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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA DE DIREITO DA

1ª VARA ESPECIAL CÍVEL DO FORO REGIONAL VIII –


TATUAPÉ/SP

Processo nº

x, já qualificada nos autos em epígrafe, vem, por


meio de sua advogada, respeitosamente a presença de Vossa
Excelência, com fundamento nos artigos 42 e seguintes da Lei
9.099/95, interpor RECURSO INOMINADO, em face da respeitável
Sentença que julgou parcialmente procedente a presente ação
Indenizatória por danos morais, com as razões anexas.

Requer as benesses da gratuidade da justiça


conforme certidão de hipossuficiência anexa.

Nestes termos,
requer deferimento.

São Paulo, 03 de Novembro de 2018.

Advogado / oab
RECURSO INOMINADO

RECORRENTE:

RECORRIDO:

Processo nº

Vara de origem: 1ª Vara do Juizado Especial Cível - Foro Regional


VIII – Tatuapé

RAZÕES DO RECURSO

Ao Egrégio Colégio Recursal do Juizado Especial Cível e

Eméritos Julgadores

Colenda Turma,

Pelos desacertos perpetrados na instrução do


processo e no julgamento das questões postas a exame, a sentença
recorrida merece ser reformada.

DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO

i. Da tempestividade

O presente recurso é tempestivo em virtude da


intimação da r. Sentença ter se dado em 24/10/2018, conforme Art.
42 da Lei 9.099/95.
ii. Do Preparo
Deixa de recolher as custas por não ter condições
no atual momento, declaração de hipossuficiência acostada, e,
pleiteia os benefícios da justiça gratuita, assegurados pela Lei
1.060/50 e consoante o Art. 98, caput, do NCPC.
Infere-se dos artigos supracitados que qualquer
uma das partes no processo pode usufruir dos benefícios da justiça
gratuita.
Mister frisar, que em conformidade com o Art. 99,
§1º do NCPC, o pedido de gratuidade de justiça pode ser formulado
por petição simples e durante o curso do processo, tendo em vista a
possibilidade de requerer em qualquer tempo e grau de jurisdição.
Ainda, conforme o §3º do mesmo artigo,
“presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida
exclusivamente por pessoa natural”.
Assim, ex positis, requer-se os benefícios da
assistência judiciária gratuita.

DA SENTENÇA RECORRIDA

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela


parte Recorrente ante a decisão que julgou parcialmente procedente a
Ação de Indenização por Danos Morais, processados pela 1ª Vara do
Juizado Especial Cível - Foro Regional VIII – Tatuapé, nos seguintes
termos:

“Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE


PROCEDENTE O PEDIDO. Confirmo a antecipação de tutela para o fim
de reconhecer indevida a cobrança do débito descrito na inicial (R$
476,16 – fls. 56/57). Deixo de condenar a vencida nas verbas da
sucumbência nos termos do artigo 55 da Lei 9.099/95. a) O prazo para
interposição de recurso é de 10 (dez) dias corridos, de acordo com o
julgamento da Turma de Uniformização do Sistema dos Juizados
Especiais do Tribunal de Justiça de São Paulo; b) efetuado o
pagamento voluntário, fica desde já deferida a expedição de guia de
levantamento em favor do credor, devendo ser intimado para retirada,
no prazo de 10 dias, sob pena de cancelamento. Com o trânsito em
julgado, comunique-se ao Distribuidor. Registre-se.” (DOC.01)

Com efeito, em que pese o inquestionável saber da


eminente Julgadora, não primou à decisão atacada pela justa
aplicação da Lei e Jurisprudência aos fatos, sendo sua reforma
medida imperativa de Justiça, conforme será exposto adiante.

ANALISE DA DEMANDA E DE SEU PROCESSAMENTO

A autora/recorrente formula pedido de


indenização por danos morais, sob a seguinte causa de pedir: no
início de 2016 recebeu uma correspondência (Serasa) da qual foi
surpreendida em saber que seu nome foi IRREGULARMENTE
inserido no rol dos maus pagadores.

Não conformada, entrou em contato


imediatamente com a empresa recorrida, que cientificou que a autora
não era cliente ativa e nada devia a favor da empresa. Por esse
motivo, requisitou a retirada imediata do nome da autora do órgão
de proteção ao crédito (SERASA).
Após mais de 1 (hum) ano, a recorrente tentou
realizar um financiamento bancário e mais uma vez foi surpreendida
que seu nome estava com restrição no Serasa.

Ao diligenciar em Órgãos de Proteção ao credito,


tomou ciência que seu nome estava inserido no rol de maus
pagadores pelo contrato de número xx, cujo REGISTRO OCORREU
pela suposta dívida no valor de R$ 476,16. (DOC.02)

A recorrente teve seu nome indevidamente


enviado para o Serviço de Proteção ao Crédito, cuja restrição foi
causada pela recorrida sem que houvesse qualquer autorização legal
ou contratual para tal fato.

A MM. Juíza deferiu a liminar em antecipação de


tutela para a retirada imediata do nome da recorrente do Serasa
(DOC.03), a recorrida assim o fez conforme comprovou juntando
documentos aos autos (DOC.04)

Em contestação a recorrida apontou devida a


cobrança e negou a obrigação de indenizar.

A conduta da ré em inserir o nome da parte


autora nos cadastros de inadimplentes por débito por ela não
contraído configura ato ilícito passível de indenização.

De fato, a negativação indevida junto aos órgãos


de proteção ao crédito é fato extremamente constrangedor, pois torna
pública a condição de mau pagador da pessoa cujos dados constam
dos registros do referidos órgãos.
DO DÉBITO E INCLUSÃO INDEVIDA NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO
AO CRÉDITO

Em que pese os argumentos apresentados na


Exordial demonstrando a má-fé do recorrido, que assumiu a
cobrança e inserção do nome da recorrente nos órgãos de Proteção ao
Crédito, a MM. Juíza entendeu não ser cabível a indenização por
danos morais.

Entretanto, uma vez demonstrado o débito e a


inclusão do nome da autora ora recorrente nos órgãos de proteção ao
crédito, cabe ressarcimento.

Ainda, a recorrida em contestação informou que a


dívida seria exigível e por este motivo não deveria haver indenização.

Conforme restou provado, o débito é inexistente,


pois, a recorrente manteve contrato com a empresa recorrida somente
até o mês de Junho de 2012, conforme pode se verificar no histórico
de ligações juntado aos autos pela recorrida (DOC.05).

Porém, a cobrança inserida refere-se ao mês de


Maio de 2013, quase 1 (hum) anos após o encerramento do contrato.

Conforme Exordial, a recorrente recebeu Carta de


Cobrança do Serasa informando que seu nome estava inscrito no rol
de maus pagadores, sendo esta cobrança indevida, o que já gera
indenização.

Como se não bastasse, mais de um ano depois, a


recorrente tenta realizar um financiamento bancário e mais uma vez
não consegue pelo mesmo motivo, seu nome incluso no Serasa pela
empresa Ré, o que gera nova indenização.
Por fim, ao buscar seu direito perante a Justiça,
restou comprovado que a divida é inexistente, inexigível e deveria ser
retirado imediatamente do Serasa, o que gera indenização.

DOS DANOS MORAIS

No tocante aos Danos Morais a douta Juíza se


equivoca ao entender que não houve dano suportado pela recorrente.

Conforme exposto anteriormente, existe um


deferimento de liminar para RETIRADA do nome no Órgão de
Proteção ao Crédito, e, em contestação não houve nenhuma
manifestação da recorrida em informar que NUNCA inseriu o nome
da recorrente no rol de maus pagadores. (DOC.06)

Ainda, juntou aos autos comprovação de


cumprimento da obrigação (DOC.04).

Neste caso, é possível afirmar que o nome da


recorrente ESTAVA SIM incluso nos Órgãos de Proteção ao Crédito e
foi retirado por cumprimento de ordem judicial, mesmo que
posteriormente, não apareça nos ofícios juntados pelos Órgãos,
PORTANTO, merece ser indenizada.

A MM. Juiza ainda declara em sentença, que o


impedimento que a recorrente sofreu ao tentar realizar um
financiamento, pode ter sido causado por outras negativações da
época em que a recorrente entrou com a ação.

A informação não é verdadeira, pois a ação foi


distribuída em 28/11/2017. E, em nenhum dos ofícios enviados
pelos órgãos SCPC e/ou Serasa mostram inclusão, disponibilização
ou exclusão de débito nos meses que antecederam a distribuição da
ação. (DOC.07)

Assim, também entende o TJSP:

EMENTA: AÇÃO DECLARATÓRIA C/C INDENIZATÓRIA. Inscrição do nome


do consumidor em cadastro de inadimplentes em virtude de débito não
contratado. Sentença de procedência que declarou a inexigibilidade do
débito, condenando a parte ré a indenizar a parte autora no valor de 10
salários mínimos, a título de danos morais. Irresignação da parte ré.
Descabimento. Não comprovada a celebração de contrato entre as
partes. Apelante que se limitou a afirmar que os serviços foram prestados,
mas não demonstrou a efetiva prestação de serviços no endereço da autora,
a gravação da solicitação dos serviços, a quitação de parcelas anteriores ou
outras provas que poderiam corroborar a sua versão. Ônus da prova
carreado à parte ré, que não comprovou ter a parte autora celebrado o
contrato 'sub judice'. Relação de consumo. Aplicação do art.14 do CDC. Falha
na prestação de serviço. Negativação indevida. Responsabilidade
objetiva. Dano 'in re ipsa'. Quantum' indenizatório fixado em dez salários
mínimos que não comporta alteração. Conversão para a data da sentença
como forma de afastar a utilização do valor do salário mínimo como
indexador. Quantia que está em consonância com os valores arbitrados por
esta C. Câmara em casos análogos. Honorários advocatícios que foram
fixados corretamente com base no valor da condenação, observados os
patamares legais e respeitado o artigo 85, §2º, do CPC, remunerando
condignamente o Patrono da parte autora. Sentença mantida. Aplicação do
art. 252 do RITJSP. Honorários advocatícios majorados, porém, para o
importe de 20% do valor da condenação, nos termos do artigo 85, §11, do
CPC. Recurso não provido, com observação. (TJSP; Apelação 1009600-
34.2017.8.26.0066; Relator (a): Walter Barone; Órgão Julgador: 24ª Câmara
de Direito Privado; Foro de Barretos - 1ª Vara Cível; Data do Julgamento:
31/07/2018; Data de Registro: 31/07/2018)
EMENTA: APELAÇÃO – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE
DÉBITO CUMULADA COM INDENIZATÓRIA – NEGATIVAÇÃO INDEVIDA –
INEXIGIBILIDADE DO DÉBITO – Medida que se impõe, tendo em vista que a
apelada não comprovou a efetiva contratação de seus serviços, cuja suposta
inadimplência ensejou a inscrição do nome da autora perante o rol de
devedores – DANOS MORAIS – Configuração – Em casos como o presente,
o abalo moral prescinde de prova, configurando-se "in re ipsa" –
Inaplicabilidade da Súmula 385 do STJ, diante da demonstração de
que os apontamentos anteriores são alvo de discussão judicial –
"QUANTUM" INDENIZATÓRIO – Indenização arbitrada em R$ 8.000,00 –
Redução para R$ 4.000,00 – Valor que, diante das circunstâncias do caso, se
mostra adequado para sanar de forma justa a lide, atendendo aos princípios
da razoabilidade e proporcionalidade – Manutenção dos ônus sucumbenciais
– Recurso parcialmente provido. (TJSP; Apelação 1010916-
33.2015.8.26.0590; Relator (a): Hugo Crepaldi; Órgão Julgador: 25ª Câmara
de Direito Privado; Foro de São Vicente - 6ª Vara Cível; Data do Julgamento:
28/08/2018; Data de Registro: 28/08/2018) (G.N)

DA REFORMA DA SENTENÇA

A sentença recorrida demonstra desacerto no


julgamento da causa.

Eis a razão:

a) Ignora prova da autora ao inserir “print”


demonstrando o debito inexigível inserido no
Serasa; (DOC.02)
b) Ignora prova juntada aos autos pela empresa
ré ao demonstrar a retirada do nome da autora
do Serasa; (DOC.04)
c) Ignora que a empresa ré em nenhum momento
informou que nunca inseriu o nome da autora
nos órgãos de proteção ao crédito e ainda
menciona que a divida é legitima; (DOC.06)
d) Contradiz com o deferimento de liminar que
manda retirar o nome da autora dos órgãos de
proteção ao credito, porém sentencia
informando que o nome da autora não constou
nestes mesmos órgãos; (DOCS. 03 e 01)
e) Baseia-se nos ofícios juntados pelos órgãos de
proteção ao crédito sem atentar-se as datas de
inserção, disponibilização e exclusão. (DOC.07)

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se:

a) A Aplicação dos benefícios da assistência


judiciaria gratuita à Recorrente;
b) A reforma da sentença para o fim de condenar
a Recorrida ao pagamento de danos morais;
c) Que seja a recorrida condenada em custas e
honorários advocatícios em seu teto máximo;
d) Que seja conhecido o presente Recurso
Inominado reformando-se a sentença do Juízo
“a quo”, pelas argumentações e fundamentos
acima expostos.

Termos em que, aguarda e espera deferimento.

São Paulo, 03 de Novembro de 2018.


Advogado/oab

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