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Fluxo de Carga em Redes Ca
Fluxo de Carga em Redes Ca
4.1 INTRODUÇÃO
51
52 4. FLUXO DE CARGA EM REDES CA
Considere que uma corrente I k seja injetada na barra k devido à presença de uma fonte
de potência nessa barra. A Figura 4.1 ilustra esse fato. Para essa situação, a potência que
é injetada se distribui pelas interligações km e k j conectadas à barra para que ocorra o
equilíbrio de potência, e, conseqüentemente atenda à lei de Kirchhoff de corrente nessa
barra.
NB
Ik = ∑ Y kmV m (4.1)
m=1
onde m no somatório somente deve ser computado, caso exista uma barra m que tenha
ligação com a barra k . Caso cotrário, a admitância Y km = 0.
4.2. DETERMINAÇÃO DAS EQUAÇÕES DO FLUXO DE CARGA 53
A equação (4.1) pode ser colocada em uma outra forma, a qual é mais adequada
para ser utilizada no cálculo da potência injetada na barra. Ou seja:
NB
Ik = ∑ (Gkm + jBkm)Vm∠θm (4.2)
m=1
onde Y km foi desmembrado nas suas respectivas componentes real e imaginária e a tensão
de barra foi colocada na sua forma complexa polar Vm ∠θm .
A injeção de potência na barra k é:
NB
∑ (Gkm − jBkm )Vm∠ − θm,
∗
Sk = V k I k = V k k = 1, . . . , NB (4.3)
m=1
NB
Sk = Vk ∑ (Gkm − jBkm )Vm∠(θk − θm ), k = 1, . . . , NB (4.4)
m=1
resultando em
NB NB
Sk = Vk ∑ Vm [Gkm cosθkm + Bkmsenθkm ] + jVk ∑ Vm [Gkm senθkm − Bkmcosθkm ] (4.5)
m=1 m=1
NB
Pk = Vk ∑ Vm [Gkmcosθkm + Bkm senθkm] (4.6)
m=1
NB
Qk = Vk ∑ Vm [Gkmsenθkm − Bkm cosθkm] (4.7)
m=1
As injeções de potência em uma barra k podem ser explicadas pela introdução de duas
variáveis Pk e Qk , que dependem das tensões das barra k e daquelas as quais essa barra
apresenta conexão. Em uma barra k pode haver tanto geração, quanto carga. Então, a
composição das potências pode ser interpretada como contribuições desses dois tipos de
injeção de potência. Para o caso de geração, a potência é convencionada como positiva.
Ao contrário, para a carga, que é um elemento que sempre absorve potência ativa, a
injeção é considerada negativa. Assim, na situação de uma barra que apresenta geração e
carga, a potência injetada na barra k é Pk = PGk − PCk , onde PGk é a potência ativa gerada e
PCk é a potência ativa absorvida pela carga. Por exemplo, se em uma barra dessa natureza
há geração de 50 MW e uma carga de 30 MW, a potência injetada na barra é +20 MW. O
mesmo raciocínio é aplicado ao caso da potência reativa. Ou seja, Qk = QGk − QCk , onde
QGk é a potência reativa gerada e QCk é a potência reativa absorvida pela carga (no caso
da carga ser capacitiva, ela fornece potência reativa para a barra e neste caso QCk < 0).
As equações básicas para o fluxo de carga são aquelas definidas em (4.6) e (4.7).
Como para cada barra só é possível tirar duas equações e o número de incógnitas
é superior a esse limite, algumas incógnitas na barra são fixadas, deixando evidente a
necessidade de caracterizar cada barra do sistema, conforme será definido mais adiante.
Para análise de um sistema elétrico de potência em regime permanente, são necessários
alguns dados básicos.
BARRA tipo 1 ou de carga ou PQ - são fixadas a potência ativa e reativa da carga. São
calculadas a magnitude da tensão de barra e a fase. Em cada barra de carga são
obtidas duas equações.
Seja o caso em que um sistema elétrico apresente 100 barras, das quais 70 são de
carga. Neste caso, a quantidade de equações necessárias para calcular todas as tensões no
sistema será 2 × 70 + 29 = 169.
Caso em uma mesma barra do sistema houver geração e carga, e a tensão nessa barra
é controlada pelo gerador (magnitude constante), então essa barra é caracterizada como
de geração. Os valores da potência ativa e reativa da carga devem ser convenientemente
agregados aos respectivos valores de potência de geração.
56 4. FLUXO DE CARGA EM REDES CA
EEMPLO 4.5.1
O sistema abaixo de três barras (Figura 4.2) opera em regime permanente. Apre-
sente as equações do problema do fluxo de carga e indique as variáveis que devem ser
calculadas em cada barra, considerando tensões e potências injetadas na barra. Os da-
dos do sistema são fornecidos a seguir. Impedância das interligações: z12 = j0, 1 pu;
z23 = 0, 05 + j0, 10 pu. Dados das cargas - carga 2: 50 MW e 30 MVar indutivo; carga 3:
60 MW e 30 MVar indutivo. Geração ativa fixada na barra 3 em 80 MW, operando com
1,05 pu. A barra 1 é a swing e sua tensão é fixada em 1,0 pu e fase 0o . Considere base
100 MVA de potência.
SOLUÇÃO
1
As admitâncias da interligação são: g12 = j0,1 = − j10 pu e g23 = 0,05+1 j0,1 = 4 −
j8 pu. Não foi indicado nenhuma admitância shunt. Logo é possível montar a matriz
de admitância nodal com apenas as duas admitâncias das duas interligações. Além dos
elementos próprios Y11 , Y22 , e Y33 , a matriz YBUS terá os seguintes elementos não-nulos:
Y12 e Y23 . O cálculo desses elementos ocorre como segue.
4.3. TIPOS DE BARRAS 57
− PC2 = V2V2 (G22 ) +V2V1 (G21 cosθ21 + B21 senθ21 ) +V2V3 (G23 cosθ23 + B23 senθ23 )
(4.8)
− QC2 = V2V2 (−B22 ) +V2V1 (G21 senθ21 − B21 cosθ21 ) +V2V3 (G23 senθ23 − B23 cosθ23 )
(4.9)
Barra 3
PG3 − PC3 = V3V3 (G33 ) +V3V2 (G32 cosθ32 + B32 senθ32 ) (4.10)
Barra 3
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
O mesmo conjunto de equações pode ser colocado em uma forma matricial como:
f (x) = 0 (4.17)
A expressão de f (x) na equação (4.17) pode ser expandida em uma série de Taylor
em torno de um ponto de operação x(0) . Considere nessa aproximação apenas a parte
linear, sendo, portanto, desprezados os termos de ordem superior da série. Assim, a
expressão (4.17) é apresentada como:
∂ f (x)
f (x(0) + ∆x) ≈ f (x(0) ) + | (0) ∆x = 0 (4.18)
∂x x
∂ f (x)
O termo ∂ x |x(0) na equação (4.18), quando f (x) é uma função multivariável, é
uma matriz quadrada n × n denominada matriz Jacobiana.
Calcular as raízes da equação (4.17) consiste em se determinar incrementos ∆x na
equação linear (4.18), em um processo iterativo, cujo ponto de partida é x(0) .
O método de Newton-Raphson possibilita o cálculo das raízes do conjunto de equações,
a partir do ponto x(0) , que é inicialmente estipulado pelo usuário. Caso a função em x(0)
seja nula, o ponto x(0) é o próprio conjunto solução de (4.17). No entanto, tal chute di-
ficilmente acontece dessa forma. O mais provável é que f (x(0) ) seja diferente de zero.
O valor f (x(0) ) é chamado de resíduo (mismatch). Se ele for diferente de zero, pode ser
utilizado para o cálculo futuro do desvio ∆x da raiz em relação ao ponto x(0) , suposto
anteriormente como raiz. Então, uma raíz atualizada é calculada em um novo ponto de
operação, designado como x(1) , a partir do cálculo de x(1) = x(0) + ∆x(0) . Caso nova-
mente o valor absoluto do resíduo f (x(1) ) resulte não-nulo, e uma determinada tolerância
foi alcançada, nova iteração deve ser efetuada. Agora, considerando x(1) como ponto
de operação. Desse modo, um novo ponto de operação x(2) seria buscado através de
x(2) = x(1) + ∆x(1) . O procedimento continua até que uma soluçaõ seja encontrada ou o
método divirja, mediante observação de critéiro de parada do algoritmo, o qual pode ser
monitorado através do valor absoluto do resíduo do maior elemento de f (x), durante a
4.4. O MÉTODO DE NEWTON-RAPHSON 63
Para esse sistema de equações, supõe-se como ponto de partida para o método de
(0) (0)
Newton-Rapson x1 = 1 e x2 = 0. O valor de x2 , para efeito de cálculo, deve ser con-
siderado em radianos. Ou seja o vetor inicial é x(0) = [1 0]T . Os valores das funções no
ponto x(0) são f1 (x(0) ) = 0, 5 e f2 (x(0) ) = 0, 3. Logo, o resíduo f (x(0) ) é diferente de zero.
64 4. FLUXO DE CARGA EM REDES CA
Deve-se buscar uma nova aproximação para a raíz, utilizando a equação (4.18). Para
essa finalidade, é necessário calcular a matriz Jacobiana. Essa matriz para as equações
referentes a f1 (x) e f2 (x) é:
−1
∆x1 10 0 0, 5 −0, 05
=− =
∆x2 0 10 0, 3 −0, 03
(1) (1)
Assim, encontra-se x1 = 1, 0 + (−0, 05) = 0, 95. A outra variável será x2 = 0, 0 +
(−0, 03) = −0, 03. Busca-se então reavaliar a função f (x) nesse novo ponto de operação.
(1) (1)
Verifica-se que nessa nova condição, f1 (x1 ) = 0, 0293 e f2 (x1 ) = 0, 015. Esses dois
valores são diferentes de zero. Desse modo, o processo iterativo deve continuar, porque a
tolerância esperada não foi atingida.
Deve-se calcular a nova Jacobiana, considerando agora o ponto x = [0, 95 − 0, 03]T .
A nova matriz Jacobiana é:
9, 0045 −0, 2850
J=
−0, 3000 9, 4957
−1
∆x1 9, 0045 −0, 2850 0, 0293 −0, 0033
=− =
∆x2 −0, 3000 9, 4957 0, 0150 −0, 0017
4.4. O MÉTODO DE NEWTON-RAPHSON 65
(2)
Assim, os valores atualizados das variáveis são: x1 = 0, 95 + (−0, 033) = 0, 9467
(2)
e x2 = −0, 03 + (−0, 0017) = −0, 0317. Recalculando os valores de f (x) nesses novos
valores, são encontrados: f1 (x) = 1, 21 × 10−4 e f2 (x) = 5, 62 × 10−5 . Observe-se que
esses valores já são inferiores em relação a uma tolerância ε = 10−3 , mesmo considerando-
se o pior resíduo. Por outro lado, efetuando-se nova iteração, será obtido um refinamento
T
que resulta em ∆x = −0, 13 × 10−4 − 0, 064 × 10−5 , que leva a um valor de x com
maior precisão.
Seja novamente o conjunto de equações não-lineares resultante do fluxo de carga no
sistema de três barras abordado antes, considerando o despacho de geração dos geradores
e das cargas.
As funções f (x) associadas ao sistema de três barras são:
Resta agora calcular a matriz Jacobiana associada ao sistema, matriz essa que será
utilizada no processo iterativo.
As derivadas parciais para o sistema são as seguintes:
∂ f1 (x)
∂ V2 = 8V2 − 4, 2cos(θ2 − θ3 ) + 8, 4sen(θ2 − θ3 ) + 10sen(θ2)
∂ f1 (x)
∂ θ2 = 4, 2V2 sen(θ2 − θ3 ) + 8, 4V2 cos(θ2 − θ3 ) + 10V2 cos(θ2 )
∂ f1 (x)
∂ θ3 = −4, 2V2 sen(θ2 − θ3 ) − 8, 4V2cos(θ2 − θ3 )
∂ f2 (x)
∂ V2 = 36V2 − 4, 2sen(θ2 − θ3 ) − 8, 4cos(θ2 − θ3 ) − 10cos(θ2)
∂ f2 (x)
∂ θ2 = −4, 2V2 cos(θ2 − θ3 ) + 8, 4V2sen(θ2 − θ3 ) + 10V2sen(θ2 )
∂ f2 (x)
∂ θ3 = 4, 2V2 cos(θ2 − θ3 ) − 8, 4V2 sen(θ2 − θ3 )
∂ f3 (x)
∂ V2 = −4, 2cos(θ3 − θ2 ) + 8, 4sen(θ3 − θ2 )
∂ f3 (x)
∂ θ2 = −4, 2V2 sen(θ3 − θ2 ) − 8, 4V2cos(θ3 − θ2 )
∂ f3 (x)
∂ θ3 = 4, 2V2 sen(θ3 − θ2 ) + 8, 4V2 cos(θ3 − θ2 )
Pk (V,θ )
z }| {
NB
0 = −Pk−esp + Vk ∑ Vm(Gkm cos(θkm) + Bkm sen(θkm)) = ∆Pk (V, θ ) (4.19)
m=1
NB
0 = −Qk−esp +Vk ∑ Vm(Gkmsen(θkm) − Bkmcos(θkm)) = ∆Qk (V, θ ) (4.20)
m=1
| {z }
Qk (V,θ )
Observe-se que em (4.19) e (4.20) ∆Pk (V, θ ) e ∆Qk (V, θ ) correspondem aos resí-
duos da solução, a cada iteração, das equações não-lineares. As duas equações (4.19) e
(4.20) estão presentes em barras de carga (tipo PQ). Contudo, nas barras de geração (tipo
PV) são necessárias apenas equações na forma indicada por (4.19).
Note-se que ∆Pk (V, θ ) e ∆Qk (V, θ ) são calculados como:
onde Pk−esp e Qk−esp são a potência ativa e reativa injetada na barra, respectivamente.
Pk−esp e Qk−esp são termos constantes, pois são valores especificados. Para res-
olução do sistema de equações (4.19) e (4.20), fazemos uso da matriz jacobiana, que será
inserida no problema adiante.
Para compreensão do processo de resolução do problema de equações não-lineares,
considere que se queira calcular as raízes associadas às equações não-lineares, a partir de
uma solução inicial desconhecida, obtida por meio de uma estimativa; e por meio de uma
aproximação linear, na iteração (i). Desta forma, é possível escrever o novo sistema de
equações da seguinte forma:
70 4. FLUXO DE CARGA EM REDES CA
∂ Pk (V, θ )
NB NB
∂ Pk (V, θ )
∆Pk (V , θ ) =
(i) (i)
∑ ∂ θm
∆θ m + ∑ ∂θj
∆V j (4.23)
m=1,m6=swing j=1, j∈barra PQ
∂ Qk (V, θ )
NB NB
∂ Qk (V, θ )
∆Qk (V , θ ) =
(i)
∑
(i)
∂ θm
∆θ m + ∑ ∂θj
∆V j (4.24)
m=1,m6=swing j=1, j∈barra PQ
" #−1
∂ P(V,θ ) ∂ P(V,θ ) −1
∆θ (i) ∂θ ∂V ∆P(i) H N ∆P(i)
=− ∂ Q(V,θ ) ∂ Q(V,θ ) =−
∆V (i) ∆Q(i) M L ∆Q(i)
∂θ ∂V
(i)
∆P(i) é o vetor dos mismatches em cada barra de carga e de geração; e ∆Qk é o vetor dos
mismatches em cada barra de geração.
As submatrizes H, N, M e L dependem das derivadas de Pk (V, θ ) e Qk (V, θ ) com
relação às variáveis de estado.
Por fim, para a iteração (i + 1) as raízes são atualizadas da seguinte forma:
Situação em que m = k
A potência Pk , nesta situação, pode ser desmembrada da seguinte forma:
NB
Pk (V, θ ) = Vk2 Gkk +Vk ∑ Vm (Gkm cos(θk − θm ) + Bkm sen(θk − θm )) (4.25)
m=1,m6=k
Observe-se que dentro do somatório que aparece na expressão (4.25), não é incluído
o termo no qual m = k. A expressão nessa forma é mais apropriada para se determinar as
derivadas ∂∂ θPk e ∂∂ VPk .
k k
∂ Pk (V, θ ) NB
= Vk ∑ Vm (−Gkm sen(θk − θm ) + Bkm cos(θk − θm )) =
∂ θk m=1,m6=k
NB
= −Vk ∑ Vm (Gkm sen(θkm ) − Bkm cos(θkm )) =
m=1,m6=k
= − Vk2 Bkk + Qk (V, θ ) (4.26)
Situação em que m 6= k
Nessa situação, pode ser mostrado que:
∂ Pk (V, θ )
= VkVm (Gkm sen(θkm ) − Bkm cos(θkm )) (4.27)
∂ θm
4.5.2 Matrizes N, M e L
∂ Pk (V, θ )
Nkm = = Vk [Gkm cos(θkm ) + Bkm sen(θkm )] (4.28)
∂ Vm
∂ Pk (V, θ ) Pk (V, θ )
Nkk = = Vk Gkk + (4.29)
∂ Vk Vk
∂ Qk (V, θ )
Mkm = = −VkVm [Gkm cos(θkm ) + Bkm sen(θkm )] (4.30)
∂ θm
∂ Qk (V, θ )
Mkk = = −Vk2 Gkk + Pk (V, θ ) (4.31)
∂ θk
∂ Qk (V, θ )
Lkm = = Vk [Gkm sen(θkm ) − Bkm cos(θkm )] (4.32)
∂ Vm
∂ Qk (V, θ ) Qk (V, θ )
Lkk = = −Vk Bkk + (4.33)
∂ Vk Vk
EXEMPLO 4.5.1
Apresente a estrutura das submatrizes H, N, M e L que formam a matriz Jacobiana
do sistema caracterizado pelo diagrama unifilar da Figura 4.5. Indique por X o provável
elemento não-nulo em cada matriz; e por 0 o elemento que for nulo. Considere que a
barra 1 seja a swing.
SOLUÇÃO
Matriz H
74 4. FLUXO DE CARGA EM REDES CA
Matriz N
A matriz N será calculada considerando a sensibilidade das potências ativas nas
barras 2, 3 e 4 em relação a V 2 (coluna 1) e V4 (coluna 2). Assim
X X
N = X 0
X X
Matriz M
A matriz M será calculada considerando a sensibilidade das potências reativas nas
barras de carga (barras 2 e 4) em relação a θ2 , θ3 e θ4 . Dessa forma
X X X
M=
X 0 X
Matriz L
A matriz L será calculada considerando a sensibilidade das potências reativas nas
barras 2 e 4 em relação a V2 e V4 . Assim
X X
L=
X X
ALGORITMO 1
EXEMPLO 4.5.2
Considere um sistema de duas barras, no qual na barra 1, está conectado um gerador.
Esta barra é a swing do sistema, apresentando magnitude de tensão igual a 1 pu e fase
zero. À barra 2 é conectado um motor que absorve 0,3 pu de potência ativa. Essa barra é
controlada (tipo PV), sendo a tensão controlada em 1,0 pu. A interligação entre as duas
barras é realizada por meio de uma linha de transmissão cujos parâmetros são: R = 0, 1 pu,
X = 0, 8 pu e carregamento igual a 0,05 pu. Determine o ângulo da tensão na barra 2,
considerando uma tolerância de 0,001 para o desvio máximo do erro de potência após a
convergência do problema de fluxo de carga. Após isso, calcule a potência injetada na
barra swing, a potência reativa injetada na barra 2, e as perdas no sistema.
SOLUÇÃO
Inicialmente é necessário montar a matriz de admitância de barra (matriz YBUS ). A
partir das informações fornecidas, a impedância série da linha é Z̄12 = 0, 1 + j0, 8 pu.
Portanto, a admitância do ramo 1-2 é ȳ12 = Z̄1 = 0,1+1 j0,8 = 0, 1538 − j1, 2308 pu.
12
76 4. FLUXO DE CARGA EM REDES CA
Deve-se calcular somente a matriz H para este problema, pois a a única incógnita
é a fase. Uma outra observação é que basta calcular o termo em que m = k de H, já que
pretende-se calcular o próprio ângulo da barra 2. Neste caso, deve-se utilizar a expressão
(4.26). Antes, deve ser calculada a potência reativa na barra. Ou seja
(0)
H22 = −12 (−1, 2058) − (−0, 025) = 1, 2308
Então
(1) (1)
P2 (V (1) , θ (1) ) = −0, 1538cosθ2 + 1, 2308senθ2 + 0, 1538 = −0, 2925
(1)
H22 = 1, 1573 ⇒ ∆θ (1) = −0, 0075/1, 1573 = −0, 0065 rad
78 4. FLUXO DE CARGA EM REDES CA
.
Tendo em vista as potências injetadas na barra 1, que é a swing, e que não ex-
iste carga naquela barra, então a potência gerada pelo gerador é igual a SG1 = 0, 3096 −
j0, 025 pu. Essa é também a potência enviada para a linha a partir do terminal do gerador
na barra 1. Por outro lado, na barra 2, a potência injetada é SG2 = −0, 3000 + j0, 0514 pu.
4.5. MATRIZ JACOBIANA NO PROBLEMA DE FLUXO DE CARGA 79
Como também não há carga nesta barra, SG2 é também a potência complexa enviada para
a linha, a partir do terminal da linha localizado na barra 2.
Somando-se as potências complexas que são enviadas em cada terminal da linha,
obedecendo aos sinais adotados, obtêm-se as perdas na linha. Procedendo dessa forma,
as perdas são:
Sperdas(12) = SG1 +SG2 = (0, 3096−0, 3000)+ j(−0, 025+0, 0514) = 0, 0096+ j0, 0264 pu
Assim, as perdas ativa e reativa na linha são 0,0096 pu e 0,0264 pu, respectivamente.
EXEMPLO 4.5.3
Considere que no exemplo 4.5.2 a barra onde está conectada a carga não seja mais
controlada. A potência reativa absorvida pela carga é igual a 0,05 pu. Calcular a tensão
na barra 2, bem como a potência gerada pela swing.
SOLUÇÃO
Neste exemplo, não há alteração na matriz YBUS em relação ao exemplo anterior.
portanto, É possível iniciar o processo iterativo para calcular os estados do sistema.
(0) (0)
Inicialmente, supõe-se que V2 = 1 pu, θ2 = 0 rad. Lembre-se que V1 = 1 pu e
θ1 = 0 rad.
iteração 0 - primeira iteração
(0) (0)
Calcular inicialmente os mismatches ∆P2 e ∆Q2 . Entretanto, é preciso calcular
antes P2 (V (0) , θ (0) ) e Q2 (V (0) , θ (0) ).
Para qualquer iteração, tem-se:
∆Q2 (V (0) , θ (0) ) = −(−0, 05) + (−0, 025) = 0, 025 pu ⇒ |∆Q2 (V (0) , θ (0) )| > ε
Os incrementos serão:
" #
(0)
∆θ 2 −1 0, 30 −0, 2372
(0) =− J (0) =
∆V2 0, 025 −0, 0521
.
Q2 (V, θ ) = −0, 0500 pu.
P1 (V, θ ) = 0, 3111 pu
.
A potência injetada na barra 1, que é a swing, será SG1 = 0, 3111 + j0, 093 pu. Na
barra 2, será SG2 = −0, 3000 − j0, 0500 pu.
As perdas na linha são:
82 4. FLUXO DE CARGA EM REDES CA
Sperdas(1,2) = SG1 +SG2 = (0, 3111−0, 3000)+ j(0, 093−0, 050) = 0, 0111+ j0, 0430 pu
Assim, as perdas ativa e reativa na linha são 0,0111 pu e 0,0430 pu, respectivamente.
EXERCÍCIOS PRPOSTOS
1) Repetir o exemplo 1, considerando injeção de potência na barra 2 de -0,5 pu e
tensão ajustada nessa barra em 1,03 pu.
2) Repetir o exemplo 2 para dois carregamentos distintos na barra 2:
a) a carga foi ajustada de modo a absorver 0,45 pu de potência ativa e 0,10 pu de
potência reativa;
b) a carga foi ajustada para absorver 0,5 pu de potência ativa e gerar 0,10 pu de
potência reativa.
EXEMPLO 3.4
Considere o sistema de três barras da (Figura 4.6) já apresentado em capítulo ante-
rior. Os dados do sistema são os seguintes: impedância das interligações - z1−2 = j0, 1
pu; z2−3 = 0, 05 + j0, 10 pu. Dados das cargas: carga 2, de 50 MW e 30 Mvar indutivo;
carga 3, de 60 MW e 30 MVar indutivo. Geração ativa fixada na barra 3 em 80 MW,
operando com 1,05 pu. A barra 1 é a swing e sua tensão é fixada em 1,0 pu e fase 0o .
Considere base 100 MVA de potência. Suponha uma tolerância para a convergência de
0,001. Calcule os estados do sistema.
Solução:
A matriz YBUS para esse sistema já foi calculada antes, sendo os seus elementos
não-nulos repetidos a seguir, por conveniência.
Uma vez que a base do sistema é igual a 100 MVA, as potências injetadas nas barras
do sistema, que não seja a swing, serão: P2 = −0, 5 pu, Q2 = −0, 3 pu; P3 = 80−60100 =
0, 2 pu. Vamos supor que as variáveis de estado desconhecidas assumam os valores de
(0) (0) (0)
partida: V2 = 1 pu, θ2 = θ3 = 0 rad. Sabe-se ainda que V1 = 1 pu, θ1 = 0 rad e
V3 = 1, 05 pu. Desta forma, pode-se iniciar o processo iterativo do método de Newton-
Raphson.
4.5. MATRIZ JACOBIANA NO PROBLEMA DE FLUXO DE CARGA 83
Barra 3
∆P3 (V, θ ) = −Pesp−3 +V3V3 (G3,3 ) +V3V2 (G3,2 cosθ32 + B32 senθ32 )
∆Q2 (V, θ ) = −(−0, 3)+18V22 +V2 ×1, 05(−4senθ23 −8cosθ23 )+V2 ×1(0×senθ2 −10cosθ2 )
Barra 3
Com os valores iniciais, encontram-se: P2 (V (0) , θ (0) ) = −0, 2 pu, P3 (V (0) , θ (0) ) =
0, 21 pu e Q2 (V (0) , θ (0) ) = −0, 4 pu. Conseqüentemente, ∆P2 (V (0) , θ (0) ) = 0, 3 pu, ∆P3 (V (0) , θ (0) ) =
0, 01 pu e ∆Q2 (V (0) , θ (0) ) = −0, 1 pu. Esses valores não atendem ao mismatch estabele-
cido.
Iteração 0
Deve-se calcular primeiramente a matriz Jacobiana J. As quatros matrizes compo-
nentes de J têm as estruturas apresentadas a seguir.
H2,2 H2,3
H=
H3,2 H3,3
N2,2
N=
N3,2
M = M2,2 M2,3
L = L2,2
18, 4 −8, 4 3, 8
J (0) = −8, 4 8, 4 −4, 2
−4, 2 4, 2 17, 6
Então agora são calculados os desvios das variáveis de estado da seguinte forma:
(0)
∆θ 2
−1 0, 30 −0, 0308
(0)
∆θ3 = − J (0)
0, 01 = −0, 0293
∆V2
(0) −0, 1 0, 0053
iteração 1
No início da segunda iteração, calculam-se os desvios de potência com os valores
das variáveis de estado calculadas na primeira iteração.
Com isto, encontram-se os seguintes desvios:
∆P2 (V (1) , θ (1) ) = −0, 0015 pu, ∆P3 (V (1) , θ (1) ) = 0, 0001 pu e ∆Q2 (V (1) , θ (1) ) =
0, 0053 pu. Novamente, esses valores não atendem ao mismatch estabelecido. Prosseguindo
então com os cálculos da iteração, determina-se a seguinte matriz Jacobiana:
18, 4871 −8, 4385 3, 5224
J (1) = −8, 4510 8, 4510 −4, 1876
−4, 5443 4, 2348 17, 8028
∆P2 (V (2) , θ (2) ) = −0, 03×10−5 pu, ∆P3 (V (2) , θ (2) ) = 0, 03×10−5 pu e ∆Q2 (V (2) , θ (2) ) =
0, 16 × 10−5 pu.
Como se observa, a convergência foi alcançada em apenas duas iterações. Essa
convergência rápida ocorre porque o sistema está pouco carregado.
Observe-se também que a matriz Jacobiana não sofreu alterações significativas de
uma iteração para outra.
As características descritas serão utilizadas posteriormente para introduzir-se apro-
ximações no método de Newton-Raphson para resolução do problema de fluxo de carga.
EXERCÍCIO PROPOSTO
1) Resolva o mesmo problema de fluxo de carga variando a carga na barra 2 e o
despacho da geração na barra 3, como segue:
Para cada situação, determine as potências fornecidas pelo gerador swing e as per-
das nas duas interligações. Comente a respeito das magnitudes das tensões encontradas.
2) Considere no exercício 1 que a interligação 1-2 seja representada por um trans-
formador com tap ajustado em 1,04 pu. O tap fica do lado da barra 2. Nesta condição,
determine os novos estados do sistema e as potências geradas pelo gerador da barra swing.
Resolva o exercício apenas para o caso 4 descrito anteriormente. Comente as alterações
das tensões e dos fluxos de reativo em relação ao caso do exercício 1.
5
NB
Pesp−k = P(V, θ ) = Vk ∑ Vm [Gkm cos(θkm) + Bkmsen(θkm)] (5.1)
m=1
NB
Qesp−k = Q(V, θ ) = Vk ∑ Vm [Gkm sen(θkm) − Bkmcos(θkm)] (5.2)
m=1
87
88 5. FLUXO DE CARGA DESACOPLADO
(i)
∆Pk (V (i) , θ (i) ) = −Jθ ∆θ (i) , k = 1, . . . , (NB − 1) (5.5)
(i)
∆Qk (V (i) , θ (i) ) = −JV ∆V (i) , k = 1, . . ., NPQ (5.6)
(i) (i)
onde Jθ é a matriz Jacobiana associada ao problema P − θ e JV é a matriz Jacobiana
associada ao problema Q −V . Essas submatrizes são as mesmas calculadas no problema
de fluxo de carga acoplado.
(i) (i)
Portanto, as submatrizes Jacobianas Jθ e JV são, respectivamente, as submatrizes
H e L(i) .
(i)
∆Pk ′
= −Hk ∆θk , k = 1, . . ., NB − 1 (5.13)
Vk
∆Qk ′
= −Lk ∆Vk , k = 1, . . . , NPQ (5.14)
Vk
5.3. MÉTODO DE NEWTON - RAPHSON DESACOPLADO RÁPIDO 89
′ ′ ′ ′
onde Hk é a k-ésima linha da matriz H e Lk é a k-ésima linha da matriz L .
∆Pk ′
= −Bk ∆θk , k = 1, . . ., NB − 1 (5.15)
Vk
∆Qk ′′
= −Bk ∆Vk , k = 1, . . . , NPQ (5.16)
Vk
′ ′ ′′ ′′
onde Bk é a k-ésima linha da matriz B e Bk é a k-ésima linha da matriz B , que serão
definidas adiante.
′ ′′
Para se chegar às matrizes B e B , algumas simplificações são efetuadas nas sub-
matrizes Jacobianas do método de Newton - Raphson desacaoplado. Essas aproximações
são válidas para sistemas de transmissão de extra-alta tensão, para os quais as resistên-
cias dos equipamentos e linhas de transmissão são desprezíveis frente às reatâncias. As
simplificações usuais são as seguintes:
1. cos(θkm ) ≈ 1;
As tensões nas barras, em geral, são mantidas aproximadamente iguais a 1,0 pu.
′
Esta aproximação sugere que cada elemento da matriz H pode ser aproximado como
′ ′
Hkm ≈ −Bkm e Hkk ≈ −Bkk . Como os elementos Bkm e Bkk são as partes imaginárias dos
′ ′
elementos da matriz Ybus, H = −B e L = −B, sendo B a parte imaginária da matriz
′ ′′
Ybus. Portanto, B = −B e B = −B podem ser obtidas diretamente da matriz Y bus =
′
G + jB. Por exemplo, B é formada, pegando-se as linhas e colunas de B, exceto a linha e
′′
coluna correspondente à barra swing. Por outro lado, B é formada, pegando-se as linhas
e colunas de B correspondentes a apenas as barras de carga.
′
Para o caso da matriz B , ainda é possível a seguinte aproximação: rkm ≈ 0, onde
rkm é uma resitência na interligação k − m da rede elétrica. Desta forma, considerando-se
que zkm = rkm + jxkm é a impedância da interconexão, então a admitância correspondente
−xkm
1
será ykm = zkm = gkm + jbkm . Neste caso, gkm = r2 r+x
km
2 e bkm = r 2 +x2 .
km km km km
−1
Então, fazendo-se rkm = 0, tem-se: gkm = 0 e bkm = xkm .
Assim, o elemento da
matriz Y bus correspondente à ligação k − m, sem considerar a resistência na interligação,
′
será Y buskm = −( x−kmj ). Logo Bkm ≈ xkm
1
e Bkk ≈ ∑NB −1
m=1 xkm . Conseqüentemente, Bkm =
′
1
− xkm e Bkk = ∑NB 1
m=1 xkm .
′′
As aproximações com relação a rkm = 0 não são usadas para cálculo de B . Ou seja,
′′ ′′
Bkm = −Bkm e Bkk = −Bkk são obtidas diretamente da matriz Y bus.
EXEMPLO 5.1
Considere que um gerador conectado à barra 1 alimenta uma carga conectada na
barra 2, por meio de uma linha de transmissão cujos parâmetros são: rkm = 0, 2 pu, xkm =
1, 0 pu, e bshkm = 0, 04 pu. Suponha que bsh seja o carregamento total da linha, que a
barra 1 seja a swing, com tensão igual a 1 pu e fase zero. A carga na barra 2 é composta
de uma parte ativa de 0,3 pu e -0,07 pu de reativo. Utilize o método de Newton - Raphson
desacoplado rápido para calcular V2 e θ2 . Considere tolerância para convergência igual
a 0,003 aplicada aos mismatches de potência. Considere, como partida inicial, tensão na
barra 2 igual a 1 pu e fase zero.
SOLUÇÃO
Os elementos de interesse da matriz Y bus são G(2,1) = −0, 1923, B(2,1) = 0, 9615,
′
G(2,2) = 0, 1923, B(2,2) = −0, 9415. Outros dados de interese são: B(2,2) = x 1 = 11 = 1
(1,2)
′′
e B(2,2) = −B(2,2) = 0, 9415.
ITERAÇÃO 0 - P − θ
As potências injetadas na barra são Pesp−2 = −0, 3 e Qesp−2 = 0, 07.
5.3. MÉTODO DE NEWTON - RAPHSON DESACOPLADO RÁPIDO 91
∆P2 ′ 0, 3
= −B2,2 ∆θ2 ⇒ ∆θ2 = − = −0, 3 rad
V2 1×1
A atualização do ângulo na barra 2 terá o seguinte resultado:
(1) (0)
θ2 = θ2 + ∆θ2 = 0 + (−0, 3) = −0, 3 rad.
ITERAÇÃO 0 - Q −V
Nesta iteração, utiliza-se o valor atualizado do ângulo θ2 calculado na iteração an-
terior.
A potência reativa calculada na barra será:
Q2 (V, θ ) = V2 V1 [G2,1 sen(θ21 ) − B2,1 cos(θ21 )] −V2 B2,2
Então ∆Q2 = −(0, 07) + 0, 0798 = 0, 0098. Este valor é maior que a tolerância ε
para o mismatch. Logo deve-se calcular a tensão V2 atualizada.
∆Q2 ′′ 0, 0098
= −B2,2 ∆V2 ⇒ ∆V2 = − = −0, 0104 pu
V2 1 × 0, 9415
A atualização da tensão na barra 2 terá o seguinte resultado:
(1) (0)
V2 = V2 + ∆V2 = 1, 0 + (−0, 0104) = 0, 9896 pu.
ITERAÇÃO 1 - P − θ
Utiliza-se agora a tensão V2 calculada anteriormente.
A potência ativa calculada na barra 2 será:
P2 (V, θ ) = 0, 9896× 1 × [G2,1 cos(−0, 3) + B2,1sen(−0, 3)] + 0, 9896G2,2 = −0, 2747 pu
92 5. FLUXO DE CARGA DESACOPLADO
Logo, o mismatch de potência é ∆P2 = −(−0, 3) + (−0, 2747) = 0, 0253 pu. Nova-
mente é calculado o desvio do ângulo da tensão na barra 2. Assim,
−0, 0253
∆θ 2 = − = −0, 0256 rad
0, 9896 × 1
A atualização do ângulo na barra 2 terá o seguinte resultado:
(2) (1)
θ2 = θ2 + ∆θ2 = −0, 30 + (−0, 0256) = −0, 3256 rad.
ITERAÇÃO 1 - Q −V
Nesta iteração, novamente utiliza-se o valor atualizado do ângulo θ2 calculado na
iteração anterior.
Seguindo procedimento semelhante ao já feito anteriormente, calcula-se:
Q2 (V, θ ) = 0, 0814 pu
e ∆Q2 = 0, 0114. Este valor continua superior à tolerância ε para o mismatch. Logo
atualiza-se V2 , resultando em
(2) (1)
V2 = V2 + ∆V2 = 0, 9896 + (−0, 0122) = 0, 9774 pu.
ITERAÇÃO 2 - P − θ
Utiliza-se agora a tensão V2 calculada anteriormente.
A potência ativa calculada na barra 2 será:
Logo, o mismatch de potência é ∆P2 = −(−0, 3) + (−0, 295) = 0, 005 pu. Esse
valor ainda é superior à tolerância. Por isso, devemos prosseguir com outra iteração. Para
essa condição,
(3) (2)
θ2 = θ2 + ∆θ2 = −0, 3256 + (−0, 0051) = −0, 3307 rad.
ITERAÇÃO 2 - Q −V
Nesta iteração, novamente utiliza-se o valor atualizado do ângulo θ2 calculado na
iteração anterior.
De acordo com procedimento semelhante ao já feito anteriormente, calcula-se:
Q2 (V, θ ) = 0, 0716 pu
e ∆Q2 = 0, 0016. Este valor atende ao mismatch. Portanto, aceita-se que a con-
vergência foi atingida para a malha Q-V. Deve-se verificar se a solução atende também ao
mismatch para o caso da malha P − θ .
ITERAÇÃO 3 - P − θ
Para esta situação,
P2 (V, θ ) = −0, 299 pu
Logo, o mismatch de potência é ∆P2 = −(−0, 3) + (−0, 299) = 0, 001 pu. A con-
vergência também foi atingida. Logo o resultado final será:
∗
Skm = Pkm + jQkm = V k I km (6.1)
∗
Smk = Pmk + jQmk = V m I mk (6.2)
Por outro lado, as correntes das baras para a linha, em ambos os terminais, são:
jbshkm
I km = ykm (V k −V m ) + Vk (6.3)
2
jbshkm
I mk = ykm (V m −V k ) + Vm (6.4)
2
1
onde ykm = gkm + jxkm = rkm + jxkm .
95
96 6. FLUXO DE CARGA LINEARIZADO
A partir das equações (6.5) e (6.6), deduz-se que a perda ativa na linha é:
Perda ativa = Pkm + Pmk = gkm (Vk2 +Vm2 ) − 2VkVm gkm cos(θkm ) (6.7)
1. sen(θkm ) ≈ θkm ;
1
2. bkm = − xkm ;
3. Vk ≈ Vm ≈ 1 pu.
θkm θk − θm
Pkm = −Pmk = = (6.9)
xkm xkm
A expressão (6.9) apresenta o fluxo em função apenas das fases das tensões nas
barras k e m e da reatância da linha. Evidentemente, esse resultado só é aceitável se θkm
(abertura angular da interligação) é um valor pequeno de modo que a função sen(θ ) ≈
θkm )
θ . Isto pode ser comprovado traçando-se as curvas de Pkm = sen(xkm e de Pkm = θxkm
km
.
Enquanto a última curva é uma reta, que apresenta valor ilimitado, a primeira é uma
função senoidal, que claramente tem um valor máximo. Obviamente, não existe valor
ilimitado de potência Pkm , o que comprova as limitações de se aplicar uma abordagem
linear para calcular os fluxos.
O modelo linearizado é também conhecido como modelo CC de fluxo de carga
devido às semelhanças envolvendo variáveis de circuitos elétricos contendo apenas resis-
tores e fontes CC. Por exemplo, os fluxos ativos são semelhantes às correntes de ramo; os
ângulos se assemelham às tensões nodais; xkm é análogo a um resistor.
6.1. FORMULAÇÃO MATRICIAL 97
A expressão (6.11) pode ser posta em uma forma matricial como segue. O so-
matório pode ser apresentado em uma forma compacta como:
Pk = BPk θ (6.12)
−1
1. BPkk = ∑NB
m=1 xkm ;
2. BPkm = −x−1
km
5 −3
−3 8