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Resumo
Este artigo tem como objetivo discutir as recentes Abstract
transformações nas periferias das grandes me- This article’s objective is to discuss recent
trópoles brasileiras, considerando a expansão da transformations in the periphery of Brazil’s
produção imobiliária nesses territórios, suportada largest cities, considering the expansion of real
em grande medida pelo lançamento do Programa estate in these territories, strongly supported by
Habitacional Minha Casa Minha Vida. Partindo de the Government’s housing program Minha Casa
uma análise histórica e teórica, procuramos mostrar Minha Vida. Using historical and theoretical
o deslocamento da primazia da contradição entre analyses, we demonstrate the shift in the primacy
capital-trabalho, sob o domínio do capital indus- of the contradiction between capital and labor,
trial, para a primazia de uma contradição urbana, dominated by industrial capital, towards the
sob domínio do capital financeiro. Nossa hipótese primacy of an urban contradiction, dominated
é que a periferia, cuja formação foi caracterizada by financial capital. Our hypothesis is that the
“trinômio casa própria-loteamento periférico-auto appropriation of the periphery has consolidated
construção”, consolida-se na atualidade como es- into an essential strategy in the amplification
tratégia essencial na ampliação dos ganhos e na of gains and in the expansion of real estate.
expansão da produção imobiliária. Essa estratégia This strategy of capital appreciation seems to
de valorização do capital parece impor novas for- impose new forms of inequality, which we have
mas de desigualdades, que procuramos explorar. attempted to explore here.
Palavras-chave: financeirização; metrópole; peri- Keywords: financialization; metropolis; periphery;
feria; mercado imobiliário. real estate market.
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http://dx.doi.org/10.1590/2236-9996.2016-3510
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entre centro equipado e territórios precaria- sob domínio do capital financeiro, responsável
mente ocupados. Esses territórios precários pela produção de novas desigualdades.
contrastavam e valorizavam ainda mais os No desenvolvimento deste artigo, ini-
espaços mais bem servidos e mais equipados. cialmente recuperamos e discutimos uma im-
Esse duplo movimento explicitava diferenças e portante produção bibliográfica que proble-
levava a cidade a um rápido processo de ex- matizou a formação da periferia, interpretada
pansão, pautado por baixa densidade e infor- como expediente de rebaixamento do custo de
malidade nas construções, que passou a ser reprodução da força de trabalho e importante
descrito como sendo “um padrão periférico instrumento de ampliação dos ganhos na in-
de crescimento urbano” (Bolaffi, 1979). Nesse dústria, expressando dessa maneira as intensas
contexto se fortaleceu uma visão segmentada desigualdades da urbanização brasileira.
e dual da urbanização, “onde uma produção Considerando um salto de mais de 30
organizada do espaço – moderna e indus- anos, passamos a investigar as mudanças nas
trial – se contrapunha a outro espaço, onde à periferias das grandes metrópoles na atualida-
apropriação desorganizada do lote se somava de, manifestadas pela disseminação de grandes
a produção precária da casa-própria por traba- condomínios residenciais direcionados para a
lhadores” (Pereira, 2005). população de menor renda. A atuação do setor
É sobre essas periferias, que na atuali- público, por meio de uma política de financia-
dade se evidenciará a expansão da produção mentos e subsídios com meta de construção de
imobiliária de mercado, consubstanciando no- três milhões de habitações, o Programa Minha
vas relações de produção das periferias. Esse Casa Minha Vida foi decisivo na complexifica-
movimento faz com que a forma de produção ção desses territórios.
para mercado, dominante nos mecanismos de Essa nova estratégia de produção do
valorização, se torne também predominante espaço, compreendida dentro de um proces-
no processo de urbanização. Em sua obra, so de financeirização da produção imobiliária,
a Produção Social do Espaço, Gottidiener impõe uma nova lógica de produção da perife-
(2007) já pontuava que a produção do espaço ria que faz emergir novas formas de desigual-
decorria não apenas dos processos econômi- dades. São essas questões que procuramos
cos, mas também e, mais especificamente, de discutir na última parte, antecedendo as con-
uma articulação conjunta entre Estado e setor siderações finais.
imobiliário, que formavam uma coalizão de
interesses entorno da valorização imobiliária
e representavam a vanguarda das transforma-
ções espaciais.
A formação da periferia como
Partindo de uma análise histórica e teó
expediente de rebaixamento
rica da periferia, procuramos mostrar o desloca- da força de trabalho
mento da primazia da contradição entre capital-
-trabalho, sob o domínio do capital industrial, Em 1970, pela primeira vez a população urba-
para a primazia de uma contradiçãourbana, na havia superado a rural no Brasil.1 O rápido
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100%
75%
50%
25%
0%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
0 a 3 SM 3 a 5 SM mais de 5 SM
Fonte: Estatísticas Básicas do Bacen (SFH–FGTS) organizados pelo Observatório das Metrópoles.
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R$60 bi
R$30 bi
R$0 bi
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
SBPE FGTS
Fonte: Estatísticas Básicas do Bacen (SFH – SBPE/FGTS) organizadas pelo CBIC Dados.
Na raiz dessa mudança estariam um am- Shimbo (2010) ilumina com bastante
biente macroeconômico favorável e o “apri- clareza os processos que levaram ao cresci-
moramento” institucional por meio da lei mento exponencial de uma produção de mer-
10.931/2004, que ampliou a segurança jurídica cado mais direcionada para a população de
do crédito imobiliário facilitando a retomada menor renda, mostrando os nítidos vínculos
de imóveis através de instrumentos como a com o processo de abertura de capitais de
Alienação Fiduciária. grandes empresas de incorporação. Como a
Com taxas de juros um pouco mais precificação das empresas no mercado de ação
baixas, “tanto o interesse de investidores esteve baseada na projeção de lançamentos
pelo mercado da construção civil pareceu imobiliários a partir da propriedade da terra, a
aumentar, como o interesse das institui- abertura de capital dessas empresas foi ante-
ções financeiras pela concessão de crédito cedida da consolidação de grandes bancos de
de longo prazo deu sinais de que essa con- terras, que se tornaram condição central para
cessão poderia ser uma atividade lucrativa” uma valorização fictícia das empresas. Segun-
(Royer, 2009, p. 72). O crescimento econômi- do Shimbo (2010), no final de 2007 as empre-
co evidenciado no período ajuda a explicar o sas de capital aberto dispunham de terrenos
aumento da captação de recursos para esses espalhados por todo país num montante total
fundos, que retomam um papel essencial no correspondente a cerca de 37 bilhões de reais,
financiamento imobiliário e na expansão e di- suficientes para construir mais de 400 mil ha-
versificação do mercado imobiliário. bitações (Shimbo, 2010).
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Até agosto de 2011, 8 das cerca de existentes tem, entretanto, caráter seletivo,
440.000 unidades contratadas pelo Programa associando basicamente dois aspectos princi-
nas Regiões Metropolitanas, cerca de 57% pais: menor custo da terra e disponibilidade
estavam localizadas nos municípios da perife- de alguma infraestrutura de mobilidade. Tal
ria metropolitana. Para os empreendimentos seletividade tende a reforçar uma metropoli-
da faixa 1, essa tendência é ainda mais forte. zação linear, ao longo dos eixos e infraestru-
Nessa faixa, cerca de 65% dos empreendi- turas de mobilidade existentes, tornando mais
mentos construídos pelo Programa estão lo- custosa a implementação de infraestruturas e
calizados nos municípios mais periféricos das ampliando a distância dos moradores aos lo-
Regiões Metropolitanas. Nesses municípios cais de emprego.
o recebimento de grandes empreendimentos Com a produção simultânea de empreen
habitacionais é visto como alternativa de di- dimentos para as diferentes faixas, a faixa 1 é
namização econômica, substituindo o papel direcionada para as piores localizações na me-
outrora desempenhado pela indústria, e fonte trópole. Como o Programa não previu, em sua
de imensos ganhos políticos ao possibilitar um primeira etapa, a construção de equipamentos
grande número de unidades de HIS, anterior- públicos, essas áreas, mesmo produzidas a par-
mente inviabilizadas pela dependência de re- tir de relações capitalistas avançadas, surgem
cursos municipais. Nesse sentido, se justificam com carências de equipamentos públicos e per-
amplas isenções fiscais, recomendadas nas manecem sem acesso a comércios e serviços,
normativas do Programa, e flexibilização dos os quais muitas vezes passam a ser oferecidos
instrumentos urbanísticos. por meios informais.
Estudos mais recentes, que apresentam Embora existam particularidades regio-
com precisão a localização geográfica desses nais, um dos resultados claros do Programa é
empreendimentos em regiões metropolitanas o esgarçamento das periferias, consolidando o
específicas, como Rio de Janeiro, Fortaleza e alargamento e a metropolização da produção
Belém (Cardoso et al., 2011; Pequeno, 2013; imobiliária, disseminando a valorização imobi-
Lima et al., 2013), mostram ainda que o fato liária em áreas que até então não haviam sido
de parte desses empreendimentos estar loca- objeto de investimentos imobiliários.
lizada no município-polo não assegura con- O horizonte desse processo parece ser
dições de localização satisfatórias. Nesses a extensão de uma urbanização segregada
municípios, prevalece a localização em áreas e privada (Lencioni, 2003) às periferias, mul-
precárias e periféricas, onde já se localizavam tiplicando sociabilidades restritas a grandes
grandes loteamentos populares, conjuntos condomínios que oferecem como áreas coleti-
habitacionais e favelas. Assim, os empreendi- vas espaços precários e pouco apropriados por
mentos do Programa, além de abrirem frentes seus moradores.
pioneiras de urbanização, têm contribuído pa- Até janeiro de 2014, o Programa Minha
ra o adensamento de áreas periféricas, apro- Casa Minha Vida já havia contratado mais de
priando-se de grandes lotes remanescentes. 3,2 milhões de moradias, tendo sido entregue
A apropriação de novas áreas e dos tecidos 1,51 milhão de unidades.
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pela implementação do Programa MCMV, essa um empresário do setor imobiliário, “Não exis-
lógica é estendida e legitimada. te terreno ruim. Tem terreno caro e terreno juri-
Nesse Programa, uma ampla conver- dicamente incomprável [sic]. Qualquer terreno
gência de interesses entre agentes públicos e você viabiliza um empreendimento, por mais
privados, acaba por reforçar o movimento de popular que ele seja”. Impõe-se, assim, uma
confluência do capital financeiro à produção grande fluidez ao valor da terra, que assume
imobiliária (Fix, 2012). Essa aproximação re- sua condição potencial de ativo financeiro.
sultará por vezes em arranjos em que a frágil Pelo desenho do Programa, o conflito
correlação de forças entre os agentes envolvi- mais latente, da órbita que envolvia a empresa
dos (grandes empresas versus prefeituras mu- de construção e os proprietários fundiários, é
nicipais) favorecerá a imposição de um padrão deslocado para o âmbito do Estado, que pe-
de produção imobiliária que preconiza amplia- la elevação sucessiva dos valores limites das
ção crescente dos ganhos na reprodução do unidades e flexibilização das normas de uso e
capital no espaço. Esse padrão se sobreporá ocupação, passa a legitimar o aumento do pre-
a condições extremamente desiguais de de- ço da terra e apropriações de áreas cada vez
senvolvimento urbano das cidades brasileiras, mais precárias.
que, por influír no preço da terra, são determi- A ausência de equipamentos, comércios
nantes na definição das estratégias da produ- e serviços e a grande distância a áreas que
ção do espaço. concentram empregos são minimizadas pela
Aqui cabe lembrar que esse movimen- satisfação da propriedade privada da casa,
to, antes de encontrar a propriedade privada modalidade exclusiva de acesso à habitação
da terra como obstáculo, a potencializa como no âmbito do Programa MCMV. Essa dissemi-
condição à sobrevida do capitalismo, concreti- nação da propriedade privada, associada a sua
zando as reflexões de Lefebvre sobre a centra- intensa valorização, permite ao governo fede-
lidade da propriedade privada (2008, p. 160): ral contabilizar o aumento do capital residen-
cial como um dos resultados mais positivos do
Longe de constituir um obstáculo ao cres- Programa,9 exaltando e legitimando a valoriza-
cimento no quadro do capitalismo, ela
ção imobiliária.
foi seu ponto de apoio, e, entretanto, ela
destina esta sociedade a um caos espacial Essa valorização imobiliária vem susten-
sobre o qual peço que lhes reflitam... tando imensos ganhos às empresas e aos pro-
prietários de terra. De acordo com ranking da
A disseminação dessa lógica de produção consultoria Economatica, no terceiro trimestre
às periferias faz com que a expansão da produ- de 2009, estavam no Brasil 12 das 20 constru-
ção imobiliária capitalista aconteça em muitos toras de capital aberto mais lucrativas da Amé-
casos dissociada das condições gerais de urba- rica Latina e Estados Unidos.
nização, antes tidas como determinantes para Por outro lado, a capacidade de reali-
viabilização de empreendimentos imobiliários. zação do valor desses imóveis para seus pro-
Nessa lógica, qualquer terreno adquire poten- prietários é limitada. Primeiro, porque pelas
cial para a valorização do capital. Na fala de condições estabelecidas pelo Programa, a
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Precariedade habitacional
Densidade excessiva
Coabitação
Ônus excessivo em aluguel
2008 2009 2011 2012
Esses números iluminam com clareza os aluguéis aumentado, em média, 138% (dados
aspectos contraditórios do avanço das relações Fipe-Zap). Esses aumentos foram significativa-
capitalistas sobre na produção do espaço. Se mente superiores à inflação, que no referido
por um lado, pode-se perceber a superação de período foi de 43,2 % (IGPM).
parte das situações de precariedade, caracteri- A disseminação de uma lógica estri-
zadas por domicílios produzidos com materiais tamente capitalista vem contraditoriamente
precários e normalmente autoconstruídos, o reforçando processos antigos, como as ocupa-
avanço do déficit por ônus excessivo de aluguel ções. As mobilizações de junho de 2013, que
é muito mais expressivo. trouxeram em suas raízes reivindicações urba-
Nesse sentido, a produção imobiliária da nas, fizeram disparar na cidade de São Paulo
periferia não pode ser compreendida de manei- as ocupações, em resposta a essa lógica que
ra isolada, inserindo-se em todo o movimento impõe o afastamento contínuo dos mais pobres
de ampliação da valorização imobiliária da das cidades.
metrópole, que por sua vez reforça os desloca-
mentos para a periferia e influencia também a
valorização do estoque já construído, elevando Considerações finais
os aluguéis de maneira geral. Essa dinâmica
explica o significativo avanço do ônus excessi- Embora a força do termo periferia permaneça
vo por aluguel. presente nas leituras da metrópole contempo-
Na cidade de São Paulo, entre janeiro de rânea, o que se evidencia na atualidade é um
2008 e janeiro de 2014, os aluguéis tiveram esvaziamento da carga teórica que o constituiu
um aumento médio de 96,2%. No Rio de Ja- (Tanaka, 2007). Grande parte das interpre-
neiro, esse aumento foi ainda maior, tendo os tações da época partia da análise da relação
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Notas
(1) De acordo com dados do Censo/IBGE, 1970.
(2) O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço foi criado pela Lei n. 5107/66, como um fundo
indenizatório que garantisse uma reserva de recursos para a manutenção do trabalhador
durante os períodos de desemprego, que, já se previa, se tornariam mais frequentes com
a flexibilização das relações de trabalho decorrentes das mudanças na Consolidação das Leis
do Trabalho. O fundo foi formado com a poupança compulsória de 8% dos salários mensais
recolhidos pelo empregador sobre as folhas de pagamento, acumulando um montante que
foi usado pelo Estado para financiar investimentos nos setores sociais como Habitação e
Saneamento, mas também na infraestrutura (Castro, 1999, p. 74).
(3) Em 2003, após a criação do Ministério das Cidades, esse passou a ser o responsável pela gestão
da aplicação dos recursos do Fundo, tendo, entre outras atribuições, “a de estabelecer metas
a serem alcançadas nos Programas de habitação popular, saneamento básico e infraestrutura
urbana” (Royer, 2009, p. 87).
(4) Com destaque para a Resolução nº 460 do CCFGTS, de 14 de dezembro de 2004, que “garantiu
60% dos recursos de aplicação do FGTS para a área de habitação popular, de acordo com a lei
8.036/90, 30% para saneamento básico, 5% para infraestrutura urbana e 5% para operações
especiais (percentual progressivamente reduzido até sua extinção a partir de 2008)” (Royer,
2010, p.87). A resolução 460 também foi responsável pela constituição de um novo modelo
de subsídios “permitindo que os recursos do Fundo alcançassem efetivamente a população de
mais baixa renda, até um salário mínimo” (Royer, 2009, p. 88). Essa resolução permitiu ainda a
ampliação das aplicações globais dos recursos, que atingiram o montante de R$4.447.337 mil,
em 2005 (Relatório de Gestão do FGTS do ano de 2006, apud Royer, 2009, p. 88).
(5) Reportagem “O assédio das grandes” na revista Construção Mercado n. 79, de fevereiro de 2008.
(9) De acordo com o Sumário Executivo da Pesquisa “Casa Própria: Capital Residencial e Qualidade de
Vida”. Desenvolvida pelo Ipea, 2013.
(10) Habitações precárias, coabitação familiar, ônus excessivo com aluguel e adensamento excessivo
em domicílios locados.
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