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Propulsão
Notas de Aula
2.2.5 Bielas............................................................................................................................. 19
6.4 Turbinas........................................................................................................................................ 38
Para que um avião desloque até atingir valores de velocidade que garantem a sua sustentação e a mante-
nham até o momento do pouso, essas aeronaves são equipadas com um conjunto propulsor. As fontes de
propulsão usadas na aviação são dos mais variados tipos, tais como: propulsão a hélice, a jato e mista, sendo
que a última é uma combinação de propulsão a jato, combinada com a propulsão com hélices ou pás rotativas
entre outras.
Os primeiros anos da aviação coincidiu com uma fase de enorme desenvolvimento de motores de combus-
tão1 interna. Um aspecto importante foi a necessidade de se gerar maiores potências sem incremento de
peso e uma consequente melhoria na relação peso-potência desses motores foi uma das metas perseguidas
por engenheiros e projetistas, e a partir disso grandes desenvolvimentos foram sendo feitos até meados dos
anos 1950 no sentido de extrair o máximo de potência dentro das limitações dos motores de combustão
interna.
O período após a Primeira Guerra Mundial viu o grande crescimento do desenvolvimento aeronáutico e o
consequente desenvolvimento de motores, e a correção de problemas como a detonação relacionada a qua-
lidade da gasolina utilizada nos primeiros anos da aviação. É importante lembrar que os primeiros anos foram
críticos, pois em 1917 com a entrada dos EUA na I Guerra Mundial, quando o país começou a fornecer com-
bustível à Europa e o resultado imediato foram falhas mecânicas, superaquecimento e perda de potência dos
motores dos aviões ingleses e franceses que utilizavam outro tipo de gasolina.
O pós-guerra assistiu ao desenvolvimento menor nos motores aeronáuticos. Os motores a reação e a sua
popularização tanto em aviões quanto em helicópteros acabou por restringir o emprego de motores “a pis-
tão” a aplicações leves, na chamada aviação geral (aviação civil de uso particular e táxi aéreo) e, com isso,
muitos fabricantes ou deixaram de existir, ou foram para os motores a reação, remanescendo apenas os
famosos Lycoming e Continental americanos como os motores para quase toda a aviação de pequeno porte
mundial.
1 Entende-se por combustão a inflamação rápida da combinação do oxigênio com qualquer material combustível. (MAHLE 2006).
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As mudanças econômicas que turbilhonaram a economia nos Estados Unidos na década de 1980, acabou por
prejudicar a aviação geral nos Estados Unidos da América (E.U.A), o que afetou o resto do mundo, uma vez
que os fabricantes pararam de produzir, os custos subiram absurdamente, pois esses precisaram se resguar-
dar quanto as indenizações milionárias que foram impostas nos E.U.A e a inovação simplesmente deixou de
existir. Nada de significativo surgiu nos últimos 30 anos, os motores “com pequenas variações”, praticamente
são os mesmos desde a década de 1960, os sistemas são os mesmos.
Além do custo mais atrativo, essa nova geração de motores dispensa o uso de magnetos, velas além de re-
duzirem a carga de trabalho do piloto, pois eliminam a manete de mistura e passo de hélice.
Os motores térmicos são máquinas que têm por objetivo transformar a energia calórica em energia mecânica
utilizável. Essas máquinas, recebem em sua interior energia química contida na mistura ar/ combustível, o
combustível usado nos motores alternativos2 aeronáuticos. Os motores podem ser classificados como moto-
res de ignição por centelha, por compressão ou a reação.
O princípio de transformação da energia térmica ou calorífica em energia mecânica, baseia-se em dois pro-
cessos:
Fonte: finalcorto
Para os motores térmicos a pistão, o processo usado é o primeiro, enquanto para os motores térmicos do
tipo reação, a base de funcionamento é o segundo processo.
2 Máquinas alternativas possuem elementos que realizam movimentos repetitivos de translação. Nestes motores, os principais destes
elementos são os pistões, cujo movimento altera o volume das câmaras de combustão, ora comprimindo os gases, ora sendo movi-
mentado pelos gases. Esse motor se caracteriza, por todos os processos ocorrem em uma única câmara, mas, em tempos diferentes.
(HOMA 1998).
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Os motores térmicos que utilizam que utilizam a força expansiva dos gases para deslocar um corpo, utiliza-
dos na aviação, são baseados nos seguintes ciclos:
É o motor de combustão interna no qual a mistura (gasolina/ar) se inflama através de uma centelha
elétrica, ocasionando a queima da mistura e a expansão dos gases.
É o motor de combustão interna no qual a mistura (álcool/ar) se inflama através de uma centelha
elétrica, ocasionando a queima da mistura e a expansão dos gases.
Os motores térmicos que utilizam da energia cinética que os gases utilizam, um ciclo termodinâmico no
qual a adição de calor ocorre a pressão constante batizado de Ciclo Brayton.
Um motor construído para emprego na aviação, deve possuir uma série de qualidades, dentre elas podemos
citar algumas que são consideradas primordiais:
Compacidade, ou seja, quanto mais compacto for o motor, menos resistência aerodinâmica esse
causará se for instalado por exemplo sob as asas de uma aeronave e assim a engenharia poderá
desenvolver projetos de aeronaves mais eficientes.
Economia, por razões de competitividade no mercado e qualidade técnica é interessante que o mo-
tor consuma pouco combustível. Nos motores térmicos, são levados em consideração:
O “consumo horário”, ou quantidade de combustível consumido por hora de funcionamento;
E o “consumo específico”, que se trata do consumo horário para produzir potência, ou seja,
se um motor desenvolve 100HP e consome 10 litros de combustível por hora, seu consumo
específico será calculado da seguinte forma: 10/100 = 0,1 litro/h/HP.
Facilidade na obtenção de peças, assim como a manutenção os fabricantes, precisam suprir o mer-
cado com peças de reposição fabricadas a partir de critérios técnicos com o intuito de oferecerem a
qualidade e a segurança pretendidas. A cadeia de suprimentos de peças para motores, deve ser capaz
de cobrir de forma global a demanda dos clientes.
Leveza, para a aviação é fundamental que o motor seja leve e potente. É rotineira a relação peso/po-
tencia, através da divisão da massa do motor pela sua potência máxima, a fim de saber a sua “leveza”.
Exemplificando, um motor com 500HP6 a de potência e massa de 125 kg, a sua “leveza” será 125/600
= 0,25 kg/HP.
Níveis de vibração controlados, todos os motores aeronáuticos, passam por processos de verificação
quanto aos níveis de vibração dos conjuntos rotativos dos mesmos. Níveis de vibração que extrapo-
lem os parâmetros previstos pelos fabricantes, podem causar danos graves aos motores, bem como
as aeronaves nas quais estão instalados.
Rusticidade, trata-se da qualidade do motor referente as horas de operação entre revisões consecu-
tivas. Em outras palavras, quanto maior o intervalo entre as revisões, mais rústico o motor será. É
importante frisar que os motores aeronáuticos, possuem número de horas de operação limitada e
essa limitação vai variar de acordo com cada fabricante. A atingir o número de horas limite, esse
deverá passar por um processo de revisão geral se for um motor a pistão, ou parcial se for por exem-
plo um motor modularizado, como é na maioria dos casos quando tratamos de turbinas a gás. Os
procedimentos de revisão devem sempre serem executados por oficinas devidamente certificadas
pelos fabricantes e pelas agências reguladoras do setor.
Segurança, o motor aeronáutico deve operar dentro das faixas de utilização previstas peço tempo
necessário, sem causar transtornos para o operador. Nesse caso o motor torna-se confiável. Dois
fatores são fundamentais para que o motor seja confiável:
A “operação”, o piloto em comando, deve primar pelo respeito aos parâmetros de operação,
prescritos pelo fabricante do motor. O desrespeito as limitações operacionais, comprome-
tem o rendimento, a durabilidade e a confiabilidade do motor aeronáutico.
A “manutenção”, peça chave para a segurança de um motor, a adoção correta dos procedi-
mentos previstos de manutenção, permitem que o motor se torne durável e confiável.
3 A manutenção preventiva consiste no conjunto de procedimentos e ações antecipadas que visam manter a máquina em funciona-
mento. Consiste numa sequência de INSPEÇÃO seguida, se necessário, de uma sequência de AÇÕES corretivas. (SOUSA 2012).
4 Manutenção Preditiva, trata-se de um tipo de manutenção, cujo o diagnóstico demanda da medição de parâmetros, exames e
ensaios, com o intuído de se predizer uma possível fadiga do objeto analisado. (ALMEIDA 2017).
5 Manutenção Detectiva, trata-se de um tipo de manutenção, cujo o diagnóstico é obtido de forma direta a partir do processamento
das informações colhidas na aeronave e em alguns casos transmitidas em tempo real para estações de monitoramento. (ALMEIDA
2017).
6 HP = horse-power, consiste numa unidade anglo-saxónica da grandeza física potência que se define como a potência necessária
para elevar verticalmente à velocidade de 1 pé/min uma massa de 33,000 libras ou a força necessária para içar uma massa de 76
quilogramas em um segundo a altura de 1 metro. (HOMA 1998).
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1.3 Unidades de medida
Para o melhor entendimento do princípio de funcionamento dos motores, serão apresentadas algumas uni-
dades de medida, utilizadas:
HP — Horse Power - É a unidade de medida de potência da norma SAE. Por definição: um HP é a potência
desenvolvida quando se realiza, contínua e uniformemente, um trabalho decorrente da aplicação de uma
força necessária para elevar um peso de 33.000 libras (± 14.970 kg) a um pé (± 0,3 m) de altura em um minuto.
CV — Cavalo Vapor - É a unidade de medida da norma DIN, para expressar a potência do motor. Por defini-
ção: um CV (ps) é a potência desenvolvida quando se realiza, contínua e uniformemente, um trabalho decor-
rente da aplicação de uma força necessária para elevar um peso de 75 kg a um metro de altura em um
segundo.
BHP — Brake Horse Power - É a potência útil ao freio. Representa a potência aproveitável medida no volante
do motor, em um dinamômetro.
Na qual:
M = torque do motor
P = potência do motor
K = constante que depende da unidade de potência, valendo:
K = 97,44 para potência em kW
K = 716,2 para potência em cv
K = 5.252 para potência em hp
Rpm = velocidade de giro do motor em rotações por minuto
Torque do Motor
Fonte: Manual de motores Mahle
A elevação da potência do motor é obtida com o aumento de sua rotação atingindo o seu máximo na rotação
máxima, enquanto que o torque máximo do motor é obtido aproximadamente com a metade dessa rotação.
Curso do Pistão - Distância que o pistão percorre entre o seu Ponto Morto Alto (PMA) ou Ponto Morto Su-
perior (PMS) e o seu Ponto Morto Baixo (PMB), ou Ponto Morto Inferior (PMI).
Os pontos mortos, são os pontos extremos alcançados pelo pis-
tão, durante o seu movimento alternativo. Portanto chamando de
PMA/PMS ou PMB/PMI, os pontos onde o pistão inverte seu sen-
tido de movimento. Consequentemente, o curso do pistão é igual
também ao diâmetro da circunferência percorrida pelo ponto
central do colo do virabrequim.
Diâmetro
Pontos do Motor
É a denominação usada para o diâmetro do cilindro. Fonte: Manual de motores Mahle
Cilindrada
É o volume total deslocado pelo pistão entre o PMI e o PMS, multiplicado pelo número de cilindros do motor.
É indicado em centímetros cúbicos (cm3).
Na qual:
π = constante = 3,14
d2 = diâmetro ao quadrado (cm2)
curso = distância entre os pontos mortos (PMS — PMI) (cm)
N = número de cilindros
4 = uma constante
Para maior compreensão vamos calcular a cilindrada de um motor que tem as seguintes características:
Obs.: No caso de calcularmos o volume de um único cilindro, damos o nome de cilindrada unitária (V).
Tempo do motor
É o tempo decorrido em função do deslocamento pistão dentro do cilindro durante um curso de funciona-
mento do motor.
Eficiência térmica
É a relação entre a energia térmica convertida em trabalho pelo motor dividida pela energia térmica total
gerada nas câmaras de combustão. É interessante saber que apenas uma pequena parcela de energia térmica
produzida pelo motor é convertida em trabalho.
A maior parte da energia produzida pela combustão (energia potencial da combustão) é desviada ou perdida,
pois, além das perdas do calor eliminado pelos sistemas de escapamento, arrefecimento e de lubrificação,
existem ainda, no caso de aplicação aeronáutica, as perdas pelos atritos da caixa de engrenagens, sistemas
de redução transmissões, conjuntos de hélices e etc.
Abaixo é apresentado o ciclo de um motor quatro tempos os quais geralmente são empregados na aviação
em aeronaves que utilizam gasolina ou álcool utilizado no Embraer Ipanema.
Um fator importante a ser considerado é o fato que a ilustração é de um motor didático, ou seja, em um
motor real existem ajustes para melhor funcionamento quanto ao adiantamento e atraso nas aberturas e
fechamento das válvulas, o fato da centelha ser liberada no final do segundo tempo “compressão”, para
otimizar a queima, além de outros ajustes.
1º Tempo: Admissão
À medida que o pistão se move do PMS para o PMI, a válvula de admissão se abre e a mistura de ar e com-
bustível vaporizada é aspirada para o interior do cilindro. O virabrequim efetua meia volta (180°).
2º Tempo: Compressão
A seguir, a válvula de admissão fecha-se. À medida que o pistão se desloca para o PMS, comprime a mistura
de combustível e ar. O virabrequim executa outra meia volta, completando a primeira volta completa (360°).
3º Tempo: Combustão
Pouco antes do pistão atingir o PMS, o sistema de ignição transmite corrente elétrica à vela, fazendo saltar
uma centelha entre os eletrodos desta, que inflama a mistura fortemente comprimida. Os gases em expan-
são, resultantes da combustão, forçam o pistão do PMS para o PMI. O virabrequim efetua outra meia volta
(540°).
Depois da queima da mistura e expansão dos gases, a válvula de escape se abre. Os gases queimados são
forçados para fora do cilindro, quando o pistão se movimenta do PMI para o PMS. O virabrequim executa
outra meia-volta, completando a segunda volta completa (720°).
Uma vez que o pistão realiza quatro tempos, “admissão, compressão, combustão e escape”, o nome técnico
dessa operação é ciclo de quatro tempos. É importante salientar que nos motores de quatro tempos, so-
mente no tempo de COMBUSTÃO, se produz energia mecânica, enquanto que os outros três são passivos,
isto é, absorvem energia.
Nos motores tipo diesel há somente admissão de ar puro, que ao ser comprimido pelo pistão se aquece o
suficiente para inflamar o óleo diesel pulverizado no interior da câmara de combustão. Tem seu funciona-
mento semelhante ao do motor à gasolina.
O ciclo Brayton é base do entendimento para do funcionamento de uma turbina a gás. A figura seguinte
mostra o ciclo Brayton de circuito aberto.
7 A transformação isobárica é aquela em que, num processo termodinâmico de um gás ideal, a pressão permanece constante durante
A relação favorável entre peso e potência gerada nas turbinas a gás, tornou sua aplicação adequada para
espaços mais reduzidos, como na propulsão de aeronaves.
De acordo com Scarpin e Cavazana, de acordo com a aplicação, o ciclo Brayton pode ser fechado ou aberto.
No ciclo [...] fechado o gás passa pelo compressor, que possui uma determinada razão de compressão, e este
eleva significativamente a pressão do gás que, posteriormente, passa por um trocador de calor a alta tem-
peratura, elevando a temperatura do gás. Em seguida, o gás sofre uma expansão em uma turbina, gerando
potência de eixo. Por fim, o fluido passa por um trocador de calor a baixa temperatura, rejeitando calor para
o ambiente em questão e retorna, novamente, para o compressor.
Por outro lado, no ciclo aberto o ar é admitido constantemente pelo compressor onde é
comprimido a uma razão de compressão entre 10 a 30. O fluxo mássico de ar a alta pressão
é então enviado à câmara de combustão, onde ocorre a injeção de combustível, promo-
vendo a combustão da mistura. Em seguida, os produtos de combustão, que estão a uma
temperatura na ordem de 2.000 K, são expandidos em uma turbina, gerando potência de
eixo e propulsão. (Scarpin e Cavazana. P, 103. 2016).
Vale ressaltar que, para ambos os casos, quando modelados como ciclos ideais, os processos de compressão
e expansão que ocorrem, respectivamente, no compressor e turbina, são modelados como isentrópicos.
Além disso, a câmara de combustão e os trocadores de calor, respectivamente, para os ciclos aberto e fe-
chado, são modelados como isobáricos.
O processo de expansão dos produtos de combustão na turbina a gás tem, em sua maioria, aplicações para
geração de potência de eixo com implicações na geração de energia elétrica. Outros tipos comuns de aplica-
ções dessa energia podem ser na geração de potência de eixo para navios e aeronaves ou na descarga do gás
nas turbinas aeronáuticas, impulsionando os aviões (motores a jato ou jet engines).
Os primeiros estudos sobre turbinas aeronáuticas surgiram em 1930 e foram aperfeiçoados, posteriormente,
com estudos dos ingleses, alemães e americanos, que buscavam um aumento da eficiência dos motores al-
ternativos utilizados em suas aeronaves, durante a Segunda Guerra Mundial. Com o fim do conflito, evolução
dos trabalhos, permitiu que em maio de 1952 é demonstrado ao público o primeiro jato comercial do mundo.
O britânico De Havilland Comet, ou simplesmente
Comet, construído e testado pela primeira vez em
1949. Com quatro reatores embaixo de suas asas,
começou a operar em 1952 pela companhia aérea
inglesa BOAC. Em termos, foi um grande sucesso,
pois voava com o dobro da velocidade dos seus
concorrentes da época, porém, com seu um
enorme consumo de combustível, suas rotas eram Comet 1952
Fonte: De-Havilland
curtas.
Apesar do problemas apresentados pela aeronave, o Comet, propiciou o conforto das viagens a jato a
milhares de passageiros.
Os componentes fixos trabalham para suportar os componentes móveis do motor. Segundo Mialhe (1980),
são responsáveis pelo fornecimento das condições favoráveis para que o processo de transformação da ener-
gia química dos combustíveis nos motores se realize de forma eficiente e contínua. Os componentes fixos
compostos pelos seguintes elementos: bloco do motor, cabeçote e o cárter.
O bloco do motor é considerado a principal estrutura ou o corpo do motor é nessa peça que são acoplados
de forma direta ou indireta, os componentes que compõem o motor. A construção do bloco envolve requi-
sitos tecnológicos que levam em consideração o modelo do motor, as altas temperaturas, as pressões de
trabalho e as características do material, tais como dilatação e contração. Após a fundição, o bloco passa por
processo térmico de normalização e, após, é encaminhado para usinagem.
Motores modernos utilizam ligas de alumínio em lugar do ferro fundido, obtendo como principais resultados
melhor dissipação de calor e redução do peso. A maioria dos blocos atualmente construídos, possuem cilin-
dros removíveis, o que facilita os processos de inspeção e manutenção.
Em alguns motores o cabeçote abriga o eixo de cames ou comando de válvulas responsável pela abertura e
fechamento das válvulas. O cabeçote é um dos elementos mais suscetíveis a problemas no projeto dos mo-
tores. Geralmente combina problemas estruturais, fluxo de calor e escoamento de fluido em uma forma
complexa.
2.1.3 Cárter
Os componentes móveis, permitem que o trabalho do motor ocorra. Cada peça tem a sua finalidade e o
conjunto dessas peças requer trabalho árduo para o seu funcionamento.
2.2.1 Válvulas
As válvulas suspensas podem ser acionadas por hastes e balancins com eixo de cames no cárter, por balancins
com eixo de cames suspenso ou por um eixo de cames suspenso com impulsos diretos sobre as válvulas.
Em motores construídos para aeronaves, a ligação do virabrequim e do eixo de cames é geralmente feita por
meio de engrenagens, a fixação direta das válvulas permite obter uma abertura rápida, particularmente, em
regimes muito altos, sendo reduzida ao mínimo a inércia das peças de movimento alternado.
O conjunto responsável pelo acionamento das válvulas, compreende o tucho e uma haste que o interliga ao
balancim, apoiando-se diretamente sobre a válvula. No momento em que o eixo comando de válvulas gira,
o ressalto deste ou came aciona o tucho que, por sua vez, move a haste, fazendo com que o balancim trans-
mita o movimento à válvula, abrindo-a. Há um conjunto destes (tucho, haste, balancim) para cada ressalto,
um para cada válvula, tanto de admissão quanto de escape.
Alguns motores possuem válvulas laterais, ou seja, válvulas dispostas ao lado dos cilindros. Essa disposição
clássica assegura um funcionamento silencioso.
O eixo de cames, ou comando de válvulas, é um eixo que tem solidário a ele ressaltos ou excêntricos desti-
nados a agir sobre os elementos impulsionadores das válvulas, balancins, haste e tuchos no tempo adequado.
Os tuchos presentes no comando de válvulas, têm a função de transmitir o movimento do came à vareta ou
haste impulsora. Os balancins têm a função de inverter o sentido do movimento gerado pelo came.
A mola da válvula tem como função fechar a válvula, mantendo-a pressionada contra a sua sede. Quanto às
cargas as quais as molas estão sujeitas, a mínima carga (com a válvula fechada) deve ser alta o bastante para
manter a válvula firmemente em sua sede durante o período em que permanece fechada.
2.2.3 Pistão
É o componente responsável por transmitir e ampliar a energia resultante da expansão dos gases após a
combustão. Nele, se apresenta a parte móvel da câmara de combustão. Ele recebe a força de expansão dos
gases queimados, transmitindo-a a biela, por intermédio de um pino de aço (pino do pistão). Os pistões são
de fundição maleável, de liga de alumínio ou de aço, o que lhes confere mais leveza.
Os pistões ou êmbolos em movimento definem seu curso pelo deslocamento máximo superior e máximo
inferior: Ponto Morto Superior (PMS) e o Ponto Morto Inferior (PMI). É nessas posições que o êmbolo muda
de sentido de movimento, estando no seu máximo (PMS) ou no seu mínimo (PMI).
O funcionamento do motor leva a um desgaste natural progressivo dos cilindros. Esse desgaste é irregular e
dá ao cilindro uma ovalização e uma conicidade. O maior desgaste verifica-se no PMS. Nesse local, a lubrifi-
cação é normalmente insuficiente, enquanto a pressão e a temperatura estão no seu máximo. No PMI, essas
condições são exatamente opostas, e o desgaste é quase nulo. O desgaste é, em grande parte, devido aos
arranques ou aceleração com o motor frio. A condensação da gasolina e a insuficiência de óleo fazem com
Os anéis de segmento, são componentes montados nos pistões que trabalham em contato com as camisas e
apresentam três funções básicas como a vedação da compressão e combustão, o controle do óleo lubrifi-
cante e a transferência do calor para o sistema de arrefecimento.
Todos os anéis participam do controle do fluxo de óleo, mas existe um anel cuja função principal é essa: são
os anéis de controle de óleo, enquanto os outros são anéis de compressão.
2.2.5 Bielas
As Bielas são consideradas o braço de ligação entre os pistões e o eixo de manivelas. Esses componentes
recebem o impulso dos pistões, transmitindo-o ao eixo de manivelas ou virabrequim. É importante salientar
que o conjunto biela-virabrequim transforma o movimento retilíneo dos pistões em movimento rotativo do
virabrequim.
O corpo das bielas utilizadas nos motores aeronáuticos, podem ser de diversos formatos, elas são inteira-
mente usinadas asseguram um melhor equilíbrio do motor e menores vibrações. A outra extremidade da
biela gira no pino por intermédio de mancais de duas partes. Os metais utilizados dependem do gênero de
motores, das cargas da biela e da velocidade de rotação.
O virabrequim é um elemento componente do sistema de força do motor, também conhecido por Eixo de
Manivelas ou Árvore de Manivelas. É considerado o eixo motor propriamente dito, o qual, na maioria das
vezes, é instalado na parte inferior do bloco, recebendo ainda as bielas que lhe imprimem movimento.
Os moentes são as partes do virabrequim onde se apoiam as bielas. O interior do virabrequim contém ainda
dutos especiais por onde circulam o óleo necessário à lubrificação dos munhões e dos moentes.
2.2.7 Cilindros
A parte do motor na qual a potência é desenvolvida, é chamada de cilindro. O cilindro provê a câmara de
combustão onde ocorrem a queima e a expansão dos gases, e aloja o pistão e a biela. Existem quatro fatores
principais que precisam ser considerados no projeto e construção do conjunto de um cilindro. São eles:
O cilindro tem que ser suficientemente forte para resistir às pressões internas, desenvolvidas du-
rante a operação do motor.
A ordem de fogo de um motor, é a sequência na qual o tempo motor ocorre nos diferentes cilindros. A ordem
de fogo é projetada para proporcionar o balanceamento, e para eliminar a vibração ao máximo possível. Nos
motores radiais, a ordem de fogo tem que seguir um padrão especial, uma vez que os impulsos provocados
pela explosão têm que seguir o movimento do braço de manivelas durante sua rotação. Nos motores em
linha, as ordens de fogo podem variar fazendo existir diferentes arranjos de ordem de fogo, de forma que a
força das explosões nos cilindros seja igualmente distribuída ao longo do eixo de manivelas.
Os motores em linha de seis cilindros, geralmente têm a ordem de fogo 1-5-3-6-2-4. A ordem de fogo dos
motores opostos, pode geralmente, ser listada em pares de cilindros, conforme cada par queime de um lado
e do outro do rolamento principal. A ordem de fogo dos motores opostos de 6 cilindros é 1-4-5-2-3-6 ou 1-
6-3-2-5-4. A ordem de fogo de um modelo oposto de 4 cilindros é 1-4-2-3, porém em outro modelo é 1-3-2-
4. Isso nos mostra que cada fabricante poderá optar pela sequência mais adequada para o funcionamento
do seu motor.
A seção de acessórios (traseira) é geralmente fabricada através do processo de fundição e o material pode
ser liga de alumínio ou magnésio, ambos bastante utilizados. Em alguns motores, essa seção é fundida em
peça única e provida de meios para fixação de acessórios, tais como magnetos, carburadores, bombas de
combustível, óleo e vácuo, motores de partida, geradores, etc., nos diversos locais requeridos, de forma a
facilitar o acesso. Outras adaptações consistem na fundição de liga de alumínio e uma cobertura fundida em
magnésio, separadamente, na qual os montantes de fixação dos acessórios são montados.
Os eixos de acionamento de acessórios são montados em buchas de bronze, localizadas nas seções difusora
e traseira. Esses eixos se prolongam pela seção traseira e são ligados a engrenagens, das quais se tira potên-
cia, ou a arranjos de acionamento que são ligados aos adaptadores de acessórios. Dessa forma, diversas
razões de engrenagens podem ser montadas para dar a velocidade adequada para o magneto, bomba e ou-
tros acessórios, para se obter a sincronização correta ou o funcionamento adequado. Em alguns casos há
uma duplicação dos acionadores, tais como o acionador do tacômetro, para conectar instrumentos instala-
dos em locais separados.
A seção de acessórios prevê local de fixação para o carburador, bombas de injeção de combustível, bomba
de combustível acionada pelo motor, gerador do tacômetro, gerador de sincronismo para o analisador do
motor, filtro de óleo e válvula de alívio de pressão de óleo.
Muitos tipos de motores alternativos já foram projetados. Contudo, fabricantes têm desenvolvido alguns
projetos que são geralmente mais utilizados que outros e são, portanto, reconhecidos como convencionais.
Motores alternativos podem ser classificados de acordo com a montagem dos cilindros com relação ao eixo
de manivelas (em linha, em V, radial e oposto) ou de acordo com método de refrigeração (a líquido ou a ar).
Realmente, todos os motores são refrigerados através da transferência do excesso de calor para o ar ao seu
redor. Nos motores refrigerados a ar, essa transferência de calor é feita diretamente dos cilindros para o ar.
Nos motores refrigerados a líquido, o calor é transferido dos cilindros para o refrigerante, o qual é então
enviado através de tubulações e resfriado dentro do radiador, instalado no fluxo de ar. O radiador deve ser
suficientemente grande para resfriar o líquido com eficiência. O calor é transferido para o ar mais devagar
que para o líquido, portanto, é necessário prover finas aletas metálicas nos cilindros, para uma efetiva troca
de calor. A maior parte dos motores aeronáuticos é refrigerada a ar.
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3.1 Motores em Linha
Um motor em linha tem geralmente um número par de cilindros, muito embora alguns motores de 3 cilindros
já tenham sido construídos. Esses motores podem ser refrigerados a água ou a ar e têm somente um eixo de
manivelas, o qual está localizado abaixo ou acima dos cilindros. Se um motor for projetado para operar com
os cilindros abaixo do eixo de manivelas, será denominado motor invertido. O motor em linha tem uma
pequena área frontal, e é mais bem adaptado ao fluxo de ar.
Quando montado com os cilindros na posição invertida, ele oferece a vantagem adicional de um trem de
pouso menor e maior visibilidade para o piloto. Os motores em linha têm maior razão peso – cavalo - força
que muitos outros motores. Com o aumento no tamanho do motor, o tipo refrigerado a ar, em linha, oferece
desvantagem adicional quanto à refrigeração adequada, portanto, esse tipo de motor é, em larga escala,
restrito aos de pequenas e médias potências utilizadas em pequenas aeronaves.
Os motores opostos, mostrado têm duas carreiras de cilindros diretamente opostos, com eixo de manivelas
no centro. Os pistões das duas carreiras de cilindros são conectados ao eixo de manivelas. Embora o motor
possa ser refrigerado a líquido ou a ar a versão refrigerada a ar é utilizada predominantemente em aviação.
Ele pode ser montado com os cilindros na posição horizontal ou vertical. Os motores opostos têm uma baixa
razão peso - cavalo força e sua estreita silhueta o torna ideal para instalação horizontal em asas de aeronaves.
Outra vantagem é sua relativamente baixa vibração.
Alguns motores radiais têm duas carreiras de sete ou nove cilindros dispostos ao redor do cárter. Um tipo
tem quatro carreiras de cilindros com sete cilindros em cada. A potência produzida pelos diferentes tama-
nhos de motores radiais varia de 100 a 3800 cavalos - força.
Um fabricante que se destaca no seguimento de motores alternativos é a Norte Americana Lycoming. A Ly-
coming Engines é uma empresa que produz motores para aviões e helicópteros. Durante a maior parte da
sua existência a Lycoming foi parte do Grupo AVCO, sendo chamada de AVCO Lycoming. Em 1987, a AVCO
foi comprada pela Textron, transformando-se em Textron Lycoming. Recebeu a denominação atual a partir
de 2002. Seu primeiro motor foi produzido em 1929, sendo radial com nove cilindros. Alguns dos motores
que foram produzidos no início da fabricação da empresa ainda podem ser encontrados em operação. A
Lycoming produz motores especiais com características que permitem por exemplo o motor que opera na
vertical “Lycoming VO-435-A1” que equipa o helicóptero Bell 47 e os motores dedicados a aeronaves
acrobáticas.
Com uma variedade tão grande de motores, a empresa apresenta em um dos seus manuais as codificações
utilizadas pela empresa, para possibilitar a identificação dos seus modelos.
Para aumentar a potência ao freio do motor, o fabricante tem desenvolvido um sistema de indução com
admissão forçada de ar, chamado sistema superalimentador e turboalimentador. Ambos comprimem o ar de
admissão para aumentar sua densidade melhorando a performance do motor.
Um superalimentador é um compressor acionado por meio de uma correia ou de uma engrenagem acionados
pelo movimento da polia do motor. Enquanto um turboalimentador gera sua força a partir da exaustão dos
gases oriundos da combustão provenientes do cilindro que, antes de serem lançados na atmosfera, giram
uma turbina, que por sua vez, gira um compressor.
Quando um motor aspirado atinge seu teto operacional, sua performance e afetada e se não recebe um
auxílio para melhorar a admissão do ar na entrada do sistema de indução do motor por um superalimentador
ou turboalimentador, a aeronave não voará mais alto. Portanto é importante o auxílio de um mecanismo
para aumentar a potência e por consequência o seu teto operacional.
Um método muito eficiente para aumentar a potência do motor é o uso de um turboalimentador. Esse
componente utiliza oss gases de exaustão para girar uma turbina que movimenta um compressor,
aumentando, assim, a pressão do ar que vai para o carburador ou para o sistema de injeção. Assim o motor
tem sua potência elevada podendo operar em grandes altitudes.
Quando fechada, a válvula permite que mais fluxo de gases de exaustão do motor seja direcionado para girar
a turbina do turboalimentador. Quando aberta, os gases de exaustão são desviados e fluem para a atmosfera
sem acionar a turbina.
Portanto o turbo alimentador é um componente que requer inspeções constantes. Os cuidados com os sis-
temas de alimentação são importantes para que o motor possa oferecer a potência adequada dentro dos
PUC Minas Virtual • 26
níveis de segurança especificados pelo fabricante e por consequência reduzir os riscos de parada do motor
em função de pane.
Em apoio à afirmativa, que não há nada de novo debaixo do sol, pode-se dizer que motores a reação, é ideia
das mais antigas. Muitos trabalhos sobre motores a jato trazem o célebre projeto da turbina eolípila, conce-
bida por Heron, considerada como o primeiro motor a jato a ser projetado com propriedade real de funcio-
namento.
O desenvolvimento das turbinas a gás como propulsores de aeronaves, tem sido tão rápida que é difícil de
elencar o seu desenvolvimento, pois antes da década de 1950 poucas as pessoas ouviram falar desse tipo
propulsão para aeronaves. A possibilidade de usar um jato de reação teve diversos estudiosos ao longo dos
anos, vários projetistas ilustraram suas ideias, contudo por um longo período as baixas velocidades das ae-
ronaves do início do século XX, eram inadequadas para esse tipo de propulsão, uma vez que era necessária
a produção de um grande fluxo de ar de alta velocidade para viabilizar o projeto.
Entre 1853 e 1906, muitos outros projetistas como os franceses M. Tournaire e M. Karavodine, e o alemão
Dr. Stolze apresentaram inúmeros esquemas e mecanismos baseados na teoria de propulsão a jato. O cadete
da R.A.F Frank Hittle em 1928, apresentou um trabalho sobre a propulsão a jato utilizando turbinas de
queima interna para uso em aviões. Esta ideia foi abandonada devido às sanções que sofria Alemanha devido
a sua derrota na primeira Guerra Mundial.
A equipe de desenvolvimento de Whittle passou por apuros por não conseguir parar o motor no seu teste,
mesmo depois que este teve o combustível cortado. Isto se deu porque vazou combustível para dentro do
motor, o fazendo funcionar até queimar completamente o combustível vazado. Whittle no momento não
conseguiu desenvolver um revestimento selante apropriado para o projeto, e assim ficou para trás de Von
Ohain na corrida para colocar um motor a jato no ar, uma vez que Ohain aproximou-se de Ernst Heinkel, um
dos grandes empresários da indústria aeronáutica alemã da época, que imediatamente percebeu o potencial
do projeto. Juntos, eles produziram seu primeiro motor, o HeS 1, em setembro de 1937.
Assim com esses experimentos bem-sucedidos, foi inaugurada a era da aviação a jato começando pela apli-
cação militar, contudo a aplicação dos motores a reação na aviação civil se deu a partir da invenção de A.A.
Griffith, que em 1920 cogitou usar gases quentes para acionar as hélices de um avião.
A propulsão a jato é uma aplicação prática da terceira lei de movimento de Sir Isaac Newton, que afirma que
"para toda força que atue sobre um corpo haverá sempre uma força de reação igual e de sentido oposto a
essa".
Para a propulsão da aeronave, o "corpo" é o ar atmosférico que é causado para acelerar à medida que passa
pelo motor. A força necessária para dar essa aceleração tem um efeito igual na direção oposta que atua sobre
o aparelho que produz a aceleração. Um motor a jato produz impulso de forma semelhante à combinação
do motor / hélice. Ambos impulsionam a aeronave empurrando um grande peso de ar para a de trás da
aeronave, um sob a forma de um grande fluxo de ar a uma velocidade comparativamente baixa e o outro
sob a forma de um jato de gás a uma velocidade muito alta, conforme ilustrado nas figuras a seguir.
Um motor a reação do tipo comumente estudado, tem o seu princípio de funcionamento comparado com os
motores alternativos, uma vez em que ambos temos praticamente as mesmas fases operacionais, contudo a
principal diferença se dá no modo e no local em que as fases ocorrem. Enquanto no motor alternativo as
fases ocorrem apenas de forma intermitente no interior de uma câmara de combustão localizada no cilindro,
no motor a reação as fases ocorrem de maneira contínua, ou seja, sem sofrer interrupções.
A figura a seguir, faz um comparativo entre o ciclo de trabalho e fluxo de ar entre os dois tipos de motores.
A comparison between the working cycle of a turbo-jet engine and a piston engine.
Fonte: The Jet Engine RR.
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Devido à ação contínua de funcionamento do motor da turbina e ao fato de que a câmara de combustão não
é um espaço fechado, a pressão do ar não aumenta, como a do motor de pistão, durante a combustão, mas
seu volume aumenta, este processo é conhecido como aquecimento a pressão constante. Nestas condições,
não há pressões de pico ou flutuantes para serem resistidas, como é o caso com o motor de pistão com suas
pressões de pico acima de 1.000 lb. por metro quadrado. É essa pressão de pico, que torna necessário o uso
de mecanismos resistentes como pistões e câmaras de combustão robustas capazes de resistir aos combus-
tíveis de alta octanagem, em contraste com os combustíveis de baixa octanagem e as câmaras de combustão
fabricadas para serem utilizadas no motor da turbina.
Um motor a reação, também conhecido como motor a jato ou ainda apenas como reator, é um motor que
expele um jato rápido de algum fluido para gerar uma força de impulso. Em geral, o termo se refere a uma
turbina que expele um jato em alta velocidade, gerando empuxo e, com isto, gerando força propulsora para
diversos usos, esses fatores levaram ao desenvolvimento de vários tipos de motores. A seguir são apresen-
tados alguns tipos de motores a reação.
O pulso jato funciona utilizando um processo de combustão em pulsos, ou combustão ressonante. O ciclo
termodinâmico que mais se aproxima deste funcionamento é o chamado ciclo Lenoir: a combustão inicia
com a admissão de ar através do difusor frontal, onde o ar se mistura com o combustível, que é injetado ou
aspirado a partir do bico injetor. A mistura ar-combustível é admitida pela válvula e introduzida na câmara
de combustão e, em contato com a faísca elétrica da vela (ou com as paredes já aquecidas), a mistura inflama.
Devido à combustão ocorre o aumento de pressão na câmara.
Com isso, a válvula “margarida” se fecha, impedindo a entrada
de ar. Os gases de combustão são então expelidos pelo tubo de
escape, fazendo surgir a força propulsora. Os ciclos no pulso jato
ocorrem numa frequência de combustão que depende exclusi-
vamente de seu comprimento. Apresenta um consumo de com-
bustível típico de 1,2 a 1,5 Kg/h por Kgf de empuxo, dependendo
do combustível e do regime de voo. Quanto maior a frequência
Pulse Jet engine
Fonte: The Jet Engine RR
de combustão, mais elevado será o seu rendimento.
Os motores Argus dos mísseis V-1 apresentavam uma frequência da ordem de 40 Hz, enquanto que um pulso
jato para aeromodelismo podem chegar a frequências de 200 Hz.
PUC Minas Virtual • 31
5.2.2 Motor Turbo Jato
Se o momentum do fluxo da saída exceder o momentum do fluxo de entrada, o impulso é positivo, assim, há
uma impulsão líquida para avante sobre a fuselagem.
Os Ramjets geralmente não são capazes de gerar impulso útil com pressões geradas a velocidades aproxima-
damente da metade de velocidade de som, e são ineficientes até que a velocidade aerodinâmica exceda mil
km/h. Mesmo acima da velocidade mínima necessária, vários fatores podem determinar a eficiência do Ram-
jet como, por exemplo, a altitude do voo.
A principal diferença de um motor turboélice é a conversão de energia de gás em energia mecânica para
conduzir a hélice. Apenas uma pequena quantidade de "impulso de jato" está disponível no sistema de es-
cape. A maioria da energia na corrente de gás é absorvida por estágios do ou dos discos de turbina adicionais,
que conduzem a hélice através de eixos internos. Portanto os motores turboélice, são projetados para acio-
nar uma hélice responsável pela propulsão do avião; a participação dos gases de escapamento nessa propul-
são, quando existe, é meramente residual.
A energia produzida pelo motor, pode ser utilizada na movimentação de acessórios ligados geralmente a
uma caixa de acessórios “Gear Box”.
PUC Minas Virtual • 33
5.2.6 Motor Turbo Fan
O turbofan é um motor a reação utilizado em aeronaves projetadas especialmente para altas velocidades de
cruzeiro. Possui um excelente desempenho em altitudes elevadas, entre 10 e 15 mil metros, apresentando
velocidades na faixa de 700 Km/h até 1.000 Km/h. Basicamente, neste tipo de projeto, o motor é constituído
por um “fan” (ventilador ou ventoinha), que complementa o fluxo de ar gerado pelos compressores de baixa
pressão e alta pressão.
Apesar de gerarem um jato mais lento, os turbofans são mais silenciosos que seus turbo jatos equivalentes.
São justamente muito apreciados na aviação civil, por serem relativamente pouco ruidosos. Atualmente,
praticamente todos os motores que impulsionam os aviões comerciais a jato são turbofans. Entretanto, são
menos utilizados em aeronaves militares, nas quais altas velocidades e baixo peso são necessários, ao passo
que ruído e eficiência são menos importantes.
Os turbofans tem ainda uma eficiência térmica maior, que será explicada mais abaixo. Nele, o compressor
de baixa pressão é frequentemente chamado de ventoinha. Os civis geralmente têm uma única, enquanto a
maioria das versões militares apresentam múltiplas ventoinhas.
Turbo eixo ("turboshaft" em inglês) é um tipo de turbina a gás utilizada para produzir potência de eixo ao
invés de impulso a jato.
No conceito, o motor turbo eixo é muito similar aos
motores turbo jato, com a expansão adicional da tur-
bina para extrair a energia de calor da exaustão e con-
vertê-la na potência do eixo de saída. Eles são ainda
mais semelhantes aos turboélices, com apenas peque-
nas diferenças, sendo que em muitas vezes, um único
modelo de motor é comercializado em ambas as for-
mas, apenas com algumas diferenças.
6. Seções do Motor
O uso de aeronaves maiores e maiores significou que as viagens aéreas se tornaram cada vez menos caras,
esse conceito funciona bem, desde que as próprias aeronaves funcionem bem se, no entanto, um determi-
nado componente em uma aeronave grande, como um motor, torna-se não operacional, então a despesa
envolvida para alimentar e acomodar muitas das vezes de trezentos a quatrocentos passageiros tornam-se
exorbitantes.
Os fabricantes de motores, na tentativa de minimizar os encargos financeiros impostos aos usuários de seus
equipamentos em caso de falha, começaram a usar métodos de construção modulares que facilitam a mu-
dança de seções de um motor em vez de todo o motor. Esse tipo de construção possui as seguintes vanta-
gens:
Facilidade de manutenção, uma vez que o motor é dividido em módulos, as operações de manuten-
ção põem ser realizadas em módulos específicos, sem a necessidade de abertura total do motor.
Redução do custo de operação, uma vez que a manutenção é modular, na maioria das vezes os mo-
tores são parcialmente desmontados e os módulos enviados para reparo ou troca o que não é pos-
sível em um motor de construção não modular.
Possibilidade da troca de partes do motor, a construção modular flexibiliza as operações de reparo,
uma vez que é possível optar pela troca de módulos no mercado se houver urgência no retorno ao
serviço. Esse tipo de operação, o proprietário entrega o modulo a ser revisado e recebe um abati-
mento no valor da aquisição de um módulo revisado.
A entrada de ar é projetada de forma a dirigir o ar para o compressor com um mínimo de perda de energia,
resultante do arrasto aerodinâmico ou pressão de impacto; ou seja, o fluxo de ar no compressor deve estar
livre de turbulência para alcançar o máximo de eficiência de operação. Portanto o duto de entrada de ar deve
fornecer um fluxo de ar limpo e irrestrito ao motor. O fluxo de ar de entrada limpo e não perturbado prolonga
a vida do motor, evitando danos erosivos, corrosivos e de objetos estranhos Foreign Object Damage (FOD)
ou Dano por Objeto Estranho.
O conjunto de duto de entrada geralmente é projetado e produzido como um sistema separado e não como
parte do projeto e produção do motor.
Existem dois tipos básicos de entrada de ar em uso: a entrada simples e a entrada dividida. Geralmente é
mais vantajoso utilizar um motor com entrada simples com fluxo axial, para se obter a máxima pressão de
impacto, através do fluxo direto. Ela é utilizada quase que exclusivamente sobre as asas ou instalações inter-
nas, onde as entradas desobstruídas ajudam prontamente a dirigir o fluxo para um duto direto, curto e sim-
ples.
É também vantajoso quando a instalação do equipamento ou localização do piloto torna o uso de um duto
direto ou simples impraticável. Na maioria dos casos, a entrada dividida permite o uso de dutos muito curtos,
com menor queda de pressão resultante, devido ao atrito com a superfície.
A seção do compressor de um motor de turbina a gás tem muitas funções. A principal delas é suprir ar em
quantidade suficiente às necessidades dos queimadores de combustão. Especialmente para cumprir sua fi-
nalidade, o compressor tem que aumentar a pressão da massa de ar recebida do duto de entrada, e então
descarregá-la para os queimadores em quantidade e pressão requeridas.
Os dois tipos principais de compressores, sendo utilizados correntemente em motores a reação aeronáuticos,
são de fluxo centrífugo e axial. O tipo de compressor é um meio de classificação do motor.
Os termos "fluxo centrífugo" e "fluxo axial" têm sido muito usados para descrever o motor e o compressor.
Contudo, eles são aplicáveis para o fluxo de ar através do compressor.
Uma função secundária do compressor é suprir ar de sangria para as diversas finalidades no motor e na
aeronave. O ar de sangria é tomado em qualquer um dos diversos estágios do compressor. A localização
exata das tomadas de sangria depende naturalmente da pressão ou temperatura, requerida para um propo-
sito particular. As tomadas são pequenas aberturas na carcaça do compressor, adjacente ao particular está-
gio do qual o ar será extraído; assim, níveis variados de pressão e calor estão disponíveis, simplesmente
sangrando no estágio apropriado.
O ar é frequentemente extraído do último estágio ou estágio de pressão mais elevado, uma vez que nesse
ponto, a pressão e temperatura do ar estão no máximo. Algumas vezes, pode ser necessário resfriar esse ar
de alta pressão. Se ele for utilizado para pressurização da cabine ou outros propósitos onde o calor excessivo
seria desconfortável ou danoso, será enviado através de uma unidade de refrigeração.
A seção de combustão encerra o processo de combustão, o qual eleva a temperatura do ar que passa através
do motor. Esse processo libera a energia contida na mistura ar/combustível. A maior parte dessa energia é
requerida na turbina para acionar o compressor. A energia remanescente cria uma reação ou propulsão e
desemboca na traseira do motor na forma de jato em alta velocidade.
1. Prover os meios para a mistura apropriada do ar e do combustível para assegurar boa combustão.
2. Queimar essa mistura de forma eficiente.
3. Resfriar os produtos da combustão para uma temperatura na qual as palhetas da turbina possam
resistir sob condições de operação.
4. Distribuir os gases quentes para a seção da turbina.
Existem três tipos básicos de câmara de combustão, sendo as variações dentro desses tipos, apenas particu-
laridades. Esses tipos são:
A eficiência da combustão é de suma importância, pois está diretamente relacionada com o bom
funcionamento da câmara. Uma câmara mal dimensionada pode causar uma queima irregular e/ou não
completa, provocando um maior consumo além da emissão de poluentes, como o monóxido de carbono e
nitroxidos.
Lefebvre (1983) sugere que a perda de pressão na câmara resultantes de turbulências
e da fricção do gás nas paredes fique entre 2 e 8%. A perda de pressão reduz a eficiência,
aumentando o consumo de combustível, sendo que para cada 1% de perda de pressão na
câmara tem-se 1% da perda de potencia e mesmo 1% de aumento no consumo (LACAVA,
2009).
O perfil da temperatura dos gases na saída da câmara deve ser tal que não prejudique a turbina, provocando
o superaquecimento e uma posterior falha por fadiga térmica.
A turbina tem a como finalidade fornecer força para movimentar o compressor e os acessórios e, no caso de
motores que não fazem uso unicamente de um jato para propulsão, de fornecer energia de eixo para uma
hélice ou rotor. Esse componente realiza esse trabalho através da extração da energia cinética dos gases
quentes liberados pelo sistema de combustão e expandindo-os para uma pressão e temperatura mais baixas.
O número de estágios depende da relação entre a potência necessária do fluxo de gás, a velocidade de rota-
ção na qual ele deve ser produzido e o diâmetro da turbina permitido. O número de eixos e, portanto, turbi-
nas, varia com o tipo de motor. Os motores de alta taxa de compressão geralmente possuem dois eixos,
gerando compressores de alta e baixa pressão.
A seção de escapamento de uma turbina a gás jato é constituída de diversos componentes, cada um tendo
suas funções individuais. Embora os componentes tenham propósitos individuais, eles também têm uma
função comum: eles têm que dirigir o fluxo de gases quentes para trás, de maneira a evitar turbulência e ao
mesmo tempo conceder uma alta velocidade final ou de saída para os gases.
Na execução de cada função, cada componente afeta o fluxo de gases de diferentes formas, como descrito
nos parágrafos seguintes.
A temperatura do gás que entra no sistema de escape é entre 550 e 850 graus. C. De acordo com o tipo de
motor e com o uso de pós-combustão (Parte 16) pode ser 1.500 graus. C. ou superior. Portanto, é necessário
usar materiais e uma forma de construção que resista à distorção e à fissuração e evite a condução de calor
para a estrutura da aeronave.
O motor equipado com sistema de by-pass tem duas correntes de gás para ejetar para a atmosfera, o fluxo
de ar fresco by-pass e os gases de descarga da turbina quente. Em um motor de baixa razão de by-pass, os
dois fluxos são combinados por uma unidade de mistura que permite que o ar de by-pass para fluir para
dentro do fluxo de gases de escape da turbina de uma forma que assegura uma mistura completa de as duas
correntes.
A seção de acessórios de uma turbina a gás tem diversas funções. A função principal é prover espaço para
instalação dos acessórios necessários à operação e controle do motor. Geralmente, também são incluídos
acessórios concernentes à aeronave, tais como geradores elétricos e bombas de fluidos. As funções secun-
dárias incluem a utilização como reservatório e/ou coletor de óleo e alojamento de engrenagens, acionado-
ras de acessórios e engrenagens de redução.
A caixa de acessórios é também provida de tubulações adequadas ou passagens na própria carcaça, para
Fonte
borrifar óleo de lubrificação sobre o trem de engrenagens e mancais de apoio. O trem de engrenagens é
acionado pelo rotor do motor por meio do acoplamento da engrenagem do eixo acionador de acessórios, o
qual é preso por estrias a um eixo de engrenagens e conjunto do rotor do cubo do compressor.
As engrenagens de redução, na caixa de engrenagens provêm velocidade adequada para cada acessório ou
componente do motor. Devido ao fato da RPM de operação do rotor ser muito alta, a razão das engrenagens
de redução de acessórios é relativamente alta. Os acessórios acionados, são suportados por mancais de es-
feras, montados nos furos do adaptador da caixa de acessórios.
Accessory Gearbox
Fonte: Jet Engines RR
O uso de energia elétrica para propulsão de aeronaves não é novo, o primeiro registro do uso de um motor
elétrico ocorreu na França quando houve foi instalado em um dirigível no ano de 1884. Na ocasião o dirigível
de hidrogênio venceu uma corrida de 10 km em torno de Villacoulbay e Medon. Neste momento, o sistema
elétrico era superior ao seu único rival, a máquina a vapor, mas depois com a chegada de motores a gasolina,
o trabalho em propulsão elétrica para veículos a ar foi abandonado em função da pouca tecnologia e o grande
peso das baterias da época, esse tipo de propulsão permaneceu latente por quase um século.
Os experimentos com aeronaves elétricas foram retomados nos anos 50 com aeronaves de controle remoto
na Europa e na América, com tudo os estudos já apontavam para a tentativa do uso de foto células na trans-
formação de energia solar em eletricidade para alimentação dos propulsores.
Ele se inspirou no UFM Easy Rise, uma espécie de asa delta biplana, dos Estados Unidos. A aeronave utilizava
células fotovoltaicas, que captavam a energia solar e produziam 350 watts a 30 volts. Elas carregavam uma
bateria de helicóptero Hughes 500 que, por sua vez, era ligada ao motor elétrico da aeronave. O sistema era
capaz de alimentar o motor por no máximo cinco minutos, após uma carga de uma hora e meia, o que o
permitia alcançar uma altitude de planeio.
Ao longo dos anos, vários estudos foram realizados no seguimento da propulsão elétrica. Alguns pesquisa-
dores com o intuito de utilizarem o sol como fonte de energia, conseguiram em 2007 transportar uma carga
de 453 kg (1000lb) por um período de até 5 anos de acordo com os pesquisadores.
Exceção feita a aeronaves não tripuladas, que, a elevada altura e com grande autonomia, têm sido cogitadas
como satélites de baixa órbita de comunicação e de observação poderiam ser classificados como drones a
energia solar.
Outras linhas de pesquisa, caminha rumo a propulsão hibrida, onde um pequeno motor a combustão traba-
lha em conjunto com um propulsor elétrico. Nesse tipo de propulsão, a aposta é na segurança do já consoli-
dado motor a combustão que garantiria a geração de energia elétrica para o propulsor da aeronave sem a
dependência direta da luz do sol ou das baterias a bordo da aeronave. As células a combustível estão entre
Em outros projetos similares fabricantes apostam na redução da quantidade de poluentes emitidos na at-
mosfera, uma vez que o motor a combustão é de pequeno porte, construído com o intuito de gerar eletrici-
dade ao invés de ser a fonte de propulsão da aeronave. Um jato comercial por exemplo consome cerca de 5
galões de querosene por milha voada ou cerca de 36.000 galões em um voo de 10 horas, portanto a propulsão
hibrida, seria o caminho na redução do consumo de combustíveis fosseis por parte das aeronaves. Fabrican-
tes como a Honeywell, Rolls Royce e agora a Siemens estão trabalhando no desenvolvimento de propulsores
elétricos para aeronaves. Aliados a fabricantes de aeronaves essas empresas apresentam modelos que no
futuro podem trabalhar em conjunto como os motores a combustão ou até substituí-los em pouco tempo.
Outro seguimento da pesquisa gira em torno de um avião elétrico recarregável a partir de pontos de energia
a serem instalados nos aeroportos. O monoplace BL1E ‘Electra’, da Electravia francesa, foi o primeiro avião
elétrico registrado no mundo. Voou pela primeira vez em 23 de dezembro de 2007, permanecendo no ar
durante 48 minutos e cobrindo 50 km. O motor de 18 kW (24 hp) era alimentado por uma bateria ‘Kokam’
de polímero de lítio pesando 47 kg. Antes dele, apenas uma pequena aeronave elétrica alimentada por 160
pilhas AA voou 391 m, numa parceria da japonesa Matsushita Electrical Industrial Co. e o Instituto de Tecno-
logia de Tóquio.
O modelo pode levar duas pessoas (piloto e passageiro) e tem autonomia de 45 minutos de voo, expansível
para uma hora e meia, com velocidade de cruzeiro de 190 km/h e velocidade máxima de 340 km/h. A estru-
tura é de fibra de carbono e a hélice foi fabricada nos Estados Unidos, pela empresa Craig Catto, atendendo
as especificações do projeto. São 8 metros de envergadura (de uma ponta a outra da asa) e peso total de 650
quilos.
O futuro do avião elétrico depende inicialmente da tecnologia de baterias, as quais precisam de peso e vo-
lume menores e maior capacidade de armazenamento de energia. Materiais ultraleves e muito resistentes,
como os modernos compósitos, são vitais para viabilizar projetos de aeronaves mais leves ao exigirem menor
grau de energia para sua propulsão.
PUC Minas Virtual • 43
8. Motor Wankel
Engenheiros aeronáuticos europeus trabalham na certificação de em um motor rotativo Wankel para uso em
pequenos aviões. Os motores Wankel têm apenas duas partes móveis, mas até hoje não despertaram inte-
resse mais generalizado devido ao seu alto consumo de combustível.
Os motores a pistão de quatro cilindros, hoje utilizados na maioria dos aviões de pequeno porte, são basea-
dos em uma tecnologia desenvolvida há mais de 70 anos. Embora funcionem muito bem e tenham uma
confiabilidade a toda prova, eles têm duas desvantagens significativas: têm cerca de 80 partes móveis - o que
é sempre um fator de risco - e só funcionam com uma gasolina especial de alta octanagem.
O projeto do motor Wankel data dos anos 1930, ao longo dos anos muitos engenheiros e inventores tenta-
ram criar uma forma diferente de fazer um motor a combustão interna, e o mais bem-sucedido deles foi o
alemão Felix Wankel, que idealizou um motor com um pistão triangular rotativo, para reduzir o número de
peças móveis, otimizar a eficiência termodinâmica e funcionar com mais suavidade. Apesar das inovações
apresentadas, esse tipo motor nunca representou um concorrente sério para os motores a pistão devido ao
seu alto consumo de combustível, contudo agora o novo motor Wankel, em desenvolvimento por pesquisa-
dores da Universidade Politécnica de Lausanne, na Suíça.
O uso de motores rotativos Wankel na aviação não é exatamente uma novidade, o fabricante de automóveis
Mazda, do Japão, fabrica automóveis com esse tipo de motor. Aficionados por aviação, principalmente nos
Estados Unidos, já fizeram inúmeras adaptações desse motor automotivo, principalmente para uso em pe-
quenos aviões construídos de forma amadora, na garagem de suas casas. Segurança e confiabilidade são
fatores-chave na aviação. O motor Wankel tem apenas um rotor, que substitui o virabrequim, pistões, anéis,
válvulas e todo o aparato móvel de um motor a pistão. Ao invés de 80 partes móveis, o motor rotativo pode
ter apenas duas ou três, o que o torna extremamente seguro e confiável.
Motor Wankel
Fonte: aeroexpo
PUC Minas Virtual • 44
As vantagens do motor Wankel sobre os motores a pistão convencional são muitas. Em primeiro lugar, exis-
tem poucas vibrações devido ao fato de que só há um movimento rotativo, isso significa ainda menor des-
gaste e vida mais longa. O motor Wankel não tem nada de complicado, pelo contrário, tem poucos compo-
nentes e é bem menor e mais leve. Além disso ele gera mais potência e mais torque que um motor "conven-
cional" de mesma cilindrada. Isso porque cada lado de seu rotor encontra-se em uma fase do ciclo, gerando
mais potência por volta do eixo virabrequim do que um motor a pistão.
Entre suas desvantagens incluem-se uma curva de potência não muito elástica e os problemas em manter
uma vedação ideal entre os cantos do rotor e as paredes da câmara de combustão devido à dilatação térmica,
o que causa algumas dificuldades devido ao rigor das especificações do projeto e às tolerâncias mínimas na
produção. A engenharia trabalha para reduzir a temperatura de funcionamento do motor que em alguns
casos onde exista a necessidade de imprimir mais potência, essa chega próxima ao limite do motor.
Motores aeronáuticos necessitam de cuidados especiais para que durante sua operação, esse possa fornecer
potencia adequada em todas as fases operacionais do voo e assim oferecer ao operador uma performance
satisfatória.
Algumas tarefas simples que devem ser realizadas durante as inspeção de pré, inter e pôs-vos são de
fundamental importância para que o operador possa identificar problemas potenciais antes que eles se
tornem uma questão de segurança e também ajudarão a prolongar a vida útil do motor.
Essa inspeção deve ser realizada com cuidado e atenção para o operador visualize o maior número de partes
possíveis e identifique danos e componentes que apresentem sinais de não conformidades o que pode gerar
falhas durante a operação do motor. É importante verificar se não existem itens soltos, frouxos ou faltando
(velas, cabos de vela, magnetos, motor de partida, alternador, tubos de admissão e escape, turbo
alimentador “se equipado” e demais componentes que possam ter se afrouxado em voos anteriores).
O operador deve verificar os níveis de óleo do motor e de componentes ligados ao mesmo como por exemplo
bombas hidráulicas que podem ser acionadas a partir da caixa de acessórios. Essa inspeção deve garantir a
ausência de vazamentos em todas as conexões, além de atentar para vazamentos o operador deve certificar
que os níveis dos fluidos estão dentro dos limites especificados pelo fabricante.
Inspecionar os defletores de ar e as borrachas dos quanto a sua fixação e operação se equipados com
mecanismo de ajuste. Inspecionar mangueiras e tubulações quanto a ausência de dobradas (diferentes das
provenientes de fábrica) ou com esmagamentos que podem restringir o volume de fluído que passa por elas.
Inspecione itens de borracha e plásticos quanto ao contato direto com áreas quentes do motor e o sistema
de escapamento, o que pode danificar esses componentes.
Ao girar a hélice com as mãos por duas ou três voltas, é possível sentir a resistência à compressão de cada
cilindro, a resistência à compressão de cada cilindro deve possuir um determinado peso, se durante o giro o
operador sentir uma resistência menor em algum cilindro, isto é um indicativo que poderá estar havendo um
vazamento de compressão no cilindro por uma das válvulas (e escapamento ou admissão), pelas velas ou
pelos anéis de segmento.
Se o operador detectar uma anormalidade durante o giro, como um cilindro com baixa a resistência ao giro
em relação aos demais o mesmo deverá passar por uma inspeção minuciosa para identificar e corrigir a falha.
Operar motores com vazamento de compressão nos cilindros poderá levar a problemas mais graves tais
como: válvulas de escapamento queimadas, pistões deformados ou furados, perda de potência, falhas
durante a operação e em alguns casos pode ocasionar a parada completa do motor. É importante dizer que
uma vantagem obtida ao girar o motor pela hélice é que este procedimento ajuda a formar uma película de
óleo lubrificante nas superfícies internas do motor antes da partida o que proporciona uma partida mais
suave e aumenta a vida útil do motor.
Observação: antes de iniciar giro da hélice, certifique-se que as chaves de ignição/magnetos estão na posição
desligada e mantenha-se constantemente fora da área de giro da hélice.
Partida no Motor
Ao acionar o motor o operador deve verificar se a pressão do óleo está na faixa normal de operação para
aquele regime de potência, durante o aquecimento devem ser mantidos valores mínimos de rotação e
potência do motor. Altas rotações antes aquecimento adequado do motor, podem pode levar ao desgaste
prematuro nas peças internas do motor devido à falta de lubrificação.
Muitas das peças internas do motor são lubrificadas por "salpico", mais notadamente o comando de válvulas
e os tuchos nos motores LYCOMING. Tempo suficiente deve ser permitido para que o óleo seja respingado
sobre as peças, uma boa camada de óleo se forme sobre as mesmas e para que o óleo aqueça antes de se
aumentar a potência acima de 1500 rotações.
Uma segunda razão para o aquecimento adequado do motor é que, até o motor atingir a temperatura
mínima de funcionamento, algumas das folgas internas podem estar fora dos valores desejáveis de operação.
Uma peça aquecida sofre dilatação o que aumenta a dimensão da mesma, a operação do motor em altos
regimes de potência antes de ser submetido ao procedimento normal de aquecimento pode levar ao
desgaste prematuro devido a folgas incorretas das peças proporcionadas pelo tempo de vida do motor.
Uma dica importante é permitir que durante o período de aquecimento no solo do motor, seja mantida uma
mistura pobre, isto pode ajudar a manter as velas de ignição limpas, outra dica é lembrar que a menos que a
aeronaves esteja em uma altitude densidade mais elevada, as decolagens devem ser feitas em potência total
e com a mistura totalmente rica.
Manter um registro simples dos parâmetros mais importantes de funcionamento do motor pode ser muito
útil para determinar se estão ocorrendo alterações ao longo do tempo no seu motor. Monitorar os
parâmetros possibilita identificar tendências. Por exemplo, se a pressão de óleo na marcha lenta se mantém
constantemente em torno de 45PSI a 700RPM com uma temperatura de 195°F e você observa que ela está
reduzindo para 35PSI, isto é uma indicação de que alguma coisa mudou dentro do motor.
Boas informações permitem aos operadores identificar problemas potenciais antes que eles afetem
seriamente o funcionamento do motor ou criem problemas de segurança. Para obter informações coerentes,
tente registrar os parâmetros sob as mesmas condições operacionais. Por exemplo, na maioria dos motores
a pressão de óleo varia com a temperatura e rotação do motor. Portanto para obter leituras consistentes de
pressão de óleo, sempre anote a pressão na mesma temperatura e rotação.
Durante a operação deve-se aumentar ou diminuir a potência do motor gradualmente, quando possível,
evitando mudanças rápidas na potência e rotação do motor, pois uma redução rápida na potência do motor
pode provocar "choque térmico". Choque térmico no motor pode causar trincas em cilindros e blocos. De
uma maneira geral a razão de resfriamento dos cilindros não deve exceder a 50°F por minuto.
Quando alternando o passo de hélice, faça-o suavemente. Nos motores equipados com contrapesos
dinâmicos, trocas rápidas de rotação podem causar desgaste prematuro nas buchas e roletes dos
contrapesos e consequente destruição do sistema de contrapesos. Contrapesos danificados não absorvem
mais as energias vibratórias nas frequências desejadas. Quando não absorvidas, estas energias vibratórias
podem causar muitos problemas de manutenção desde trincas nos defletores de ar do motor e spinner da
hélice até quebra de eixo de manivelas.
Dar tempo suficiente para o motor resfriar uniformemente a partir das temperaturas normais de
funcionamento é importante para evitar choque térmico nos cilindros e a criação excessiva de carbono
dentro do motor.
Se o motor é desligado com uma alta CHT (temperatura na cabeça do cilindro), o óleo que é deixado nas
áreas quentes pode ser cozido e transformado em carbono. Depósitos de carbono podem causar
emperramento de válvulas e anéis de segmento.
Resfriamento adequado é ainda mais importante em motores turbo alimentados devido às altas
temperaturas de funcionamento do turbocharger.
De uma maneira geral, a operação do motor por alguns minutos a 1000RPM resulta em um adequado período
de resfriamento.
Erci D. Roberto
Data Fatos
Os chineses descobrem a pólvora e com ela constroem os primeiros foguetes, usando de forma empírica
1232
o princípio da acção – reacção.
Leonardo Da Vinci desenha uma roda com pás que se movimentava quando submetida a uma corrente
1500 ascendente de ar quente com suficiente força para fazer rodar um espeto de churrasco. Tratava-se dos
primeiros rudimentos duma roda de turbina.
O engenheiro italiano Giovanni Branca desenha uma roda de turbina movimentada por um jacto de
1629
vapor. Este invento tornou-se o primeiro exemplo de uma turbina axial.
O grande filósofo e matemático inglês Sir Isaac Newton formula as 3 leis do movimento que estão na
base da moderna propulsão, as quais se resumem aos seguintes princípios teóricos:
O alemão Willem Jako Gravesande fabricou uma carruagem que se movia através de um jacto de vapor,
dirigido na direcção oposta ao deslocamento, comprimido numa enorme esfera e produzido por uma
1687
fornalha localizada por debaixo da carruagem. Este artefacto embora fabricado por Willem Jako
Gravesande baseou-se numa ideia original de Sir Isaac Newton.
O inglês John Barber registou a patente de um motor movido por uma turbina de gás, utilizando o ciclo
termodinâmico das modernas turbinas de gás. Embora projectado para ser um motor fixo para uso
1791 industrial, o aparelho empregava um gerador de gases constituído por compressor, câmara de
combustão e roda de turbina, componentes estes que são fundamentais nos motores actuais. Todavia,
este motor nunca foi fabricado, não deixando de constituír um mero projecto.
Em Inglaterra John Bumbell registou a patente duma turbina de gás que tinha pás mas era desprovida de
1808
quaisquer elementos estáticos (actualmente designado por vanes).
Sir George Cayley nos seus trabalhos sugere que se deveria utilizar a expansão do ar provocada pela
1809 rápida expansão de granulados ou líquidos inflamáveis e transmitir essa força a um êmbolo, numa clara
alusão ao uso de alternativas ao vapor.
Em Inglaterra, num discurso perante a Cambridge Philosophical Society o reverendo W. Cecil dissertou
1820 sobre uma teoria que apresentava o princípio dum motor de combustão interna. Este motor funcionava
com uma mistura de hidrogénio e ar.
Pela primeira vez o termo turbina é utilizado na literatura técnica. O francês Burdin reivindica a
1824
concepção duma roda de água por si como sendo uma turbina.
1837 O francês Bresson registou a patente dum dispositivo equipado com uma roda de fan que deslocava ar
pressurizado para o interior duma câmara de combustão, onde este era misturado com combustível gasoso
O inventor inglês William Barnett fabricou um motor de um só cilindro com uma câmara de combustão em
1838 cada extremo do cilindro. Neste motor o combustível utilizado era gasoso em vez de líquido como era a
tendência da época.
W. F. Fernihough registou a patente em Inglaterra de uma turbina movida quer a gás quer a vapor. Apesar
1850
de terem sido realizados alguns ensaios com vapor o projecto acabou por ser abandonado.
O inventor francês Jean Joseph Étienne Lenoir fabricou o primeiro motor de aplicação prática. Este motor
era alimentado por gás de iluminação e a ignição tinha origem numa bateria eléctrica. Foram fabricados
1860
cerca de 400 destes motores, principalmente para equipar tornos mecânicos e máquinas de impressão,
de entre outro tipo de maquinaria.
Um indivíduo chamado Stolze concebeu o que poderá ter sido a primeira turbina de gás equipada com
1872
vários andares de turbina e de compressão axial. Este dispositivo terá sido ensaiado entre 1900 e 1904.
É fabricado o primeiro motor alternativo a 4 tempos pelos alemães August Otto e Eugen Langen, na
1876 Alemanha. Apesar desta dupla de técnicos também ter fabricado motores a 2 tempos, o nome Otto
permaneceu intimamente associado ao ciclo termodinâmico dos motores a 4 tempos.
Nos EUA o engenheiro George B. Brayton construiu um motor usando como combustível a gasolina. Este
1876
motor foi apresentado ao público durante a Exposição Centenária de Filadélfia.
O engenheiro sueco Patrik de Laval faz funcionar a primeira aplicação utilizável de uma turbina de vapor.
1883 A forma especialmente concebida dos ejectores, produziam um escoamento supersónico do vapor à
saída.
O grande inventor inglês Sir Charles Parsons registou a patente duma turbina a vapor cujo princípio teórico
assentava na ideia de que uma turbina poderia ser convertida num compressor, bastando rodá-la no
1884 sentido contrário com auxílio duma fonte exterior de movimento. O ar, assim comprimido, deveria ser
descargado numa câmara de combustão com combustível injectado e os produtos da combustão poderem
expandir-se através duma turbina.
É fabricado o primeiro motor a gasolina de 4 tempos de grande expressão pelo engenheiro alemão Gottlieb
1885 Daimler que havia trabalhado anteriormente com Otto e Langen. Ao mesmo tempo um motor semelhante
era fabricado por outro engenheiro alemão chamado Karl Benz.
O australiano Lawrence Hargrave fabricou e ensaiou um pequeno motor constituído por três cilindros
1889 dispostos radialmente que ao movimentarem-se por acção de ar comprimido contido num reservatório
faziam rodar o seu invólucro. Este dispositivo terá sido o precursor do motor alternativo rotativo.
Sir Hiram Maxim construiu a mais impressionante aeronave do século XIX utilizando dois motores a
1894 vapor que ao rodarem impulsionavam dois hélices. Nestes motores atingiu uma pressão de 320 psi à
qual correspondia uma potência de 180 hp.
1896 Samuel Pierpont Langley fabricou dois novos modelos de motor a vapor.
Em Inglaterra uma turbina de vapor designada por turbina Parson e destinada a equipar um navio é
1897 ensaiada pela primeira vez. Sete anos mais tarde o cruzador alemão Lubeck, equipado com uma turbina
deste tipo, é lançado ao mar.
Os irmãos franceses Armangaud fazem funcionar o primeiro motor de turbina de gás. A ignição da
1898
mistura gasosa de ar comprimido e gasóleo era provocada por filamentos metálicos aquecidos.
1900 uma tese de doutoramento, na Universidade da Califórnia, na qual descrevia o princípio de funcionamento
das turbinas de gás.
O americano Charles G. Curtis solicitou o registo da patente de um compressor rotativo a qual lhe foi
1902 concedida em 1914. Baseado nesta ideia inventou o chamado motor a vapor Curtis e tornou-o num dos
pioneiros do desenvolvimento dos motores a vapor.
Dando continuidade ao trabalho de Samuel Pierpont Langley, de quem fora discípulo, Charles M. Mainly
concebeu e fabricou o primeiro motor alternativo radial de cinco cilindros em estrela simples o que
1903 constituiu um feito demasiado avançado para a época. Este motor de combustão interna funcionava com
uma mistura de ar e gasolina, inflamada por uma vela eléctrica e arrefecido a água que circulava em
torno dos cilindros e pesava cerca de 200 lb. No decurso dos ensaios atingiu a potência de 52.4 hp.
Os irmãos Wilbur e Orville Wright coadjuvados pelo seu mecânico Charles Taylor, construíram um motor
alternativo de combustão interna de 4 cilindros alinhados horizontalmente, funcionando com uma
1903 mistura de ar e gasolina e arrefecido a água, que pesava cerca de 180 lb e produzia 16 hp. Pela primeira
vez este motor introduzia um volante de inércia para atenuar os impulsos das sucessivas
movimentações dos êmbolos no interior dos cilindros.
O francês Laurent Seguin e o seu irmão recuperam o princípio do motor alternativo rotativo, por pesar
menos ao ser arrefecido a ar, e devido ao facto de o próprio carter do motor constituir o volante de
1907
inércia. Fabricam um modelo de 5 cilindros em estrela, pesando 112 lb e debitando 34 hp designado por
Gnome de 1907.
Os irmãos Wilbur e Orville Wright aperfeiçoam o motor anteriormente utilizado, passando a dispor os
1908
cilindros verticalmente e aumentando a potência para 30hp.
O alemão Hans Holzwarth fez funcionar uma turbina a gás equipada com uma câmara de combustão
1908
controlada por válvulas e uma ignição eléctrica para uma mistura de ar-combustível.
O francês Laurent Seguin e o seu irmão aperfeiçoam o motor Gnome de 1907 e fabricam um outro
1909 motor de 7 cilindros em estrela que atingia 1,000 rpm, debitava 45 a 47 hp e pesava 170 lb, fabricado
quase na íntegra em liga de ferro e níquel.
O engenheiro francês Lorin registou a patente dum motor tipo ramjet. As tentativas de fabricar este
1913
projecto fracassaram em virtude da inadequabilidade dos materiais utilizados.
1917 Fim da era dos motores Gnome que entretanto tinham evoluído e atingido potências de 200 hp.
Um consórcio de empresas americanas fabrica o motor Liberty, um V-12 a 45º que debitava 400 hp.
1917 Foram produzidos milhares de modelos deste motor no âmbito do esforço da 1ª Guerra Mundial. Em
simultâneo a Rolls-Royce fabricava os modelos Falcon e Eagle.
A par duma evolução na utilização de novos materiais como as ligas de alumínio e aços de elevada
resistência ao invés de ferro, cobre e latão, até então amplamente utilizados no fabrico de motores, o
1918
motor do tipo alternativo radial conquista a supremacia até aqui detida pelo motor do tipo alternativo
rotativo.
Na General Electric nos EUA, Sanford Moss desenvolveu um turbo-compressor alimentado com os gases
de escape para equipar motores alternativos. Tratou-se da primeira aplicação duma turbina de gás num
1918
sistema de propulsão aeronáutico. Embora o fabrico do primeiro turbo-compressor seja devido a Moss, a
ideia original do turbo-compressor é geralmente atribuída ao francês Rateau.
É introduzida a redução cinemática a fim de reduzir a velocidade de rotação da cambota que é transmitida
ao hélice, através da introdução de caixas redutoras. Esta técnica viria a estar completamente
1918 generalizada por volta de 1939 e permitia que os motores alternativos rodassem a cerca de 3,000 rpm
mantendo, no entanto, a velocidade do hélice muito mais baixa, na ordem das 500 a 700 rpm.
No Reino Unido a Armstrong Siddley fabrica o primeiro motor radial de dupla estrela debitando 500 hp
1920 denominado Jaguar. Ao mesmo tempo a British Bristol fabrica o modelo radial Jupiter de estrela simples
debitando 500 hp.
A Bristol Aeroplane Company inicia a produção de motores Hercules equipados com 14 cilindros e
1925 debitando 2,000 hp. Durante a 2ª Guerra Mundial foram fabricados mais de 57,000 motores modelo
Hercules.
A travessia do Atlântico, desde Nova Iorque até Paris, protagonizada por Charles Lindberg realiza-se
1927
com uma aeronave equipada com um motor Wright Whirlwind de 200 hp.
Um grupo de engenheiros oriundos da empresa Wright fabrica um motor radial de 400 hp, denominado
1927
Wasp e funda a Pratt & Whitney.
É batido o recorde de altitude por uma aeronave Wright Apache pilotada pelo major R. R. Schroeder cujo
1928
motor era alimentado por um grupo turbo-compressor.
Frank Whittle na Grã-Bretanha solicitou o registo duma patente baseada no seu estudo “Improvements
Relating to the Propulsion of Aircraft and Other Vehicles”, no qual descrevia o funcionamento dum motor
1930 a jacto equipado com um compressor axial multi-estágios acoplado a um compressor radial, uma
câmara de combustão anelar, uma turbina de andar único e uma tubeira. Com base neste estudo o
primeiro motor Whittle funcionou em Abril de 1937 e era alimentado a combustível líquido.
Data deste ano o primeiro projecto dum motor do tipo Turbopropulsor da autoria do engenheiro húngaro
1930
chamado Jendrassik que o chegou a construir.
É fabricado pela British Rolls-Royce o motor modelo Merlin que debitava cerca de 720 hp. Em 1936 surgiu
o modelo Merlin Mk I que debitava 990 hp. O modelo que se seguiu, o Merlin Mk II, debitava 1,030 hp e
1934
a partir de 1945 surgiram novas variantes que debitavam 2,000 hp. Durante a batalha de Inglaterra estes
motores equiparam as frotas de Hurricanes e Spitfires, tendo sido fabricados cerca de 70,000 motores.
O professor alemão Hellmuth Walter experimentou com êxito um pequeno motor-foguete com 90 lb de
1936
empuxo, alimentado a gasolina.
O engenheiro e cientista alemão Pabst von Ohain, ao serviço da empresa fabricante de aeronaves
Heinkel, fez funcionar um motor do tipo turbojacto que desenvolvia 550 lb (250 daN) de empuxo e que
1937 se designava He S-1. Embora a concepção deste motor fosse similar ao motor Whittle, apenas possuía
um compressor radial. O combustível utilizado era hidrogénio gasoso por forma a evitar problemas de
combustão.
Generaliza-se na construção dos motores alternativos a gasolina o uso da introdução da mistura gasosa
1939 no interior dos cilindros através da sua injecção em vez de aspiração.
A aeronave DFS-194 realizou o primeiro voo impulsionada por um motor-foguete designado Walter R I-
1940
203 de 882 lbs de empuxo, desenvolvido pelo professor Hellmuth Walter.
O motor designado Junkers Jumo 004 equipado com compressor axial, funcionou pela primeira vez na
fábrica Junkers, na Alemanha. Anselm Franz, foi um pioneiro no projecto de motores do tipo turbojacto
1940
equipados com compressores axiais, ao contrário da concepção dos motores equipados com
compressores radiais tipo Whittle e Ohain.
É construído o primeiro motor do tipo turboprop e designado por Cs-1, projectato pelo húngaro Gyorgy
Jendrassik que trabalhava na Ganz wagon works em Budapeste. Tratava-se de um motor da classe de 1
000 hp que rodava a 13 500 rpm, com um compressor axial de 15 andares, câmaras de combustão
1940
individuais e de fluxo invertido e uma turbina de 11 andares. Rodou pela primeira vez em Agosto de
1940 e destinava-se a equipar o caça X/H (também designado RMI-1). Porém, os acontecimentos
decorrentes da 2ª Guerra Mundial inviabilizaram este projecto, que sucumbiu em 1941.
Na Grã-Bretanha, a aeronave experimental Gloster E28/39 voou equipada com um motor Whittle W1A o
1941
qual desenvolvia um empuxo de 850 lb (400 daN) e pesava 286 kg.
Voou pela primeira vez um protótipo de aeronave Me-163A V4 propulsionada com um motor-foguete
Hellmuth Walter Wenke R-II 203b com 1,635 lb de empuxo, que trabalhava durante pouco mais que 1
minuto. Nos voos que se seguiram a aeronave foi acelerada até 1,004 km/h (Mach 0.84). Este tipo de
motor deixava muito a desejar em termos de fiabilidade e segurança. Utilizava como combustível dois
1941
compostos químicos. o T-stoff (um concentrado à base de peróxido de hidrogénio) e o Z-stoff (uma
solução aquosa de permanganato de cálcio) mais tarde substituído pelo C-stoff (uma mistura de 30% de
hidrato de hidrazina numa solução de metanol), produtos que reagiam violentamente quando se
combinavam.
Voou pela primeira vez a aeronave Me-163B propulsionada pelo motor HWK R II-211 de 3,750 lb de
1942
empuxo, apresentando um consumo de cerca de 11 lb/s, quase o dobro do previsto.
Na Alemanha, o caça Messerschmitt Me 262, bimotor, equipado com motores Jumo 004A, voou pela
1942 primeira vez em Julho desse ano. Até Março de 1945, terão sido fabricados cerca de 6,000 motores
Jumo 004A.
Atinge-se a supremacia do sistema de arrefecimento a ar dos motores alternativos até então divididos
1945
entre este método e o método de arrefecimento a líquido.
Se bem que até esta data a maioria dos motores alternativos funcionavam com misturas de gasolina e
ar, a escola alemã tinha mantido a opção de funcionamento a diesel. Por volta deste ano esta técnica é
1945
completamente abandonada.
A Rolls-Royce fabrica o primeiro motor do tipo Turbopropulsor designado Trent. Este motor foi testado
1945
numa aeronave Meteor e produzia 750 hp de potência e 1,250 lb de empuxo adicionais.
Entra em serviço o primeiro motor Turbopropulsor de grande potência denominado Dart e fabricado pela
1947 Rolls-Royce, produzindo 990 shp. Este motor é ainda largamente utilizado.
A Bristol, em Inglaterra, introduz pela primeira vez a técnica de veio duplo que permitia ter no mesmo
motor dois compressores e duas turbinas a rodarem a diferentes rotações e sem qualquer ligação entre
1949
si. Só no ano seguinte esta técnica era utilizada por um fabricante norte-americano, através da Pratt &
Whitney.
É fabricado pela Wright o primeiro motor alternativo radial equipado com o dispositivo Turbocompound,
denominado R-3350 Cyclone. Este novo dispositivo permitia aumentar a potência desde 2,700 hp até
3,700 hp sem o consumo adicional de combustível. O sistema Turbocompound baseia-se no
1950
aproveitamento da energia dos gases de escape, captada por uma turbina e transmitir esse movimento
ao veio do hélice. Este sistema veio permitir que as primeiras aeronaves DC-7C da Douglas Super
Constellation e L-1649 Starliner da Lockheed pudessem realizar voos transatlânticos.
A Turbomeca fabrica o primeiro motor do tipo Turboshaft para helicópteros, denominado Artouste que foi
1950 instalado num helicóptero Alouette, debitando 220 shp.
A Turbomeca fabrica o primeiro motor do tipo Turbofan denominado Aspin com um consumo específico de
1951 apenas 0.63 lb/h/lb, no entanto sem aplicação prática.
Foi pela primeira vez ensaiado em banco em Setembro de 1953, desenvolvendo 3,460 hp e 726 lb de
empuxo, equivalentes a 3,750 ehp, o motor T56. A este primeiro protótipo seguiu-se-lhe outro instalado
1953 no modelo experimental YC-130 que voou a 23 de Agosto de 1954, seguindo-se a primeira aeronave de
produção em 7 de Abril de 1955, um C-130A. Equipado com um compressor axial de apenas 14 andares,
com uma taxa de compressão de 1:9.25 e debitando um caudal de ar de 32 lb/s, girando a uma rotação
Na União Soviética é construído o motor do tipo Turbopropulsor mais potente jamais fabricado denominado
1957 Kuznetsov NK-12M que desenvolve 14,700 shp.
Embora tenha sido a Rolls-Royce a incorporar no motor Conway a técnica de separação do fluxo de ar
produzido no compressor de baixa pressão e escoá-lo exteriormente ao compressor de alta pressão para
1960
o misturar com o fluxo que atravessava o núcleo do motor, foi, no entanto, a Pratt & Whitney a conceber
o primeiro motor do tipo Turbofan de ampla utilização com o modelo JT3D derivado do JT3C.
É fabricado pela General Electric o primeiro motor do tipo Turbofan com a fan instalada na turbina
1961 designado CJ805-23, sendo cada blade constituída por um segmento de blade de turbina e o segmento
exterior blade de fan.
1984 A empresa Hamilton Sundstrand introduziu o primeiro "Full Authority Digital Engine Control" (FADEC). Este
dispositivo permite o controlo automático do motor aliviando a tripulação dessa missão.
http://eaglesgate.com/evolhistorica.htm
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