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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE MÚSICA

RAFAEL PUCHALSKI DOS SANTOS

RESENHA: DOIS ARTIGOS DE CRISTINA CAPARELLI GERLING

PORTO ALEGRE

OUTUBRO DE 2014
RAFAEL PUCHALSKI DOS SANTOS

RESENHA: DOIS ARTIGOS DE CRISTINA CAPARELLI GERLING

Trabalho da disciplina de Análise Musical III


do curso de Música da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul

Professor: Fernando Lewis de Mattos

PORTO ALEGRE

OUTUBRO DE 2014
Resumo

O presente trabalho apresenta uma resenha dos artigos A teoria de Heinrich Schenker – uma
breve introdução e A contribuição de H. Schenker para a interpretação musical, da autora
Cristina Caparelli Gerling
Palavras chave: Schenker, Gerling, análise musical.
Nos artigos A teoria de Heinrich Schenker – uma breve introdução e A contribuição
de H. Schenker para a interpretação musical, a autora Cristina Caparelli Gerling traça um
breve histórico sobre as teorias de Schenker a respeito do entendimento da música tonal, a
partir de uma explanação sobre as ideias schenkerianas e utilizando essas ideias para realizar
uma análise de um prelúdio de Frédéric Chopin.

Em A teoria de Heinrich Schenker – uma breve introdução, Gerling aborda as bases


da teoria de Schenker. A autora demonstra como o pensamento schenkeriano desenvolveu
uma série de teorias consideradas cientificamente abrangentes e profundas a ponto de serem
comparadas aos trabalhos de Freud e Piaget em suas respectivas áreas. Para Heinrich
Schenker, a harmonia se desenvolve numa linearidade, havendo uma grande ênfase no
desenvolvimento horizontal da tríade da tônica. Ele estabelece duas funções básicas: tônica e
dominante. A partir dessas disso, todos os outros graus da escala se desenvolveram a partir do
movimento contrapontístico entre as vozes.

Schenker propõe que toda composição possui uma linha melódica fundamental
(URLINE) que pode ser derivada através de uma redução analítica e em conjunto com a linha
do baixo, obtêm-se um arpejo que se desenvolve no sentido tônica-dominante-tônica
(BASSBRECHUNG). Esses elementos combinados forma a “URSATZ”, a estrutura
fundamental da música. Aqui há argumenta de que o desdobramento de uma composição
(processo que será denominado diminuições) até sua estrutura fundamental é de grande
importância para a interpretação musical. Para chegar a essa estrutura fundamental, são
propostos três níveis estruturais principais de uma composição: o nível superficial
(VORDEGRUND), onde vemos a composição concluída, com todos os seus detalhes na
partitura; o nível médio (MITTELGRUND), onde remove-se todas as dissonâncias e também
ornamentos, deixando as conexões estruturais visíveis. Nesse nível o que no nível superficial
pode se apresentar como uma progressão T-S-D-T, aqui pode aparecer com sendo apenas T,
uma prolongação da tônica através do movimento contrapontístico das vozes. O nível
fundamental (HINTERGROUND) É O nível onde a representação gráfica da música se
resume a apenas algumas notas melódicas e uma função harmônica representando uma seção
inteira de uma composição. Essas reduções analíticas têm por objetivo ajudar o intérprete a
perceber a composição em várias camadas, de maneira a permitir entender onde está sua
estrutura básica em meio a todos os elementos que a rodeiam no nível superficial e assim
contribuindo para que cada detalhe possa ser valorizado na performance.
No artigo A contribuição de H. Schenker para a interpretação musical, Gerling
apresenta, após uma breve introdução à teoria de redução de Schencker, uma análise do
prelúdio Op. 28 em mi menor de Chopin com a intenção de demonstrar a importância do
entendimento de uma peça em seus diversos níveis com vista em produzir uma performance
mais rica em detalhes.

A autora começa analisando a estrutura básica (antecedente-consequente) da peça. Ao


analisar o antecedente, Gerling aponta como o compositor se utiliza da ideia de uma repetitiva
bordadura dó-si-dó presente nos primeiros compassos desse prelúdio para inserir uma nota dó
particularmente dissonante alguns compassos à frente. Por fim demonstra numa redução em
textura coral como seria a condução de vozes do antecedente caso esse começasse em posição
fundamental. Na análise do consequente é visto que o motivo de bordadura dó-si-dó ainda
aparece na melodia com modificações, além de outros diversos elemento que ocorreram no
antecedente e aqui são retomados.

A análise de uma obra tem importância fundamental no produto final da interpretação.


Conhecendo seus pequenos detalhes, podemos dar ênfase a elementos fundamentais e ainda
destacar pequenas belezas que por vezes podem passar despercebidas no conjunto total de
uma peça. Gerling faz um panorama essencial da teoria de Schenker e apresenta na prática e
de maneira convincente a necessidade de se conhecer uma peça nos seus diversos níveis.
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Referências

GERLING, Cristina C. A contribuição de H. Schenker para a interpretação musical. Porto


Alegre: Opus 1, ano I, nº 1, dez. 1989, p. 24-31.
GERLING, Cristina C. A teoria de Heinrich Schenker – uma breve introdução. Porto Alegre:
Em pauta, vol. 1, nº 1, dez 1989, p. 22-34

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