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MANUAL DE ENERGIA SOLAR

8 – FIXAÇÃO DOS MÓDULOS EM ESTRUTURAS DE BASE

fundamental que os módulos possam dissipar o


calor não somente pela frente, mas também por
trás.
Em consequência, os módulos nunca são
colocados diretamente sobre telhas, mas sempre
sobre uma estrutura que garanta a circulação do
ar por baixo dos módulos, diferente de coletores
para aquecimento solar.
Os princípios para escolher a correta base de
Figura 1: Montagem de sistema solar em laje fixação são os seguintes:
• Local da instalação: telhado inclinado,
laje, solo ou fachada;
1. Introdução • Forma da fixação, que o local permite;
• Resistência estrutural da cobertura onde
Abordamos nos capítulos anteriores do manual
os módulos serão instalados
de energia solar as questões elétricas do sistema
• Montagem fixa ou com seguidor do sol;
fotovoltaico. Agora entraremos em questões • Especificações do fabricante dos
mecânicas e estruturais: como fixar os módulos módulos.
em estruturas de base de forma segura e durável. Em seguida mostraremos várias tipologias.
A discussão evidencia o fato de que o projeto
fotovoltaico é multidisciplinar, requerendo
conhecimento de várias áreas. 3. Telhado inclinado
Vale ressaltar que o trabalho na cobertura é tão A instalação de módulos em telhados inclinados
importante quanto a instalação elétrica do ocorre paralela à cobertura. Procuramos a
projeto, porém exige muito mais do instalador melhor face em relação à irradiação e ao
por causa do desconforto de trabalhar sob o sol, sombreamento, respeitando preferências
estéticas e funcionais do telhado.
do perigo de trabalhar em altura, e por causa do
risco de infiltração com possíveis danos de alto A instalação paralela ao telhado é leve, simples de
prejuízo. Por isso é frequente ter nas equipes de executar e causa pouca carga de vento. Essas
instalação carpinteiros além de eletricistas. vantagens, junto à queda de preço dos módulos,
fazem com que, hoje em dia, não se corrija mais
a orientação ou inclinação da cobertura.
2. Estruturas de Base
As condições encontradas são simplesmente
Já aprendemos que as células fotovoltaicas avaliadas num software fotovoltaico. Caso
perdem eficiência com o aumento da necessário, aumenta-se a potência do gerador.
temperatura (veja terceiro capítulo). Por isso é

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3.1. Telhado de barro 3.2. Telhado ondulado

Figura 3: Fixação com parafuso prisioneiro em telhado ondulado.


Fonte: Solar Group
Figura 2: Componentes da estrutura de base para telhado de
barro Em telhado ondulado usam-se parafusos
Em telhado de barro, a estrutura é fixada no prisioneiros que atravessam as telhas e que são
madeiramento do telhado (figura 2): fixados na estrutura do telhado (figura 3). Os
parafusos são oferecidos com diferentes tipos de
• Ganchos são fixados nos caibros, da roscas e pontas na parte inferior, para base de
forma que eles passem entre uma telha e
madeira e metal.
outra. Ajustes laterais e de altura
permitem a adequação da estrutura ao O comprimento dos parafusos varia também e
telhado; deve ser escolhido conforme a altura da
• Na parte superior do gancho entra o ondulação das telhas.
trilho. Aqui também há ajustes para
adequar a distância dos trilhos à Na parte superior da rosca é fixado um adaptador
especificação dos módulos (veja a fazendo a conexão com o trilho, que é o mesmo
seguir); da telha de barro. Aliás, o sistema de parafusos
• Os grampos seguram o módulo no trilho: pode ser aplicado também em telhados de barro.
o grampo terminal é usado no início e no
final de cada fileira, e o grampo
intermediário, entre os módulos.
3.3. Telhado metálico
O maior desafio na fixação em telhados de barro
é a falta de padronização: o formato das telhas
varia muito, o que dificulta não somente a
instalação, mas também a reposição de telhas
quebradas.
Os sistemas de montagem oferecidos no mercado
economizam tempo gasto e material empregado
e otimizam as ferramentas necessárias. O
material mais usado é alumínio para trilhos e
Figura 4: Base em telhado metálico trapezoidal, pronta para receber os
grampos, e aço inoxidável, para ganchos e
módulos. Fonte: TRITEC
parafusos. É recomendável procurar um
No caso de coberturas metálicas, a estrutura é
fabricante que ofereça consultoria para situações
fixada diretamente na telha, exigindo uma
difíceis.
espessura mínima do metal de 0,5 mm (verifique
Estruturas artesanais de material de qualidade no manual da estrutura!). Há opções com trilhos
inferior são menos eficientes e comprometem a inteiros ou então com peças pequenas de apoio,
durabilidade. como no exemplo da figura 4.

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A baixa inclinação deste tipo de telhado


compromete a autolimpeza dos módulos e deve
ser considerada no plano de manutenção.

4. Laje

Figura 5:Índice de sombreamento em módulos num projeto em laje,


causado pela platibanda e pelas outras fileiras.
Cálculo no software PV*SOL.

Figura 6: Base para laje com dormentes de concreto como lastro. mesmo que a sombra causa perdas nos meses do
Fonte: Solar Group inverno.
A instalação em laje requer uma base elevada. É essencial usar um software que permita
Como não é aconselhável perfurar a laje, usa-se
experimentar de forma rápida alternativas,
lastro como ancoragem contra a força do vento
variando equipamento, conexão elétrica e
(figura 5).
configuração da montagem elevada (inclinação,
Até poucos anos atrás, a inclinação e a orientação orientação, altura, afastamento).
eram determinadas otimizando a geração de
energia por cada módulo. Este conceito mudou
na decorrência da redução do preço dos módulos. 4.2. Base Leste-Oeste
Hoje, a inclinação costuma variar entre 10° e 15°,
minimizando assim a carga de vento sem abrir
mão da autolimpeza.
Seguindo o mesmo princípio, atualmente as
fileiras são alinhadas com a laje, simplificando
projeto e instalação e aproveitando melhor o
espaço disponível.

4.1. Distância entre Fileiras


A distância entre as fileiras deve respeitar dois
Figura 7: A base Leste-Oeste aproveita melhor o espaço
quesitos:
Já bastante popular na Europa, a base Leste-
(1) A movimentação dos técnicos durante a Oeste começou a chegar ao Brasil. Ela aproveita
instalação e manutenção (mín. 50 cm). melhor o espaço disponível, por economizar um
(2) O aproveitamento energético: havendo corredor a cada duas fileiras. Outra vantagem é a
espaço sobressalente vamos distanciar mais as proteção melhor do cabeamento contra
fileiras e evitar o sombreamento entre elas (veja eventuais intervenções por pessoas não
figura 6 e capítulo 6). capacitadas.

Em espaços apertados e quando o objetivo do No nosso país, próximo ao equador, esta base
cliente for gerar o máximo de energia, então será pode ser instalada em qualquer orientação. Use o
necessário aumentar o número das fileiras, software para simular o rendimento anual.

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Algumas bases, como a da figura 7, economizam várias desvantagens que comprometem a


material, mas devem ser homologadas pelo viabilidade:
fabricante do módulo.
• O formato das telhas dificilmente é o
Vale lembrar que os módulos de diferentes mesmo do telhado existente e demanda
orientações não devem ser conectados juntos, uma reconstrução;
como descrito no capítulo 6. • A reposição de telhas danificadas será
restrita ao mesmo modelo e depende da
existência do fornecedor;
• Cada telha representa, em termos
5. Estruturas em Solo elétricos, um módulo e é equipado com
dois conectores, aumentando assim os
riscos de má conexão;
• Mesmo com uma ventilação interna, as
telhas esquentam mais do que os
módulos comuns, causando perdas
adicionais. O calor ainda é transferido à
própria edificação, um efeito indesejado
no nosso país tropical;
• A manutenção e a simples limpeza das
telhas requer técnicos capacitados.

Figura 8: Planta fotovoltaica em solo


6.2. Estacionamento
Usinas fotovoltaicas de grande porte usam Para estacionamentos com cobertura
estruturas específicas que requerem estudos fotovoltaica e carports (vagas individuais)
geológicos e máquinas especiais. A maioria delas existem no mercado estruturas específicas com
vedação entre os módulos. Consulte os
usa mesas que seguem o percurso do sol ao longo
do dia (seguidor/tracker). fabricantes para obter mais informações.

Em usinas de pequeno porte, como trabalhadas


nesta série de capítulos, usam-se soluções mais 6.3. Fachadas
simples, normalmente bases fixas com fundação Fachadas podem receber módulos opacos,
de concreto. cobrindo muros, ou translúcidos, em substituição
Neste caso, o layout das mesas é adequado ao a vidros. Como a fachada recebe menos
layout elétrico, da forma que uma mesa irradiação do que a cobertura, fica difícil viabilizar
comporte strings inteiros. uma usina vertical somente pela energia gerada.

6. Outras Estruturas

6.1. Telhas fotovoltaicas


Telhas fotovoltaicas têm gerado grandes
expectativas por serem consideradas mais
bonitas do que módulos comuns, em função de
sua integração arquitetônica. No entanto, há

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Figura 9: Princípios da disposição do arranjo no telhado


O cálculo da viabilidade é diferente em casos de permitida para fixação (fig. 10). Esta faixa precisa
construções novas ou em retrofit de prédios: o ser respeitada para assegurar a resistência física
custo adicional da função fotovoltaica, quando da instalação e para manter as condições de
comparado com uma fachada comum, pode garantia – é frequente observar erros em fotos
trazer um retorno financeiro interessante. divulgadas pelos instaladores.
Além disso ocorre uma valoração do prédio pelo
aspecto de sustentabilidade. 7.2. Disposição no telhado
A figura 9 mostra os princípios do projeto físico
7. Projeto e Execução do arranjo fotovoltaico:

O objetivo da base é oferecer sustentação aos • Os trilhos são montados paralelos às


módulos pela vida útil deles, estimada em mais de ripas;
• Os pontos de apoio dos trilhos (ganchos
25 anos. Esta responsabilidade justifica um
ou parafusos) devem ser distribuídos
planejamento detalhado do projeto que tornará
conforme especificações do fabricante
a execução mais segura e rápida. do sistema de base. A distância mínima
depende, principalmente, da resistência
do próprio trilho;
7.1. Faixa para Fixação do Módulos • Emendas de trilhos precisam ser
conectadas por junções, para evitar que a
dilatação provoque danos nos módulos;
• A distância vertical entre os trilhos deve
respeitar as exigências do fabricante dos
módulos em todas as fileiras (veja item
anterior);
• A distância entre os módulos e a
cumeeira lateral deve ser igual nos dois
lados.
Na execução é extremamente importante alinhar
Figura 10: Faixa para fixação do módulo o primeiro módulo com muito cuidado, já que
O manual de instalação dos módulos especifica as todo o resto do arranjo será alinhado com ele.
condições da fixação deles, em especial a faixa Uma pequena inclinação será multiplicada pelo

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número de módulos na fileira e será visível a olho A força oposta ocorre durante ventanias,
nu. A correção posterior causa um esforço chamada de carga de vento. Esta é mínima em
enorme de retrabalho. instalações paralelas ao telhado, mas
considerável em montagens elevadas.

7.3. Sequência da Execução Quem fornece a garantia de que a cobertura


resiste a estas forças, é o engenheiro calculista.
Vários fatores determinam a melhor sequência Ele emitirá uma Anotação de Responsabilidade
da execução: Técnica (ART), indispensável quando há
• Acesso e movimentação dos técnicos, movimentação de pessoas por baixo da
respeitando NR-35 (segurança de instalação.
trabalho em altura) e NR-33 (espaços
confinados). É proibido pisar nos
módulos e deve-se tomar muito cuidado 8. Manutenção
para não danificar os mesmos com os A estrutura deve ser verificada em intervalos
mosquetões do talabarte. regulares por
• Içamento dos módulos: procure uma
• Corrosão dos elementos de fixação;
solução adequada, que pode ser
• Aperto adequado dos parafusos;
içamento manual, com elevador ou • Equipotencialização;
usando um caminhão Munck; • Eventuais tensões entre a estrutura do
• Local da passagem dos cabos para dentro arranjo e a estrutura da própria
do telhado (sempre protegido por um cobertura.
duto resistente às intempéries);
• Interligação dos módulos: o cabo de
retorno do string (veja capítulo 7) é
9. Previsão
conduzido em paralelo à colocação dos No presente capítulo já mencionamos cuidados
módulos; importantes a serem tomados na execução da
• Equipotencialização: para o aterramento instalação física.
dos módulos existem soluções com No próximo, veremos quais medições elétricas
chapinhas integradas à fixação ou usando devem ser executadas durante a obra e no ato do
os orifícios previstos no módulo. Consulte comissionamento. Explicaremos também o
o fabricante sobre restrições; processo de legalização do projeto na
• O trilho também deve ser aterrado. concessionária.
Acesse o manual completo com o material
7.4. Resistência da Cobertura adicional aqui – é grátis!
O arranjo fotovoltaico impõe uma carga adicional
à cobertura, pelo peso dos módulos (aprox. 12
kg/m²), da base de montagem e do lastro (em
caso de lajes).

O autor, Hans Rauschmayer, é sócio-gerente da empresa Solarize Treinamentos


Profissionais Ltda, onde montou a abrangente grade de capacitação.
Reconhecido especialista em energia solar, ele já foi convidado para ensinar e
palestrar em universidades, instituições, congressos nacionais e internacionais e
vários programas de TV. Entre em contato pelo site www.solarize.com.br.

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