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pesquisa e desenvolvimento

a impermeabilização e a norma de desempenho

Impermeabilização
versus NBR 15.575 –
norma de desempenho
MARCOS STORTE – GERENTE DE NEGÓCIOS
VIAPOL LTDA

1. INTRODUÇÃO uso, e não na prescrição de como os tipos

N
ormas de desempenho são esta- de impermeabilização são aplicados.
belecidas buscando atender exi- A forma de estabelecimento do de-
gências dos usuários, que, inde- sempenho é comum e internacionalmente
pendentemente dos materiais constituintes pensada por meio da definição de requisi-
e do sistema construtivo utilizado, têm o tos (qualitativos), critérios (quantitativos
foco nas exigências da impermeabilização, ou premissas) e métodos de avaliação, os
ou de maneira mais ampla, da estanquei- quais sempre permitem a mensuração cla-
dade, quanto ao seu comportamento em ra do seu cumprimento.
As normas, assim elaboradas, visam, de

Figura 1 - Aplicação de manta asfáltica com maçarico em laje

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Figura 2 - Etapa do processo construtivo do Viaduto Ferroviário sobre a Rodovia SP 330,
que usou manta asfáltica na impermeabilização do tabuleiro

um lado, incentivar e balizar o desenvolvi- normas estão identificadas entre aspas (“) e
mento tecnológico e, de outro, orientar a meus comentários em texto corrente.
avaliação da eficiência técnica e econômi- Na NBR 15.575, temos inúmeras defini-
ca das inovações tecnológicas. ções e entre elas considero relevante co-
Normas de desempenho traduzem as mentar algumas, conforme segue:
exigências dos usuários em requisitos e ® Durabilidade - “Capacidade do edifício
critérios, e não substituem as normas ati- ou de seus sistemas de desempenhar
nentes à impermeabilização; todavia são suas funções, ao longo do tempo e sob
complementares a estas últimas. condições de uso e manutenção
Por sua vez, as normas sobre imper- especificadas, até um estado limite
meabilização estabelecem requisitos de utilização.”
com base no uso consagrado de produtos Como podemos ter durabilidade em uma
ou procedimentos, buscando o atendi- estrutura de concreto sem estanqueidade,
mento às exigências dos usuários de for- se a passagem de água acarreta corrosão
ma indireta. nas armaduras e deterioração do concreto?
A abordagem deste artigo explora con- ® Manutenção - “Conjunto de atividades
ceitos que, muitas vezes, não são conside- a serem realizadas e respectivos recursos
rados em normas prescritivas específicas para conservar ou recuperar a capacida
como, por exemplo, a durabilidade dos ti- de funcional da edificação e de seus
pos de impermeabilização, a manutenabili- sistemas constituintes de atender as
dade da edificação, o conforto do usuário e necessidades e segurança dos seus
a integridade estrutural da edificação. usuários.”
Em caso de infiltração, não podemos
1.1 HISTÓRICO usar as áreas afetadas, alterando a capa-
Para estabelecermos uma visão sistê- cidade funcional da edificação, bem como
mica, vamos verificar as interfaces da NBR temos conseqüências, tais como: refa-
9574 e NBR 9575, normas de Impermeabi- zimento de pinturas; troca de carpetes;
lização, com a NBR 15.575, norma de de- danos a equipamentos e veículos; riscos à
sempenho das edificações. As referências às instalação elétrica.

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Figura 3 - Manta asfáltica aplicada em laje

® Manutenabilidade - “Grau de facilidade dade ou molhagem exige uma impermeabi-


de um sistema, elemento ou componente lização adequada.
em ser mantido ou recolocado no “O conceito se repete nas exigências do
estado no qual pode executar suas usuário relativas à sustentabilidade quan-
funções requeridas, sob condições de do se fala de durabilidade.”
uso especificadas, quando a manutenção Como podemos ter durabilidade com
é executada sob condições determinadas, ausência de estanqueidade em uma estru-
procedimentos e meios prescritos.” tura de concreto?
Se tivermos uma área impermeabilizada Como podemos atender à sustentabili-
com proteção mecânica, somos obrigados dade se tivermos que demolir e refazer a
a demolir, remover o acabamento do piso mesma área diversas vezes, para manter a
e paredes, proteção e impermeabilização estanqueidade, dentro da expectativa de
existentes, impedindo o uso dos locais e, vida útil da edificação?
com isso, aumentando o grau de dificulda- O objetivo é termos uma edificação
de para solução ao caso. onde a impermeabilização, em seu papel
“Na Parte 1, item 4 – Exigências dos de garantir estanqueidade, é muito im-
usuários relativas à segurança é expressa portante, pois impacta no uso, na manu-
por vários fatores, sendo o primeiro deles tenabilidade, na durabilidade, na funcio-
a segurança estrutural.” nalidade, nos custos de refazimento, no
Certamente, instalado um processo de incremento do desgaste da relação usuá-
deterioração do concreto e corrosão das rio/edificador, na sustentabilidade e res-
armaduras, provocados por infiltrações, peito ao meio ambiente.
temos o comprometimento da segurança Nesta fase, é importante observarmos
estrutural. na NBR 15.575 - Parte 1, item 6.6 - Relação
“O mesmo ocorre com as exigências do entre Normas:
usuário relativas à habitabilidade onde um “Quando uma norma brasileira prescri-
dos principais fatores é a estanqueidade.” tiva contiver exigências suplementares à
Podemos tê-la de várias maneiras, mas presente Norma, elas devem ser integral-
uma área sujeita a contato com água, umi- mente cumpridas”.

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Vamos explorar as normas referentes à ® “Projeto básico de impermeabilização
impermeabilização na ABNT: – Conjunto de informações gráficas e
® A “NBR 9574:2008 – Execução de descritivas que definem as soluções
Impermeabilização estabelece em seu de impermeabilização a serem
escopo as exigências e recomendações adotadas numa dada construção,
relativas à execução de impermeabilização de forma a atender às exigências
para que sejam atendidas as condições de desempenho em relação à
mínimas de proteção da construção estanqueidade dos elementos
contra a passagem de fluidos, bem construtivos e à durabilidade frente
como a salubridade, segurança e à ação de fluidos, vapores e umidade.”
conforto do usuário, de forma a ser “O projeto básico deve compatibilizar
garantida a estanqueidade das partes os demais projetos da construção, de modo
construtivas que a requeiram.” a equacionar adequadamente as interferên-
“A NBR 9574 se aplica às edificações e cias existentes entre todos os elementos e
construções em geral, em execução ou su- componentes construtivos. Pela sua carac-
jeitas a acréscimo ou reconstrução, ou ainda terística, deve ser feito durante a etapa de
àquelas submetidas a reformas ou reparos.” coordenação geral das atividades de proje-
® A “NBR 9575:2003 – Impermeabilização to e deve compor os documentos do proje-
– Seleção e projeto, estabelece as to básico de arquitetura, definido na NBR
exigências e recomendações relativas 13532 ou, na ausência desse, deve compor
à seleção e projeto de impermeabilização, o projeto executivo de arquitetura.”
para que sejam atendidas as condições Ainda, na NBR 9575, define-se, no item
mínimas de proteção da construção Seleção, o seguinte:
contra a passagem de fluidos, bem “O tipo adequado de impermeabiliza-
como a salubridade, segurança e ção a ser empregado na construção civil
conforto do usuário, de forma a ser deve ser determinado segundo a solicita-
garantida a estanqueidade das partes ção imposta pelo fluido nas partes cons-
construtivas que a requeiram.” trutivas que requeiram estanqueidade. A
“A NBR 9575 se aplica às edificações solicitação pode ocorrer de quatro formas
e construções em geral, em execução ou distintas, conforme a seguir:
sujeitas a acréscimo ou reconstrução, ou ® a) imposta pela água de percolação;
ainda àquelas submetidas a pequenas re- ® b) imposta pela água de condensação;
formas ou reparos e podem estar integra- ® c) imposta pela umidade do solo;
dos ou não a outros sistemas construtivos ® d) imposta pelo fluido sob pressão
que garantam a estanqueidade das partes unilateral ou bilateral.”
construtivas, devendo, para tanto, ser ob- As normas citadas buscam o mesmo con-
servadas normas específicas que atendam ceito - estanqueidade - e isso significa que a
a esta finalidade.” norma NBR 15.575 deve ser entendida e apli-
Na NBR 9575, temos inúmeras defini- cada, mas sem desconhecermos às exigências
ções e entre elas considero relevante co- existentes nas normas de impermeabilização,
mentar algumas, conforme segue: onde devemos discutir e estabelecer as solu-
® “Estanque – Elemento (ou conjunto de ções e procedimentos necessários a este fim.
componentes) que não se deixa Parece uma narrativa elíptica, mas,
atravessar por fluidos.” para entendermos melhor as interfaces,
® “Estanqueidade – Propriedade de um voltamos a NBR 15.575, Parte 1, onde en-
elemento (ou de um conjunto de contramos as mesmas preocupações evi-
componentes) de impedir a penetração denciadas em definições e requisitos, con-
ou passagem de fluidos através de si. forme segue:
A sua determinação está associada a ® Estanqueidade
uma pressão limite de utilização (a que Em 10.1 – Generalidades.
se relaciona com as condições de “A exposição à água de chuva, à umida-
exposição do elemento).” de proveniente do solo e àquela provenien-

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te do uso do edifício habitacional, inclusive ® c) impermeabilização (3.23) de
quanto à condensação, devem ser conside- fundações e pisos em contato com
radas em projeto, pois a umidade acelera o solo;
os mecanismos de deterioração e acarreta ® d) ligação entre os diversos elementos
a perda das condições de habitabilidade e da construção (como paredes e
de higiene do ambiente construído.” estrutura, telhado e paredes,
Em 10.2 - Requisito de estanqueidade a corpo principal e pisos ou calçadas
fontes de umidade externas à edificação. laterais).”
“Assegurar estanqueidade às fontes de Em 10.3 - Requisito de estanqueidade a
umidades externas ao sistema.” fontes de umidade internas à edificação.
Em 10.2.1 - Critério de estanqueidade “Assegurar a estanqueidade à água uti-
à água de chuva e à umidade do solo e do lizada na operação e manutenção do imó-
lençol freático. vel em condições normais de uso.”
“Atendimento aos requisitos especifica- Observamos que a estanqueidade é im-
dos nas Partes 2 a 5 desta Norma.” portante e necessária para cumprir com a
Em 10.2.2 - Método de avaliação. NBR 15.575 - Parte 1, item 4 – Exigências dos
“Análise do projeto e métodos de en- usuários.Mais claro isto tudo fica, quando en-
saio especificados nas Partes 2 a 5 desta tramos na discussão do Anexo C, nas Consi-
Norma.” derações sobre durabilidade e vida útil.
Em 10.2.3 - Premissas de projeto. ® A vida útil de projeto (VUP) é
“Devem ser previstos nos projetos a basicamente uma expressão de caráter
prevenção de infiltração da água de chuva econômico de uma exigência do usuário.
e da umidade do solo nas habitações por Isso significa avaliarmos os riscos ineren-
meio dos detalhes indicados a seguir: tes a manutenabilidade e o impacto da im-
® a) condições de implantação dos permeabilização, que fica evidente na clas-
conjuntos habitacionais, de forma a sificação das tabelas, C.1; C.3, C.4 e C.7.
drenar adequadamente a água de chuva É visível a importância da impermeabili-
incidente em ruas internas, lotes zação nas edificações, pois, ao conferirmos
vizinhos ou mesmo no entorno próximo as normas, observamos que a habitabilida-
ao conjunto; de, a segurança da estrutura, a funciona-
® b) impermeabilização de porões e lidade da edificação, a manutenabilidade,
sub-solos, jardins contíguos às depende da estanqueidade.
fachadas e quaisquer paredes em O custo de uma impermeabilização cor-
contato com o solo; ou pelo reta gira entre 1% e 3% do custo da obra,
direcionamento das águas, sem prejuízo mas sabemos que uma intervenção pós-
da utilização do ambiente e dos obra eleva este custo a cerca de 10%, sem
sistemas correlatos e sem comprometer contar o desgaste inevitável da relação
a segurança estrutural; usuário/incorporador ou construtora.

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Em uma palestra de 2009 do Eng. Prof. busca soluções de impermeabilização a
Dr. Enrique Gonzalez Valle, intitulada “A serem adotadas numa dada construção,
patologia das estruturas de concreto: suas de forma a atender às exigências de de-
origens e evolução”, ele expôs uma pes- sempenho em relação à estanqueidade
quisa da Espanha com a origem dos erros, dos elementos construtivos e à durabi-
conforme segue: lidade frente à ação de fluidos, vapores
e umidade; e mais: que possamos ter as
interfaces com a norma 15.575, usadas
corretamente.
Se a maior origem de erros está nos
projetos, podemos imaginar as conseqüên-
cias do desconhecimento das normas que
nos orientam e disciplinam esta fase.
E se não tivermos os projetos, como va-
Fica claro a importância de termos mos saber onde erramos? Na conceituação?
um projeto de Impermeabilização que Na execução?

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Como vamos evitar a reincidência dos presença de umidade comprometem todos
mesmos erros? requisitos demandados.
Como efetuar reparos ou manutenção? O código de ética profissional do CON-
FEA, Resolução 1002/2002, no Artigo 9º,
2. INCUMBÊNCIAS DOS estabelece que, no exercício da profissão,
INTERVENIENTES são deveres do profissional adequar sua for-
ma de expressão técnica às necessidades
2.1 PROJETISTAS do cliente e às normas vigentes aplicáveis.
Vemos uma grande oportunidade de A palavra chave é Especificação.
expansão do trabalho dos projetistas,
que terão que “projetar” diferente e 2.2 FABRICANTES
cumprir com análise de projetos de ou- O fornecedor ou prestador de serviços
tras áreas, onde a habitabilidade, fun- deve cumprir com as normas técnicas dos
cionalidade e segurança no uso e ope- produtos ou serviços estabelecidas pelo CB 22
ração da edificação serão os requisitos – Comitê Brasileiro de Impermeabilização.
mais demandados. Como as normas prescrevem técnicas e
O projetista da impermeabilização tem requisitos para que um produto ou serviço
essas responsabilidades, cumprindo com as seja de boa qualidade, o fornecedor tem
normas existentes, especificando adequa- obrigação de cumpri-las, conforme esta-
damente, detalhando a execução, anali- belecido Código de Defesa do Consumidor,
sando os ensaios, pois uma infiltração ou a Art. 20, § 2º, impróprio.

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O CDC estabelece ainda no Art. 39º: “É ve- o objetivo de atender as necessidades dos
dado ao fornecedor de produtos e serviços: usuários de imóveis, dentro de determi-
Alínea VIII – colocar, no mercado de nadas condições de exposição, ao longo
consumo, qualquer produto ou serviço em de uma vida útil de projeto e no contex-
desacordo com as normas expedidas pelos to do ambiente regulatório, econômico e
órgãos oficiais competentes ou, se normas social brasileiro.
específicas não existirem, pela Associação Esta norma é uma ferramenta para o
Brasileira de Normas Técnicas ou outra en- usuário estabelecer programas de manu-
tidade credenciada pelo Conselho Nacional tenção corretiva e preventiva.
de Metrologia,Normalização e Qualidade Quem define a VUP deve também esta-
Industrial – CONMETRO.” belecer as ações de manutenção que devem
Já o Código Civil estabelece, no art. 615, ser realizadas para garantir o atendimento
conseqüências para o não cumprimento: à VUP. É necessário salientar a importância
“Concluída a obra de acordo com o ajus- da realização integral das ações de manu-
te, ou o costume do lugar, o dono é obriga- tenção pelo usuário, sem o que se corre o
do a recebê-la. Poderá, porém, rejeitá-la, risco de a VUP não ser atingida.
se o empreiteiro se afastou das instruções Por exemplo, uma impermeabilização
recebidas e dos planos dados, ou das regras exposta ao intemperismo em coberturas não
técnicas em trabalhos de tal natureza.” transitáveis pode ser projetada para uma
Este é um desafio constante aos fabri- VUP de 12 anos, desde que a sua espessura
cantes, que precisam responder à deman- seja recomposta a cada 5 anos, no máximo.
da de produtos cada vez mais adequados Se o usuário não realizar a manutenção pre-
à relação Custo/Resultado e não à relação vista, a VU real da impermeabilização pode
Custo/Benefício, face às exigências da ser seriamente comprometida.
NBR 15.575. Por conseqüência, as eventuais patolo-
A palavra chave é Inovação. gias resultantes podem ter origem no uso
inadequado e não em uma construção falha.
2.3 CONSTRUTORAS O usuário de uma edificação tem li-
Entre outras leituras, a NBR 15.575 serve mitações econômicas no momento de sua
para referenciar a responsabilidade dos cons- aquisição, mas pode não tê-las no futuro.
trutores, pois estabelece requisitos de qua- Então, em princípio, pode optar por uma
lidade e referências temporais de vida útil menor VU em troca de um menor inves-
que é diferente dos prazos das garantias. timento inicial, mas esta escolha tem um
O construtor é o primeiro responsável e limite inferior, abaixo do qual não é acei-
solidário pelas falhas dos elos anteceden- tável do ponto de vista social, pois esta si-
tes de todos os serviços e produtos usados tuação impõe custos exagerados de reposi-
na edificação, tais como, projetistas, for- ção no futuro para a toda a sociedade.
necedores de produtos e serviços, como Aspectos legais também estão envolvi-
estabelece o CDC, no artigo 25: dos no caso de negligência da manutenção
“§ 1º - Havendo mais de um responsável das estruturas.
pela causação do dano, todos responderão Além das características legais que a le-
solidariamente pela reparação prevista gislação municipal de centros urbanos exige
nesta e nas Seções anteriores. de suas autoridades constituídas, estas têm
§ 2º - Sendo o dano causado por com- o dever de alertar aos proprietários ou ges-
ponente ou peça incorporada ao produto tores de edificações sobre suas responsabi-
ou serviço, são responsáveis solidários seu lidades frente ao Código Civil Brasileiro, ar-
fabricante, construtor, importador que re- tigo n.º 937 da lei n.º 10406 de 10/01/2002.
alizou a incorporação.” Este documento registra expressamente:
A palavra chave é Sustentabilidade. “O dono do edifício ou construção res-
ponde pelos danos que resultarem de sua
2.4 CONSUMIDOR ruína, se esta provier de falta de reparos,
Podemos entender a NBR 15.575 com cuja necessidade fosse manifesta.”

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Assim, os gestores de edifícios são res- tivas dos produtos, abrange também requisi-
ponsáveis, civil e criminalmente, por even- tos postulados nas normas de elaboração de
tuais falhas estruturais, descuidos e suas projetos e de desempenho das edificações,
conseqüências. E, por isso, devem ter co- que espelha a expectativa do usuário.
nhecimento de procedimentos a tomar na Isto significa a necessidade de pensar-
contratação de equipes para avaliação e mos profundamente no desempenho da
conforme o caso, para recuperação e im- impermeabilização e das edificações, pois
permeabilização das estruturas. temos um paradigma de sustentabilida-
A palavra chave é Responsabilidade. de ambiental implícito.A construção civil,
(kerorguen-2005) é responsável por 40% de
3. CONSIDERAÇÕES toda emissão mundial de CO², pela extra-
FINAIS ção de 40% de todos os recursos naturais e
Quando discutimos expectativa de vida pela produção de 40% de todos os rejeitos
útil de uma impermeabilização na edifica- produzidos no planeta.
ção, no âmbito técnico, pensamos sempre Considerando que os edifícios duran-
em especificações, custos, tempo de exe- te seus 50 anos de vida útil média, cons-
cução, mão de obra qualificada, garantias, trução, manutenção e demolição, conso-
pós-obra. mem segundo (Adam-2001), 50% de toda
Estamos começando a pensar em susten- energia global, pode-se afirmar categori-
tabilidade como um contexto mais amplo, camente que esta indústria representa a
onde uma impermeabilização eficiente e efi- atividade humana de maior impacto so-
caz, como estabelecido nas normas prescri- bre o meio ambiente.

Referências Bibliográficas
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de até cinco pavimentos – Desempenho. Parte 1: Requisitos gerais. São Paulo – SP, 2007.

[02] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9575 – Impermeabilização – Seleção


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[03] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9574 – Execução


da Impermeabilização, São Paulo – SP, 2008.

[04] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13532 - Elaboração de projetos


de edificações - Arquitetura – Procedimento. São Paulo – SP, 1995

[05] ANAIS DO 3º Seminário de Normas Técnicas – Foco nas normas de desempenho -


Secovi/Sinduscon. São Paulo – SP, 2008.

[06] KERORGUEN, Y. La construction durable devient um enjeu stratégique pour les entreprises.
Paris; La Tribune, 2005.

[07] ADAM, R. S. Princípios do ecoedíficio; integração entre ecologia, consciência e edifício.


São Paulo - SP; Aguariana, 2001

[08] VALLE, G. E. A patologia das estruturas de concreto: suas origens e evolução.


São Paulo – SP, curso de Patologia nas obras civis, 2009.

[09] CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E ARQUITETURA. Código de ética profissional -


Resolução 1002. Brasília – DF, 2002

[10] LEI 8078. Código de Defesa do Consumidor. Brasília – DF, 1990

[11] LEI 10.406. Código Civil Brasileiro. Brasília – DF, 2002 ®

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