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Associação de Médicos Católicos

de São Paulo (AMCSP)


Av. Higienópolis, 890, sala da Pastoral da Saúde
São Paulo - SP

São Paulo, 25 de dezembro de 2020

Irmãos e irmãs

Em virtude das repercussões polêmicas acerca das vacinas para o SARS-CoV-2 que por hora fomentam
discussões tanto do ponto de vista técnico quanto ético, nos vemos obrigados a nos manifestar enquan-
to entidade médica recém criada, mais ainda em função do Pe. João Mildner, nosso Assessor Eclesiásti-
co nos pedir um parecer para a Arquidiocese de São Paulo sobre o tema diante das muitas duvidas que
apareceram com o documento emitido recentemente pela Congregação para a Doutrina da Fé1 que re-
velou algo que poucos católicos sabiam: as maioria das vacinas hoje usam para o seu desenvolvimento
células tronco originarias de fetos abortados.

Faz se portanto esclarecer os seguintes questionamentos para toda a comunidade católica:


1. As vacinas ofertadas hoje são eticamente aceitáveis
2. Podemos tomar estas vacinas enquanto católicos
3. Estas vacinas são con áveis
4. Existe manipulação genética com essas novas vacinas
5. É licito o Estado obrigar a vacinação?

Para bem responder estas perguntas é necessário que entendamos antes de tudo que as vacinas fazem
parte de historia humana desde a Idade Média, mas tomou maior destaque após as pesquisas de Edward
Jenner no nal do século XVIII. A historia da vacina se confunde de certo com a historia da varíola,
pois por volta do ano 1000 d.C. começou a ser usado na Índia um método de proteção contra a doença
que constituía na inoculação de material obtido pela remoção das cascas das pústulas, a seguir moídas e
aplicadas por esfregaço na pele ou por inoculação nas narinas. Da Índia, o método se espalhou para a
China, Cáucaso, Turquia e África2. Edward Jenner foi quem desenvolveu o primeiro método seguro de
vacinação. Após 20 anos de estudos, realizando experiências com a varíola bovina, Jenner demonstrou
em 1796 que a proteção poderia ser obtida com a inoculação de material extraído de lesão pustular hu-
mana de varíola bovina (cowpox, que hoje sabemos ser causada por um ortopoxvirus bastante próximo
do vírus da varíola). Deu ao material o nome de vaccine, derivado do termo latino vacca, e ao processo de
vaccination. Após vacinação bem sucedida de menino de oito anos, com demonstração de proteção ao
material da pústula de varíola inoculado a seguir, Jenner tentou apresentar seus resultados em conferên-
cia para a Royal Society, o que lhe foi negado. Publicou, então, seu trabalho a suas próprias expensas, com
sucesso notável e imediato, sendo que em 1801 já cerca de 100.000 pessoas haviam sido vacinadas pelo
seu método3

Importante dizer também que apenas a partir do in cio do s culo XX que se passa a admitir no meio
m dico-cient co a realiza o de pesquisas com o objeto direto da atividade cl nica em medicina. Foi
quando come ou a se consolidar a ideia de que qualquer ato m dico s vem a ser v lido se passa obriga-
toriamente por uma con rma o cient ca pr via. Come a a o que vem a se chamar de medicina base-
ada em evidencias4,5. Por esse crit rio, para a comunidade cienti ca atual nada pode ser considerado
m todo diagn stico ou terap utico, se o procedimento n o provou sua condi o como tal e, portanto,
nada que n o seja fruto da investiga o cl nica pode passar para a pr tica cl nica.


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De forma complementar, é necessário dizer que a própria medicina baseada em evidencias valeu-se de
experiencias terríveis em prisioneiros de guerra, destacando aqui o desenvolvimento das sulfa para a
prevenção e o tratamento de infecções em feridas testados no campo de concentração nazista de Ra-
vensbruck, onde os prisioneiros sofreram ferimentos provocados e, em seguida, contaminados com ter-
ra, cepas de estreptococo e vidro mo do6; em Dachau, médicos da força aérea alemã e da Instituição
Experimental Alemã da Aviação realizaram experimentos sobre reações à alta altitude, usando câmaras
de baixa pressurização, para determinar a altitude máxima da qual as equipes de aeronaves dani cadas
poderiam saltar de pára-quedas em segurança, matando muitos prisioneiros por embolia gasosa7; tam-
bém em Dachau cientistas alemães realizaram experiências de congelamento, utilizando os prisioneiros
como cobaias para descobrir um método e caz de tratamento para a hipotermia, onde muitos morre-
ram de arritmias reportadas nos documentos8. Tais experiências criminosas nazistas julgadas pelo tribu-
nal de Nuremberg tem aplicabilidade clinica hoje, mas não foram apenas os alemães sob o regime nazis-
ta que cometeram atrocidades, inúmeras nações abusaram de experimentos antiéticos, seja com prisio-
neiros ou não, até mesmo nos Estados Unidos da América houveram experimentos antiéticos como nos
estudos não tratados de sí lis em Tuskegee9.

Mais recentemente, nos deparamos com desvios éticos terríveis que são ignorados por envolver seres
humanos que não se expressam, não falam e também não assinam termos de consentimento livre e es-
clarecido: embriões humanos. O uso de embriões humanos é amplamente conhecido hoje, clinicamente
para a realização de inseminação arti cial e também laboratorialmente com a terapia genética; quanto
ao fato de certas vacinas serem cultivadas em células derivadas de fetos abortados levanta vá-
rias questões éticas sobre a cumplicidade material com um ato imoral do aborto. Isso deve ser avalia-
do, não apenas para dar respostas aos cientistas sobre como conduzir pesquisas nessa área, mas também
aos próprios pacientes, que podem se deparar com o dilema de ter que escolher entre sua saúde (ou a de
seus lhos) e sua integridade moral e espiritual

As células fetais mais utilizadas são WI-38 e MRC-5. As células WI-38 foram derivadas por Leonard
Hay ick em 1962 do pulmão de um feto feminino de 3 meses10. As iniciais WI referem-se ao Instituto
Wistar, um órgão da Universidade da Pensilvânia, Filadél a, e o número 38 ao feto do qual as células fo-
ram obtidas. As células MRC-5 foram obtidas em 1966 dos pulmões de um feto masculino de 14 sema-
nas11. As iniciais MRC indicam Medical Research Council, um órgão de Londres. Dentre muitas outras
células derivadas de fetos abortados cirurgicamente, encontramos: WI-1, WI-3, WI-11, WI-16, WI-18,
WI-19, WI-23, WI-24, WI-25, WI-26, WI-27, WI-44, MRC-9, IMR-90 e R-17 (obtido do
pulmão); WI-2, WI-12 e WI-20, (pele e músculo); WI-5 (músculo); WI-8 e WI-14 e WS1 (pele);
WI-4, WI-9, WI-10, WI-13 e WI-15 (rim); WI-6, WI-21 e WI-22 (coração); WI-7 (timo e tireóide),
WI-17 (fígado); FHs74Int (intestino delgado); e PER.C6 (retina)12

Se existe a necessidade de testes em células tronco para o desenvolvimento de vacinas é importante fri-
sar que existem alternativas eticamente aceitáveis e bem-sucedidas13 tais como as células-tronco adultas
pluripotentes, com o uso de tecidos da placenta, cordões umbilicais e líquido amniótico, sem uso direto
de tecido fetal abortado

Explicando brevemente o funcionamento das vacinas, é preciso entender que as frentes do sistema
imunológico para combater as infecções. Quando germes, como o vírus que causa o COVID-19, inva-
dem nossos corpos, eles atacam e se multiplicam. Nosso sistema imunológico usa várias ferramentas
para combater infecções. O sangue contém glóbulos vermelhos, que transportam oxigênio para tecidos
e órgãos, e células brancas ou imunológicas, que combatem a infecção. Diferentes tipos de glóbulos
brancos combatem a infecção de diferentes maneiras14
1. Macrófagos são glóbulos brancos que engolem e digerem germes e células mortas ou moribundas. Os
macrófagos deixam para trás partes dos germes invasores chamados antígenos. O corpo identi ca antí-
genos como perigosos e estimula anticorpos para atacá-los
2. Os linfócitos B são glóbulos brancos defensivos. Eles produzem anticorpos que atacam as partes do
vírus deixadas para trás pelos macrófagos
3. Os linfócitos T são outro tipo de glóbulo branco defensivo. Eles atacam células do corpo que já foram
infectadas
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A primeira vez que uma pessoa é infectada pelo vírus que causa o COVID-19, pode levar vários dias ou
semanas para o corpo fabricar e usar todas as ferramentas de combate a germes necessárias para superar
a infecção. Após a infecção, o sistema imunológico da pessoa lembra o que aprendeu sobre como prote-
ger o corpo contra essa doença. O corpo mantém alguns linfócitos T, chamados células da memória, que
entram em ação rapidamente se o corpo encontrar o mesmo vírus novamente. Quando os antígenos fa-
miliares são detectados, os linfócitos B produzem anticorpos para atacá-los. Os especialistas ainda estão
aprendendo quanto tempo essas células de memória protegem uma pessoa contra o vírus que causa o
COVID-1915

Quanto as vacinas, temos uma nova plataforma que foge ao modelo clássico “vírus morto” / “vírus ate-
nuado”, dando espaço para modalidades que carregam proteínas da superfície viral, também denomina-
das espículas, consideradas epítopos, ou seja, antígenos capazes de gerar resposta imunológica; também
podem carregar parte do genoma viral que será traduzido no ribossomo para gerar tais espículas (epíto-
pos); para entender tal processo, detalhamos melhor aqui sobre as características e o funcionamento da
infecção do coronavirus em nível celular e em seguida as estratégias vacinais novas

Os coronavírus (CoV) são uma grande família de vírus de RNA de ta simples com uma aparência de
coroa devido à presença de glicoproteínas de superfície (espículas) no envelope que circunda o genoma
viral. Esses vírus podem atravessar barreiras de espécies e causar, em humanos, doenças que variam do
resfriado comum a doenças respiratórias mais graves, como Síndrome Respiratória do Oriente Médio
(MERS-CoV) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV). O SARS-CoV-2 aparece como um
novo vírus pertencente à família dos coronavírus causando uma nova doença identi cada pela primeira
vez em Wuhan, China, no nal de 2019, chamada COVID-19

O primeiro passo da infecção viral por SARS-CoV-2 envolve a ligação da glicoproteína de superfície do
coronavírus ao receptor de entrada da enzima de conversão da angiotensina-2 (ACE2) na célula hospe-
deira. Uma vez dentro da célula hospedeira, a sequência mRNA do genoma SARS-CoV-2 codi cará vári-
as proteínas, incluindo as próprias glicoproteínas espiculares de superfície. Por esse mecanismo há a
produção de mais partículas virais para infectar outras células hospedeiras

Quatro estratégias principais estão sendo usadas para desenvolver uma vacina contra uma ameaça de
doença recém-reconhecida. Várias empresas de biotecnologia, organizações acadêmicas e empresas
farmacêuticas estão empregando essas diferentes tecnologias numa verdadeira corrida para levar seu
candidato a vacina a ensaios clínicos, suscitando criticas quanto a periculosidade dos efeitos adversos
das vacinas pela velocidade acelerada que tais pesquisas estão sendo realizadas

Seguindo o modelo clássico de vacinas temos a confecção de vacinas com vírus atenuados ou inativados;
esse tipo de vacina é produzido cultivando grandes quantidades de todo o virion em um ambiente labo-
ratorial controlado. Todo o vírus SARS-CoV-2 é “morto” (inativado) ou "atenuado" (enfraquecido) ou é
sintetizado uma versão recodi cada do vírus menos virulenta. Essa técnica requer que as células produ-
zam grandes quantidades da vacina viral. Linhas celulares humanas cultivadas a partir de fetos abortados
(ou alternativas éticas) são usados. Depois que a vacina é injetada é reconhecida como estranha pelo sis-
tema imunológico e uma resposta imune é gerada.16 Os laboratórios envolvidos nessas vacinas são: Sino-
vac/Butantan, Sinopharm e Codagenix.17

A vacina a base de proteínas consiste na sintetização de proteínas, como as espículas de superfície, por
meio de técnicas genéticas recombinantes em laboratório com uso de plasmídeos e uma linhagem celu-
lar hospedeira in vitro. O plasmídeo contém as informações necessárias no DNA para produzir as pro-
teínas virais. Após a produção dessas proteínas a granel, elas são coletadas e puri cadas, combinadas
com adjuvantes para melhorar a resposta imune e depois embaladas como vacina. As vacinas à base de
proteínas não são infecciosas.16 Existem vacinas humanas licenciadas existentes usando esta plataforma.
São seus desenvolvedores: Novavax, Sano /GSK.17

O modelo vacinal de vetor viral que é baseado num sistema vetorial de vírus geneticamente modi cado
(ex: adenovírus, sarampo, etc) que carrega o material genético de SARS-CoV-2 que codi ca proteínas
virais. Linhas celulares humanas cultivadas são usados como "fábricas" para produzir grandes quantida-
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(células de macaco, células de hamster, células de insetos, etc.). Uma vez injetada, a vacina entra na célu-
la hospedeira e seu material genético é transcrito em mRNA usando máquinas vetoriais virais (replican-
te) ou máquinas da célula hospedeira (não replicante). O mRNA é então traduzido pelo maquinário da
célula hospedeira para a proteína espicular de SARS-CoV-2, que é liberada da célula. A imunidade veto-
rial preexistente pode afetar negativamente a e cácia da vacina, dependendo do vetor escolhido (infec-
ção anterior por adenovírus).18 As vacinas virais baseadas em vetores não são infecciosas e necessitam de
controle de temperatura. Em triagem clínica pela Universidade de Oxford/AstraZeneca, Jannsen (John-
son&Johnson), Cansino e Gamaleya.17

As vacinas genéticas de mRNA, carregam o código para a síntese de glicoproteína de superfície da


SARS-CoV-2. Essas vacinas podem ser construções de mRNA não replicantes ou construções de mRNA
auto-ampli cantes, capazes de direcionar a ampli cação de mRNA intracelular. O mRNA é sintetizado
quimicamente ou enzimaticamente em laboratório, sem o uso de células. Nanopartículas lipídicas en-
capsulam as construções de mRNA para protegê-las da degradação e promover a captação celular. As
vacinas de mRNA não são infecciosas. Essa tecnologia é nova e atualmente não existem vacinas huma-
nas licenciadas usando esta plataforma, mas estudos mostram que elas podem obter imunidade contra
gripe, zika, raiva e coronavírus.19 As principais empresas envolvidas nessas vacinas são a P zer/BioNTe-
ch, Moderna e Imperial College London.17 As vacinas que contêm um pedaço de DNA com um gene
viral em vez de mRNA funcionam de maneira semelhante. Entre outros, a empresa Inovio, o Genexine
Consortium e o Open Corona Consortium, liderados pelo Swedish Karolinska Institute e com a parti-
cipação da Universidade de Gießen, estão trabalhando nisso. Até o momento, no entanto, nenhuma va-
cina Covid 19 baseada em DNA progrediu além da Fase I.17

Temos portanto a engenharia genética presente fortemente na linha de produção dessas novas vacinas
que somente agora começam a ser usadas em massa, porém é fundamental compreender também as
etapas de desenvolvimento de uma vacina, pois existe por boa parte da comunidade cienti ca críticas a
maneira extremamente acelerada que essas vacinas estão sendo conduzidas. Tudo começa com a síntese
do antígeno em laboratório. Nos deteremos mais nessa etapa um pouco mais a frente no texto, apon-
tando as peculiaridades dos antígenos presentes nas vacinas contra o novo coronavírus. Primeiro, a va-
cina é testada em animais e, caso os resultados mostrem segurança e sejam promissores, são feitos testes
em seres humanos, geralmente em três etapas20,21
Fase 1: A vacina é administrada em um pequeno grupo de pessoas, testando diferentes concentrações e
comparando indivíduos expostos ao composto ou a solução placebo, a nalidade principal é avaliar a
segurança da vacina. Se tudo correr bem, ou seja, se os benefícios são grandes e os riscos muito pequeno
passa-se para fase seguinte
Fase 2: Nesta etapa aumenta-se o número de participantes, sendo o estudo realizado de forma rando-
mizada. Outros grupos de pessoas são incluídos, entre eles idosos e crianças
Fase 3: Esta fase testa a e cácia e a segurança de milhares (ou dezenas de milhares) de pessoas. O nú-
mero substancialmente maior de participantes nesta fase ajuda os pesquisadores a aprender sobre os
possíveis efeitos colaterais raros da vacina e a avaliar com maior poder estatístico se a vacina está funci-
onando, através da comparação entre o número de indivíduos expostos vacinados que apresentaram a
doença (caso existam) e o número de indivíduos expostos vacinados que não apresentaram a doença

Após todas as etapas e com resultados que comprovem a segurança e a e cácia da mesma, ela então será
direcionada para aprovação pelo órgão regulamentador de cada país. Vale lembrar que não existe órgão
global que regulamenta e autoriza o uso de uma vacina em todos os países. Outro elemento é que alguns
estudos podem realizar fases combinadas. O que é isso? Desenvolver ao mesmo tempo etapas 1-2 e/ou 2-
3 como estão fazendo a Universidade de Oxford, Sinovac, Novavax, BioNTech/P zer e outras na pes-
quisa de desenvolvimento da vacina contra COVID-1921,17
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Com tais informações passamos as respostas diretas

1. As vacinas ofertadas hoje são eticamente aceitáveis


Como podemos perceber a maioria das vacinas usam células tronco embrionárias para seu desenvolvi-
mento, sendo inaceitáveis do ponto de vista ético, pois tais células foram retiradas de seres humanos
abortados. Quanto a inviolabilidade do genoma humano com uso dessas vacinas, é questionável o uso de
novos modelos de vacinas pois existe sim a possibilidade de genotoxicidade22, fato omitido e/ou negado
pela mídia mainstream.

2. Podemos tomar estas vacinas enquanto católicos


A Congregação para a Doutrina da Fé reprova a pesquisa e o desenvolvimento de vacinas com células
tronco embrionárias, deixando o peso da responsabilidade moral para aqueles envolvidos diretamente
com a produção dessas vacinas e não condenando quem as use por falta de opções, deixando livre para a
consciência de cada indivíduo aceitar ou não tais vacinas, no entanto é valido frisar que quem decidir
tomar tais vacinas não deve defende-las e/ou promove-las.1 Tal perspectiva é construída pelo princípio
do mal menor da teologia moral, tendo por analogia o uso hoje de sulfas como antibióticos, ainda que
tenham sido desenvolvidas de forma imoral em campo de concentração, assim como outros conheci-
mentos médicos aplicáveis clinicamente que foram descobertos no mesmo contexto

3. Estas vacinas são con áveis


Existem inúmeros resultados que agora vem surgindo para con rmar a efetividade no desenvolvimento
de memória imunológica por meio da dosagem de Imuno Globulina G (IGG), o que varia bastante de
uma pesquisa para outra. No entanto é importante destacar que os efeitos adversos tardios, observados
em estudos de vacinas23, foram negligenciados e a Organização Mundial de Saúde reportou como desne-
cessário estudos de genotoxicidade e carcinogenicidade, o que é no mínimo preocupante.24
Também é uma incógnita se as respostas imunológicas adquiridas serão efetivas e duradouras em função
da mutabilidade viral.25

4.Existe manipulação genética com essas novas vacinas


A terapia genética, técnica também polemica do ponto de vista bioético pode ser feita de duas manei-
ras, pela técnica CRISPI onde uma célula é retirada do paciente e reintroduzida depois de ter seu ge-
noma recodi cado, ou pela técnica de vetores virais que carregam um código genético a ser incorporado
pelo genoma da célula alvo. Obviamente nenhum desenvolvedor de vacina admite a intenção de realizar
manipulação genética, mas como podemos perceber a base das novas vacinas que usam vetores virais é a
mesma para a realização de uma modalidade de terapia genética, o que permite suspeitas de interesses
escusos por parte de algum desenvolvedor para a quebra de alguma soberania nacional por bioterroris-
mo

5. É licito o Estado obrigar a vacinação


Existem dois tipos de obrigatoriedade que pode surgir do Estado, uma obrigatoriedade ativa por meio
de uma convocação compulsiva, cabendo o uso da violência estatal, ou uma obrigatoriedade passiva com
o uso dos órgãos de estado e até mesmo de empresas privadas para limitar as liberdades de quem se re-
cusa a tomar a vacina. As vacinas convencionais clássicas de certo tem uma obrigatoriedade passiva, mas
jamais esta obrigatoriedade foi questionada pela con ança depositadas nas vacinas até então. Com as
fases de testes notoriamente aceleradas, é grande a descon ança. Vale ressaltar que pessoas com teste
sorológico IGG positivo por conta de uma contaminação natural, não tem a necessidade de se vacinar.
O documento da Congregação para a Doutrina da Fé deixa claro que o católico não é obrigado a se va-
cinar, mas se assim o decidir, deve garantir que não infectará terceiros através de pro laxia.1

Considerações Finai

Boa parte das notícias hoje se fazem para justi car as vacinas para o SARS-CoV-2 como salvadoras da
humanidade, ofuscando o manejo clínico precoce de paciente sintomáticos (tosse, febre, dispnéia, etc.).
É bem documentado hoje a siopatologia da doença, desde a invasão celular pelos receptores da angio-
tensina, elevados em pacientes com uso de anti-hipertensivos convencionais, até o reconhecimento de

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suas fases com resposta in amatória e, principalmente, com fenômenos tromboembólicos. Seria portan-
to necessário um outro documento da AMCSP explicando melhor a base do tratamento que vem sendo
utilizado hoje, com destaque para os anticoagulantes e os anti-in amatórios hormonais cujos estudos
demonstram ótimos resultados

Fica a suspeita pela existência de um lobby enorme para a industria farmacêutica, nanciadora de maior
destaque hoje da Organização Mundial da Saúde (OMS) e depositadora de enormes recursos na mídia
com publicidade. Tanto a OMS quanto os veículos convencionais de comunicação promovem as vacinas
como se estas fossem urgentes e con áveis, ignorando o fato que o tratamento precoce de pacientes
infectados é promissor.

Neste contexto que beira a falácia não formal de “teoria da conspiração”, vale saber quem hoje são os
acionistas importantes da industria farmacêutica, destacando a Fundação Bill & Melinda Gates que -
nanciam fortemente a OMS e ofertam serviços em inteligência arti cial para a descoberta de novas me-
dicações pela empresa Schrodinger. Bill Gates fala abertamente sobre controle populacional com uso de
progestágenos e dispositivos intrauterinos, tema de enorme peso e que também merece destaque por
nós bioeticistas personalistas.

Vacinas são muito bem vindas, defendemos que elas existam para o bem da saúde da humanidade, en-
tretanto vacinas apresentam riscos cujas consequ ncias n o s o completamente conhecidas quando es-
tudos acelerados ocorrem, o que justi ca a P zer tentar se livrar da responsabilidade sobre efeitos ad-
versos futuros na sua contratualidade com os governos na distribuição de vacinas para SARS-CoV-2.

Para alem da insegurança que temos com as atuais vacinas, repudiamos veementemente o desenvolvi-
mento de vacinas com células de seres humanos abortados, não importando quando e como foram abor-
tados

Peço desculpas pela linguagem por vezes técnica, mas este documento se destina a Arquidiocese e se
necessário for a comunidade médica também

Harold Barrett
Presidente da AMCS
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Referência

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