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Máquinas de Corrente Contínua

Mariana Nalesso Gonçalves


Máquinas de Corrente Contínua

As máquinas CC caracterizam-se por sua versatilidade.

Por meio de diversas combinações de enrolamentos de campo elas podem ser


projetadas de modo a apresentar uma ampla variedade de características de
tensão x corrente ou de velocidade x conjugado, para operações dinâmicas e em
regime permanente.

Devido à facilidade com que podem ser controladas, sistemas de máquinas CC têm
sido usados com frequência em aplicações que exigem uma ampla faixa de
velocidades ou de controle preciso da saída do motor.

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Como um motor elétrico funciona? (Motor DC)

https://www.youtube.com/watch?v=CWulQ1ZSE3c&ab_channel=JaredOwen

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• Introdução

As características essenciais de uma máquina CC estão mostradas esquematicamente na


figura.

O estator tem polos salientes e é excitado por uma ou mais bobinas de campo. A
distribuição do fluxo criado pelos enrolamentos de campo no entreferro é simétrica em
relação à linha central dos polos de campo. Esse eixo é denominado eixo de campo ou eixo
direto.

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Fonte: Máquinas Elétricas de Fitzgerald e Kingsley, Umans S.
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• Introdução

Em uma máquina CC, embora o objetivo final seja a geração de tensão CC, tensões CA são
produzidas nas bobinas do enrolamento de armadura à medida que essas bobinas giram
através da distribuição de fluxo CC do enrolamento de campo estacionário.

A tensão do enrolamento armadura deve ser retificada, e a retificação mecânica é obtida


através do comutador.

O comutador varia continuamente a orientação do campo produzido pela armadura, não


permitindo que os dois campos se alinhem e o torque seja nulo.

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• Introdução

Considere a bobina de armadura de N espiras da


máquina elementar de dois polos da figura.

O comutador simples de dois segmentos proporciona


retificação de onda completa da tensão de bobina.

Embora a distribuição espacial do fluxo de entreferro Fonte: Máquinas Elétricas de Fitzgerald e Kingsley, Umans S.

em máquinas CC esteja normalmente muito longe de


ser senoidal, podemos aproximar o valor da tensão
gerada supondo uma distribuição senoidal.

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• Introdução

Uma distribuição de fluxo produzirá uma tensão CA senoidal na


bobina de armadura.

A ação de retificação do comutador produzirá uma tensão CC


sobre as escovas, como na figura.

O valor médio, ou CC, dessa tensão pode ser encontrado Fonte: Máquinas Elétricas de Fitzgerald e Kingsley, Umans S.

utilizando a equação:

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• Introdução

Em máquinas CC, em geral é mais conveniente expressar a tensão Ea em termos da


velocidade mecânica 𝜔𝑚 (rad/s) ou 𝑛 (rpm).

Para uma máquina de múltiplos polos, teremos:

Em termos práticos, esta equação fornece resultados corretos para o caso de


enrolamentos distribuídos de armadura, desde que N seja tomado como o número total de
espiras em série entre os terminais de armadura.

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• Introdução

Em geral, a tensão é expressa em termos do número total de condutores ativos Ca e do


número m de caminhos paralelos no enrolamento de armadura.

Como são necessários dois lados de uma bobina para compor uma espira e 1/m destas
estão conectadas em série, o número de espiras em série é 𝑁𝑎 = 𝐶𝑎/2𝑚.

Substituindo na equação anterior, temos:

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• Introdução

Então, como discutido, a tensão CA, gerada em cada bobina da armadura rotativa, é
convertida em CC nos terminais externos da armadura, por meio de um comutador
rotativo e de escovas estacionárias, às quais os condutores da armadura estão conectados.

A combinação de comutador e escovas forma um retificador mecânico, resultando em uma


tensão CC de armadura e uma onda de FMM de armadura que está fixa no espaço

A ação do comutador será discutida em detalhes posteriormente.

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• Introdução

As escovas estão posicionadas de modo que a comutação ocorra quando os lados da


bobina estão na zona neutra, a meio caminho entre os polos de campo. O eixo da onda de
FMM de armadura estará então distanciado 90 graus elétricos do eixo dos polos de campo,
isto é, no eixo em quadratura.

Na representação esquemática da Figura, as escovas estão mostradas no eixo em


quadratura porque essa é a posição das bobinas às quais elas estão conectadas.

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Fonte: Máquinas Elétricas de Fitzgerald e Kingsley, Umans S.
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• Introdução

Embora o conjugado magnético e a tensão de velocidade que aparecem nas escovas sejam
um tanto dependentes da forma de onda espacial da distribuição de fluxo, continuaremos
supondo por conveniência que a onda de densidade de fluxo no entreferro seja senoidal.

Fonte: Máquinas Elétricas de Fitzgerald e Kingsley, Umans S.


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• Introdução

A expressão genérica para o conjugado eletromecânico T pode ser obtida em termos dos
campos magnéticos do estator e do rotor. (dedução no tópico 4.7.2 do livro Maquinas Eletricas de Fitzgeral e Kingsley - Umans 7ed):

Onde: 𝑙 é o comprimento axial do entreferro; 𝐷 é o seu diâmetro médio;


Fsr é a FMM resultante de entreferro, produzida pelos enrolamentos de
estator e rotor; Fs e Fr são as ondas de FMM do estator e do rotor,
respectivamente; e δsr é o ângulo de fase entre os eixos magnéticos do
estator e do rotor, em graus elétricos.

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• Introdução

Em analogia com a equação anterior, o conjugado eletromagnético 𝑇𝑚𝑒𝑐 pode ser expresso
em termos da interação entre o fluxo de eixo direto por polo 𝜙𝑑 no entreferro e a
componente fundamental espacial 𝐹𝑎1 da onda de FMM de armadura.

A equação do torque pode ser escrita em termos da FMM líquida, substituindo Fs por Fd
do eixo direto (estator) e da FMM fundamental líquida Fr substituída por 𝐹𝑎1 do
enrolamento da armadura (rotor).

Assim,

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• Introdução

O fluxo de eixo direto pode ser escrito em função do fluxo de eixo direto como:

Com as escovas no eixo em quadratura, o ângulo entre os campos do rotor e do estator é


de 90° elétricos e seu seno é, portanto, igual a 1. Aplicando δsr = 90°, tem-se:

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• Introdução

O valor de pico da onda de dente de serra da FMM da armadura pode ser escrito em
termos no número total de condutores nas ranhuras da armadura como:

Onde Ca é o numero total de condutores no enrolamento da armadura; 𝑚 é o número de caminhos paralelos


no enrolamento da armadura e 𝑖𝑎 é a corrente de armadura, em Amperes.

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E sua fundamental espacial é dada por 𝐹𝑎1 =
π2

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• Introdução

Substituindo a equação anterior da equação do torque, temos:

Onde Ca é o numero total de condutores no enrolamento da armadura; 𝑚 é o número de caminhos paralelos


no enrolamento da armadura e 𝑖𝑎 é a corrente no circuito externo de armadura, em Amperes.

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• Introdução
A tensão gerada e retificada de armadura já foi apresentada para uma armadura elementar
de uma bobina, bem como a sua forma de onda.

O efeito da distribuição do enrolamento em diversas ranhuras está mostrado na figura,


onde cada uma das ondas senoidais retificadas é a tensão gerada em uma das bobinas.

A comutação ocorre no momento em que os lados das bobinas estão na zona neutra.

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• Introdução
A tensão gerada observada entre as escovas é a soma das tensões retificadas de todas as
bobinas em série entre as escovas, e é mostrada pela linha ondulada 𝑒𝑎 na figura.

Com uma dúzia ou tanto de lâminas de comutador por polo, a ondulação torna-se muito
pequena, e a tensão média gerada que é observada nas escovas é igual à soma dos valores
médios das tensões retificadas de bobina. A tensão retificada ea entre as escovas, também
conhecida como tensão de velocidade, é:

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• Introdução

A tensão retificada de um enrolamento distribuído tem o mesmo valor médio que uma
bobina concentrada. A diferença é que a ondulação é bastante reduzida.

Pela lei da conservação de energia, temos:

Observando que o produto do conjugado pela velocidade mecânica é a potência mecânica,


essa equação expressa simplesmente que a potência elétrica instantânea, associada à
tensão de velocidade, é igual à potência mecânica instantânea, associada ao conjugado
magnético.

O sentido do fluxo de potência depende se a máquina está atuando como motor ou


gerador.
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• Introdução

O fluxo de entreferro de eixo direto d é produzido pelas FMMs combinadas das espiras
σ 𝑁𝑓 𝑖𝑓 dos enrolamentos de campo.

A característica de fluxo x FMM é referida como curva de


magnetização da máquina, e sua forma é mostrada na
figura.

Observe que a curva de magnetização da figura não passa


pela origem. Esse comportamento ocorre nos casos em que
o material magnético do campo não se desmagnetiza
completamente, quando a FMM líquida do campo é
reduzida a zero.

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• Introdução
Como a FEM de armadura é proporcional ao fluxo vezes a velocidade, em geral é mais
conveniente expressar a curva de magnetização em termos da FEM de armadura 𝐸𝑎0 , para
uma velocidade constante ω𝑚0 , como está mostrado na figura.

A tensão Ea para um determinado fluxo, em qualquer outra velocidade ωm, é proporcional


à velocidade; isto é, ou

onde 𝑛0 é a velocidade de rotação em rpm correspondente à


velocidade ω𝑚0 .

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• Introdução
Dentro de uma faixa bem ampla de excitação, a relutância do aço elétrico da máquina é
desprezível em comparação com a do entreferro.

Nessa região, o fluxo é linearmente proporcional à FMM total dos enrolamentos de campo,
e a constante de proporcionalidade é a permeância de eixo direto Pd; assim,

A linha reta tracejada das curvas de magnetização da maquina cc, que passa pela origem e
coincide com a porção reta das curvas de magnetização, é denominada linha de entreferro.

Essa denominação refere-se ao fato de que essa seria a característica de magnetização


linear que encontraríamos se a relutância da porção de material magnético do caminho de
fluxo permanecesse desprezível em comparação com a do entreferro.
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• Introdução

As máquinas CC se destacam
positivamente pela grande variedade de
características de operação que pode ser
obtida quando se escolhe o método de
excitação dos enrolamentos de campo.

O método de excitação influencia


profundamente as características de
regime permanente e, no caso de
sistemas de controle, o comportamento
dinâmico da máquina.

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• Introdução
Considerando primeiramente os geradores CC, temos:

O diagrama de ligações de um gerador com excitação independente está


mostrado na figura (a).

A corrente de campo requerida é uma fração muito pequena da corrente


nominal de armadura; na ordem de 1 a 3%, para um gerador médio.

Uma pequena quantidade de potência no circuito de campo pode controlar


uma quantidade relativamente elevada de potência no circuito de armadura.

Os geradores de excitação independente são usados frequentemente em


sistemas realimentados de controle, quando é necessário controlar a tensão
de armadura dentro de uma ampla faixa.
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• Introdução

Os enrolamentos de campo de um gerador autoexcitado podem


ser conectados de três modos diferentes.

- O campo pode ser ligado em série com a armadura (Figura b),


resultando um gerador série.
- O campo pode ser ligado em derivação (paralelo) com a
armadura (Figura c), resultando um gerador em derivação (ou
shunt).
- O campo pode ainda estar divido em duas seções (Figura d),
uma das quais é ligada em série e a outra, em derivação com a
armadura, resultando um gerador composto.

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• Introdução

Nos geradores autoexcitados, deve estar presente um


magnetismo residual no ferro da máquina para que o processo de
autoexcitação possa se iniciar.

Os efeitos do magnetismo residual podem ser vistos claramente


nas curvas de magnetização da máquina CC, onde o fluxo e a
tensão são diferentes de zero quando a corrente de campo é nula.

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• Introdução

A figura mostra as curvas características de tensão versus corrente de geradores CC em


regime permanente, tendo-se assumido um funcionamento de velocidade constante.
A relação entre a FEM gerada Ea em regime permanente e a tensão de terminal da
armadura Va é

onde Ia é a corrente de armadura de saída e Ra é a resistência


do circuito de armadura.

Em um gerador, Ea é maior que Va e o conjugado


eletromagnético Tmec é um contraconjugado que
se opõe à rotação.
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• Introdução
- A tensão de terminal de um gerador com excitação independente decresce ligeiramente com o
aumento da corrente de carga, principalmente devido à queda de tensão na resistência de
armadura.
- A corrente de campo de um gerador série é a mesma que a
corrente de carga, de modo que o fluxo de entreferro e,
consequentemente, a tensão, variam muito com a carga. Por essa
razão, os geradores série não são muito usados.

- A tensão de um gerador em derivação cai um pouco com a carga,


mas isso não o impede de ser usado para muitos propósitos.

- Os geradores compostos são ligados normalmente de modo que a


FMM do enrolamento em série auxilie a do enrolamento em
derivação.
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• Introdução

A vantagem dos enrolamentos compostos é que, devido à ação do enrolamento em série,


o fluxo por polo pode aumentar com a carga, resultando uma tensão de saída que é quase
constante ou que até cresce um pouco com o aumento da carga.

O enrolamento em derivação contém, em geral, muitas espiras de fio relativamente fino. O


enrolamento em série, disposto por fora, consiste em poucas espiras de um condutor
relativamente espesso, porque toda a corrente de armadura da máquina passa por ele. A
tensão de um gerador em derivação ou composto pode ser controlada dentro de limites
razoáveis por meio de reostatos que atuam sobre o campo em derivação.

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• Introdução

Todos os métodos de excitação usados nos geradores também podem ser usados nos
motores.

Curvas características típicas de velocidade x conjugado para


motores CC em regime permanente estão mostradas na
figura, na qual assume-se que os terminais do motor são
alimentados a partir de uma fonte de tensão constante.

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• Introdução
Em um motor, a relação entre a FEM Ea gerada na armadura
e a tensão de terminal de armadura Va é

Ou, em função da corrente:

onde Ia é agora a corrente de armadura de entrada da máquina.

Agora, a FEM gerada Ea é menor do que a tensão de terminal


Va, pois a corrente de armadura tem sentido oposto à de um
gerador e o conjugado eletromagnético tem um sentido tal
que mantém a rotação da armadura.
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• Introdução

Nos motores em derivação e de excitação independente, o fluxo de campo é aproximadamente


constante.

Logo, um aumento de conjugado deve ser acompanhado de um


acréscimo quase proporcional de corrente de armadura e, portanto, de
um pequeno decréscimo de força contraeletromotriz Ea para permitir
que esse aumento de corrente circule através da baixa resistência de
armadura.

Como a força contraeletromotriz é determinada pelo fluxo e pela


velocidade, a velocidade deve baixar um pouco. Sua velocidade pode
ser considerada constante e a queda gira em torno de 6% quando se
passa da condição a vazio para a condição de carga.

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• Introdução

Os conjugados de partida e máximo são limitados pela corrente de armadura que pode ser
comutada de modo eficiente.

Uma vantagem do motor em derivação é a facilidade do controle de


velocidade, com um reostato no circuito de campo em derivação, que
permite a variação da a corrente de campo e o fluxo por polo.

A variação de fluxo causa uma variação inversa de velocidade, de modo


que a força contraeletromotriz é mantida quase igual à tensão de terminal
aplicada.

Por meio da variação da tensão de armadura aplicada, pode-se obter


faixas bem amplas de velocidade.

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• Introdução

No motor série, o aumento de carga é acompanhado por elevações da corrente, da FMM de


armadura e do fluxo de campo do estator (desde que o ferro não esteja completamente saturado).

Como o fluxo aumenta com a carga, a velocidade deve cair para se manter
o equilíbrio entre a tensão aplicada e a força contraeletromotriz. O
aumento na corrente de armadura, causado pelo aumento de conjugado, é
menor do que no motor em derivação devido ao aumento de fluxo.

O motor série é, portanto, um motor de velocidade variável cuja curva


característica apresenta um declive bem acentuado. Para aplicações que
exigem elevadas sobrecargas de conjugado, essa característica é
especialmente vantajosa porque as sobrecargas de potência são mantidas
em valores mais razoáveis pelas reduções de velocidade.

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• Introdução

No motor composto, o campo em série pode ser ligado de forma aditiva (ou cumulativa), de modo
que sua FMM soma-se à do campo em derivação, ou de forma subtrativa (ou diferencial).

Um motor composto aditivo tem características de velocidade versus carga


que são intermediárias entre as de um motor em derivação e as de um
motor série.

A diminuição da velocidade com a carga depende do número relativo de


ampères-espiras nos campos em derivação e em série.

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• Introdução

A vantagem do uso de máquinas de corrente contínua está nas diversas características de


desempenho que são oferecidas pelas possibilidades de excitação em derivação, série ou
composta.

Possibilidades ainda maiores existirão se forem acrescentados conjuntos adicionais de


escovas de modo que outras tensões possam ser obtidas do comutador.

Assim, a versatilidade dos sistemas de máquinas CC e sua adaptabilidade ao controle, tanto


manual como automático, são suas características principais.

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• Fundamentos Analíticos: Aspectos do Circuito Elétrico

O conjugado eletromagnético e a tensão gerada de uma máquina CC são:

onde:

A quantidade 𝐸𝑎 ∗ 𝐼𝑎 é referida frequentemente como a potência eletromagnética. E


pode-se relacioná-la com o conjugado eletromagnético por meio de:

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• Fundamentos Analíticos: Aspectos do Circuito Elétrico

A potência eletromagnética distingue-se da potência mecânica no eixo da máquina pelas


perdas rotacionais e da potência elétrica nos terminais da máquina pelas perdas 𝐼 2 𝑅 do
campo em derivação e de armadura.

Depois que a potência eletromagnética 𝐸𝑎 ∗ 𝐼𝑎 for determinada, a potência mecânica no


eixo pode ser obtida pela soma numérica das perdas rotacionais no caso de geradores e,
no caso de motores, pela subtração.

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• Fundamentos Analíticos: Aspectos do Circuito Elétrico

A relação entre a corrente e a tensão pode ser escrita:

E a corrente terminal é:

onde o sinal positivo é usado no caso de um motor e o sinal negativo, no caso de um gerador. Além
disso, Ra e Rs são as resistências da armadura e do campo em série, respectivamente.

A tensão Va é tensão de terminal do enrolamento de armadura e Vt é a tensão de terminal da


máquina CC, incluindo a queda de tensão no enrolamento de campo ligado em série. Elas são iguais
quando não há o enrolamento de campo em série.

A resistência Ra é tida como a resistência da armadura mais as das escovas, a não ser que seja
especificado de outro modo. Algumas vezes, toma-se Ra apenas como a resistência do enrolamento
de armadura e a queda de tensão no contato da escova é considerada supondo que tenha dois volts.
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• Fundamentos Analíticos: Aspectos do Circuito Elétrico

Nas máquinas compostas, pode ocorrer uma variação chamada ligação em derivação longa
(fig. esquerda), em que o campo em derivação está conectado diretamente aos terminais
de linha e o campo em série está localizado entre eles e a armadura.

A outra variação é a ligação em derivação curta (fig. Direita), em que o campo em derivação
é diretamente à armadura, estando o campo em série localizado entre ele e os terminais de
linha.

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• Fundamentos Analíticos: Aspectos do Circuito Elétrico

A corrente do campo em série é então It em vez de Ia e as equações de tensão são


adequadamente modificadas.

Na prática, há tão pouca distinção entre essas duas ligações que em geral ignora-se a
diferença entre elas. A não ser que seja especificado de outro modo, as máquinas
compostas serão tratadas como se as conexões fossem do tipo ligação em derivação longa.

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• Exemplo

Uma máquina CC de excitação independente, 25 kW e 125 V opera com velocidade


constante de 3000 rpm e uma corrente de campo constante tal que a tensão de armadura
em circuito aberto seja de 125 V. A resistência de armadura é 0,02 ohms.
Calcule a corrente de armadura, a potência de terminal e a potência e o conjugado
eletromagnéticos quando a tensão de terminal é (a) 128 V e (b) 124 V.

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Uma máquina CC de excitação independente, 25 kW e 125 V opera com velocidade constante de 3000
rpm e uma corrente de campo constante tal que a tensão de armadura em circuito aberto seja de 125 V. A
resistência de armadura é 0,02 ohms.
Calcule a corrente de armadura, a potência de terminal e a potência e o conjugado eletromagnéticos
quando a tensão de terminal é (a) 128 V e (b) 124 V.

a) Vt = 128 V
A corrente de armadura é:

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Uma máquina CC de excitação independente, 25 kW e 125 V opera com velocidade constante de 3000
rpm e uma corrente de campo constante tal que a tensão de armadura em circuito aberto seja de 125 V. A
resistência de armadura é 0,02 ohms.
Calcule a corrente de armadura, a potência de terminal e a potência e o conjugado eletromagnéticos
quando a tensão de terminal é (a) 128 V e (b) 124 V.

a) Vt = 128 V
A corrente de armadura é:

A potência de entrada nos terminais do motor é:

A potência de eletromagnética é:

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Uma máquina CC de excitação independente, 25 kW e 125 V opera com velocidade constante de 3000
rpm e uma corrente de campo constante tal que a tensão de armadura em circuito aberto seja de 125 V. A
resistência de armadura é 0,02 ohms.
Calcule a corrente de armadura, a potência de terminal e a potência e o conjugado eletromagnéticos
quando a tensão de terminal é (a) 128 V e (b) 124 V.

a) Vt = 128 V
A corrente de armadura é:

A potência de entrada nos terminais do motor é:

Neste caso, a máquina CC está operando


como motor. Consequentemente, a
A potência de eletromagnética é: potência eletromagnética é inferior à
potência de entrada do motor por um
valor que corresponde à potência
dissipada na resistência de armadura.
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Uma máquina CC de excitação independente, 25 kW e 125 V opera com velocidade constante de 3000
rpm e uma corrente de campo constante tal que a tensão de armadura em circuito aberto seja de 125 V. A
resistência de armadura é 0,02 ohms.
Calcule a corrente de armadura, a potência de terminal e a potência e o conjugado eletromagnéticos
quando a tensão de terminal é (a) 128 V e (b) 124 V.

a) Vt = 128 V Por fim, o conjugado eletromagnético


é dado por:
A corrente de armadura é:

1 rpm -> 2π/60 rad/s


A potência de entrada nos terminais do motor é:

Neste caso, a máquina CC está operando


como motor. Consequentemente, a
A potência de eletromagnética é: potência eletromagnética é inferior à
potência de entrada do motor por um
valor que corresponde à potência
dissipada na resistência de armadura.
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Uma máquina CC de excitação independente, 25 kW e 125 V opera com velocidade constante de 3000
rpm e uma corrente de campo constante tal que a tensão de armadura em circuito aberto seja de 125 V. A
resistência de armadura é 0,02 ohms.
Calcule a corrente de armadura, a potência de terminal e a potência e o conjugado eletromagnéticos
quando a tensão de terminal é (a) 128 V e (b) 124 V.
Neste caso, Ea é maior do que Vt e, consequentemente, a corrente de armadura está
b) Vt = 124 V fluindo para fora da máquina. Assim, a máquina está operando como gerador.

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Uma máquina CC de excitação independente, 25 kW e 125 V opera com velocidade constante de 3000
rpm e uma corrente de campo constante tal que a tensão de armadura em circuito aberto seja de 125 V. A
resistência de armadura é 0,02 ohms.
Calcule a corrente de armadura, a potência de terminal e a potência e o conjugado eletromagnéticos
quando a tensão de terminal é (a) 128 V e (b) 124 V.
Neste caso, Ea é maior do que Vt e, consequentemente, a corrente de armadura está
b) Vt = 124 V fluindo para fora da máquina. Assim, a máquina está operando como gerador.
A corrente de armadura é:

Por fim, o conjugado eletromagnético é:


A potência de terminal é:

A potência de eletromagnética é: 1 rpm -> 2π/60 rad/s

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• Efeito da FMM da Armadura

A FMM da armadura causa efeitos bem definidos sobre a distribuição espacial do fluxo de
entreferro e sobre a magnitude do fluxo líquido por polo.

O efeito sobre a distribuição de fluxo é importante porque influencia diretamente os limites


de uma comutação bem-sucedida; e o efeito sobre a magnitude de fluxo é importante
porque desse modo influencia a tensão gerada e o conjugado por unidade de corrente de
armadura.

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• Efeito da FMM da Armadura

Como visto, a onda da FMM da armadura pode ser aproximada por uma onda de dente de
serra, correspondendo à onda produzida por um enrolamento de armadura finamente
distribuído.

Para o caso de uma máquina com as escovas na


posição neutra, a onda idealizada de FMM está
mostrada novamente pela onda dente de serra
tracejada da figura, em que uma ordenada positiva
de FMM denota linhas de fluxo que deixam a
superfície da armadura.

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Máquinas de Corrente Contínua
• Efeito da FMM da Armadura

Os sentidos de corrente em todos os enrolamentos, exceto o do campo principal, são


indicados por faixas pretas e hachuradas.

Devido à estrutura do campo para polos salientes,


encontrada em quase todas as máquinas CC, a
respectiva distribuição espacial do fluxo não será
triangular.

Quando apenas a armadura está excitada, a


distribuição de densidade de fluxo no entreferro
está mostrada pela linha espessa, e observa-se que
ela se reduz consideravelmente devido ao longo
caminho de ar do espaço interpolar.
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Máquinas de Corrente Contínua
• Efeito da FMM da Armadura

A localização das escovas posiciona o eixo da FMM de armadura a 90 graus elétricos do


eixo do campo principal. O fluxo correspondente segue os caminhos mostrados na figura.
Pode-se ver que o efeito da FMM de armadura é o de criar um fluxo que cruza as faces
polares.

Assim, nas sapatas polares, o seu caminho cruza com o caminho de fluxo do campo
principal, e esse tipo de reação da armadura é denominado reação de armadura de
magnetização cruzada.

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Máquinas de Corrente Contínua
• Efeito da FMM da Armadura

Quando os enrolamentos de armadura e de campo são ambos excitados, a distribuição da


densidade de fluxo resultante no entreferro tem a forma dada pela linha espessa da figura.

O efeito da reação de armadura de magnetização


cruzada, consistindo em reduzir o fluxo em uma das
extremidades do polo e em aumentá-lo na outra,
pode ser visto comparando as curvas de traços
curtos e longos.

Em geral, a curva espessa não é a soma algébrica


das duas curvas tracejadas porque o circuito
magnético no ferro não é linear.

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• Efeito da FMM da Armadura

A distorção da distribuição de fluxo causada pela reação de armadura de magnetização


cruzada pode ter uma influência prejudicial sobre a comutação da corrente de armadura,
especialmente quando a distorção tornar-se excessiva.

De fato, essa distorção é normalmente um importante fator limitante da capacidade de


sobrecarga de curta duração de uma máquina CC.

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• Fundamentos Analíticos: Aspectos do Circuito Magnético

O fluxo líquido por polo é resultante da combinação das FMMs dos enrolamentos de
campo e de armadura.

Em uma máquina CC real, a corrente de armadura produz fluxo no eixo direto, produzido
diretamente por um enrolamento de campo em série, ou indiretamente por meio dos
efeitos de saturação.

A interdependência entre a tensão de armadura gerada Ea e as condições do circuito


magnético da máquina é, uma função da soma de todas as FMMs ao longo do caminho de
fluxo do eixo polar ou direto.

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• Fundamentos Analíticos: Aspectos do Circuito Magnético

➢ Reação da armadura desconsiderada


Com a máquina a vazio ou com os efeitos da reação de armadura ignorados, a FMM
resultante é a soma algébrica das FMMs que atuam sobre o eixo principal ou direto.

Para o motor ou o gerador composto usual, que tem Nf espiras de campo em derivação por
polo e Ns espiras de campo em série por polo, tem-se

Em uma ligação que produz uma corrente de campo em série positiva (Is > 0) (ligação
aditiva), sua FMM soma-se à do campo em derivação. Para uma ligação que produz uma
corrente de campo em série negativa (Is < 0), ) (ligação subtrativa), sua FMM é subtraída de
fato da corrente do campo em derivação.
57
Máquinas de Corrente Contínua
• Fundamentos Analíticos: Aspectos do Circuito Magnético

➢ Reação da armadura desconsiderada


Convertendo as unidades para a corrente equivalente no enrolamento de campo em
derivação que sozinha produziria a mesma FMM. Tem-se:

E então,

58
Máquinas de Corrente Contínua
• Fundamentos Analíticos: Aspectos do Circuito Magnético

➢ Reação da armadura desconsiderada


Exemplo de característica de magnetização a vazio
é dado pela curva para Ia = 0 na Figura, com valores
representativos de um gerador de 100 kW, 250 V e
1200 rpm.

Para simplificar a análise gráfica, pode-se encontrar


a tensão gerada Ea em qualquer velocidade 𝜔𝑚 , em
termos dos valores da tensão gerada 𝐸𝑎0 , da cuva
de 𝐼𝑎 = 0).

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Máquinas de Corrente Contínua
• Exemplo
Um gerador composto de 100 kW, 250 V e 400 A, com uma
ligação em derivação longa, tem a resistência de armadura
(incluindo as escovas) de 0,025 ohms, a resistência de campo
em série de 0,005 ohms e a curva de magnetização da figura.
Há um campo em derivação com 1000 espiras por polo e um
campo em série de três espiras por polo. O campo em série é
ligado de tal modo que uma corrente positiva de armadura
produz uma FMM no eixo direto que se soma à do campo em
derivação (Is = Ia).

Calcule a tensão de terminal, para a corrente nominal de


terminal, quando a corrente do campo em derivação é 4,7 A e
a velocidade é 1150 rpm. Despreze os efeitos da reação de
armadura.

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Um gerador composto de 100 kW, 250 V e 400 A, com uma ligação em derivação longa, tem a resistência de armadura (incluindo
as escovas) de 0,025 ohms, a resistência de campo em série de 0,005 ohms e a curva de magnetização da figura. Há um campo
em derivação com 1000 espiras por polo e um campo em série de três espiras por polo. O campo em série é ligado de tal modo
que uma corrente positiva de armadura produz uma FMM no eixo direto que se soma à do campo em derivação (Is = Ia).
Calcule a tensão de terminal, para a corrente nominal de terminal, quando a corrente do campo em derivação é 4,7 A e a
velocidade é 1150 rpm. Despreze os efeitos da reação de armadura.

- Para uma ligação em derivação longa, as correntes de armadura e


campo em série são iguais. Assim,

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Um gerador composto de 100 kW, 250 V e 400 A, com uma ligação em derivação longa, tem a resistência de armadura (incluindo
as escovas) de 0,025 ohms, a resistência de campo em série de 0,005 ohms e a curva de magnetização da figura. Há um campo
em derivação com 1000 espiras por polo e um campo em série de três espiras por polo. O campo em série é ligado de tal modo
que uma corrente positiva de armadura produz uma FMM no eixo direto que se soma à do campo em derivação (Is = Ia).
Calcule a tensão de terminal, para a corrente nominal de terminal, quando a corrente do campo em derivação é 4,7 A e a
velocidade é 1150 rpm. Despreze os efeitos da reação de armadura.

- Para uma ligação em derivação longa, as correntes de armadura e


campo em série são iguais. Assim,

- A corrente de campo em derivação equivalente é:

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Um gerador composto de 100 kW, 250 V e 400 A, com uma ligação em derivação longa, tem a resistência de armadura (incluindo
as escovas) de 0,025 ohms, a resistência de campo em série de 0,005 ohms e a curva de magnetização da figura. Há um campo
em derivação com 1000 espiras por polo e um campo em série de três espiras por polo. O campo em série é ligado de tal modo
que uma corrente positiva de armadura produz uma FMM no eixo direto que se soma à do campo em derivação (Is = Ia).
Calcule a tensão de terminal, para a corrente nominal de terminal, quando a corrente do campo em derivação é 4,7 A e a
velocidade é 1150 rpm. Despreze os efeitos da reação de armadura.

- Para uma ligação em derivação longa, as correntes de armadura e


campo em série são iguais. Assim,

- A corrente de campo em derivação equivalente é:

- Analisando a curva Ia = 0, para essa corrente lê-se uma tensão gerada


de 274V. Calculamos então a FEM real na velocidade de 1150 rpm
como:

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Um gerador composto de 100 kW, 250 V e 400 A, com uma ligação em derivação longa, tem a resistência de armadura (incluindo
as escovas) de 0,025 ohms, a resistência de campo em série de 0,005 ohms e a curva de magnetização da figura. Há um campo
em derivação com 1000 espiras por polo e um campo em série de três espiras por polo. O campo em série é ligado de tal modo
que uma corrente positiva de armadura produz uma FMM no eixo direto que se soma à do campo em derivação (Is = Ia).
Calcule a tensão de terminal, para a corrente nominal de terminal, quando a corrente do campo em derivação é 4,7 A e a
velocidade é 1150 rpm. Despreze os efeitos da reação de armadura.

- Para uma ligação em derivação longa, as correntes de armadura e


campo em série são iguais. Assim,

- A corrente de campo em derivação equivalente é:

- Analisando a curva Ia = 0, para essa corrente lê-se uma tensão gerada


de 274V. Calculamos então a FEM real na velocidade de 1150 rpm
como:

E então:
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Máquinas de Corrente Contínua
• Fundamentos Analíticos: Aspectos do Circuito Magnético

➢ Reação da armadura incluso


A corrente no enrolamento de armadura dá origem a um efeito de desmagnetização
causado por uma reação de armadura de magnetização cruzada.

A inclusão analítica desse efeito não é imediata devido às não linearidades envolvidas.

Uma abordagem comum é basear as análises no desempenho medido da máquina em


questão ou de outra, com projeto e tamanho semelhantes. Análises numéricas, baseadas
em técnicas como método de elementos finitos, também podem ser usadas.

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Máquinas de Corrente Contínua
• Fundamentos Analíticos: Aspectos do Circuito Magnético

➢ Reação da armadura incluso


Uma forma de se resumir e correlacionar os resultados é através da característica de
magnetização a vazio.

As curvas são plotadas não apenas para a característica a vazio (Ia = 0) mas também para
uma família de valores de Ia. Então, na análise do desempenho da máquina, a inclusão da
reação de armadura torna-se simplesmente uma questão de usar a curva de magnetização
que corresponde à corrente de armadura envolvida.

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Máquinas de Corrente Contínua
• Fundamentos Analíticos: Aspectos do Circuito Magnético

➢ Reação da armadura incluso


As curvas de saturação sob carga são deslocadas para o lado, à direita da curva a vazio, de
um valor que é função da corrente Ia.

O efeito da reação de armadura é então aproximadamente igual ao de uma FMM


desmagnetizante 𝐹𝑟𝑎 que atua sobre o eixo principal.

Esse termo adicional pode então ser incluído na equação da FMM, e com o resultado de
que a FMM líquida sobre o eixo direto pode ser assumida como:

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Máquinas de Corrente Contínua
• Exemplo

Considere um gerador CC composto com ligação em derivação longa uma corrente de terminal de
375 A e uma velocidade de 1190 rpm. Calcule a tensão de terminal para a corrente nominal de
terminal quando a corrente do campo em derivação é 4,7 A e a velocidade é 1150 rpm, incluindo os
efeitos da reação de armadura.

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Considere o gerador CC do exemplo anterior, composto com ligação em derivação longa uma corrente de terminal
de 400 A e uma velocidade de 1150 rpm. Calcule a tensão de terminal para a corrente nominal de terminal quando
a corrente do campo em derivação é 4,7 A e a velocidade é 1150 rpm, incluindo os efeitos da reação de armadura.

- Para uma ligação em derivação longa, as correntes de armadura e


campo em série são iguais. Assim,

- A corrente de campo em derivação equivalente é:

- Analisando a curva Ia = 400A, considerando os efeitos de reação da


armadura, para essa corrente lê-se uma tensão gerada de 261V.
Calculamos então a FEM real na velocidade de 1150 rpm como:

E então:

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Máquinas de Corrente Contínua
• Máquina CC de imã permanente

As máquinas CC de ímã permanente são muito encontradas em uma ampla variedade de


aplicações de baixa potência.

O enrolamento de campo é substituído por um ímã permanente, resultando uma


construção mais simples. Para essas aplicações, os ímãs permanentes oferecem uma série
de benefícios úteis: o principal é que os ímãs não necessitam de excitação externa nem
dissipam a potência correspondente para criar campos magnéticos na máquina.

O espaço necessário para os ímãs permanentes pode ser inferior ao exigido pelos
enrolamentos de campo e, assim, as máquinas de ímã permanente podem ser menores e,
em alguns casos, de custo inferior ao de seus similares com excitação externa.

70
Máquinas de Corrente Contínua
• Máquina CC de imã permanente

Por outro lado, as máquinas CC de ímã permanente estão sujeitas às limitações impostas
pelos próprios ímãs permanentes.

Entre elas, está incluído o risco de desmagnetização devido a correntes excessivas nos
enrolamentos do motor ou a um sobreaquecimento do ímã.

Além disso, os ímãs permanentes são um tanto limitados em relação à intensidade da


densidade de fluxo de entreferro que são capazes de produzir. No entanto, com o
desenvolvimento de novos materiais magnéticos essas características estão se tornando
cada vez menos restritivas.

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Máquinas de Corrente Contínua
• Máquina CC de imã permanente

Diferentemente da característica de estrutura de campo com polos salientes de uma


máquina CC com excitação de campo externa, os motores de ímã permanente em geral
têm uma estrutura de estator lisa consistindo em uma carcaça cilíndrica externa de
material magnético permanente, com espessura uniforme, magnetizado no sentido radial.

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Máquinas de Corrente Contínua
• Máquina CC de imã permanente

Tal estrutura está ilustrada na figura, onde as setas indicam o sentido da magnetização.
O rotor da figura tem comutador, escovas e ranhuras para os enrolamentos, como em
todas as máquinas CC. Observe também que, nesses motores, a carcaça externa serve a um
duplo propósito: é feita de material magnético, servindo assim de caminho de retorno para
o fluxo magnético e de suporte para os ímãs.

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Máquinas de Corrente Contínua
• Máquina CC de imã permanente

A diferença principal entre as máquinas discutidas anteriormente e as de ímã permanente é que


estas têm uma fonte fixa de fluxo de campo, fornecido por um ímã permanente.

Como resultado, o circuito equivalente de um motor CC de ímã permanente é idêntico ao de um


motor CC de excitação externa, exceto que não há conexões de enrolamento de campo.

A figura mostra o circuito equivalente de um motor CC de ímã permanente:

74
Máquinas de Corrente Contínua
• Máquina CC de imã permanente

A expressão para a tensão de velocidade de um motor CC pode ser escrita na forma 𝐸𝑎 =


𝐾𝑎 ∗ 𝜙𝑑 ∗ 𝜔𝑚 , em que 𝜙𝑑 é o fluxo líquido ao longo do eixo do enrolamento de campo e
Ka é uma constante geométrica.

Em uma máquina CC de ímã permanente, 𝜙𝑑 é constante e, assim podemos escrever:

Km é chamada de constante de conjugado do motor e é função da geometria do motor e


de suas propriedades magnéticas.
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Máquinas de Corrente Contínua
• Máquina CC de imã permanente

O conjugado de um motor de ímã permanente é dado pelo produto da constante de


conjugado pela corrente de armadura, ou seja:

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Máquinas de Corrente Contínua
• Exemplo

Sabe-se que um motor CC de ímã permanente tem uma resistência de armadura de


1,03 . Quando está operando a vazio, com uma fonte CC de 50 V, observa-se que a
velocidade de funcionamento é de 2100 rpm e a corrente é de 1,25 A. Encontre:
a) a constante de conjugado Km;
b) as perdas rotacionais a vazio do motor;
c) a potência de saída do motor quando está operando a 1700 rpm a partir de
uma fonte de 48 V.

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Sabe-se que um motor CC de ímã permanente tem uma resistência de armadura de 1,03 ohms. Quando está operando a vazio,
com uma fonte CC de 50 V, observa-se que a velocidade de funcionamento é de 2100 rpm e a corrente é de 1,25 A. Encontre:
a) a constante de conjugado Km;
b) as perdas rotacionais a vazio do motor;
c) a potência de saída do motor quando está operando a 1700 rpm a partir de uma fonte de 48 V.

a) A partir do circuito equivalente, obtemos a tensão gerada Ea:

A constante Km é dada por:

1 rpm -> 2π/60 rad/s

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Sabe-se que um motor CC de ímã permanente tem uma resistência de armadura de 1,03 ohms. Quando está operando a vazio,
com uma fonte CC de 50 V, observa-se que a velocidade de funcionamento é de 2100 rpm e a corrente é de 1,25 A. Encontre:
a) a constante de conjugado Km;
b) as perdas rotacionais a vazio do motor;
c) a potência de saída do motor quando está operando a 1700 rpm a partir de uma fonte de 48 V.

a) A partir do circuito equivalente, obtemos a tensão gerada Ea:

A constante Km é dada por:

1 rpm -> 2π/60 rad/s

b) A vazio, toda a potência fornecida para a tensão gerada Ea


é usada para alimentar as perdas rotacionais. Portanto,

79
Sabe-se que um motor CC de ímã permanente tem uma resistência de armadura de 1,03 ohms. Quando está operando a vazio,
com uma fonte CC de 50 V, observa-se que a velocidade de funcionamento é de 2100 rpm e a corrente é de 1,25 A. Encontre:
a) a constante de conjugado Km;
b) as perdas rotacionais a vazio do motor;
c) a potência de saída do motor quando está operando a 1700 rpm a partir de uma fonte de 48 V.

c) Com uma velocidade de 1700 rpm, temos:


a) A partir do circuito equivalente, obtemos a tensão gerada Ea:

1 rpm -> 2π/60 rad/s


A constante Km é dada por: A corrente de entrada pode ser obtida:

A potência eletromagnética será:


1 rpm -> 2π/60 rad/s

b) A vazio, toda a potência fornecida para a tensão gerada Ea Assumindo as perdas rotacionais como constantes, temos:
é usada para alimentar as perdas rotacionais. Portanto,

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