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REGISTRO DE IMÓVEIS
(Esboço de Anteprojeto de Lei)
Afrânio de Carvalho
REGISTRO DE IMÓVEIS
(Esboço de Anteprojeto de Lei)
Capítulo I
Art. 2º - Quando a propriedade imóvel se adquirir por outro modo, será também inscrito, para
permitir a disponibilidade do direito, o título declaratório de sua aquisição assim que esta for
singularizada.
Art. 3.º - A extinção da propriedade ou de outro direito real sobre imóvel dá-se pelo
cancelamento da inscrição à vista de autorização escrita dirigida pelo beneficiário dela à outra
parte ou ao cartório de registro, ou de sentença cancelatória definitiva.
Art. 4.º - Se o direito real imobiliário estiver gravado com o direito de um terceiro, será
necessária a anuência deste para a extinção do direito gravado.
Art. 6.º - A prioridade entre os direitos reais imobiliários se regula pela ordem de sua inscrição.
Art. 7.º - A prioridade não exclusiva pode ser modificada posteriormente mediante acordo
entre os titulares interessados e inscrição no registro.
§ 1.º - Se o direito que se pospõe está gravado com o direito de um terceiro, é necessária a
anuência deste.
§ 2.º - O grau assinado ao direito que se antepõe não se perde pelo fato de ser suprimido por
negócio jurídico o direito que pospõe.
§ 3.º - Os graus dos direitos que se acham de permeio entre os que trocam de posto não são
atingidos pela troca.
Art. 8.º - A prioridade acompanha a hipoteca em sua prorrogação ou renovação, a menos que
prejudique direitos que terceiro pudesse exercer no vencimento do primeiro prazo.
Parágrafo único. A renovação da inscrição da hipoteca dispensa novo título.
Art. 10. Quando o dono de um móvel adquire o contíguo pode unir um ao outro sob a mesma
inscrição, salvo se isso expuser a erro, ou conservá-los distintos sob inscrições diversas.
Parágrafo único. O dono de um imóvel pode também desmembrá-lo em dois ou mais imóveis
sob inscrições diferentes desde que cada um destes seja suscetível de exploração econômica
na zona rural ou de construção na zona urbana.
Art. 12. A presunção constante do artigo anterior é destrutível por prova contrária, exceto em
detrimento de quem, desconhecendo a inexatidão do registro, ao qual não se opusera
oportuna contradita, adquirir o direito a título oneroso.
Art. 13. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o prejudicado reclamar que se
retifique.
§ 3.º - Se, para a retificação do registro, for necessária a exibição de cédula hipotecária a ela
vinculada, o requerente pode exigir do possuidor da cédula a apresentação desta ao cartório
do registro.
Art. 14. A despesa com a retificação do registro incumbe ao requerente, salvo se o contrário
resultar da relação jurídica existente entre ele e a outra parte.
Art. 15. A inscrição como proprietário de um imóvel por vinte anos, aliada a concomitante
posse deste, sem nenhuma contradita intercorrente ao seu direito, faz o titular dela adquirir a
propriedade acaso não obtida originalmente do disponente.
Capítulo II
DA INSCRIÇÃO NO REGISTRO
Art. 16. A inscrição será antecedida pela prenotação do título no protocolo para exame da sua
legalidade, o qual alcançará as nulidades e as anulabilidades visíveis da sua face.
Parágrafo único. Quando o registrador tiver sobre a legalidade dúvida que não puder ser
sanada por exigência ao interessado, declará-la-á por escrito para ser resolvida pelo Juiz.
Art. 18. A inscrição far-se-á em um livro fundiário único, em que cada folha tocará a um
imóvel, cujo título aquisitivo, integrado pela descrição, ocupará nela o primeiro lugar,
seguindo-se todos os atos posteriores que lhe digam respeito.
§ 1.º - A inscrição aquisitiva, havida como matrícula do imóvel, será trasladada de livro
anterior, se for de natureza diversa o primeiro título que se apresentar na vigência desta Lei.
§ 2.º - A inscrição abrangerá tanto as condições como as cláusulas de que terceiros devam
tomar conhecimento.
§ 3.º - A inscrição recairá sempre sobre imóvel de área contínua, ao qual não se anexará outro
que não seja confinante, salvo se se tratar de ilha fronteira de área inferior à da unidade de
exploração econômica rural.
Art. 19. A inscrição será feita no cartório da situação do imóvel, que atrairá todos os títulos
imobiliários da respectiva zona.
Art. 20. Qualquer interessado pode promover a inscrição e, quando houver mais de um, aquele
que o fizer terá direito regressivo contra os demais para o reembolso da respectiva parte na
despesa.
Art. 21. A inscrição será promovida mediante a apresentação do título e o requerimento, oral
ou escrito, do interessado, não podendo ser efetuada sem instância deste ou da autoridade.
§ 2.º - O registrador pode excepcionalmente notificar a parte para trazer ao registro os títulos
e documentos necessários à inscrição ou averbação quando a omissão dela, prejudicando a
exatidão do registro, for suscetível de produzir insegurança no tráfico jurídico.
Capítulo III
DO CADASTRO
Art. 22. É instituído o cadastro para determinar o espaço geográfico que ocupa cada imóvel
submetido à inscrição.
§ 2.º - Assim que nesses Cartórios se instalar a seção de cadastro, a inscrição passará a
depender também do exame prévio da fidelidade da planta do imóvel.
Art. 23. Se o perímetro do imóvel, em qualquer de suas linhas, divergir dos de outro limítrofe
ou deixar de permeio vazio apreciável, bem como se delimitar uma área insuscetível de
exploração econômica na zona rural ou de construção na zona urbana, deixará de ser feita a
inscrição até que se regularizem o título e a planta.
Art. 24. Para facilitar o levantamento da planta, o Cartório do Registro de Imóveis facultará aos
interessados o exame e a tiragem de cópias de fotografias aéreas dos respectivos imóveis e de
plantas porventura existentes na mapoteca.
Parágrafo único. Se não houver prejuízo para a regularidade do serviço interno, a critério do
registrador, a própria seção de cadastro poderá encarregar-se das medições e
complementações em campo e do levantamento da planta topográfica.
Art. 25. A planta do imóvel, feita por topógrafo habilitado e subscrita por ele e pelas partes,
instruirá o título que for apresentado para inscrição.
§ 1.º - Se a planta tiver instruído o título anterior, sem que haja sobrevindo mudança nos
limites, bastará juntar ao novo uma cópia dela em que figurem as transformações ocorridas
posteriormente no imóvel ou nos seus modos de aproveitamento.
§ 2.º - Antes de instalado o cadastro, pode o Juiz, em face das circunstâncias, dispensar a
planta, exceto a de divisão, partilha ou demarcação do imóvel, que, em cópia autêntica,
juntamente com o memorial, acompanhará sempre o título e com ele ficará arquivada no
cartório.
Capítulo IV
Art. 27. A inscrição aplicar-se-á aos atos ora distribuídos entre a transcrição e a inscrição,
acrescidos das vendas ou promessas irretratáveis de venda de lotes ou apartamentos,
inscritíveis ao pé da inscrição matriz do terreno loteado ou incorporado, bem como dos títulos
de concessão de minas, inscritíveis em folhas autônomas.
Parágrafo único. A averbação abrangerá os atos ora sujeitos a ela, acrescidos das renúncias da
propriedade ou do domínio útil, dos memoriais de loteamento e de incorporações e das
autorizações de pesquisa mineral, estas averbáveis à margem da inscrição do terreno onde se
acha encravada a área delimitada no título.
a) as emissões de debêntures, salvo se forem garantidas por hipoteca, caso em que esta será
levada à inscrição na folha do imóvel e aí averbada também à margem da inscrição aquisitiva;
b) as convenções antenupciais, salvo se atingirem imóveis inscritos dos nubentes, caso em que
serão averbadas à margem das respectivas inscrições.
Parágrafo único. As emissões de debêntures, a critério do Banco Central, poderão ser
transcritas no Registro de Títulos e Documentos.
Art. 29. O registro de imóveis não extrairá nenhum título de crédito dos direitos reais inscritos,
limitando-se a averbar, à margem da inscrição deles, os que, previstos em Lei, foram emitidos
pelas partes, depois de conferi-los.
Art. 30. Os livros de protocolo e de inscrição obedecerão aos modelos anexos, serão
encadernados e terão trezentas folhas cada um.
Art. 31. O cadastro começará pelos imóveis rurais, mas se estenderá oportunamente aos
imóveis urbanos pela forma que for acordada com as Prefeituras Municipais.
Parágrafo único. Onde houver cadastro imobiliário urbano, organizado pela Prefeitura
Municipal, poderá ele ser aproveitado, mediante acordo, pelo Registro de Imóveis, para a
exigência da planta, desde que permita a amarração dos imóveis em folha da carta
aerofotográfica, ou cartográfica, portadora do traçado de meridianos e paralelos e da
longitude e latitude correspondente à cidade.
Art. 32. Para planejar, coordenar e fiscalizar a execução do cadastro, é o Ministério da Justiça
autorizado a criar um órgão central de fotogrametria, ou celebrar acordo com outro
congênere, da administração direta ou indireta ou de empresa privada.
§ 1.º - O Ministério da Justiça fornecerá aos Cartórios do Registro de Imóveis, por intermédio
desse órgão, o material adequado ao cadastro, à medida que o for obtendo.
§ 2.º - Ao mesmo tempo, serão concedidas bolsas de estudo a servidores desses Cartórios para
que, em escolas técnicas, órgãos oficiais ou empresas particulares, se especializem em
topografia ou fotoanálise.
Art. 34. O Poder Executivo expedirá, dentro de noventa dias, o Regulamento desta Lei.
Parágrafo único. O regulamento conterá, entre outras, as seguintes matérias:
b) apresentação plural dos títulos, para a devolução e arquivamento, roteiro do exame da sua
legalidade, principais exigências para a sua regularização e trâmites da dúvida;
c) relação dos títulos irregistráveis que ordinariamente buscam o registro e enunciação dos
casos de atividade espontânea do registrador;
g) escalas e formatos da planta para o seu apensamento aos títulos, seu enquadramento no
cadastro, material adequado a este e responsabilidade por sua reposição;
j) coordenação do Registro de Imóveis com as Prefeituras para que a mudança dos nomes dos
logradouros públicos e da numeração dos prédios só se efetue por ocasião da divisão
administrativa e judiciária do Estado.
Art. 35. Para cumprimento desta Lei, com antecedência relativa à sua entrada em vigor, os
registradores encomendarão os livros novos, de modo que, na véspera daquela data, sejam
encerrados os atuais mediante termos lavrados na última folha preenchida de cada um deles e
subscritos pelo Juiz.
Art. 36. Esta Lei entrará em vigor em 1º de janeiro de 1975, excetuados os artigos 34 e 35, cuja
vigência começa na data da sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
MODELOS DE LIVROS
REGISTRO DE IMÓVEIS
REGISTRO GERAL
............
Matrícula nº Circunscrição e Distrito ............................ Designação Cadastral ........................
................. Denominação, rua ou nº .......................... Posição Geográfica ...........................
Nº E EPÍGRAFE
REGISTRO DE IMÓVEIS
Livro de Protocolo
Situação
Data Número Nome do Forma do
de apresentante do imóvel Averbações
19.... ordem título U = urbano
R = rural
MODELO DE LIVRO
DO PROJETO DE
REORGANIZAÇÃO
REGISTRO DE IMÓVEIS
Livro de Inscrição
..........
Nº 1 Circunscrição e Distrito ......................................................... Folha do cadastro ...........................................................................
Denominação, rua ou nº ...................................................... Posição geográfica ..........................................................................