trabalho extraordinário, sendo certo que a só oneração do custo do trabalho
extraordinário, acrescido de 50% ou mais, não tem sido suficiente para evitar a sua
prática.
Os malefícios que a ciência vislumbra hoje no trabalho extraordinário
foi enunciado doutrinariamente pela encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII,
que conclamou os povos no sentido de Justiça social, censurando os abusos dos
empregadores, nos seguintes termos: “Não é justo nem humano exigir do homem
tanto trabalho a ponto de fazer pelo excesso de fadiga embrutecer o espírito e
enfraquecer o corpo. A atividade do homem, restrita como a sua natureza, tem
limites que se não podem ultrapassar. O exercício e o uso aperfeiçoam-na, mas é
preciso que de quando em quando se suspenda para dar lugar ao repouso. Não
deve, portanto, o trabalho, prolongar-se por mais tempo do que as forças
permitem. Assim, o número de horas de trabalho diário não deve exceder a força
dos trabalhadores, e a quantidade de repouso deve ser proporcionada à qualidade
do trabalho, às circunstâncias do tempo e do lugar, à compleição e saúde dos
operários.”
Nas atividades perigosas e insalubres, deveria haver a redução da
jornada, com vedação do trabalho em regime extraordinário. Na verdade, o art.
60/CLT permite o trabalho extraordinário, desde que antecedidos de licença prévia
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do Ministério do Trabalho. Não é o que se verifica na prática, em que o trabalho
extraordinário é efetuado normalmente sem o atendimento a esse requisito, sendo o
comportamento respaldado pelo c. TST, nos termos do enunciado 349, que valida
acordo de compensação de jornada em atividade insalubre, mesmo sem prévia
inspeção da autoridade competente em matéria de higiene do trabalho.
A primeira convenção da OIT, de 1919, não ratificada pelo Brasil,
previu jornada máxima de 8 horas, sendo a prorrogação admissível apenas em
casos de acidente ou grave perigo de acidente, ou de trabalhos urgentes ou em caso
de força maior, mas apenas no período necessário para evitar uma grave
perturbação no funcionamento da empresa.
A prática de horas extras continua sendo normal, mas tem sido
considerado fator que caracteriza a culpa patronal pelo advento de doenças
profissionais ou do trabalho.
Para harmonizar a legislação infra-constitucional com os arts. 7o e 170
da CF e demais princípios que regem o direito do trabalho, as horas extras só
poderiam ser admitidas nas hipóteses previstas na primeira convenção da OIT.
Mas, ao contrário, a MP 1952-31, com acentuado teor flexibilizante,
instituiu o chamado banco de horas, desde que previsto em acordo ou convenção
coletiva, podendo a compensação de horas ocorrer no espaço de um ano.
Houve priorização da atividade econômica, em detrimento da
valorização do trabalho.
2 – TRABALHO NOTURNO E EM TURNOS
A adaptação dos seres vivos aos ritmos da natureza, com períodos
alternados de atividade e inatividade, obedece a ciclos perfeitamente delimitados,
reservando-se o dia para a atividade e a noite para o período do descanso-sono.
A inversão deste padrão causa fadiga e malefícios para a saúde do
trabalhador, que, muitas vezes não consegue se alimentar bem no horário noturno e
muitas vezes não consegue dormir o necessário (quantidade e qualidade) durante o
dia, em função da claridade e barulho. Os trabalhadores reclamam que o sono do
dia não sustenta, isso porque não são cumpridos todos os ciclos do sono, não sendo
completadas ou sequer atingidas as duas últimas etapas – sono profundo, quando
há o descanso físico, com reconstituição da fadiga muscular e sono paradoxal, que
é onde ocorre o sonho, com reparação da fadiga mental.
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O acúmulo diário da insuficiência de sono provocam sintomas
crescentes de fadiga psíquica e o conseqüente aparecimento de doenças.
Também a vida familiar, afetiva e social do trabalhador fica
comprometida em função do trabalho noturno. Há relatos de trabalhadores, no
sentido de que o contato com a família e o cônjuge, nos cruzamentos dos horários
de fusos confusos caracterizam-se mais pelo atrito e menos pelo afeto, sendo
comuns as desagregações familiares.
A nova lista das doenças ocupacionais do INSS, relacionada no anexo
II do Decreto 3048/99 indica os transtornos e os distúrbios do ciclo vigília-sono
devido à má adaptação do horário daquele que trabalham em turnos ou à noite.
Algumas medidas são sugeridas pelos especialistas na área de saúde
ocupacional, para minimizar os danos causados pelo trabalho noturno:
- redução da jornada e duração semanal do trabalho noturno (uma
jornada de 6 horas noturnas equivale a uma jornada de 8 horas
durante o dia);
- no caso de turnos de revezamento deve ser seguida a rotação
horária – manhã – tarde e noite.
- Depois do período de trabalho à noite, deve ser concedida uma
folga de 48 horas, cujo objetivo é a recuperação qualitativa e
quantitativa do sono, com preservação do fim de semana livre, para
a integração social.
E a legislação, o que prevê?
Foi criado adicional de 20% e 25% para a hora noturna, trabalhador
urbano e rural, respectivamente, além de estabelecer previsão da hora ficticiamente
reduzida de 52 min e 30 seg.. Para o trabalhador que cumpre turnos de
revezamento foi prevista jornada de 6 horas, sendo certo que para se furtar ao
cumprimento do turno reduzido, os empregadores têm fixado o trabalhador em um
único turno, sendo certo que os especialistas têm indicado que o revezamentos
mais freqüentes são menos danosos que um longo período de trabalho noturno.
Outra previsão importante seria a proibição de horas extras em
trabalho noturno, salvo nas estritas hipóteses de força maior e conclusão de
serviços inadiáveis, com folga compensatória.
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Deve ser afastada a política de pagamentos de adicionais para
compensar as agressões do trabalho em turno de revezamento, como tem ocorrido
em alguns acordos coletivos, em que é previsto o pagamento de adicional de turno,
em troca da manutenção da jornada de 8 horas.
3 - TRABALHO INSALUBRE
Nos termos do art. 189/CLT “serão consideradas atividades ou
operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de
trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites
de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo
de exposição aos seus efeitos.”
Cabe ao Ministério do Trabalho aprovar o quadro de atividades ou
operações insalubres, nos termos do art. 190/CLT, sendo que não basta a conclusão
do laudo pericial indicar a presença de agente nocivo à saúde, sendo necessário que
a atividade esteja relacionada como tal pelo Ministério do Trabalho.
Há três blocos diferenciados de agentes insalubres:
- agentes físicos (ruído, calor, radiações, frio, vibrações e umidade);
- agentes químicos (poeiras, gases e vapores, névoas e fumos);
- agentes biológicos (microorganismos, vírus e bactérias).
O conceito adotado pelo Ministério do Trabalho acerca da saúde é
ultrapassado, pois só levou em conta a dimensão física do conceito de saúde.
Os agentes insalubres foram caracterizados em 3 graus, quais sejam:
mínimo – adicional de 10%, médio – adicional de 20% e máximo – adicional de
40%, sobre o salário mínimo.
O que mais preocupa em termos de insalubridade é que a monetização
do risco, ou seja, pagamento de adicional de insalubridade acabou por consistir em
autorização para expor o trabalhador a risco, sendo mais barato pagar o adicional
do que investir para tornar o ambiente de trabalho saudável.
Entretanto, a exposição dos trabalhadores a risco por insalubridade,
sendo que tais agentes atuam lentamente, pode gerar o aparecimento de doenças
ocupacionais, com oneração do empregador em elevadas indenizações por
responsabilidade civil.
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4 – TRABALHO PERICULOSO
O agente periculoso atua instantaneamente, com efeitos danosos
imediatos, sendo certo que o trabalho em ambientes perigosos aumenta o desgaste
pela constante vigilância, além da possibilidade concreta da ocorrência de
acidentes.
Foram considerados periculosos os trabalhos em contato permanente
com inflamáveis, exploxivos, bem como para aqueles que trabalham com o risco
de energia elétrica, e, finalmente, para os trabalhadores expostos a radiações
ionizantes ou substâncias radioativas.
Não há definição legal para o trabalho periculoso, sendo assim
consideradas aquelas atividades assim previstas pela legislação.
O trabalho em ambiente periculoso gera direito ao pagamento de 30%
do salário do trabalhador, o que deveria ser substituído pela redução da jornada.
Ex.: Falar no trabalho na construção civil, em andaimes altos.
Também aqui, caso ocorra o acidente do trabalho, haverá
conseqüências danosas para o empregador, com pagamento de indenizações
decorrentes da responsabilidade civil.
5 – TRABALHO PENOSO
Não há uma definição do que seja o trabalho penoso, sendo certo que,
neste caso, o agente agressivo é o próprio trabalho, que, a despeito de não provocar
diretamente doenças, provocam desgastes e até envelhecimento precoce, em razão
da natureza do serviço, da forma de execução, do esforço requerido, da intensidade
das tarefas, do caráter repugnante, incômodo ou desagradável.
O pagamento do adicional de penosidade, previsto na CF, está
dependendo da edição de lei prevendo o que seja o trabalho penoso.
A legislação previdenciária prevê algumas atividades como sendo
penosas, para fins de aposentadoria com tempo especial. São elas: trabalho
permanente em subsolo em operações de corte, furação, desmonte e carregamentos
nas frentes de trabalho (15 anos) ou afastado destas frentes (20 anos); professores –
25 anos; motorneiros e condutores de bonde, motoristas e cobradores de ônibus,
motoristas e ajudantes de caminhão 925 anos); telefonista ( 25 anos).
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Também neste caso, o melhor caminho não é a instituição de
adicionais, mas sim a redução de jornada e concessão de repousos prolongados,
para garantir a recuperação do indivíduo.
5 – AGRESSÕES PSÍQUICAS
As mudanças experimentadas pela atividade econômica, imperando
um ambiente competitivo, refletiram na saúde mental do trabalhador, acarretando
ansiedade, irritação, angústia, frustração, depressão, dentre outros, que podem
evoluir para inúmeras doenças psicossomáticas. Além do mais a violência no
ambiente de trabalho aumentou muito, afetando especialmente as mulheres.
Na União Européia foi realizada pesquisa em 1996, em que ficou
constatado que 4% dos trabalhadores tinham sido vítimas de violência no trabalho
no ano anterior, 3% de assédio sexual e 8% haviam sofrido algum tipo de
intimidação ou coação.
A exigência de atividade cerebral dos empregados está trazendo uma
diminuição da fadiga física, mas trazendo outro tipo de fadiga, que é a mental, cuja
recuperação é muito mais lenta e complexa.
Nessa medida, tem-se o estresse como um dos mais graves problemas
de saúde do século XX, cujo custo de recuperação é muito superior ao da sua
prevenção.
O estresse decorre tanto pela sub-utilização, quando o trabalhador,
que é dotado de certa estrutura psíquica vive poucas exigências psíquicas -
estresse da monotonia, quanto pela sobrecarga, que se dá quando o grau de
exigência estiver acima das potencialidade físicas ou mentais do trabalhador.
No texto constitucional, a proteção à saúde mental é apenas implícito,
enquanto que a legislação ordinária prevê expressamente o direito à saúde mental,
como se vê do parágrafo 3o. da Lei 8.080/90, que é a lei orgânica da saúde, onde se
vê: “Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto no artigo
anterior, se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-
estar físico, mental e social”.
Também a CCT 155 da OIT, ratificada pelo Brasil, previu, dentro do
conceito de saúde, os elementos físicos e mentais que afetam a saúde e estão
diretamente relacionados com a segurança e a higiene no trabalho.
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A NR 17, da Portaria 3214/78, estabeleceu parâmetros para permitir a
adaptação das condições de trabalho às “características psicofisiológicas dos
trabalhadores”.
Finalmente, consta da nova lista das doenças ocupacionais do INSS,
relacionada no anexo II do Decreto 3048/99, o grupo dos “Transtornos mentais e
do comportamento relacionados com o trabalho (Grupo V do Cid-10)”. São
relacionadas como causas de tais doenças, dentre outros, problemas relacionados
com o emprego e desemprego, condições difíceis de trabalho, ritmo de trabalho
penoso, reação após acidente grave ou assalto no trabalho, discussões entre patrão
e colega de trabalho, circunstâncias atinentes às condições do trabalho,
organização do horário de trabalho, assédio sexual, violência no trabalho, dentre
outros.
Também aqui é mais inteligente e proveitoso investir em programas
de prevenção, de higiene mental, de qualidade de vida no trabalho, do que arcar
com os problemas profissionais decorrentes, inclusive com ações judiciais,
postulando indenizações por danos civis e morais.
ACIDENTE DO TRABALHO
8.1. Lei 8.213 de 25 de junho de 1991, que foi promulgada no bojo
do Plano de Benefícios da Previdência Social, de acordo com as diretrizes da
Constituição Federal. É a sexta lei de acidentes do trabalho no Brasil.
Art. 19: Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do
trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados
referidos no inciso VII do artigo 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional que cause morte ou a perda ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho.
Art. 20: Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo
anterior, as seguintes entidades mórbidas:
Vê-se aqui o acidente do trabalho por equiparação – A lei pode fazer
isso. As doenças ocupacionais se subdividem em doenças profissionais e do
trabalho.
I: doença profissional, assim entendida a produzida ou
desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e
constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério da Previdência Social;
ex: a silicose do mineiro
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II: doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou
desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e
com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I;
(forma de prestação do trabalho – ex. ler, dort, etc).
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b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de
disputa relacionada com o trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou
de companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou
decorrentes de força maior;
III- a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no
exercício de sua atividade;
IV- o acidente sofrido pelo segurado, ainda que fora do local e horário
de trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade
da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe
evitar prejuízo ou proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando
financiado por esta dentro de seus planos para melhor capacitação de mão-de-obra,
independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de
propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para
aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade
do segurado. (pequenas paradas não impedem a caracterização do acidente do
trabalho, como por exemplo uma entrada em uma padaria ou farmácia).
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião
da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local de trabalho ou durante
este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.
§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do
trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se
superponha às conseqüências do anterior.
Art. 22. A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à
Previdência Social até o 1º (primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e, em
caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável
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entre o limite mínimo e o limite máximo do salário-de-contribuição,
sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência
Social.
§ 1º Da comunicação a que se refere esse artigo receberão cópia fiel o
acidentado ou seus dependentes, bem como o sindicato a que corresponda a sua
categoria.
§ 2º Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-
la o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o
médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes
casos o prazo previsto neste artigo. (Não é fácil emitir a CAT, que é um formulário
de preenchimento bastante complexo, com inúmeros campos, com dados da
empresa, a que, muitas vezes o trabalhador não tem acesso.)
§ 3º A comunicação a que se refere o § 2º não exime a empresa de
responsabilidade pela falta de cumprimento do disposto neste artigo.
§ 4º Os sindicatos e entidades representativas de classe poderão
acompanhar a cobrança, pela Previdência Social, das multas previstas neste artigo.
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. indicar, quando necessário, o afastamento do trabalhador da
exposição ao risco, ou do trabalho;
. encaminhar o trabalhador à Previdência Social para estabelecimento
de nexo causal, avaliação de incapacidade e definição da conduta
previdenciária em relação ao trabalho.”
1 PEREIRA, Caio Mário da Silva, Instituições de direito civil. Rio de Janeiro, Forense, 1.982, vol. I,
págs. 566/572.
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obrigacional (extracontratual ou aquiliana), sendo desta culpa que se fala, em se
tratando de ato ilícito.
A idéia de culpa vem sofrendo ampliações, para englobar a
responsabilidade por ato de terceiros, como ocorre, por exemplo, com os pais em
relação a atos dos filhos menores, com o patrão pelos atos de seus prepostos e
empregados, dentre outros. Nesta hipótese, o conceito de culpa é elastecido, para
abranger a culpa in eligendo, que se refere à má-escolha que uma pessoa faz de
prepostos para atuarem em seu nome, bem como a culpa in vigilando, que é o
dever que uma pessoa ou empresa tem de fiscalizar a execução de determinada
atividade, com observância das prescrições legais aplicáveis.
Nessa hipótese de responsabilização por ato de outrem, o ato
ilícito é praticado por terceiros, gerando conseqüências jurídicas na esfera do
contratante, sendo o fundamento da responsabilidade a culpa aquiliana, nas
modalidades de culpa in eligendo ou in vigilando, ou de ambas.
“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei,
ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor
do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem.”
O novo código civil manteve a responsabilidade civil
assentada na idéia de culpa, sendo certo que inovou ao prever a responsabilidade
sem culpa, nas hipóteses legalmente especificadas, ou então quando a natureza da
atividade habitual implicar em risco para direitos de outrem.
Exemplo de responsabilidade objetiva é aquela prevista no
parágrafo 6o. do art. 37 da Carta Magna, quando tratou da responsabilidade das
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pessoas jurídicas de direito público ou de direito privado prestadoras de serviços
públicos pelos danos causados por seus agentes, nessa condição, a terceiros.
.CULPA:
. Formas de exteriorização: negligência, imperícia e imprudência
. Graus de culpa: grave -> grosseira falta de cautela
leve -> falta de diligência média
levíssima -> falta de quem age com extrema
diligência
. Fatos praticados por terceiro: -> Culpa in eligendo, in vigilando, in
omittendo ou in custodiando.
. Ônus da prova: por se tratar de culpa subjetiva, cabe ao autor da
ação, isto é, ao que postula indenização.
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PRESSUPOSTOS DA INDENIZAÇÃO
1 + 2 = RESPONSABILIDADE OBJETIVA
1 + 2 + 3 = RESPONSABILIDADE SUBJETIVA
HIPÓTESES INDENIZAÇÃO
1.Culpa patronal – grave, Cabe indenização total do prejuízo
leve ou levíssima
2. Culpa exclusiva da vítima
Não cabe indenização alguma: "Art. 936. O dono, ou
detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado,
se não provar culpa da vítima ou força maior".
3. Culpa concorrente no novo
Art. 945: “Se a vítima tiver concorrido culposamente
Código Civil para o evento danoso, a sua indenização será fixada,
tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto
com a do autor do dano”.
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Danos Estéticos . Mudança morfológica que cause afeiamento.
1 – O empregador
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5 - Código de defesa do consumidor: Art. 28. O juiz poderá
desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do
consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato
ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será
efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou
inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
§ 5º. Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que
sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados aos consumidores".
6. Enunciado 331/TST - Responsabilidade subsidiária na
terceirização.
A responsabilidade patronal pela indenização dos danos
decorrentes do acidente do trabalho é estabelecida em função do dolo ou culpa
patronais, nos termos do que dispõe o inciso XXVIII do art. 7o. da Constituição
Federal. O empregador responde também por ato de seus prepostos ou
empregados, nos termos do inciso III do art. 932 do CCB, que praticamente
reproduziu o inciso III do art. 1.521 do CCB de 1.916.
Estabelecida a culpa lato sensu da empresa terceira, o dano
causado e o nexo de causalidade entre ambos, responderá a empregadora pela
indenização devida em decorrência do acidente de trabalho, envolvendo danos
morais, materiais e estéticos, cabendo ao tomador de serviços a responsabilidade
subsidiária, em caso de inadimplemento da obrigação pela empresa contratada.
Após profunda análise dos efeitos perversos que a
terceirização de serviços pode acarretar, em face da fragilização das empresas,
concorrência desleal, margens de lucro reduzidas, com sacrifício, em nome da
sobrevivência, de despesas necessárias para a garantia da segurança, higiene e
saúde dos trabalhadores, o emérito professor e magistrado Sebastião Geraldo de
Oliveira2 assim se manifestou sobre o tema:“Se é indiscutível o fenômeno atual da
terceirização, é também certo que essa prática empresarial não pode servir de
desvio improvisado ou artifício engenhoso para reduzir ou suprimir direitos dos
trabalhadores, sobretudo daqueles que foram vítimas de acidente do trabalho ou
doenças ocupacionais.
O art. 1.518, do Código Civil, estabelece a solidariedade na
reparação dos danos dos autores e cúmplices pela ofensa ou violação do direito
2 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de, Proteção jurídica à saúde do trabalhador – 3a. ed. – São
Paulo : LTr, 2.001, págs. 261/266.
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de outrem, valendo tal preceito para o acidente ocorrido por culpa ou dolo do
empregador, fundamento esse sempre invocado nos julgamentos para estender a
solidariedade passiva ao tomador dos serviços. No caso da solidariedade, o
credor tem direito de exigir e receber de um ou alguns dos devedores, parcial ou
totalmente, a dívida comum, preferindo, naturalmente, cobrar daquele que estiver
em melhores condições financeiras.”
Verifica-se que no caso de o dolo ou culpa, em sentido
estrito, ser imputável ao tomador de serviços, haverá a responsabilidade solidária,
nos termos do art. 1.518 do CCB de 1916, que foi praticamente reproduzido, com
ligeira modificação, pelo art. 942 do atual CCB.
Processo: 00257-2006-038-03-00-1 RO
Data de Publicação: 22/09/2006
Órgão Julgador: Primeira Turma
Juiz Relator: Desembargador Marcio Flavio Salem Vidigal
Juiz Revisor: Desembargador Manuel Candido Rodrigues
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EMENTA: ACIDENTE DO TRABALHO. TRAJETO. EQUIPARAÇÃO
PARA FINS PREVIDENCIÁRIOS. LIMITES. RESPONSABILIDADE
CIVIL DO EMPREGADOR. IMPROCEDÊNCIA. Ainda que a lei
previdenciária estenda o benefício securitário
àquele trabalhador que se acidenta no trajeto para o
trabalho ou quando no gozo de intervalo
intrajornada, a equiparação há de ser lida com
restrição, apenas e tão-somente perante o INSS -
"equiparam-se também ao acidente do trabalho, para
efeitos desta lei" (art. 21, da Lei 8.213/91,
com destaque acrescido). Em sede de responsabilidade
civil reparatória, o exame é feito à luz dos art.
186 e 927, do CCB, dispositivos legais que
regem a espécie; assim, o empregador jamais
responderá por infortúnios para os quais não
concorreu, com dolo ou culpa ou por ofertar ambiente
laboral "naturalmente" de risco. O sinistro que
apanha o empregado no percurso ou no momento de sua
pausa para refeição e descanso, fora do local de
trabalho e longe batuta empresarial, não gera
qualquer obrigação de reparação para o
empregador.
Processo: 00309-2006-072-03-00-0 RO
Data de Publicação: 10/02/2007
Órgão Julgador: Oitava Turma
Juiz Relator: Juiz Convocado Paulo Mauricio R. Pires
Juiz Revisor: Desembargador Marcio Ribeiro do Valle
Processo: 00356-2006-081-03-00-5 RO
Data de Publicação: 16/09/2006
Órgão Julgador: Oitava Turma
Juiz Relator: Desembargadora Denise Alves Horta
Juiz Revisor: Juiza Convocada Olivia Figueiredo Pinto Coelho
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EMENTA: ACIDENTE DO TRABALHO NO PERCURSO PARA O
TRABALHO EM CONDUÇÃO FORNECIDA PELO EMPREGADOR.
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. Ainda que o acidente
tenha ocorrido no percurso para o trabalho (art. 21,
IV, letra "d", da lei 8.213/91), o foi em condução
fornecida pelo empregador que, portanto, assumiu os
riscos relativos à segurança e à manutenção da
incolumidade física de todos os passageiros
transportados. Assim, tendo o acidente ocorrido por
imperícia do motorista e não estando a reclamante
usando cinto de segurança, configura-se a culpa do
empregador que, aliada à comprovação do dano e do
nexo de causalidade,atrai a sua responsabilidade
pela reivindicada reparação por dano moral sofrido
pela laborista.
Processo: 00381-2006-085-03-00-4 RO
Data de Publicação: 28/04/2007
Órgão Julgador: Quinta Turma
Juiz Relator: Des. Lucilde D'Ajuda Lyra de Almeida
Juiz Revisor: Juiz Convocado Emerson Jose Alves Lage
Processo: 00839-2005-094-03-00-5 RO
Data de Publicação: 07/02/2007
Órgão Julgador: Segunda Turma
Juiz Relator: Des. Sebastiao Geraldo de Oliveira
Juiz Revisor: Juiz Convocado Fernando Luiz G.Rios Neto
Processo: 01005-2006-142-03-00-7 RO
Data de Publicação: 04/05/2007
Órgão Julgador: Segunda Turma
Juiz Relator: Des. Sebastiao Geraldo de Oliveira
Juiz Revisor: Dês. Anemar Pereira Amaral
Processo: 01301-2006-047-03-00-1 RO
Data de Publicação: 12/05/2007
Órgão Julgador: Oitava Turma
Juiz Relator: Juiz Convocado Jose Eduardo de R.C.Junior
Juiz Revisor: Juiza Convocada Maria Cecilia Alves Pinto
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EMENTA: ACIDENTE DO TRABALHO. CULPA EXCLUSIVA DO
EMPREGADOR.INDENIZAÇÕES POR DANO MORAL E MATERIAL.
Não há que se falar em culpa concorrente da vítima,
quando evidenciado que, no dia do sinistro, a
empresa descuidou-se da observância das medidas de
segurança necessárias, de forma a evitar o acidente
sofrido pelo laborista e que resultou na sua morte.
Não se pode exigir atenção permanente e especial
do empregado, mormente em se considerando que a
escada, onde estavam sendo feitos reparos, era
travessia habitual dos empregados, porquanto se
tratava de único acesso ao local de trabalho. Logo,
a retirada do degrau para manutenção daquele
equipamento não era fator que pudesse ser previsto
pelo trabalhador, exigindo, sim, cuidado mais
acentuado da empresa para a realização do
procedimento.
33