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Modelação Numérica de Sistemas

Térmicos

2020/2021

Trabalho de Grupo nº2:


Análise de distribuição bidimensional de
temperatura numa alheta

Hugo Espírito Santo – up201508171


João Menezes– up201503259
Pedro Nadais de Vasconcelos– up201503632

Professor:
Armando Carlos Figueiredo Coelho de Oliveira
Resumo
O presente trabalho suporta a resolução do segundo problema proposto na
unidade curricular de Modelação Numérica de Sistemas Térmicos. Sustenta-se nos
conteúdos lecionados ao longo das aulas da UC em causa bem como em
conhecimentos previamente adquiridos ao longo do Mestrado Integrado,
designadamente na Unidade Curricular Transferência de Calor. O problema consiste
na determinação da distribuição bidimensional de temperatura numa alheta simétrica,
aquecida na extremidade inferior.

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Nomenclatura
∆x – Gradiente segundo a coordenada x
∆y – Gradiente segundo a coordenada y
i - incremento em x
j – incremento em y

k – condutividade térmica
h cv – coeficiente de transferência de calor por convecção

ρ – massa volúmica
c p – Calor específico a pressão constante

T - Temperatura
T ( i , j ) – Temperatura num ponto genérico de coordenadas (i,j)
T inf – Temperatura do ar exterior

T p – Temperatura da face aquecida


– derivada parcial em x
∂x

– derivada parcial em y
∂y
NyB – Coordenada y do ponto B
NyE – Coordenada y do ponto E
NyC – Coordenada y do ponto C
NyF – Coordenada y do ponto F

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Índice

Introdução...................................................................................................................... 4

Apresentação do Problema............................................................................................5

Pressupostos Iniciais.....................................................................................................6

Formulação Matemática................................................................................................7

Programa EES............................................................................................................... 8

Análise dos Resultados.................................................................................................9

Conclusões.................................................................................................................. 10

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Introdução

Como referido no Resumo, o presente trabalho suporta a resolução do segundo


problema proposto, que consistiu na determinação da distribuição bidimensional de
temperatura numa alheta, aquecida na extremidade inferior. A resolução foi obtida com
o auxílio do software Engineering Equation Solver (EES), tendo como base os
princípios de abordagem lecionados ao longo das aulas.

Na secção seguinte apresenta-se o enunciado do problema, que consiste na


análise térmica de metade de uma alheta, dado que esta é dita simétrica. Posto isto, é
apresentado um perfil de alheta em “L”.

Deste modo, manifestou-se fundamental começar a análise assumindo certos


pressupostos teóricos, sustentando nesses a devida formulação matemática que
conduziu à resolução. Essa formulação, sendo expressa no software EES, permitiu a
obtenção dos valores de temperatura nos diferentes nós e do gráfico de distribuição de
temperatura. Os resultados obtidos foram, por fim, debatidos e resumidos em
conclusões gerais.

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Apresentação do Problema

Cita-se de seguida o problema proposto:

“A alheta em forma de L da figura (apenas se mostra metade devido à simetria)


e com k=35W/m·K, tem uma temperatura na base (fundo) de 200ºC, estando a face
EF isolada. Troca calor por convecção nas outras faces.

Usando a malha da figura, com ∆x=∆y=1cm, obtenha a distribuição


bidimensional de temperatura, em regime permanente, recorrendo ao programa EES.”

Figura – Perfil da alheta em estudo.

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Pressupostos Iniciais

No sentido de encontrar uma solução apropriada para o sistema em causa


foram assumidas certas condições que suportaram o processo de cálculo, tendo a
mais geral sido a definição do regime como permanente. Desta forma as propriedades
do material da alheta seriam independentes de variações temporais, e o coeficiente de
condutividade térmica constante para toda a dimensão da alheta (k = 35W/m·K).

Para além disso, utilizando os dados do enunciado, entendeu-se que o valor


referido para o coeficiente de convecção (h = 40W/m²·ºC) englobava já as perdas e
ganhos por radiação, descartando cálculos adicionais.

Correspondendo o perfil estudado a metade do tamanho real da alheta e sendo


definido pela divisão simétrica na extremidade AB, esta foi considerada isolada, não
havendo por isso trocas de calor nesse limite. Avaliou-se, assim, a distribuição da
temperatura de baixo para cima, obedecendo ao sistema de coordenadas enunciado.

Ao analisar a convecção natural em torno da alheta, verificamos a necessidade


de utilizar um volume de controlo mais abrangente. Tivemos em conta a presença de
ar na proximidade de todas as faces sujeitas ao fenómeno de convecção. Para isso,
considerámos o ar a uma temperatura uniforme de 30ºC, e um volume de controlo
total (incluindo a alheta) de 9x20 nós.

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Formulação Matemática

Partiu-se, dado o formato do problema, da equação geral de condução


bidimensional (Eq.1), expressa em coordenadas cartesianas.

∂T ∂ ∂T ∂ ∂T
ρ· c p ∙ = k ( ) ( )
+
∂t ∂x ∂x ∂ y ∂ y
k +S (Eq.1)

Aqui S ≠ 0 apenas nos casos em que ocorre uma reação química no sistema.
Não se verificando tal, o valor de S será 0 em todas as situações descritas em diante.
A massa volúmica do material da alheta é representada por ρ e c p constitui o respetivo
calor específico. De notar que o primeiro termo da equação é uma vez que se trata de

um problema em regime permanente ( ∂∂tT =0). Feitas estas simplificações, a Equação


1 pode ser escrita da seguinte forma (e para toda a extensão da malha da alheta):

∂ ∂T ∂ ∂T
0= ( ) ( )
k + k
∂x ∂x ∂ y ∂ y
(Eq.2)

Onde k representa a constante de condutividade térmica da alheta com um


valor de 35W/m·K. Os diferenciais ∂ x e ∂ y são definidos pela malha constituída pelas
sucessivas células em que a alheta foi dividida, estando associados aos
deslocamentos unitários ∆x e ∆y que têm o valor de 1cm. Representar o sistema desta
forma consiste em analisá-lo como sucessivos volumes de controlo não sobrepostos,
processo também denominado “Teoria dos Elementos Finitos”.

Estando definida a malha de células/ volumes de controlo, destacaram-se


grupos específicos de nós, capazes de serem descritos pelas mesmas equações.

 Nós da face isolada inferior – AF

A temperatura desta linha é indicada como 200ºC, tornando-se simples a sua


representação:

T ( i , j )=200 [ºC ] (Eq.3)

k k ∆x
0= ∙ ∆ y ∙ ( T ( i+1 , j )−T ( i , j ) ) + ∙ ∙ ( T ( i , j−1 ) +T ( i , j+1 )−2 ∙T (i , j ) ) (Eq.4)
∆x ∆y 2

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 Nós da face isolada à esquerda – AB
 Nós da face isolada à direita – EF

k k ∆x
0= ∙ ∆ y ∙ ( T ( i−1 , j )−T (i , j ) ) + ∙ ∙ ( T ( i, j−1 )+T ( i, j+1 )−2∙ T ( i, j )) (Eq.5)
∆x ∆y 2

 Nós internos

k k
0= ∙ ∆ y ∙ ( T ( i−1 , j ) +T ( i+1 , j )−2 ∙T (i, j) ) + ∙ ∆ x ∙ ( T (i , j−1 ) +T (i , j+1 )−2 ∙T ( i, j ) ) (Eq.6)
∆x ∆y

 Nós das faces exteriores verticais – CD

k k ∆x
0= ∙ ∆ y ∙ ( T ( i−1 , j ) +T ( i , j ) ) + ∙ ∙ ( T ( i , j−1 ) +T ( i , j+1 )−2 ∙T (i , j ) )−hcv ∙ ∆ y ∙ ¿ (Eq.7)
∆x ∆y 2

 Nós das faces exteriores horizontais – BD e CE

k k ∆y
0= ∙ ∆ x ∙ ( T ( i , j−1 )−T (i , j ) ) + ∙ ∙ ( T ( i−1 , j )+T ( i+1 , j )−2∙ T ( i, j )) −hcv ∙ ∆ x ∙ ¿ (Eq.8)
∆y ∆x 2

 Nó B

k ∆x k ∆y ∆x
0= ∙ ∙ ( T ( i , j−1 ) +T ( i , j ) ) + ∙ ∙ ( T ( i+1 , j )−T ( i , j ) )−hcv ∙ ∙¿ (Eq.9)
∆y 2 ∆x 2 2

k ∆y k ∆x
0= ∙ ∙ ( T ( i−1 , j )−T ( i, j ) ) + ∙ ∙ ( T ( i, j−1 )−T ( i , j ) )−¿
∆x 2 ∆y 2
(Eq.10)
∆x
−h cv ∙ ∙¿
2

 Nó C

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 Nó D

k k k ∆y
0= ∙ ∆ y ∙ ( T ( i−1 , j ) +T ( i , j ) ) + ∙ ∆ x ∙ ( T ( i , j−1 )−T (i , j ) ) + ∙ ∙ ( T (i+1 , j )−T ( i , j ) ) +¿
∆x ∆y ∆x 2
(Eq.11)
+k ∆ x ∆x
∙ ∙ ( T (i , j+1 )−T (i , j ) )−hcv ∙ ∙¿
∆y 2 2

 Nó E

k ∆y k ∆x
0= ∙ ∙ ( T ( i−1 , j )−T ( i, j ) ) + ∙ ∙ ( T ( i, j−1 )−T ( i , j ) )−¿
∆x 2 ∆y 2
(Eq.12)
∆x
−h cv ∙ ∙¿
2

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Utilizando as equações apresentadas para os diferentes tipos de interfaces,
expressas para um sistema bidimensional, foi possível calcular a distribuição de
temperatura ao longo dos nós da alheta. Composta por 76 nós, é na figura seguinte
apresentada a alheta, distinguindo-se os diferentes grupos de nós referidos
anteriormente.

Face aquecida
Nós internos
Face isolada por simetria
Face isolada
Face horizontal exposta à convecção
Face vertical exposta à convecção
Nó B
Nó C
Nó D
Nó E

Figura – Malha considerada.

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Programa EES

Toda a resolução do problema foi feita com o auxílio do Programa EES. De


seguida apresentamos as várias equações para a resolução do problema, a tabela
com os valores de temperatura de cada nó e, finalmente, um gráfico bidimensional da
distribuição de temperaturas no volume de controlo considerado.

Figura – Dados do problema.

Tabela 1 – Tabela referente à distribuição de temperaturas no volume de controlo considerado

Figura – Equações re

FE

Figura – Equações referentes às diferentes faces da alheta.

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D
C

A B

Gráfico 1 – Gráfico referente à distribuição de temperaturas no volume de controlo considerado

Análise dos Resultados

De um modo geral, os resultados vão de encontro com as espectativas


previstas para o arrefecimento dentro da alheta. Existem, no entanto, algumas
incongruências que é importante salientar.
Em primeiro lugar, devido ao sistema de coordenadas considerado, em que o
incremento i foi associado ao eixo das abcissas e o incremento j ao eixo das
ordenadas, obtivemos uma tabela de valores com a alheta representada na horizontal.
Como consequência, o modo de cálculo do gráfico térmico no EES obrigou a que este
definisse a origem como o vértice A (i=0 e j=0).
Quanto à distribuição de temperaturas propriamente dita, a face aquecida
apresenta uma temperatura de 200ºC, como era de esperar. Além disso, observa-se
que o arrefecimento dos nós internos da alheta é no sentido das faces expostas ao
efeito da convecção natural, tal como previsto.
Ao analisar os resultados obtidos para as faces isoladas, verificam-se
resultados distintos. Na face FE, há um arrefecimento no sentido da exposição ao ar,
estando esta sempre mais quente do que a sua vizinhança. Ora isto pode ser
explicado pelo facto desta face estar isolada termicamente. Quanto á face AB, apesar
desta ser também considerada isolada (devido à simetria), verifica-se o efeito
contrário. Isto é, a face está a uma temperatura mais baixa do que os nós vizinhos. O
grupo de trabalho chegou à conclusão de que esta incoerência teria sido evitada caso
se pudesse ter utilizado um volume de controlo ainda mais abrangente e, por isso,
melhor representativo do problema em questão.
Seguidamente, ao analisar os nós C e D, verifica-se uma grande diferença na
distribuição térmica em redor de cada um. O nó C tem uma área de contacto com o ar
3 vezes superior à do nó D. Dado que o ar é considerado a fonte fria deste sistema,
explica-se assim o maior arrefecimento do nó C em relação ao nó D.
Por último, há ainda que referir uma anomalia no canto superior direito do
gráfico na qual se verifica uma temperatura ligeiramente superior à temperatura
ambiente. Sendo o objetivo do trabalho a análise da distribuição da temperatura da
alheta, esta imprecisão pode ser desprezada.

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Conclusões

Após concluído o trabalho, podemos afirmar que foi cumprido o objetivo


proposto de analisar a distribuição bidimensional de temperaturas numa alheta. De um
modo geral, foram obtidos resultados coerentes, no entanto, num maior nível de
complexidade, teria sido possível melhorar a solução final.
A unidade curricular que originou este trabalho revelou-se muito importante no
que respeita à modelação e discretização de problemas de transferência de calor já
estudados, permitindo uma melhor compreensão e aprofundamento dos mesmos.

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