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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RO-8667-06.2018.5.15.0000

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A C Ó R D Ã O
(SDI-2)
GMDAR/pml/SBO

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE


SEGURANÇA. PENHORA E ADJUDICAÇÃO DE
IMÓVEL. ALEGAÇÃO DE QUE O IMÓVEL
PERTENCE À IMPETRANTE. INSURGÊNCIA
OPONÍVEL MEDIANTE A OPOSIÇÃO DE
EMBARGOS DE TERCEIRO. NÃO CABIMENTO DA
AÇÃO MANDAMENTAL. OJ 92 DA SBDI-2 DO
TST. 1. Mandado de segurança em que se
discute a propriedade de bens imóveis
penhorados e adjudicados na execução
originária. 2. Na forma do art. 5º, II,
da Lei 12.016/2009, o mandado de
segurança não representa a via
processual adequada para a impugnação
de decisões judiciais passíveis de
retificação por meio de recurso, ainda
que com efeito diferido (OJ 92 da SBDI-2
do TST). 3. A controvérsia que envolve
a penhora de bens de propriedade de
pessoa estranha à lide originária –
segundo alega a Impetrante - deve ser
solucionada em embargos de terceiro
(CPC de 2015, art. 674), com
possibilidade de interposição,
posteriormente, de agravo de petição
(artigo 897, “a”, da CLT). 4. Havendo no
ordenamento jurídico medida processual
idônea para corrigir a suposta
ilegalidade cometida pela Autoridade
apontada como coatora, resta afastada a
pertinência do mandado de segurança.
Precedente específico. Recurso
ordinário conhecido e não provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso


Ordinário n° TST-RO-8667-06.2018.5.15.0000, em que é Recorrente TRUST
FUND - FOMENTO MERCANTIL LTDA e são Recorridos TRUST FUND - CORRETORA
DE SEGUROS LTDA., ALEXANDRE BEDIN NETO, SHAMA INVESTIMENTOS,
PARTICIPAÇÕES E NEGÓCIOS LTDA. e TRUST PAR INVESTIMENTOS E PARTICIPAÇÕES
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LTDA. e é Autoridade Coatora JUIZ TITULAR DA 3ª VARA DO TRABALHO DE
JUNDIAÍ.

TRUST FUND - FOMENTO MERCANTIL LTDA.impetrou mandado


de segurança, com pedido liminar (petição inicial às fls. 5/18), contra
ato praticado pelo Juízo da 3ª Vara do Trabalho de Jundiaí/SP que, nos
autos da reclamação trabalhista nº 0000760-61.2010.5.15.0096,
determinou a expedição de carta de arrematação/adjudicação em relação
aos imóveis (matrículas 80.006 e 80.007 perante o Cartório do Primeiro
Oficial de Registro de Imóveis da Comarca de Jundiaí) que alega serem
de sua propriedade.
O Desembargador Relator indeferiu a petição inicial
do mandado de segurança em razão da inadequação da via eleita e da
decadência, por meio da decisão monocrática às fls. 856/859.
Inconformado, o Impetrante interpôs agravo interno,
às fls. 864/870.
O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, por meio
do acórdão às fls. 881/886, conheceu do agravo e, no mérito, negou-lhe
provimento, mantendo integralmente a decisão monocrática em que
indeferida a petição inicial do mandado de segurança.
Inconformado, o Impetrante interpôs recurso
ordinário, às fls. 895/908, admitido às fls. 911/912.
Não foram oferecidas contrarrazões.
O Ministério Público oficia pelo prosseguimento do
feito (fl. 926).
É o relatório.

V O T O

1. CONHECIMENTO

O recurso ordinário é tempestivo, pois o acórdão


regional foi publicado em 8/2/2019 (fl. 4) e a interposição ocorreu em
27/2/2019 (fls. 4 e 922). A representação processual está regular (fl.
19). Comprovado o recolhimento das custas processuais (fls. 871/872).
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CONHEÇO.

2. MÉRITO

Ao julgar o agravo interno em mandado de segurança,


o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região assim fundamentou:

“Relatório
Trata-se de Agravo Interno (processado como Agravo Regimental)
interposto por TRUST FUND - FOMENTO MERCANTIL LTDA. contra
decisão proferida por este Relator em sede de Mandado de Segurança (ID
1f4a4a1), que extinguiu a ação mandamental, em face da inadequação da
medida judicial utilizada e da inobservância do prazo decadencial para atacar
o ato judicial dito ilegal e arbitrário. Insiste a agravante no processamento do,
ao argumento de que mandamus a presente ação mandamental não tem o
mesmo objeto da anterior (Processo nº 0005128-32.2018.5.15.0000), não
havendo falar-se em desrespeito ao prazo decadencial. Afirma que não
conseguiu habilitar-se no feito originário (Processo Eletrônico nº
0000760-61.2010.5.15.0096) e que o objetivo precípuo do presente mandado
é fazer com que o Juízo impetrado admita sua habilitação e decida sobre o
pedido veiculado da petição protocolizada em 26/06/2018 e, apenas em caso
de omissão do Juiz, que este Tribunal reconheça a nulidade da penhora e atos
posteriores, inclusive da hasta pública e do mandado de adjudicação em
favor do reclamante. Pede a reconsideração da decisão agravada e a
apreciação dos referidos pedidos.
A decisão agravada foi mantida pelo despacho de ID ea78c5b.
Manifestação do Ministério Público do Trabalho (ID 048d343),
abstendo-se de emitir opinativo circunstanciado no feito.
É o relatório.
Fundamentação
Cabível o presente agravo (regimental), porque preenchidos seus
requisitos legais.
A agravante almeja a reconsideração da decisão monocrática proferida
em sede de Mandado de Segurança, que resultou na extinção daquela ação.

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Não procede a irresignação da agravante, em que pese o esforço
argumentativo.
Em 21/11/2018, a ora agravante impetrou mandado de segurança
contra ato praticado pelo MM. Juízo da 3ª Vara do Trabalho de Jundiaí na
fase de execução da reclamatória 000760-61.2010.5.15.0096, que resultou
na penhora e adjudicação/ arrematação de bens imóveis (matrículas nºs
80.006 e 80.007 do 1º CRI de Jundiaí) que lhe pertencem. Suscitou nulidade
desde a constrição, por desrespeito ao devido processo legal, pedindo a
suspensão dos atos executórios ou, alternativamente, a apreciação pelo Juízo
a quo da petição apresentada no feito originário (ID nº a quo 8b49ec6).
Inicialmente encaminhado ao gabinete do Exmo. Desembargador
Ricardo Antonio de Plato, o processo foi encaminhado à Vice-Presidência
Judicial (despacho ID 89a7339) que definiu a competência desta E. 1ª SDI e
determinou sua redistribuição (decisão de ID d4d7846).
Recebido pela Exma. Desembargadora Rita de Cássia Penkal
Bernardino de Souza, esta determinou a redistribuição do processo a este
Relator, “por dependência, nos termos do art. 286, II do NCPC”, tendo em
vista a atuação em outro Mandado de Segurança originário do mesmo feito,
buscando obstar a alienação dos mesmos imóveis, dos quais alega ser
proprietária e possuidora há mais de 10 anos. O referido (Processo nº
0005128-32.2018.5.15.0000) restou extinto sem resolução writ do mérito,
ante a sua patente inadequação para os fins colimados.
No dia 28/11/2018, proferi decisão monocrática (sob ID 1f4a4a1),
proclamando a extinção da presente ação mandamental. Confira-se:
“(...)
E melhor sorte não colhe o presente Mandado de
Segurança.
A rigor, a parte apenas se debate contra a penhora e
alienação dos mesmos bens imóveis, estando agora a execução
ainda mais perto de seu término. Veja-se que a irresignação não
mais poderia ser veiculada através de ação mandamental, até
porque já ultrapassado há muito o prazo decadencial de 120
dias previsto pelo artigo 23 da Lei 12.016/2009.
O que se extrai do relato da própria impetrante é que
tomou ciência da penhora e do pedido de adjudicação em
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outubro/2017. Assim, a “ilegalidade” apontada, mesmo que
tenha sido ratificada mais recentemente, emergiu de ato do
Juízo impetrado datado de agosto/2017 que, inclusive, já foi
objeto de ação mandamental.
As eventuais decisões supervenientes foram mera
ratificação da anteriormente exarada e não tiveram o condão
de reiniciar a contagem do prazo para uso da via mandamental.
Nesta linha, erigiu-se a Orientação Jurisprudencial n° 127 da
SDI-2 do C. TST (“Mandado de segurança. Decadência.
Contagem. Efetivo ato coator. Na contagem do prazo
decadencial para ajuizamento de mandado de segurança, o
efetivo ato coator é o primeiro em que se firmou a tese
hostilizada e não aquele que a ratificou” - grifamos).
Portanto, o prazo de 120 (cento e vinte dias) estabelecido
pelo artigo 23 da Lei nº 12.016/2009 já se exauriu e, em razão
da decadência, não há como se ultrapassar, in casu, o Juízo de
admissibilidade para questionar a legalidade da constrição que
recaiu sobre os bens imóveis.
Não bastasse isso, remanesce a total inadequação da via
mandamental para os fins colimados pela impetrante. Descabe
pela via estreita do mandado de segurança discutir se a
impetrante é, ou não, a proprietária dos imóveis, tampouco se
pertence ao mesmo grupo econômico da empresa executada,
muito menos se houve nulidade decorrente da falta de
participação na fase de conhecimento. A apreciação
jurisdicional a ser realizada em sede de writ obviamente não
poderia aprofundar-se em tais questões, sob o risco de
usurpação de competência e prejulgamento da matéria, e o
debate deveria ser travado no feito originário, com a dilação
probatória que lhe é inerente.
No mais, os supostos “atos coatores” consistem em
incidentes de execução não atacáveis por mandado de
segurança, que não pode ser utilizado como sucedâneo de
recurso ou quando o ato ilegal ou ofensivo de direito individual
puder ser atacado por outra medida processualmente posta à
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disposição da parte prejudicada. Neste sentido dispõem o artigo
5º da Lei nº 12.016/2009, a Súmula nº 267 do E. STF e a
Orientação Jurisprudencial nº 92 da SDI-2 do C. TST, como
constou da de3cisão extintiva do MS
0005128-32.2018.5.15.0000, acima transcrita.
No writ, cumpre apenas tutelar direito líquido e certo e
combater flagrantes ilegalidades e ou abusividades que não
possam ser atacadas por outra medida processualmente posta à
disposição da parte prejudicada. E esse não é o caso dos autos.
Também não é adequada a via mandamental para
agilizar ou forçar a apreciação de pedidos já formulados na
origem. Se a parte entende que o Juízo não está observando as
normas procedimentais, pode inclusive valer-se da competente
via correicional para tanto.
Destarte, não há como se ultrapassar, o Juízo in casu, de
admissibilidade, pelo que a inicial em exame deve ser
prontamente indeferida.
Ressaltando-se a inadequação do presente mandado de
segurança e porque ultrapassado o prazo decadencial, decido
extingui-lo, com resolução do mérito, nos termos do artigo 487,
II, do NCPC. – destacamos
Diante da apresentação do presente, a decisão supra restou mantida no
despacho exarado sob ID nº ea78c5b, em 11/12/2018, como segue:
“Em que pese o esforço da impetrante, as argumentações
postas no apelo (agravo) desservem para infirmar a r. decisão
agravada, que deve ser mantida em sua totalidade.
Vale pontuar que a agravante claramente inverte, aqui, a
ordem de suas pretensões, na medida em que a inicial do
Mandado de Segurança foi clara ao indicar o pedido principal
no item 1 do rol postulatório (“suspensão de todos os atos
executórios, especialmente a expedição ou efetivação da carta
de arrematação/adjudicação em relação aos imóveis de
propriedade da Impetrante (Matrículas Nº 80.006 e 80.007,
registradas no Cartório do Primeiro Oficial de Registro de
Imóveis da Comarca de Jundiaí”) e as pretensões alternativas
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nos itens subsequentes, dentre as quais "que seja determinado
que o Juízo de Primeira Instância decida sobre os pedidos
formulados nos autos do Processo nº
0000760-61.2010.5.15.0096 através da petição ID nº 8b49ec6,
datada de 26/06/2018” (item 4).
De todo modo, como constou da decisão monocrática que
indeferiu a inicial do Mandado de Segurança, é patente a
inadequação da via mandamental para veicular não apenas o
inconformismo com a constrição e alienação do bem, como
também para questionar a suposta “demora” da Autoridade
impetrada na análise dos pedidos formulados no feito
originário.
Reitero que “Também não é adequada a via mandamental
para agilizar ou forçar a apreciação de pedidos já formulados
na origem. Se a parte entende que o Juízo não está observando
as normas procedimentais, pode inclusive valer-se da
competente via correicional para tanto.”
Destarte, mesmo quanto aos pedidos alternativos, o
processamento da ação mandamental, de natureza
especialíssima, esbarra no quanto disposto no artigo 5º da Lei
nº 12.016/2009, no entendimento jurisprudencial pacificado na
Súmula nº 267 do E. STF e na Orientação Jurisprudencial nº
92 da SDI-2 do C. TST.
Assim, seja em razão da decadência quanto ao objeto
principal da ação mandamental, seja porque não demonstrado
de plano qualquer direito líquido e certo a ser tutelado,
tampouco a propalada ilegalidade do ato coator, e diante da
inadequação da via mandamental para os fins colimados pela
parte, mantenho a decisão agravada.” – grifamos
E, em que pese o esforço argumentativo da ora agravante, deve ser
mantida na íntegra a decisão agravada, eis que a medida judicial - além de
buscada quando o suposto direito já havia perecido, em face do transcurso do
prazo decadencial previsto no artigo 23 da Lei nº 12.016/2009 - não se
mostrou adequada para a arguição de nulidade no feito originário ou para
veicular a discussão sobre a propriedade dos bens constritos, a configuração
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de grupo econômico ou a demora do juízo em apreciar o pedido de
habilitação nos autos originários.
As pretensões da impetrante deveriam ser veiculadas pela adequada
via recursal ou correicional, não podendo o mandamus ser processado como
sucedâneo de recurso.
Reconhecida a absoluta inadequação da ação mandamental, além do
desrespeito ao prazo decadencial, inócuas maiores digressões acerca da
matéria de fundo, qual seja, a propalada nulidade de citação na reclamatória
de origem.
Desse modo, não há como prover o presente agravo regimental,
devendo ser mantida a extinção do mandado de segurança com fulcro no
artigo 487, II, do NCPC.
Dispositivo
Do exposto, decido conhecer do agravo regimental de TRUST FUND
- FOMENTO MERCANTIL LTDA. e o desprover, mantendo integralmente
a r. decisão de extinção proferida em sede de mandado de segurança, nos
termos da fundamentação.
REGISTROS DA SESSÃO DE JULGAMENTO
Em sessão realizada em 06 de fevereiro de 2019, a 1ª Seção
Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Regional do Trabalho da
15ª Região julgou o presente processo.
Presidiu o julgamento, regimentalmente, a Excelentíssima Senhora
Desembargadora ERODITE RIBEIRO DOS SANTOS DE BIASI.
Tomaram parte no julgamento os Excelentíssimos Senhores
Magistrados:
SERGIO MILITO BARÊA
LUIZ ROBERTO NUNES - Relator
THELMA HELENA MONTEIRO DE TOLEDO VIEIRA
DECIO UMBERTO MATOSO RODOVALHO
MAURÍCIO DE ALMEIDA
ANA PAULA PELLEGRINA LOCKMANN
CARLOS ALBERTO BOSCO
TÁRCIO JOSÉ VIDOTTI
JOÃO BATISTA DA SILVA

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Convocados para compor a Seção os Excelentíssimos Senhores Juízes
Titulares de Vara do Trabalho: Sergio Milito Barêa (atuando na cadeira do
Excelentíssimo Senhor Desembargador Luiz Antonio Lazarim), Decio
Umberto Matoso Rodovalho (atuando na cadeira da Excelentíssima Senhora
Desembargadora Rita de Cássia Penkal Bernardino de Souza), Maurício de
Almeida (atuando na cadeira do Excelentíssimo Senhor Desembargador
Claudinei Zapata Marques), Tárcio José Vidotti (atuando na cadeira do
Excelentíssimo Senhor Desembargador Fábio Allegretti Cooper) e João
Batista da Silva (atuando na vaga do Excelentíssimo Senhor Desembargador
Luiz José Dezena da Silva).
Compareceram, para julgar processos de suas competências, as
Excelentíssimas Senhoras Desembargadoras Ana Amarylis Vivacqua de
Oliveira Gulla e Larissa Carotta Martins da Silva Scarabelim (quando atuou
na cadeira da Excelentíssima Senhora Desembargadora Rita de Cássia
Penkal Bernardino de Souza).
Ausentes: compensando férias, o Excelentíssimo Senhor
Desembargador Luiz Antonio Lazarim; justificadamente, o Excelentíssimo
Senhor Desembargador Dagoberto Nishina de Azevedo; compensando dia
trabalhado em plantão, a Excelentíssima Senhora Desembargadora Rita de
Cássia Penkal Bernardino de Souza; em férias, os Excelentíssimos Senhores
Desembargadores Claudinei Zapata Marques e Fábio Allegretti Cooper.
Presente o Ministério Público do Trabalho na pessoa do
Excelentíssimo Senhor Procurador Guilherme Duarte da Conceição.
ACÓRDÃO
Acordam os Excelentíssimos Senhores Magistrados da 1ª Seção
Especializada em Dissídios Individuais em julgar o presente processo, nos
termos do voto proposto pelo Excelentíssimo Senhor Relator.
Votação por maioria. Ressalvaram entendimento quanto à
fundamentação os Excelentíssimos Senhores Magistrados Thelma Helena
Monteiro de Toledo Vieira e João Batista da Silva. Vencido o
Excelentíssimo Senhor Desembargador Carlos Alberto Bosco.” (fls.
881/887)

Nas razões do recurso ordinário, o Impetrante sustenta


que “o peticionamento efetivado pela Recorrente junto a Autoridade Coatora, apontando a nulidade
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a ser analisada pelo juízo de origem, ocorreu a mais de 04 (quatro) meses o que por si só demonstra a
não observância do princípio da eficiência e da duração razoável do processo, ensejando, por esses
motivos o deferimento do presente remédio processual.” (fl. 899).
Insiste que “não sendo a Recorrente parte integrante do polo passivo
da demanda; sendo o bem penhorado de sua propriedade verifica-se que a penhora efetivada, através
do auto de penhora de fls. 527, é nula.” (fl. 902).
Alega que “visando resguardar seu direito constitucional à propriedade
e dar conhecimento ao Ilustre Juízo monocrático da nulidade perpetrada vem a Recorrente, à meses,
procurando se manifestar nos autos, que deixaram de ser físicos e migraram para o processo
eletrônico, e não consegue habilitar-se nos autos, tendo que peticionar de maneira avulsa e mesmo seus
procuradores despachando diretamente como a autoridade apontada como coatora, até o presente
momento esta quedou-se inerte.” (fl. 903).
Aduz que “ficando demonstrada a impossibilidade da Recorrente de
exercer seu direito líquido e certo ao devido processo legal, ao exercício do direito à ampla defesa, de
resguardar seu direito à propriedade, nota-se, à evidência, que o presente remédio legal é o meio
adequado para o exercício regular de seu direito.” (fls. 903/904).
Assinala, ainda, que “não tendo a Recorrente integrado o polo
passivo da demanda original, não tendo sido intimada da constrição levada a efeito, não tendo seus
requerimentos sido apreciados pelo juízo de origem, verifica-se que o único remédio aplicável à
espécie é o Mandado de Segurança, ensejando a reforma do v. Acórdão do Egrégio Tribunal “a quo”.”
(fl. 907).
Com vários outros argumentos, pugna pela reforma do
acórdão regional para que “seja determinado que o Juízo de Primeira Instância decida sobre
os pedidos formulados nos autos do Processo nº 0000760-61.2010.5.15.0096 através da petição ID nº
8b49ec6, datada de 26/06/2018; ou, alternativamente, com fundamento no inciso III, do parágrafo 3º,
do art. 1.013 do Código de Processo Civil, que aplica-se subsidiariamente ao Processo do Trabalho,
ante a omissão do Nobre Julgador de Primeira Instância, em se manifestar sobre a petição ID nº
8b49ec6, datada de 26/06/2018, que se reconheça a nulidade da decisão que determinou a expedição
de mandado de penhora dos bens oferecidos a penhora, e seus atos posteriores, inclusive a decisão que
determinou a hasta pública dos imóveis de propriedade da Impetrante (Matrículas Nº 80.006 e 80.007),
e ainda, declare a nulidade do mandado de adjudicação em favor do reclamante.” (fl. 907)
Ao exame.
O mandado de segurança é a ação prevista no art. 5º,
LXIX, da CF, disciplinado na Lei 12.016/2009, visando a proteger direito
líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando
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o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
A concessão do writ está condicionada à demonstração
de ato ilegal ou abusivo da autoridade coatora e do direito líquido e
certo da Impetrante.
No entanto, conforme regra do art. 5º, II, da Lei
12.016/2009, o mandado de segurança não representa a via processual
adequada para a impugnação de decisões judiciais passíveis de retificação
por meio de recurso, ainda que com efeito diferido.
No caso concreto, não há exatamente um ato tido por
coator.
A Impetrante, em suas razões de recurso, insiste que
a penhora na execução originária atingiu bem de sua propriedade, em que
pese não integrar o polo passivo da execução, e que peticionou ao Juízo
apontando as nulidades, mas não teve seus pedidos examinados.
Ora, a controvérsia que envolve a penhora de bens de
propriedade de pessoa estranha à lide originária – segundo alega a
Impetrante, deve ser solucionada em embargos de terceiro (CPC de 2015,
art. 674), com possibilidade de interposição, posteriormente, de agravo
de petição (artigo 897, “a”, da CLT).
Portanto, havendo medida processual idônea para
corrigir a suposta ilegalidade cometida pela autoridade apontada como
coatora, resta afastada a pertinência do "remédio heroico" ora examinado,
de acordo com a exata disciplina do art. 5º, II, da Lei 12.016/2009, que
assim dispõe:

“Art. 5º Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:


(...)
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;”

Embora o aludido preceito legal trate da hipótese de


cabimento de recurso da decisão judicial questionada, é certo que o
dispositivo alcança qualquer medida processual que possibilite o
controle do ato da autoridade.

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PROCESSO Nº TST-RO-8667-06.2018.5.15.0000

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Nesse sentido a lição de Cassio Scarpinella Bueno,
verbis:

“Para os incisos II e III do art. 5º vale a mesma diretriz: toda vez que se
puder evitar a consumação da lesão ou da ameaça pelos mecanismos
previstos no sistema processual civil, interpretando-o de modo que ele, por si
próprio, independentemente de qualquer outra medida judicial, tenha aptidão
para evitar a consumação de dano irreparável ou de difícil reparação para o
recorrente, e pela dinâmica do efeito suspensivo dos recursos, forte no que
dispõem o caput e o parágrafo único do art. 558 do Código de Processo Civil,
descabe mandado de segurança conta ato judicial à míngua de interesse
jurídico na impetração.” (in A Nova Lei do Mandado de Segurança, Saraiva,
2009, p. 21)

Esta é, também, a diretriz consagrada na OJ 92 da


SBDI-2 do Colendo Tribunal Superior do Trabalho, redigida nos seguintes
termos:

"MANDADO DE SEGURANÇA. EXISTÊNCIA DE RECURSO


PRÓPRIO (inserida em 27.05.2002)
Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial passível de
reforma mediante recurso próprio, ainda que com efeito diferido."

Na mesma direção, a Súmula 267 do excelso Supremo


Tribunal Federal preconiza que:

"Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de


recurso ou correição".

Neste sentido, precedente desta SBDI-2 em mandado de


segurança aviado pela mesma Impetrante:

"RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


DETERMINAÇÃO DE PENHORA DE BEM INDICADO PELA
EXECUTADA. ALEGAÇÃO DE QUE O IMÓVEL PERTENCE À
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IMPETRANTE. INSURGÊNCIA OPONÍVEL MEDIANTE A OPOSIÇÃO
DE EMBARGOS DE TERCEIRO. NÃO CABIMENTO DA AÇÃO
MANDAMENTAL. INCIDÊNCIA DA DIRETRIZ DA OJ 92 DA SBDI-2
DO TST. 1. Mandado de segurança aviado contra decisão na qual
determinada a expedição de mandado de penhora de bens indicados pela
executada. A Impetrante, em suas razões de recurso, insiste que o bem
penhorado é de sua propriedade e que não integrou o polo passivo da
execução. 2. Na forma do art. 5º, II, da Lei 12.016/2009, o mandado de
segurança não representa a via processual adequada para a impugnação de
decisões judiciais passíveis de retificação por meio de recurso, ainda que
com efeito diferido (OJ 92 da SBDI-2 do TST). 3. A controvérsia que
envolve a penhora de bens de propriedade de pessoa estranha à lide
originária - segundo alega a Impetrante - deve ser solucionada em embargos
de terceiro (CPC de 2015, art. 674), com possibilidade de interposição,
posteriormente, de agravo de petição (artigo 897, "a", da CLT). 4. Havendo
no ordenamento jurídico medida processual idônea para corrigir a suposta
ilegalidade cometida pela Autoridade apontada como coatora, resta afastada
a pertinência do mandado de segurança. 5. Por fim, registre-se que no
julgamento do RO- 10681-26.2013.5.01, este Colegiado excepcionou a
aplicação da OJ 92 da SBDI-2 do TST, admitindo o mandado de segurança,
ante a ausência de controvérsia no sentido de que os terceiros não tiveram
ciência do processo que culminou na expropriação de seu patrimônio. No
presente caso, de modo diverso, a prova pré-constituída não demonstra a
certeza a respeito da alegação ciência da penhora somente em 5/10/2017,
após a arrematação do bem. Ao contrário, o bem foi indicado à penhora pela
própria executada, que integra o mesmo grupo econômico da Impetrante,
além de a constrição judicial estar registrada na certidão no cartório de
imóveis desde 2016. Recurso ordinário conhecido e não provido"
(RO-5128-32.2018.5.15.0000, Subseção II
Especializada em Dissídios Individuais, Relator
Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 14/2/2020).

Em casos semelhantes esta SBDI-2 do TST também fez


incidir a diretriz da OJ 92:

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"RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
INDEFERIMENTO DA SUSPENSÃO DE IMISSÃO NA POSSE DO BEM
ARREMATADO. PESSOA ESTRANHA À LIDE ORIGINÁRIA.
INSURGÊNCIA OPONÍVEL MEDIANTE INSTRUMENTOS
PROCESSUAIS ESPECÍFICOS. EMBARGOS DE TERCEIRO. NÃO
CABIMENTO DA AÇÃO MANDAMENTAL. INCIDÊNCIA DA
DIRETRIZ DA OJ 92 DA SBDI-2 DO TST E SÚMULA 267 DO STF . 1.
Mandado de segurança aviado contra decisão em que indeferida a suspensão
da imissão na posse do imóvel arrematado na ação originária. 2. Na forma do
artigo 5º, II, da Lei 12.016/2009, o mandado de segurança não representa a
via processual adequada para a impugnação de decisões judiciais passíveis
de retificação por meio de recurso, ainda que com efeito diferido (OJ 92 da
SBDI-2 do TST). 3. No caso concreto, o cerne do direito perseguido pelos
Impetrantes tem pertinência com a tese de turbação da legítima posse que
alegam deter sobre o imóvel penhorado e arrematado na execução
trabalhista. A controvérsia que envolve a defesa da posse de pessoa
supostamente estranha à lide sobre o bem arrematado na execução trabalhista
deve ser solucionada em embargos de terceiro, de cuja decisão cabe a
interposição de agravo de petição (artigo 897, "a", da CLT). Não se
sustentam as alegações expostas pelos Impetrantes quanto ao decurso do
prazo para o ajuizamento dos embargos de terceiro, pois o mandado de
segurança não pode ser utilizado como forma de a parte se eximir de
observar os pressupostos processuais dos instrumentos específicos previstos
em lei para a defesa de seu direito subjetivo. 4. Havendo no ordenamento
jurídico instrumento processual idôneo para corrigir a suposta ilegalidade
cometida pela autoridade apontada como coatora, resta afastada a pertinência
do mandado de segurança. TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE EM
APENSO . 1. Os Impetrantes requereram tutela de urgência com intuito de
obtenção de efeito suspensivo ao recurso ordinário. 2. O pedido liminar foi
indeferido, ante a ausência do fumus boni iuris na tese apresentada . 3.
Considerando que o recurso ordinário interposto pelos Impetrantes não foi
provido, conforme decidido no capítulo anterior, impositivo o indeferimento
da pretensão cautelar. Recurso ordinário conhecido e não provido"
(RO-24058-83.2017.5.24.0000, Subseção II

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PROCESSO Nº TST-RO-8667-06.2018.5.15.0000

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Especializada em Dissídios Individuais, Relator
Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 9/8/2019).

"RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA


POSTERIOR AO CPC/15. DECISÃO PROFERIDA EM EXECUÇÃO.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. INCLUSÃO
DA ADMINISTRADORA DA EMPRESA NO POLO PASSIVO DA LIDE.
ATO ATACÁVEL MEDIANTE MEIO JUDICIAL PRÓPRIO.
EMBARGOS DE TERCEIRO. ORIENTAÇÃO
JURISPRUDENCIAL92DA SBDI-2. 1. Mandado de segurança impetrado
contra ato judicial que determinou a desconsideração da personalidade
jurídica e determinou a inclusão da impetrante no polo passivo da execução
trabalhista. 2. É incontroverso nos autos que a ora impetrante trabalhou como
administradora da empresa executada no período de 4/10/1993 a 3/11/2008,
não se constituindo sócia da empresa. 3. Hipótese em que a impetrante não se
insurge contra a não instauração do incidente de desconsideração da
personalidade jurídica previsto no CPC de 2015, de aplicação subsidiária ao
processo do trabalho, nos termos da IN n° 39 da SbDI-1, mormente por
ostentar a condição de terceiro, estranho à relação processual (art. 674). 4.
Diante desse cenário, a discussão sobre a desconsideração da personalidade
jurídica da pessoa jurídica devedora, bem como a penhora dos bens de pessoa
estranha ao quadro societário, no caso a administradora da empresa, incluída
no polo passivo da execução, deve ser solucionada, em regra, em ação de
embargos de terceiro (CPC/15, arts. 674, § 2º, III) ou em ação incidental de
embargos à execução, após a garantia do juízo (artigo 884 da CLT), a cuja
decisão cabe a possibilidade de interposição de agravo de petição (artigo
897, "a", da CLT). Dessa forma, estabelecido no sistema processual recurso
apropriado para impugnar a suposta ilegalidade cometida pela autoridade
apontada como coatora, resta afastada a pertinência do mandado de
segurança. 5. Ressalta-se que não se constata, no caso, a excepcionalidade de
decisão teratológica a ensejar o cabimento do writ . Incidência da Orientação
Jurisprudencial 92 desta e. Subseção - 2. Recurso ordinário conhecido e
desprovido. MULTA POR OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS. ART. 1.026, § 2º, DO CPC DE 2015.
1. A Corte Regional aplicou a multa prevista no artigo 1026, § 2º, do
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Tribunal Superior do Trabalho fls.16

PROCESSO Nº TST-RO-8667-06.2018.5.15.0000

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003F5C1C932BE9945.
CPC/2015, concluindo que os embargos de declaração, além de
improcedentes, possuíam caráter protelatório, baseado nas circunstâncias já
expostas no julgado embargado. 2. Extrai-se que é razoável o pedido de
esclarecimentos sobre o cabimento da ação mandamental no processo
executivo pela especificidade da medida, assim como o interesse primário
em desfazer a constrição de seu patrimônio. 3. Assim, não se verifica
qualquer motivo que justifique a intenção da impetrante, ora recorrente, de
retardar o regular andamento do feito, em prejuízo à parte adversa, mas, sim,
sanar omissão que entendia presente no julgado. Recurso ordinário
conhecido e parcialmente provido para excluir o pagamento da multa
prevista no artigo 1.026, § 2º, do Código de Processo Civil de 2015 "
(RO-1000776-11.2017.5.02.0000, Subseção II
Especializada em Dissídios Individuais, Relator
Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT
6/9/2018).

“RECURSO ORDINÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA.


CABIMENTO. CONSTRIÇÃO DE AUTOMÓVEL. EXISTÊNCIA DE
MEDIDA PROCESSUAL PRÓPRIA. ORIENTAÇÃO
JURISPRUDENCIAL Nº 92/SBDI-2/TST. INCIDÊNCIA. A jurisprudência
desta egrégia SBDI-2, consubstanciada na Orientação Jurisprudencial nº 92,
segue no sentido de que "não cabe mandado de segurança contra decisão
judicial passível de reforma mediante recurso próprio, ainda que com efeito
diferido". Idêntica interpretação também se verifica na Súmula nº 267 do
STF. A existência de medida processual própria para impugnar o ato
apontado como coator, na forma do artigo 5º, inciso II, da Lei nº 12.016/2009
afasta o cabimento desse writ por subsidiariedade, evidenciando a ausência
do interesse de agir do postulante. No processo matriz, para impugnar o ato
judicial em que determinada a constrição de veículo da parte Impetrante, ao
argumento de que não possui legitimidade para figurar no polo passivo da
execução, a parte dispõe de embargos de terceiro e, respectivamente, de
agravo de petição, a teor do artigo 897, alínea "a", da CLT. Assim, deve ser
mantida a decisão do Tribunal Regional em que denegada a segurança, na
forma do § 5º do artigo 6º da Lei nº 12.016/2009. Precedentes. Recurso
ordinário conhecido e não provido"
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Tribunal Superior do Trabalho fls.17

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(RO-16222-47.2018.5.16.0000, Subseção II
Especializada em Dissídios Individuais, Relator
Ministro Emmanoel Pereira, DEJT 13/9/2019).

"RECURSO ORDINÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA.


LIBERAÇÃO DE BEM PENHORADO. EMBARGOS DE TERCEIRO
ANTERIORMENTE AJUIZADOS. NÃO CABIMENTO. Ajuizados
embargos de terceiro (art. 1.046 do CPC) para pleitear a desconstituição da
penhora, é incabível a impetração de mandado de segurança com a mesma
finalidade (Orientação Jurisprudencial n.º 54 da SBDI-2). Incidem, ainda, à
hipótese, os termos da Orientação Jurisprudencial n.º 92 da SBDI-2, desta
Casa, firme no sentido de considerar incabível mandado de segurança contra
decisão judicial passível de reforma mediante recurso próprio, ainda que com
efeito diferido. Correta, portanto, a decisão do TRT de origem. Recurso
Ordinário a que se nega provimento" (RO-
2364-92.2010.5.10.0000, Subseção II Especializada em
Dissídios Individuais, Relatora Ministra Maria de
Assis Calsing, DEJT 28/10/2011).

"RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


PENHORA. ATO JUDICIAL ATACÁVEL, E EFETIVAMENTE
ATACADO, MEDIANTE EMBARGOS DE TERCEIRO.
DESCABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA. ORIENTAÇÕES
JURISPRUDENCIAIS NºS 54 E 92 DA SBDI-2 DO TST. 1. A
jurisprudência desta Corte está orientada no sentido de que não cabe
mandado de segurança contra decisão judicial passível de reforma mediante
recurso próprio, ainda que com efeito diferido. Esta é a diretriz da Orientação
Jurisprudencial nº 92 da SBDI-2. No caso concreto, o ordenamento jurídico
prevê o manejo de embargos de terceiro, dotados de efeito suspensivo - os
quais foram ajuizados pela impetrante -, e, ainda depois, de agravo de petição
e recurso de revista, remédios jurídicos adequados para a discussão
pretendida pela impetrante. 2. A constatação de que a parte já se utilizou dos
embargos de terceiro ainda atrai a incidência da compreensão da Orientação
Jurisprudencial nº 54 da SBDI-2/TST. Recurso ordinário conhecido e
desprovido" (RO-6-57.2010.5.10.0000, Subseção II
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Especializada em Dissídios Individuais, Relator
Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira,
DEJT 26/8/2011).

Embora deva ser admitida a ação mandamental nas


hipóteses em que a decisão judicial censurada assumir colorido absurdo
ou teratológico, é certo que essa excepcional situação não se faz presente
no caso examinado.
Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso
ordinário.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Subseção II Especializada em


Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade,
conhecer do recurso ordinário e, no mérito, negar-lhe provimento.
Brasília, 15 de dezembro de 2020.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


DOUGLAS ALENCAR RODRIGUES
Ministro Relator

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