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I2C – PROTOCOLO DE COMUNICAÇÃO MCU

Esse barramento foi criado pela empresa Holandesa (Philips) como Inter IC ou I2C que
possibilita a utilização de grande quantidade de componentes padronizados, os quais podem
realizar diversas funções, além de possibilitar a troca eficaz de informações entre eles. O
conceito do barramento I2C é facilitar a integração de circuitos de caráter final de aplicação
como por exemplo sensores e conversores, com um sistema de controle, de modo que eles
possam trabalhar com seus sinais de maneira direta.

Uma característica bastante interessante deste barramento é a possibilidade de utilizar, em um


mesmo sistema, componentes de tecnologias construtivas diferentes sem que haja
incompatibilidade e nem conflitos na comunicação. No I2C a transmissão da informação entre
os dispositivos é feita através de 2 fios (Serial Data DAS e Serial Clock SCL).

Os dispositivos ligados em Inter IC possuem um endereço fixo (cada componente recebe um


endereço específico), e podemos configurá-los para receber ou transmitir dados, dessa
maneira eles podem ser classificados de várias formas, como: mestres (MASTER), escravos
(SLAVE), entre outras.

O barramento I2C é do tipo multi-mestre, isso significa que mais de um dispositivo de controle
pode ser conectado a ele. No entanto, durante uma comunicação, somente um dos mestres
pode estar ativo, ou ocorrerá uma colisão de dados no barramento.

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Por exemplo: enquanto um microcontrolador envia sinais a um conversor, um outro


microcontrolador troca informações com uma memória usando o mesmo barramento. Tudo isso
é possível, graças a uma "arbitragem" que determina qual dos sinais tem prioridade no envio
dos dados.

As linhas SDA como SCL são bidirecionais e devem ser ligadas ao positivo da alimentação
através de uma fonte de corrente ou de um resistor pull-up, para garantir que ambas as linhas
permaneçam em nível alto, quando o barramento está livre.

Uma das vantagens do padrão I2C é que ele não fixa a velocidade de transmissão
(frequência), pois ela será determinada pelo circuito MASTER (transmissão do SCL).

A comunicação entre os dispositivos mestres e os escravos, conectados ao barramento I2C, é


iniciada pela condição de start (início) e finalizada pela condição de stop (fim). Acompanhe a
condição de start e stop na figura seguinte:

CONEXÃO UTILIZANDO I2C

I2C é um protocolo de barramento (ou bus), ou seja, com os mesmo fios conectamos todos os
dispositivos do nosso setup. Essa característica, barramento, é um dos grandes atrativos do
I2C, pois reduzimos em muito a necessidade de pinos de conexão no Arduino, pois usaremos
sempre os mesmo fios para a conexão, não importa se estamos utilizando 1 ou 127
dispositivos.

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Um dispositivo conectado ao barramento, atuando como Master, e 3 dispositivos atuando como


Slave, também conectados ao barramento

O Arduino vem com pinos próprios para a conexão I2C, no caso do Uno e derivados
os pinos são sempre o 4 (SDA) e 5(SCL). No caso do Arduino Mega, os pinos
utilizados são o 20 (SDA) e 21 (SCL).
DAS - Serial Data SCL - Serial Clock
SDA é o pino que efetivamente transfere os dados, e SCL serve para temporização entre os
dispositivos, de modo que a comunicação pela SDA possa ter confiabilidade. Como podem
observar, tanto o envio quanto a recepção de dados é realizada utilizando a linha SDA, ou seja,
é uma linha bi-direcional de comunicação, ora estamos enviando dados por este pino, ora
estamos recebendo dados.

Existem uma variedade enorme de dispositivos que utilizam o protocolo I2C, como o próprio
Arduino, Raspberry, memórias externas (EEPROM), I/O expanders, RTC (Real Time Clock),
Visor (LCD, TFT, etc), sensores diversos (temperatura, acelerômetro, etc).

Além do SDA e SCL, os dispositivos utilizam o terra(GND) e o Vcc para alimentação. Abaixo
um exemplo de ligação mais real:

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Arduino e outros dispositivos atuando como Slave de um Raspberry Master.

Os resistores pull-up nas linhas SDA e SCL, são normalmente utilizados quando há mais de
um slave no barramento, e o valor do resistor é dependente dos dispositivos. Normalmente
dispositivos I2C possuem um datasheet, e nele podemos encontrar o valor adequado dos
resistores pull-up. Se estiver utilizando apenas um dispositivo slave conectado ao Arduino, não
se preocupe, o Arduino já vem com resistores pull-up internos especializados para a
comunicação I2C.

A ordem que conectamos os dispositivos não importa. Podemos ligar os dispositivos como
quisermos, respeitando a pinagem certa, que o resultado final será o mesmo.

A distância normal de trabalho no barramento I2C é de aproximadamente 1 metro. Além disso


podemos ter problemas de impedância. Existem dispositivos que podem estender esta
distância de trabalho até aproximadamente 50 metros, com teoricamente 127 dispositivos.

I2C – ENDEREÇAMENTO DE DISPOSITIVOS

Dispositivos I2C possuem um endereço que os identifica. Esse endereço é composto


normalmente por 7 bits. Se lembram do limite teórico de 127 dispositivos, pois então, com 7
bits podemos ter 127 valores diferentes. Aqui temos um pouco de confusão, pois além dos 7
bits que definem o endereçamento, temos ainda um último bit, totalizando 8 bits, que indicam
se é uma operação de leitura ou escrita (read/write). Normalmente os dispositivos vem
indicando o seu endereço no formato hexadecimal, considerando 7 bits. Neste caso o Arduino,
atuando como master, insere estes 7 bits no início da transmissão, ajusta adequadamente o
oitavo bit, e tudo funciona muito bem.

Em alguns casos, o fabricante do dispositivo especifica o endereço do dispositivo utilizando o


oitavo bit. Nestes casos é comum o datasheet especificar um endereço para escrita e outra
para leitura. Nesta situação temos que calcular o endereço correto (7 bits), ou dar um shift em
nosso sketch de modo a desconsiderar o oitavo bit.

Como podem ver no exemplo acima, o dispositivo X possui dois endereços:


( 0X92 E 0X93)
Sendo que o valor que realmente nos interessa é o 0x49, que é obtido desconsiderando o
ultimo bit de qualquer um dos endereços anteriores.

Caso não fique claro pelo datasheet se o seu dispositivo usa 7 ou 8 bits no endereçamento,
outra forma é verificar se o endereço está na faixa de endereços I2C válidos.

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Como podem ver, a faixa disponível vai de 0x08 a 0x77. Não se esqueça que é em
hexadecimal, e fazendo as conversões para decimal podemos concluir que o número de
dispositivos possíveis na prática é 112.

I2C – ESCRITAS E LEITURAS

Todo o trabalho com dispositivos I2C se resume a uma operação de leitura ou uma operação
de escrita. Em nossos sketches, independente do dispositivo, estaremos lendo alguma
informação ou escrevendo alguma informação em um dispositivo especifico. Será comum
encontrarmos dispositivos com alguma particularidade nas operações de escrita/leitura, mas
em geral o datasheet do dispositivo fornece esses detalhes.

Uma observação importante para trabalharmos com I2C no Arduino, temos que dar um include
na biblioteca Wire. No início de qualquer sketch inclua a linha #include <Wire.h>. Após
incluirmos a biblioteca, é necessário inicializá-la dentro de setup() com Wire.begin().

I2C – ESCRITA

A escrita em dispositivos I2C é relativamente simples. O trecho de código abaixo mostra como
funciona esse processo:

Wire.beginTransmission(endereço);

Wire.write(memória);

Wire.write(valor);

Wire.endTransmission();

WIRE.BEGINTRANSMISSION(ENDEREÇO) - Envia o endereço do dispositivo pela linha SDA,


sinalizando o dispositivo correspondente que haverá uma comunicação. Todos os dispositivos
“escutam” essa informação, mas apenas o dispositivo que possui o endereço informado estará
apto a se comunicar.

WIRE.WRITE(MEMÓRIA) - A maioria possui diversos registradores que podem ser gravados, e


precisamos informar em qual registrador queremos informação.

WIRE.WRITE(VALOR) - Envia o valor (sempre 1 byte) pela SDA para o dispositivo informado
anteriormente. O dispositivo possui um registrador (ou memória) aguardando pela informação,
e os outros dispositivos ignoram esta comunicação. O comum é enviarmos uma informação
(um byte) em cada operação.

WIRE.ENDTRANSMISSION() - Após enviarmos a informação, devemos finalizar a operação


com essa linha, liberando o dispositivo e o barramento I2C para novas operações.

Se observarmos utilizamos o mesmo comando tanto para informar onde queremos gravar e o
que queremos gravar. Tudo dependo do datasheet do dispositivo, onde, no caso acima,
teríamos a instrução de que, numa operação de escrita, o primeiro byte indica a posição de
memória, e o segundo byte indica o valor a ser gravado. Poderíamos muito bem ter um
dispositivo com apenas um registrador para gravação, e portanto não seria necessário informar
em qual posição é para o valor ser gravado

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I2C – LEITURA

O processo de leitura envolve mais comandos. Normalmente o dispositivo possui diversos


registradores (ou posições de memória) para armazenar diferentes informações, então temos
que informar de qual registrador queremos ler informação. Ainda, lembrando que cada
registrador armazena um byte, podemos especificar o número de bytes que queremos ler. O
trecho de código abaixo mostra como funciona esse processo:

Wire.beginTransmission(endereço);

Wire.write(memoria);

Wire.endTransmission();

Wire.requestFrom(endereço, 1);

byte valor;

if (Wire.available()){

valor=Wire.read();

Wire.endTransmission();

As três primeiras linhas foram explicadas anteriormente e, basicamente, posicionam o


registrador do dispositivo na posição que queremos fazer a leitura. Na sequência temos:

WIRE.REQUESTFROM(ENDEREÇO, 1) - Este comando informa o dispositivo identificado por


endereço que queremos ler uma posição de memória(ou byte, ou registrador), a partir da
posição de memória especificada anteriormente. Esta informação é posta imediatamente na
linha SDA, e o dispositivo então responde informando também na SDA o valor contido no
registrador. Neste exemplo estamos pedindo apenas o valor de um registrador, mas
poderíamos pedir tantos quanto forem necessários. Neste caso o dispositivo iria informar
sequencialmente, a partir da posição informada pelo write anterior.

WIRE.AVAILABLE() - Este comando verifica se há informação disponível para leitura.


O hardware do Arduino armazena em buffer as informações recebidas, e atualmente
este buffer tem o tamanho de 32 bytes. com isso podemos fazer tranquilamente a
leitura de 32 bytes sequenciais.
WIRE.READ() - Esta é bem simples, similar ao Serial.read. Basicamente este
comando lê um byte de cada vez.

APLICAÇÃO
Quem precisa conectar um display LCD 16×2 ou 20×4 ao Arduino sabe que vai
precisar de pelo menos 6 fios para conexão. Em placas com um número menor de
portas, como o Arduino Uno, isso significa sacrificar algumas portas que poderiam ser
utilizadas para ligação de outros componentes, como sensores ou motores. Um
módulo que pode ser utilizado para contornar esse problema é o módulo I2C para
display LCD com CI PCF8574, disponível em :
https://www.nxp.com/docs/en/data-sheet/PCF8574_PCF8574A.pdf

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Com esse módulo, você consegue controlar um display LCD, seja ele 16×2 ou 20×4,
utilizando apenas dois pinos do micro controlador.
Grupo de pinos que formam a interface de comunicação I2C.

• Pino analógico 4 (SDA)


• Pino analógico 5 (SCL)

ESTRUTURA DO MÓDULO I2C

Na lateral esquerda do módulo temos quatro pinos, sendo que dois são para
alimentação (Vcc e GND), e os outros dois são da interface I2C (SDA e SCL).

Embutido no módulo estão as seguinte funções:


• Potenciômetro para ajuste do contraste do display.
• Jumper na lateral oposta permite que a luz de fundo (backlight) seja controlada
pelo programa ou permaneça apagada.

Geralmente o módulo vem configurado com o endereço 0x27, podendo ser


alterado esse endereço utilizando os pinos A0, A1 e A2 como mostrado na
tabela abaixo:

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LIGAÇÃO DO MÓDULO I2C AO DISPLAY LCD

O módulo possui dezesseis pinos que podem ser ligados diretamente ao


display, ou no protoboard. O exemplo abaixo baseia-se no display LCD 16×2
com controlador HD44780.

OBS.: Verificar a posição dos pinos SDA e SCL para cada plataforma utilizada.

PROGRAMA E BIBLIOTECA LIQUIDCRYSTAL_I2C

Para controlar esse módulo I2C, utilize a biblioteca LiquidCrystal_I2C, disponível:

http://www.meccomeletronica.com/site/data/uploads/newliquidcrystal_1.3.4-1.zip

Os comandos para controle do display são praticamente os mesmos da biblioteca


LiquidCrystal que utilizamos normalmente, com comandos como lcd.begin(), lcd.print()
e lcd.setCursor(). Na biblioteca I2C, o comando lcd.setBacklight() liga (HIGH) ou
desliga (LOW) a luz de fundo do display.

1. #include <W ire.h>


2. #include <LiquidCrystal_I2C.h>
3.
4. // Inicializa o display no endereco 0x27
5. LiquidCrystal_I2C lcd(0x27,2,1,0,4,5,6,7,3, POSITIVE);
6. //PCF8574: 0x20 - 0x27 (up to 8 PCF8574’s per I2C bus)
7. //PCF8574A: 0x38 - 0x3F (up to 8 PCF8574A’s per I2C bus)
8.
9. void setup() {
10. lcd.begin (16,2);
11. }
12. void loop() {
13. lcd.setBacklight(HIGH);
14. lcd.setCursor(0,0);
15. lcd.print("ENGENHARIA");
16. lcd.setCursor(0,1);
17. lcd.print("CONTROLE E AUTOMACAO");
18. delay(1000);
19. lcd.setBacklight(LOW);
20. delay(1000);
21. }

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