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Memorial descritivo do Sistema de

Conexão de Microgeração Fotovoltaica à


rede elétrica de BT (baixa tensão) de
distribuição da empresa AES Sul

Canoas, 26 de Agosto de 2018


1. SIGLAS E ABREVIATURAS
ANEEL - AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA

BT – Baixa Tensão

CA – Corrente Alternada

CC – Corrente Contínua

CPF – Cadastro de Pessoa Física

CREA - Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura

CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoas Jurídica

RS - Rio Grande do Sul

IEC - International Electrotechnical Commission

NBR – Norma Brasileira

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

RIC - Regulamento de Instalações Consumidoras

NTD - Norma Técnica de Distribuição

Grid-Tie – Tipo de inversor de frequência para conexão à rede das concessionárias de energia

DPS - Dispositivo de Proteção Contra Surtos

VCA – Tensão em Corrente Alternada

VCC – Tensão em Corrente Contínua

CRESESB - Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio Brito

STRING – Conjunto de módulos fotovoltaicos conectados em série.

REN – RESOLUÇÃO NORMATIVA

2. OBJETIVO
O objetivo deste memorial descritivo é fornecer as informações necessárias para viabilizar a
conexão, operação e manutenção de um sistema de microgeração fotovoltaico instalado na
propriedade de um consumidor do tipo B1 (residencial).

Dados do Projetista:

Nome: Erick Finzi Martins

Profissão: Engenheiro Eletricista

CPF: 07413477688

CREA-RS: RS178587
3. DESCRIÇÃO GERAL DO CONSUMIDOR
Código do cliente: 3095013051

Nome do titular: ROBERTO KRAUSPENHAAR

CPF: 715.194.240-00

Endereço: Rua das Bromélias, 127 - Estância Velha, Canoas – RS

Geolocalização: -29.925893/-51.154866

Tipo do ramal de entrada: Aéreo

Figura 1 – Localização do consumidor


Figura 2 – Imagem da fachada do consumidor

Figura 3 – Imagem de satélite da localização do Painel Fotovoltaico


Características do atendimento:

• Número de fases: TRIFÁSICO


• Tensão Nominal de 127 Volts
• Tipo de atividade do cliente: Residência
• Média consumo cliente (agosto/2017 a agosto de 2018): 451 kWh/mês
• Corrente do disjuntor trifásico de entrada: 40 A

Figura 4 - Fotografia da atual caixa de medição e proteção de entrada.

Figura 5 - Fotografia da atual caixa de medição e proteção de entrada. À esquerda o medidor


unidirecional e a direita o disjuntor trifásico de entrada de 40 A
Figura 6 – Detalhe do medidor unidirecional modelo T8L da ABB, 220/127 V, 3 fases e 4 fios

4. NORMAS
Abaixo as normas e documentos utilizados no projeto e execução:

• ABNT NBR 16274:2014 - Sistemas fotovoltaicos conectados à rede — Requisitos


mínimos para documentação, ensaios de comissionamento, inspeção e avaliação de
desempenho
• IEC 60364-7-712:2002 - Electrical installations of buildings – Part 7-712: Requirements
for special installations or locations – Solar photovoltaic (PV) power supply systems
Ed.1
• ABNT-NBR 16149:2013 - Sistemas fotovoltaicos (FV) - Características da interface de
conexão com a rede elétrica de distribuição.
• ABNT-NBR 16150:2013 - Sistemas fotovoltaicos (FV) – Características da interface de
conexão com a rede elétrica de distribuição – Procedimento de ensaio de
conformidade.
NBR/IEC 62116:2012 - Procedimento de ensaio de anti-ilhamento para inversores de
sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica
• NBR 5419:2001 - Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas
• NBR 5410:2004 - Instalações elétricas de baixa tensão
• Resolução Normativa - ANEEL nº 482, de 17 de abril de 2012
• Norma técnica da AES SUL - NTD 002 VERSÃO 2.4 - Projeto de Rede Aérea de
Distribuição
• Norma técnica da AES SUL - NTD 014.001 VERSÃO 1.0 – Conexão de Minigeração e
Microgeração Distribuída
• Regulamento de Instalações consumidoras da AES SUL – RIC/BT VERSÃO 1.4 -
Fornecimento em tensão secundária – Rede de distribuição Aérea.
• Módulo 3 - Seção 3.7 - PRODIST - ANEEL - Revisão 5 – Acesso ao sistema de distribuição
• REN 482:2012 - Estabelece as condições gerais para o acesso de microgeração e
minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica, o sistema de
compensação de energia elétrica, e dá outras providências.
5. DESCRIÇÃO GERAL DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA
A usina geradora é composta basicamente dos seguintes componentes:

• Suportes de fixação
• Módulos fotovoltaicos
• Cabos e conexões
• Sistema de proteção e aterramento
• Inversor do tipo Grid-Tie
• Medidor bidirecional de energia

Cada componente do sistema é descrito em detalhes nos itens seguintes.

O diagrama unifilar e trifilar da geração distribuída são mostrados na figura 7 e figura 8.

5.1. Suportes de fixação


Os suportes de fixação têm a função de manter os módulos fotovoltaicos rigidamente
acoplados a estrutura de fixação do telhado da residência. Sendo capaz de suportar os esforços
causados pela força peso dos módulos e forças de fenômenos da natureza.

Composição da estrutura do telhado da residência:

• Terças
• Caibros
• Ripas
• Telhas de barro do tipo francesa

Os suportes de fixação são compostos dos seguintes itens:

• Trilho
• Grampo intermediário
• Grampo terminador
• Gancho de aço

Os ganchos de aço são fixados através de parafusos aos caibros em posições predeterminadas
de acordo com a localização e disposição dos módulos fotovoltaicos. Os trilhos por sua vez são fixados
aos ganchos de aço por parafusos. Os módulos fotovoltaicos foram fixados aos trilhos utilizando
grampos terminadores nas extremidades do arranjo e grampos intermediários entre os módulos.

5.2. Caixa de medição e proteção de entrada


Na caixa de medição e proteção de entrada estão localizados o medidor bidirecional e o
disjuntor trifásico de entrada de 40 A como mostrado na

figura 5. O medidor bidirecional é instalado pela concessionaria como preconiza a REN 482 e
mais informações técnicas a cerca desse instrumento de medição de energia é obtida diretamente
através da concessionária. Sua função é registrar tanto a energia elétrica consumida, quanto a gerada
e injetada na rede. Seu objetivo é de contabilizar o faturamento no ponto de medição. Cabe ressaltar
que o despacho nº 720, de 25/03/2014, retificou a Seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST para esclarecer
que o Dispositivo de Seccionamento Visível - DSV não precisa ser instalado para conexão de
microgeradores que utilizam inversores para se conectar à rede.
5.3. Módulos fotovoltaicos
Os módulos fotovoltaicos têm a função de transformar a energia solar em energia elétrica.
Foram instalados no total 14 (quatorze) módulos fotovoltaicos. Cada módulo tem uma potência
nominal máxima de 340 W, totalizando uma potência total máxima instalada de 4076 W. Cabe
ressaltar que essa potência é a fornecida pelo fabricante e foi obtida através de condição padrão de
teste.

A definição da quantidade de módulos foi baseada nos seguintes parâmetros:

• Consumo médio de 12 meses da residência. Considerado o período de agosto de 2017 a


agosto de 2018: 451 kWh/mês. O cálculo atualizado da carga total instalada é mostrado na
tabela 1.
• Através do site do CRESESB (Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio Brito), foi
obtida a maior média anual de irradiação solar por dia em 4730 wh/m 2. Levou-se em
consideração que o painel fotovoltaico foi instalado na geolocalização -29.925893/-
51.154866, com orientação leste e inclinação de 23○.
• Área de cada módulo: 2 m2
• Eficiência de cada módulo: 17,25%
• Eficiência global da geração e transmissão: 83%
• Potência máxima de cada módulo: 340 W

Dessa forma a quantidade de módulos é calculada pela seguinte formula:


𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 (𝑤ℎ)
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 =
𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜 ∗ 𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 ∗ Á𝑟𝑒𝑎𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜 ∗ 𝐼𝑟𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎çã𝑜 ∗ 30 𝑑𝑖𝑎𝑠

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 = 11,09 ≈ 𝟏𝟏


Apesar da quantidade suficiente para o consumo atual necessitar de 11 módulos foi instalado
14 módulos pois o consumidor pretende aumentar o consumo atual.

Todos os detalhes técnicos dos módulos instalados são mostrados no anexo deste projeto na
figura 9.

Foram conectados em série 7 módulos constituindo uma string e os outros 7 módulos também
foram conectados em série constituindo outra string formando o painel fotovoltaico. A corrente
máxima de pico obtida em cada string em carga é de 8,9 A e a tensão máxima de pico em carga é de
267,4 V. Em circuito aberto a tensão máxima é de 332,5 V. Em curto circuito a corrente é 9,22 A.
Lembrando que tais valores são obtidos em condição padrão de teste.

5.4. Cabos e conexões


Os tipos e quantidades de cabos e conectores utilizados para interligar o sistema de geração
distribuída foram:

• Cabo solar preto com proteção à luz ultravioleta:


o Quantidade: 20 metros;
o Diâmetro: 4 mm2;
o Função: Interligação entre módulos do polo negativo, interligação do polo negativo
do arranjo fotovoltaico até o fusível localizado no sistema de proteção de corrente
contínua (CC) e desse para o polo positivo do inversor.
• Cabo solar vermelho com proteção à luz ultravioleta:
o Quantidade: 20 metros;
o Diâmetro: 4 mm2;
o Função: Interligação entre módulos do polo positivo, interligação do polo positivo do
arranjo fotovoltaico até o fusível localizado no sistema de proteção de corrente
contínua (CC) e desse para o polo positivo do inversor.
• Cabo de proteção para a terra verde e amarelo com proteção à luz ultravioleta:
o Quantidade: 20 metros;
o Diâmetro: 6 mm2;
o Função: Interligação de todas partes vivas do sistema de geração fotovoltaica para a
terra.
• Conector MC4:
o Quantidade: 2 unidades;
o Dados técnicos em anexo na figura 10;
o Função: Conectar os cabos de CC aos módulos fotovoltaicos promovendo maior
segurança e durabilidade.
• Cabo de ligação em corrente alternada (CA):
o Quantidade: 20 metros;
o Diâmetro: 4 mm2;
o Função: Interligação do sistema de proteção CA ao quadro de distribuição geral,
conectando em apenas 2 fases das 3 disponíveis (entrada trifásica).

5.5. Inversor Grid-tie


O inversor utilizado é da fabricante PHB Eletrônica do tipo Grid-tie modelo PHB5000D-NS. Esse
inversor é registrado pelo INMETRO conforme a figura 11 e atende todas as características técnicas e
de segurança exigidos pelas normas para conexão na rede de distribuição no Brasil.

As principais características técnicas do inversor PHB5000D-NS estão descritas abaixo:

• Máxima potência de entrada em CC: 6500 W


• Máxima tensão de entrada em CC: 580 V
• Máxima corrente de entrada em CC: 11/11 A
• Potencia nominal de saída em CA: 5000 W
• Tensão nominal de saída em CA: 220 V
• Fator de potência: 0.95 indutivo/capacitivo

A relação das funções de proteção que estão incorporadas no inversor conforme norma ABNT
ou normas internacionais são as relacionadas abaixo e o atendimento dessas proteções são
comprovadas pelo relatório de ensaios, anexo a este Memorial, realizado pelo laboratório SVSISFO-
04 (Serviço Técnico de Sistemas Fotovoltaicos da USP (Universidade de São Paulo).

• Sobretensão (em todas as fases) – 59: Folhas 10 a 12 do Relatório de Ensaios;

• Subtensão (em todas as fases) – 27: Folhas 13 a 14 do Relatório de Ensaios;

• Sobre e Sub frequência 81 O/U: Folhas 15 a 19 do Relatório de Ensaios;


• Check de Sincronismo – 25: O inversor possui um PLL (phase-locked loop) interno que o
mantém sempre sincronizado com a rede (seguindo frequência e tensão). A faixa de operação de
frequência pela NBR16149 é 57,5 Hz a 62Hz, ocorrendo a redução de potência com frequências
maiores que 60,5Hz. De acordo com os dados técnicos do inversor, figura 11, o inversor atende norma
brasileira NBR16149;

• Anti-ilhamento – 78: Folhas 31 a 32 do Relatório de Ensaios;

• Relé Anti-ilhamento – 81 df/dt: Folhas 31 a 32 do Relatório de Ensaios;

A função anti-ilhamento possuir recurso AFD (Active Frequency Drift). De acordo com os dados
técnicos do inversor, figura 11, o inversor atende norma brasileira NBR IEC 62116 que é norma a
exclusiva para esse teste e que verifica sua correta operação.

O inversor deve possuir elemento de interrupção (EI) automático acionado pela proteção do
mesmo. O elemento de interrupção automático no inversor utilizado é realizado através de 2 reles no
lado CA (saída) do inversor que desconectam o inversor da rede na condição de anti-ilhamento.

Mais informações técnicas são obtidas anexo a esse memorial na figura 11.

5.6. Sistema de proteção e aterramento


O sistema de proteção é realizado através de um quadro de proteção denominado de
Stringbox e de um sistema de aterramento realizado através de hastes de cobre enterradas de modo
a obter resistência de aterramento menor que 5 ohms.

O Stringbox é composto dos seguintes dispositivos:

• 4 fusíveis de 15 A
• 2 DPS (Dispositivo de Proteção Contra Surtos) tripolar de 1000 V em CC e 40 kA
• 1 disjuntor bipolar 600 V em CC e 32 A
• 2 DPS 275 V em CA e 50 kA
• 1 disjuntor bipolar 230/400 V em CA e 20 A

Todos os itens descritos se localizam dentro de uma caixa de proteção e são conectados
conforme o diagrama da figura 7 e figura 8.

Visando também a segurança, é instalada placas de sinalização de segurança nos pontos de


intervenção humana na ocasião de uma operação de emergência na caixa do disjuntor geral de
entrada de BT e na caixa da Stringbox. A sinalização é realizada através de placa metálica gravada ou
esmaltada a fogo, ou acrílica gravada em relevo, devidamente fixada por meio de parafusos ou
rebitada, com espessura mínima de 1 mm, conforme o modelo apresentado abaixo:
Diagrama Unifilar
6. ANEXOS

Fusível 15 A
DPS 3P -1000VCC-40 kA
Gerador
Fovoltáico

Disjuntor Bipolar
600 VCC - 32A

INVERSOR
2 DPS - 275VCA - 50 kA

Disjuntor Bipolar
230/400 VCA - 20A

Quadro de
distribuição geral

Caixa de medição
e proteção de entrada

Disjuntor de
entrada

Medidor
MED
Bidirecional

Rede BT AES Sul

Figura 7 - Diagrama unifilar da geração distribuída


Figura 8 Diagrama trifilar da geração distribuída
Figura 9 - Dados técnicos do módulo fotovoltaico
Figura 10 - Dados técnicos do conector do tipo MC4
Figura 11 - Dados técnicos do inversor de frequência
Tabela 1 – Calculo atualizado da carga total instalada

Pot. Tempo
Aparelho Pot.(W) Quant. kWh mês
Total(W) horas / dia

TV 38" 90 1 90 0,5 1,35


TV 32" 90 1 90 0,5 1,35
TV 45" 90 2 180 0,1 0,54
Computadores Desktop 300 2 600 0,2 3,6
Cond AR 22.000 Btus
Inverter 1600 3 4800 0,6 86,4
Cond AR 12.000 Btus
Inverter 1400 2 2800 0,7 58,8
Cond AR 12.000 Btus Normal 1400 2 2800 0,9 75,6
Aquecedores de ar 800 2 1600 0,5 24
Chuveiros 7.500 W 7500 1 7500 0,2 45
Som 3 X 1 150 1 150 0,15 0,675
Sistema de som 1700 1 1700 0,1 5,1
Projetor 320 2 640 1 19,2
Geladeira 350 1 350 4 42
Micro-ondas 1000 1 1000 0,5 15
Máquina de lavar louça 1500 1 1500 0,5 22,5
Máquina de lavar roupa 900 1 900 0,5 13,5
Lâmpadas 30 70 2100 0,3 18,9
Eletrodomésticos 200 30 6000 0,1 18
TOTAL 34800 451,515

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Erick Finzi Martins

Engo Eletricista – CREA - RS178587

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ROBERTO KRAUSPENHAAR - CPF: 715.194.240-00

Canoas, 26 de Agosto de 2018

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