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MANUAL DE ENERGIA SOLAR

12 – LEGALIZAÇÃO DE PROJETOS E TENDÊNCIAS DO MERCADO

Figura 1: Etapas do processo de legalização de um projeto fotovoltaico conectado à rede

A distribuidora local tem o monopólio de


1. Introdução fornecimento de energia elétrica na sua área de
concessão. Ela ganhou o direito de vender
O presente capítulo encerra a série do manual de
energia e assumiu a obrigação de atender todos
energia solar. Aprenderemos neste mês como
os clientes naquela área.
legalizar um projeto fotovoltaico na
concessionária. Além de vender energia, ela também distribui
energia dentro do Ambiente de Contratação Livre
E vamos ainda dar uma olhada em tendências do
(ACL), também chamado de “Mercado Livre”. E é
mercado: sistemas híbridos, uso de drones como
isso que ela faz na Geração Distribuída também:
ferramenta e a sinergia de veículos elétricos com
ela recebe energia gerada pelo consumidor
a energia solar.
produtor, sem qualquer cunho comercial, e a
devolve em outro horário.
2. Legalização de Projetos
O relacionamento entre o cliente e a distribuidora
Fotovoltaicos – Princípios
envolve diferentes esferas:
O estado oferece diversas concessões. No nosso
contexto estamos falando da distribuição • A esfera contratual: consumo e produção
de energia;
regional de energia. Portanto, seria mais correto
• O faturamento da energia;
usar o termo “distribuidora” ao invés de
• A esfera técnica: como acessar à rede
“concessionária”. para receber e injetar energia.

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O lado contratual é padronizado pela Aneel, de • O profissional elabora o projeto e


forma simplificada. Sobre o faturamento falamos prepara a documentação;
no capítulo 10 – ele também é padronizado. • Opcionalmente, ele faz a consulta de
Ambas estão descritas na Regulação Normativa acesso. Este passo é recomendado
quando o acesso pode envolver custos
REN 482/2012 ANEEL.
adicionais, como, por exemplo, obras na
O lado técnico é o mais delicado para a subestação da distribuidora;
distribuidora, porque envolve equipamento • A solicitação de acesso representa o
individual e pode causar impactos na rede e em início da legalização e deve ser
acompanhada pelos documentos
outros clientes dela.
necessários (veja a seguir);
• A distribuidora analisa os documentos e
3. Normas para definir o acesso o ponto de conexão no local e informa
à rede pendências ou condições específicas;
• Depois da resolução das pendências, a
A ANEEL descreveu as condições para o acesso à distribuidora emite o Parecer de Acesso e
rede no documento chamado PRODIST envia, junto, os contratos a serem
(Procedimentos de Distribuição de Energia fechados;
Elétrica no Sistema Elétrico Nacional), no Módulo • O parecer tem validade de 120 dias, que
3 – Acesso ao Sistema de Distribuição, Seção 3.7 é o prazo para instalar o sistema;
• Concluída a instalação, o profissional
– Acesso de Micro e Minigeração Distribuída.
solicita a vistoria;
Cada distribuidora publica uma norma própria • A distribuidora conduz a vistoria, emite
que alinha as regras do PRODIST à sua norma do um relatório e troca o medidor;
acesso à rede. • Eventuais pendências devem ser
adequadas antes da troca e liberação do
acesso.
4. O Processo da Legalização A figura 1 indica os prazos máximos da
distribuidora para cada passo em caso de micro e
4.1. Os Atores
minigeração. Para eventuais obras de reforço da
O processo da legalização envolve três atores: rede, os prazos são maiores.
• O acessante, que é o proprietário ou
locatário da unidade de consumo onde o 4.3. A Documentação
sistema solar será conectado; A PRODIST define também a documentação a ser
• Um profissional habilitado que conduz o
entregue ao solicitar o acesso, que é feito no site
processo e representa o cliente frente à
distribuidora. Infelizmente não existem da distribuidora:
regras uniformes no Brasil sobre a • O formulário de solicitação, definido na
habilitação do profissional para conduzir PRODIST;
o processo. Algumas distribuidoras são • A ART de projeto e execução. Procure
até mais restritivas do que os conselhos informações sobre os detalhes da ART
regionais e as câmeras técnicas. É que a respectiva distribuidora espera;
importante consultar a distribuidora; • Diagrama unifilar e memorial descritivo;
• A distribuidora de energia. • Os certificados Inmetro dos inversores;
• Dados para registro do sistema no banco
4.2. O Processo de dados da ANEEL;
A figura 1 apresenta as etapas do processo
(detalhadas nos PRODIST):

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Figura 2: Exemplo de projeto unifilar para legalização do projeto

• Se houver compensação remota (veja Já nos casos de minigeração, a concessionário


capítulo 10), os dados das respectivas pode solicitar do acessante uma série de estudos,
unidades e a porcentagem de rateio; pagos por ele mesmo. O próprio acesso à rede
• Eventuais documentos que comprovam a pode exigir obras custeadas pelo cliente. Por isso
relação entre os participantes do rateio;
recomenda-se executar a Consulta de Acesso em
• Em sistemas com potência acima de 10
kW é exigida uma documentação técnica casos de dúvidas.
mais detalhada, com diagrama de blocos
e projeto elétrico;

4.4. O Projeto Unifilar


Frequentemente percebe-se entre empresas
iniciantes neste setor uma preocupação com o
conteúdo ou formato do projeto unifilar a ser
entregue à distribuidora. No entanto, ele é
bastante simples e repetitivo e inclui poucos
elementos. Figura 2 apresenta um exemplo.

4.5. Microgeração versus


Minigeração
Na definição dos procedimentos, a ANEEL partiu
da premissa que o cliente que deseja instalar um
sistema de microgeração (até 75 kW de potência)
deve ter um acesso simplificado sem custo
adicional.

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com objetivo de aumentar a cota do

Figura 3: Um inversor híbrido e suas possíveis conexões

autoconsumo;
5. Tendências do Mercado • Controle de gerador: um gerador externo
é ativado dependendo da demanda atual
5.1. Inversores Híbridos e da carga das baterias;
• Devolução à rede: a injeção de energia à
Inversores híbridos oferecem funções para
rede pode ser desligada, evitando assim a
sistemas conectados à rede (on-grid), e
necessidade da legalização na
autônomos (off-grid). Eles carregam e distribuidora.
descarregam baterias. Diversos parâmetros permitem balancear os
A faixa de aplicações é bastante ampla: objetivos de segurança energética, economia e
gerenciamento de energia.
• No-break: o inversor alimenta uma sub-
rede emergencial em caso de falha da Inversores híbridos devem aumentar sua
rede da concessionária. As baterias são participação no mercado com a queda de preço
carregadas pelo sol, durante o dia, e pela das baterias. A taxação proposta pela ANEEL, se
rede, quando esta está disponível;
realmente for aprovada, será mais um incentivo
• Off-grid com backup pela rede: o inversor
para usar baterias e reduzir a parcela da energia
alimenta uma sub-rede a partir do sol e
das baterias. Quando a tensão das injetada.
baterias cai abaixo de um limite Os projetos que usam inversores híbridos são
configurável entra a rede para alimentar
mais exigentes do que aqueles sem baterias, por
a carga;
causa dos cálculos em torno de potência,
• Peak-shaving: as baterias são carregadas
em horário de baixo consumo e corrente e carga, e por causa das modificações na
descarregados em horário de alto rede predial existente.
consumo com objetivo de limitar a
potência da carga;
• Gerenciamento de energia: as baterias
são carregadas quando há energia solar
sobressaliente e descarregadas à noite,

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5.2. Drones como Ferramenta de interesse e tirar fotos com uma sobreposição
Trabalho definida.
As fotos, depois, são tratadas em softwares
específicos e geram dois produtos:

• Mapas ortomosáicos, similares a imagens


de satélite, só que com uma definição e
precisão muito superior;
• Modelos em 3D para levantamento
integral de coberturas: a figura 4 mostra
uma laje típica, repleta de obstáculos,
entre os quais foram encaixados os
módulos, respeitando o sombreamento.
Um voo de drone de 10 minutos substitui
várias horas gastas para levantamento da
planta da cobertura e substitui acesso
pessoal.
Figura 4: Exemplo de uma laje, onde o levantamento por O aproveitamento completo destas técnicas se
drone economiza o trabalho faz com um software de modelagem que importa
Drones surgiram como equipamento de diversão. tanto o mapa ortomosáico quanto o modelo 3D.
Logo em seguida foram usados para filmar festas PV*SOL premium é um exemplo disso (leia mais
e eventos. no capítulo 11).

No setor de energia solar, muitas instaladoras já


5.3. Veículos elétricos
costumam filmar suas instalações executadas
com drones. Além de documentar o sistema, o
vídeo e permite ao proprietário compartilhar a
aquisição com seus amigos – marketing perfeito
para a integradora.
Em usinas de porte maior, o drone pode tirar uma
foto por dia, sempre do mesmo lugar, para
mostrar o progresso no estilo time-lapse. A
filmagem permite também um acompanhamento
remoto.
Para uma usina em funcionamento é
imprescindível detectar e consertar defeitos, Figura 5: A Guarda Municipal de São José dos Campos com seus
carros elétricos (foto do site da prefeitura)
antes que acumulem prejuízos financeiros.
Drones com câmeras termográficas conseguem Veículos elétricos estão começando a aparecer na
apontar módulos ou células com problemas, realidade brasileira. Quem acompanha nosso
porque estes esquentam mais do que as em blog já viu notícias de guardas municipais (figura
funcionamento normal. 5), de ônibus municipais e de empresas de
transporte executivo.
Mapeamento aéreo
No planejamento de instalações lança-se mão do O primeiro grande mercado será o uso comercial
em serviços urbanos. Nestas aplicações, os
mapeamento aéreo de terrenos ou edificações. O
veículos rodam, diariamente, um percurso
drone é programado para sobrevoar a área de
conhecido e são recarregadas durante a noite. As

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questões da autonomia restrita e da demora na 6. Conclusão


recarga não aparecem.
Agradecemos ao convite da revista O SETOR
A grande vantagem dos veículos elétricos é o ELÉTRICO para apresentar em 12 capítulos o
custo menor por quilômetro rodado e da conteúdo resumido do nosso curso para projetos
manutenção, quando comparado aos veículos fotovoltaicos conectados à rede.
equipados com motores a explosão. Publicamos
estudos para carros elétricos, onde o valor caiu de Acesse o manual completo com o material
0,40 ou 0,50 R$ / km com gasolina para 0,13 R$ / adicional no nosso site – é grátis. Esperamos que
km com energia da concessionária (acesse na tenha gostado e aproveitado. No caso de
coletânea de apresentações do nosso site). sugestões ou dúvidas não hesite em nos contatar.

Com energia solar, o custo por quilômetro cai E aproveite para participar de um dos nossos
ainda mais, a meros R$ 0,06 R$. Imbatível, cursos: oferecemos turmas para iniciantes, para
quando a montadora oferece modelos de aluguel avançados e para experientes, com os temas mais
para diluir o valor de compra mais alto. variados.

Podemos afirmar que os mercados de energia


solar e de veículos elétricos andam de mãos
dadas: quem se interesse por uma dessas
tecnologias, invariavelmente vai querer a outra
também. Uma vantagem para empresas que
conhecem ambas.
A questão chave para o uso de veículos elétricos
é a infraestrutura de carregamento: a potência do
eletroposto define o tempo da recarga e a
conexão na rede predial e na distribuidora.
As opções de faturamento devem ser estudadas
para uso compartilhado em edifícios ou pontos
públicos de recarga, que foram liberadas pela
ANEEL na Resolução 819/2018.

O autor, Hans Rauschmayer, é sócio-gerente da empresa Solarize Treinamentos


Profissionais Ltda, onde montou a abrangente grade de capacitação.
Reconhecido especialista em energia solar, ele já foi convidado para ensinar e
palestrar em universidades, instituições, congressos nacionais e internacionais e
vários programas de TV. Entre em contato pelo site www.solarize.com.br.

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