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UNIVERSIDADE TIRADENTES

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE GRADUAÇÃO PRESENCIAL


COORDENAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

LUCAS SILVA DE ANDRADE

RELATÓRIO DE ESTAGIO SUPERVISIONADO

Relatório de estágio supervisionado


apresentado à Universidade Tiradentes
como um dos pré-requisitos para a obtenção
do grau de bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Hilton Porto

ARACAJU/SE
06/2019
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RESUMO

ANDRADE, Lucas Silva. Relatório de Estágio Supervisionado realizado na empresa


COHIDRO. Universidade Tiradentes: junho, 2019. Professor – Hilton Porto. Supervisor –
Adnaldo de Santana Santos.

Neste relatório, apresentado pelo discente do curso de engenharia civil, Lucas Silva de Andrade,
serão esclarecidas as atividades realizadas e desenvolvidas no estágio obrigatório cedido pela
empresa pública COHIDRO, tento a supervisão do Engenheiro Civil Adnaldo de Santana
Santos. A razão deste estágio é agregar conhecimentos e apanhar experiências as quais não são
totalmente vistas em sala de aula, compondo o conhecimento desenvolvido na sala de aula com
a da prática, neste caso sendo o estágio supervisionado, vivenciando casos reais desenvolvendo
projetos, tanto arquitetônico, assim como os complementares que englobam os recursos
hídricos. Este presente relatório tem como principal ponto, expor as atividades praticadas pelo
aluno no período de estágio, ressaltando que todos as atividades desenvolvidas pelo aluno foram
acompanhadas e orientadas pelo engenheiro responsável da empresa.
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 5
1.1 CARACATERIZAÇÃO DA EMPRESA ............................................................................. 5
1.2 OBJETIVO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO ............................................................... 6
1.3 SUPERVISOR DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO ......................................................... 6
1.4 CARACTERIZAÇÃO DOS SERVIÇOS............................................................................. 6
1.5 IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO ...................................................... 7
1.6 ESTRUTURA DO RELATÓRIO ........................................................................................ 7
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 8
2.1 DISPONIBILIDADE DE RECURSOS HÍDRICOS ............................................................ 8
2.1.1 Recursos Hídricos em Sergipe ........................................................................................... 8
2.2 CAPTAÇÃO DE ÁGUA DA CHUVA .............................................................................. 11
2.2.1 Componentes Básicos do Sistema de Captação e Armazenamento ................................ 13
2.2.1.1 Superfície de coleta....................................................................................................... 13
2.2.1.2 Telas de proteção de calhas ......................................................................................... 13
2.2.1.3 Calhas e condutores ..................................................................................................... 14
2.2.1.4 Sistema de descarte das primeiras águas ..................................................................... 15
2.2.1.5 Reservatório .................................................................................................................. 15
2.2.1.6 Bombeamento ............................................................................................................... 16
2.2.1.7 Tratamento .................................................................................................................... 17
2.2.1.8 Extravasor..................................................................................................................... 17
2.2.2 Normatização para captação de água da chuva ............................................................... 18
2.2.3 Custos de implantação do sistema de captação ............................................................... 19
2.2.4 Capacidade de Armazenamento das Cisternas ................................................................ 20
2.3 Método de Execução das Cisternas .................................................................................... 21
2.4 Método de Execução de Barreiros ...................................................................................... 26
2.4.1 Escolha do Local ............................................................................................................. 26
2.4.2 Sondagem ........................................................................................................................ 26
2.4.3 Escavação ........................................................................................................................ 27
2.4.4 Finalização ....................................................................................................................... 27
2.5 MEDIÇÕES DE PAGAMENTO DE SERVIÇOS ............................................................. 28
2.5.1 Acompanhamento de obras ............................................................................................. 29
3 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES DE ESTÁGIO ......................................... 30
4

3.1 FISCALIZAÇÃO DE CISTERNAS .................................................................................. 30


3.1.1 Medição de raio escavado................................................................................................ 30
3.1.2 Medição da profundidade escavada ................................................................................. 30
3.1.3 Cálculo do volume fina da cisterna ................................................................................. 30
3.1.4 Analise do material para fabricação ................................................................................ 30
3.1.5 Aferição das coordenadas ................................................................................................ 31
3.2 FISCALIZAÇÃO DE BARREIROS .................................................................................. 31
3.2.1 Medição do comprimento ................................................................................................ 31
3.2.2 Medição da largura .......................................................................................................... 31
3.2.3 Medição da rampa ........................................................................................................... 31
3.2.4 Medição da altura ............................................................................................................ 31
3.3 ACOMPANHAMENTO DA REFORMA DA SEDE ....................................................... 32
4 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 33
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 34
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1 INTRODUÇÃO

A seguir será descrita a caracterização da empresa, o objetivo do estágio, a


descrição do supervisor do estágio supervisionado.

1.1 CARACATERIZAÇÃO DA EMPRESA

A COHIDRO, companhia de desenvolvimento de recursos hídricos e irrigação de


Sergipe, é um órgão vinculado à SEAGRI, Secretaria de Estado da Agricultura, do
Desenvolvimento Agrário e da Pesca. Foi criada em 13 de abril de 1983, é a maior empresa
pública de perfuração de poços e irrigação do estado. Empresa que administra 6 perímetros
irrigados, que estão nos municípios de: Itabaiana, Tobias Barreto, Canidé do São Francisco,
Malhador, Lagarto.Em Itabaiana está localizado o perímetro Irrigado Poção da Ribeira e
Perímetro Irrigado Jacarecica I, em Tobias Barreto o Perímetro Irrigado Jabiberi, Canidé do
São Francisco conta com o Perímetro Irrigado Califórnia, o perímetro Irrigado Jacarecica II fica
em Malhador e em Lagarto fica o Perímetro Irrigado Piauí, fornecendo água para os agricultores
e prestando assistência técnica, ficando responsável pela produção média anual de 100 mil
toneladas de alimentos. Além de possui mais de 3,5 mil poços furados (COHIDRO, 2019).
Além dos Perímetros e dos poços, a COHIDRO também é responsável pelo Platô
de Neópolis, a qual possui uma grande área no Norte do Estado, onde mais de 40 empresas
atuam na produção agrícola, além de gerar uma grande renda para o Estado, contribuindo
bastante na geração de empregos para a população do Baixo do São Francisco (COHIDRO,
2019).
Tem por finalidade a execução das políticas públicas de recursos hídricos e
irrigação do Estado, como o aproveitamento múltiplo da água, saneamento básico para
comunidades rurais, estudos, pesquisas, ações de desenvolvimento social e econômico a partir
do uso racional de águas subterrâneas, fluviais, reservamento de águas pluviais e irrigação no
estado (COHIDRO, 2019).
As atribuições da COHIDRO são:
a) desenvolvimento hídrico;
b) captação e distribuição de água para abastecimento;
c) distribuição de água para sistemas de irrigação;
d) dimensionamento de sistemas de irrigação;
e) manutenção das barragens ligadas a COHIDRO;
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f) serviços mecanizados;
g) obras ligadas aos escritórios dos perímetros irrigados;
h) Fiscalização de cisternas e barreiros.
Valores:
a) ética;
b) transparência;
c) valorização do ser humano;
d) gestão de qualidade;
e) responsabilidade social.

1.2 OBJETIVO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

O objetivo deste estágio obrigatório supervisionado é proporcionar conhecimentos


aprendidos na teoria em aplicações práticas, aquisição de metodologias práticas e convivência
com profissionais voltado para área de atuação, visualizando o conhecimento das diversas áreas
de atuação da engenharia civil.

1.3 SUPERVISOR DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

A gerência de engenharia (GENG) da COHIDRO, é comandada pelo engenheiro


civil Adnaldo de Santana Santos, natural de Boquim-SE, formado pela Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE) no ano de 1980, pertence ao quadro de colaboradores da empresa desde
1984. Adnaldo de Santana, como Gerente da GENG, possui atribuições para governar todas as
funções que envolvem questões de engenharia na empresa. O setor conta com um engenheiro
mecânico, Caio, um engenheiro elétrico, Ricardo, e estagiários de diferentes áreas, como
Engenharia Civil, Arquitetura, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica e Engenharia de
Produção.

1.4 CARACTERIZAÇÃO DOS SERVIÇOS

Durante o período do estágio obrigatório, foram realizados diversos serviços e obras


inauguradas pela empresa como: reforma do prédio Sede da COHIDRO, fiscalização de obras
de cisternas e barreiros em Tobias Barreto e em Macambira, visita técnica para a estação de
bombeamento da adutora do São Francisco e seus componentes, caixa de passagem e quebra
7

carga, até a chegada na estação de tratamento de água R0 da DESO, localizado em Aracaju.


Foram realizados parecer técnicos de orçamentos das licitações públicas para aquisição de
material ou execução de serviços de reformas de escritórios da empresa ou manutenção de
barragens.

1.5 IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

O estágio supervisionado é a última oportunidade antes de se tornar engenheiro para


passar segurança, aprendizagem com a prática, sanar dúvidas, passar por situações desafiadoras
e inusitadas, sobre orientação de profissionais qualificados e experientes.

1.6 ESTRUTURA DO RELATÓRIO

O relatório de estágio supervisionado contará na sua estrutura com introdução,


revisão bibliográfica correspondente aos temas abordados, as descrições das atividades
exercidas e as devidas conclusões obtidas.
8

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Na revisão bibliográfica serão abordados embasamentos teóricos sobre serviços de


captação de água da chuva, construções de cisternas, construções de barreiros, disponibilidade
hídrica, medições e vistorias de obras.

2.1 DISPONIBILIDADE DE RECURSOS HÍDRICOS

Será abordado a situação hídrica do estado de Sergipe, onde são encontradas as


bacias hidrográficas e os recursos hídricos do estado.

2.1.1 Recursos Hídricos em Sergipe

Comparado a outros locais Sergipe e Alagoas, por possuírem uma pequena área
territorial, quando equiparado aos outros estados brasileiros, possuem reservas hídricas no
subsolo que se dão em proporções relevantes à ponto de suprir o abastecimento da faixa
litorânea das respectivas regiões. Estima-se que somando os dois estados, possuem um volume
aproximado de 100 km³/ano advindos de suas bacias sedimentares, conforme Figura 1. As
dificuldades no abastecimento desses dois estados localizam-se nas suas regiões semiáridas, daí
os baixos índices de oferta hídrica, de acordo com os dados fornecidos pela OMS. Ações de
instituições não governamentais, visam soluções alternativas para sanar as questões relativas ao
abastecimento de água da região, através dos barramentos necessários e do uso de cisternas
rurais para o aproveitamento da água de chuva, das quais se tornam exemplo para que
futuramente possam ser adotadas em outros estados nordestinos (MACHADO et al., 2017).
9

Figura 1 - Características Geológicas do Nordeste Brasileiro

Fonte: DEMETRIO et al., 2007.

De acordo com a SEMARH (2019), oito Bacias Hidrográficas atendem o Estado,


que são as bacias do Rio Sergipe, Rio São Francisco, Rio Vaza Barris, Rio Real, Rio Japaratuba,
Rio Piauí, Grupo de bacias Costeiras 1 e Grupo de bacias Costeiras 2. Os rios considerados
Estaduais são os rios Japaratuba, Sergipe e Piauí, pois suas bacias estão dentro do Estado de
Sergipe, exceto por uma pequena área dos rios Sergipe e Piauí, que recobre terras baianas.
Dentre as bacias citadas, cada uma possui características próprias e atendem ao Estado de
maneira heterógena, segundo Figura 2 (MATOS, 2015).
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Figura 2 - Bacias Hidrográficas do Estado de Sergipe

Fonte: SEMARH/SRH, 2019.

A bacia hidrográfica do rio Sergipe possui uma das maiores áreas de abrangência
no Estado, contemplando integralmente oito municípios, sendo eles, Laranjeiras, Malhador,
Moita Bonita, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora do Socorro, Riachuelo, Santa Rosa de
Lima e São Miguel do Aleixo. Além desses, dos quais são totalmente abastecidos pela bacia,
temos também outros dezoito munícipios parcialmente inseridos na bacia, Aracaju, Areia
Branca, Barra dos Coqueiros, Carira, Divina Pastora, Feira Nova, Frei Paulo, Graccho Cardoso,
Itabaiana, Itaporanga d`Ajuda, Maruim, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora das Dores,
Ribeirópolis, Rosário do Catete, Santo Amaro das Brotas, São Cristóvão e Siriri, abrangendo,
um total de vinte e seis municípios dos quais dependem dessa bacia hidrográfica (MATOS,
2015).
Dentre as bacias citadas, a bacia do rio Sergipe se encontra em destaque, pois
fornece uma síntese da realidade da Região Metropolitana de Aracaju, no que diz respeito a
qualidade e quantidade dos recursos hídricos presentes. A bacia hidrográfica do rio Sergipe
possui aproximadamente 565 km², dos quais abrangem os municípios de: Barra dos Coqueiros,
São Cristóvão, Nossa Senhora do Socorro e Aracaju. Se torna nítida a importância da bacia,
que está presente em aproximadamente 65% da RMA (IBGE, 2018).
A Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba, é uma bacia de pequeno porte que atende
integralmente municípios mais afastados da região metropolitana, atende parcialmente as
cidades próximas a capital, possui uma área geográfica de 1.735km², quase 8% do território
estadual e abrange vinte municípios. A bacia contempla, de forma integral os municípios de
Carmópolis, Cumbe e General Maynard e comtempla parcialmente os municípios de Aquidabã,
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Barra dos Coqueiros, Capela, Divina Pastora, Feira Nova, Graccho Cardoso, Japaratuba,
Maruim, Malhada dos Bois, Muribeca, Nossa Senhora das Dores, Pirambu, Rosário do Catete,
Santo Amaro das Brotas e Siriri (MACHADO et al., 2017).
A bacia hidrográfica tem como principais afluentes: os rios Japaratuba mirim,
Lagartixo, Siriri, Cancelo e Riacho do Prata. Sua nascente está localizada na Serra da Boa Vista,
no município de Palmeira dos Índios/AL, e desagua no Oceano Atlântico, destaque-se o fato
que a bacia tem como característica possuir uma planície aluvial, larga e extensa, tornando-a
propícia para o cultivo da cana-de-açúcar. Dentre as principais atividades de cunho econômico,
destacam-se a exploração do petróleo, gás natural, sal gema, calcário, potássio, turfa e areia,
magnésio, há também atividades secundárias como o turismo, lazer, pesca, abastecimento
humano e animal. Mediante tais atividades econômicas, as que conquistam destaque em relação
a problemas ambientais são a exploração mineral e a expansão da cana-de-açúcar, todavia
mesmo havendo agressão ambiental poucas são as medidas incrementadas na bacia voltadas
para os aspectos de preservação e conservação (SEMARH/SRH, 2019).
Outra bacia que conquista destaque e atende boa parte do território sergipano é a
Bacia Hidrográfica do Rio Piauí com uma área de abrangência de 4.150 km², equivalente a
19% do território estadual, abrange integralmente seis municípios: Santa
Luzia do Itanhy, Salgado, Estância, Boquim, Pedrinhas e Arauá e de forma parcial nove
municípios: Lagarto, Indiaroba Itabaianinha, Itaporanga D‘Ajuda, Poço Verde, Riachão do
Dantas, Simão Dias, Tobias Barreto e Umbaúba. Atendendo cerca de 432.000 habitantes
aproximadamente e situada ao sul do Estado, é um dos protagonistas da rede hidrográfica do
Estado de Sergipe (SEMARH/SRH, 2019).
A rede hidrográfica é bastante desenvolvida tendo como principal curso de água rio
Piauí, e seus afluentes, localizado ao longo da margem direita, destacam-se os rios
Arauá e Pagão, e pela margem esquerda, os rios Jacaré, Piauitinga e Fundo. Os usos das águas
dessa Bacia Hidrográfica se assemelham ao das demais, como: irrigação, mineração, indústrias
e consumo humano, é visível que as atividades sociais e econômicas da região, possuem
dependência direta com a bacia, fazendo com que indústrias e moradias, se concentrem ao longo
das margens do rio Piauí, possibilitando o desenvolvimento da região (MATOS, 2015).

2.2 CAPTAÇÃO DE ÁGUA DA CHUVA

Para o correto dimensionamento dos reservatórios de captação de água da chuva


(cisternas) deve-se observar alguns critérios para a captação e armazenagem como a demanda
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diária na propriedade, índice médio da precipitação por região em cada período do ano, tempo
necessário para a armazenagem, considerando uma margem de segurança e a área de captação
(GRINGS et al., 2006).
A cisterna deve atender a critérios mínimos como:
a) armazenar por um período mínimo de 15 dias, água suficiente para atender a
demanda da residência;
b) possuir acréscimo de 10% ao valor do volume calculado, referente ao coeficiente
de evaporação;
c) possuir um valor mínimo de 14 litros de água por pessoa, por dia;

Considera-se para o cálculo do volume da cisterna a Equação 1 abaixo:


Vc = (Vd + Nd) × 1,10 … … … … … … … … … … … … … … ….(EQ. 1)
Onde:
Vc: Volume da cisterna em (m³);
Vd: volume da demanda de água diária (m³);
Nd: número de dias de armazenagem (15 dias);

Considera-se para o cálculo da área de captação a Equação 2 abaixo:


𝑉𝑐
A = … … … … … … … … . . … … … … … … … … … ….(EQ. 2)
𝑃𝑚
A: área de captação (m²);
Vc: volume da cisterna (m³);
Pm: Precipitação média anual (m);

É válido ressaltar que a eficiência do dispositivo tem como fator principal a


precipitação média anual, logo é imprescindível a coleta de dados detalhada de cada local onde
será instalado o reservatório para que não ocorra possíveis erros de dimensionamento, tanto
gerando um custo superior ao necessário, como um déficit no armazenamento que poderia ser
maior que o coletado.
13

2.2.1 Componentes Básicos do Sistema de Captação e Armazenamento

Os componentes básicos do sistema de captação e armazenamento são utensílios de


fácil acesso e em sua maioria de baixo custo, não tendo assim grandes dificuldades para a
obtenção dos mesmos, o sistema é formado pelos seguintes componentes: (MORAIS, 2016).

2.2.1.1 Superfície de coleta

Área responsável por coletar toda a água da chuva proveniente, podendo ser
composta por telhas cerâmicas, metal, vidro, fibra de vidro e fibrocimento, conforme Figura 3.
O mais comumente utilizado são os telhados de telha cerâmica, apesar de não serem os mais
efetivos. Tem como principal função o escoamento da água pluvial, visando assegurar a coleta
do maior volume de água possível.

Figura 3 - Tipos de telhas - Cerâmica, fibra de vidro, fibrocimento e metal.

Fonte: SANTANA, 2015.

2.2.1.2 Telas de proteção de calhas

É vista como o primeiro dispositivo de filtração da água, composta por armações


metálicas colocadas ao longo das calhas, para a remoção de detritos de maior porte como folhas,
galhos e flores, que normalmente caem sobre o telhado e são carregados pela água da chuva.
Conforme Figura 4.
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Figura 4 - Telas de proteção de calhas.

Fonte: DIACONIA, 2008.

2.2.1.3 Calhas e condutores

Compostas em sua maioria de PVC, alumínio e aço galvanizado, responsáveis por


direcionar a água da superfície de coleta até o dispositivo de descarte ou diretamente ao
reservatório de armazenamento. Como mostra na Figura 5.

Figura 5 - Sistema de calhas e condutores.

Fonte: SANTANA, 2015.


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2.2.1.4 Sistema de descarte das primeiras águas

Tem como função desviar os primeiros milímetros de água da chuva, devido ao fato
de a superfície de coleta apresentar impurezas (detritos menores da atmosfera) no intervalo
intervalos entre as precipitações. Pode ser manual ou automático, manual é realizado
desconectando os tubos condutores e automático desviando um volume de água
automaticamente. Explicito na Figura 6.

Figura 6 - Sistema de descarte inicial.

Fonte: ALTIERI, 2012.

2.2.1.5 Reservatório

Pode ser composto de fibra de vidro, PVC, madeira, metal, concreto de


fibrocimento e alvenaria, tem como função armazenar a água proveniente das precipitações que
são direcionadas das calhas e condutores. Mostrado na Figura 7 abaixo
16

Figura 7 - Reservatório industrial em São Bernardo dos Campos/SP.

Fonte: SANTANA, 2015.

2.2.1.6 Bombeamento

Pode ser manual ou automático, manual é composto por uma bomba manual e o
automático através de uma bomba hidráulica a fim de interligar os reservatórios até os pontos
de uso. Em regiões semiáridas é comumente utilizado a elevação manual com balde e auxílio
com corda a fim de substituir o bombeamento que pode torna inviável o sistema na questão de
custo ou até mesmo zonas sem rede elétrica. Mostrado na Figura 8 abaixo

Figura 8 - Sistema de bombeamento da água da chuva.

Fonte: ALTIERI, 2012.


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2.2.1.7 Tratamento

Os sistemas de tratamento podem ser os mais variados possíveis pois irá depender
do destino ao qual se dará a água coletada, qualidade da água captada e espaço disponível para
captação. Para consumo humano por exemplo deverá passar por várias etapas, mostrado na
Figura 9 abaixo, a fim de atingir os índices exigidos pelo ministério da saúde, todavia para usos
domésticos básicos como por exemplo descarga do vaso sanitário, o sistema passa por um
processo de filtração simples com apenas a detenção de detritos a fim de melhorar a qualidade
da água coletada.

Figura 9 - Tratamento básico de água pluvial.

Fonte: DIACONIA, 2008.

2.2.1.8 Extravasor

Composto de PVC ou material metálico, mostrado na Figura 10 abaixo, tem como


função básica a saída do volume de água em excesso do reservatório ou esvaziamento para
limpeza e manutenção.

Figura 10 - Componentes de reservatórios.

Fonte: ALTIERI, 2012.


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2.2.2 Normatização para captação de água da chuva

Mesmo com as dificuldades encontradas em zonas críticas de abastecimento, a


utilização da água da chuva deve ser feita de maneira consciente, para que se evite doenças
causadas pelo acúmulo da água de maneira errada, elevando assim o índice de doenças e
mortalidades. Sendo assim o acúmulo de água não deve ser tratada como uma solução de menor
importância para atender a demanda da população necessitadas em comunidades difusas,
principalmente nas zonas rurais. Os sistemas de captação devem ser projetados de acordo com
as normas e de preferência contemplando o uso eficiente, de baixo custo e de fácil operação
para que se tenha um maior aproveitamento das populações rurais (SOUZA et al.,2018).
As normas brasileiras de armazenamento de água da chuva, são bastante parecidas
com as normas norte americanas, apresenta apenas uma maior diferença para uso não potável.
As normas que tratam da captação de água são NBR 10.844 (ABNT, 1989), intitulada
“Instalações prediais de águas pluviais” e NBR 15.527 (ABNT, 2007) intitulada
“Aproveitamento de água de chuva de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis”. O
órgão responsável pelos padrões de potabilidade da água é o ministério de saúde, cuja
regulamentação está contida no anexo XX da Portaria de Consolidação No 5/2017, que trata
dos procedimentos de controle, potabilidade e qualidade da água para consumo humano
(SOUZA et al., 2018).
Segundo a NBR 15.527 (ABNT, 2007), que consta a normatização para cálculo da
calha, remoção de detritos, condutores, cálculo dos reservatórios, utilização de filtros e da
manutenção das cisternas. Segundo ela:
a) para os cálculos das calhas, possui a NBR 10.844 (ABNT, 1989), a qual trata do
dimensionamento das calhas para captação da água da chuva, tendo como dados iniciais o
período de retorno escolhido, a vazão de projeto e a intensidade pluviométrica da região. O
material da calha deve ser feito de chapas de aço galvanizados, folhas de flandres, chapas de
cobre, aço inoxidável, alumínio, fibrocimento, PVC rígido, fibra de vidro, concreto ou
alvenaria;
b) para a remoção de detritos, a norma recomenda a instalação de grades, telas e um
dispositivo para que descarte a água inicial da chuva, para que limpe primeiramente a cobertura,
eliminando possível contaminação da água como poeiras, folhas, fezes de animais;
c) os condutores devem seguir a NBR 10.844 (ABNT, 1989). Onde são
especificados os materiais apropriados para uso, são eles: PVC rígido, aço galvanizado, chapas
de aço galvanizados, folhas de flandres, aço inoxidável, alumínio ou fibra de vidro. Possuindo
19

como diâmetro interno mínimo de seção circular de 70 mm para condutores verticais, já para
os condutores horizontais, a norma exige uma declividade mínima de 0,5 %. Possuindo uma
conexão entre os tubos horizontais e verticais com uma curva de raio longo com inspeção ou
caixa de areia;
d) os reservatórios devem seguir a NBR 12.217/94 que trata que o dimensionamento
deve ser feito em base de critérios técnicos, econômicos e ambientais. Possuindo extravasor,
dispositivo de esgotamento, cobertura, inspeção, ventilação e segurança. Sendo feita a retirada
da água do reservatório de modo que fique a 15 cm da superfície;
e) a manutenção necessita está de acordo com a NBR 15.527/2007 a qual consta
que deve realizar manutenção em todo o sistema de aproveitamento de água da chuva conforme
mostra no Quadro 1 abaixo.

Quadro 1 - Manutenção do Sistema.

Frequência de Manutenção
Componente Frequência de manutenção
Dispositivo de descarte de detritos Inspeção mensal e Limpeza trimestral
Dispositivo de descarte do escoamento inicial Limpeza mensal
Calhas, condutores verticais e horizontais 2 vezes por ano
Dispositivos de desinfecção Mensal
Bombas Mensal
Reservatório Limpeza e Desinfecção anual
Fonte: NBR 15.527 (ABNT, 2007)

2.2.3 Custos de implantação do sistema de captação

São diversos os tipos de reservatórios que possuímos no Brasil para armazenamento


da água da chuva, variando assim o custo de implantação do sistema, possuímos reservatórios
comprados prontos, reservatórios feitos de alvenaria, reservatórios enterrados, reservatórios
sobre o solo e semienterrados, podem possuir diversos formatos, entre eles retangular,
quadrada, cilíndrica ou cônica. Outro fator que interfere no custo do sistema é a capacidade de
armazenamento, que depende da quantidade de precipitação e da necessidade de projeto
(FEITOSA et al., 2018).
O custo de uma cisterna varia muito por causa da quantidade de tubulação que vai
se utilizar, pois cada casa necessita de uma quantidade de tubulação diferente da outra para que
se chegue a cisterna, depende também do tipo e do modelo de reservatório que vai ser utilizado,
do dispositivo para eliminação da água inicial que cai no telhado que vem carregada com
20

sujeiras dos períodos de estiagens e do tipo de mecanismo para retirar a água da cisterna,
podendo ser através de bomba ou mecanismos manuais (Programa cisternas, 2017).
Para utilização das cisternas em zonas precárias com o incentivo do governo, o
material já é fornecido pelo mesmo, é um método mais simples só que com a mesma finalidade,
possuindo capacidade de 16 mil litros. O custo de implantação é de 3.533,21 reais cada, nesse
valor está incluso a escavação, confecção das placas, confecção dos pisos e assentamento das
placas, amarração das paredes, reboco, construção da cobertura, confecção das bicas, retoques
e acabamentos e instalação da placa de identificação da cisterna e o custo com os cisterneiros
(constroem as cisternas). O prazo de execução é em média de 5 dias, além disso a população
conta com um abastecimento inicial da cisterna com oito mil litros de água e um dispositivo
automático para proteção da qualidade da água (Programa cisternas, 2017).

2.2.4 Capacidade de Armazenamento das Cisternas

As cisternas possuem uma capacidade de reservação de 16 mil litros, são do tipo de


placas possuindo um reservatório cilíndrico, coberto e semienterrado (é enterrado no chão por
mais ou menos dois terços de sua altura) (Programa cisternas, 2017).
O volume das cisternas cilíndricas, são medidos através da formula do volume do
cilindro V= 𝜋 ∗ 𝑟 2 ∗ ℎ, como no mínimo a cisterna deve possuir 16 mil litros, as medidas
mínimas para construção das cisternas pelo programa federal, mostrada na Tabela 1 abaixo, é
de:
21

Tabela 1 - Capacidade de armazenamento de uma cisterna.


Capacidade de Armazenamento 16000 l
Tipo Medida
Raio da Cisterna 1,73 m
Profundidade do Buraco 1,20 m
Altura do Solo 1,20 m
Altura Total 2,40 m
Nº de
Tipos de Placas Medidas
Peças
Curva 1,60 cm
Placas de Parede Espessura: 4 cm
88
(4 fileiras) Largura: 0,4 m
Altura: 0,50 m
Placas de Comprimento: 1,63 cm
Cobertura 21 Largura na borda: 0,50 m
(conjunto) Largura na ponta: 0,08 m
Comprimento: 1,66 m
Vigas (caibros) 21 Largura: 6 cm
Ferro: 1,71 m
Fonte: Arquivo Pessoal, 2019.

Para que esse processo de fabricação da cisterna seja feito corretamente e se obtenha
um padrão, é disponibilizado pelo governo federal todo material necessário para fabricação,
além de fornecer uma capacitação a todos os proprietários para que possam ajudar na
construção, evitando assim falhas e garantindo a qualidade das cisternas. Além de contar com
um órgão fiscalizador a COHIDRO.

2.3 Método de Execução das Cisternas

Segundo o Programa Cisternas (2017), o processo executivo das cisternas possui 8


etapas, são elas:
1º Passo - Escavação do buraco: onde primeiramente é feita a marcação, conforme
mostra a Figura 11 abaixo, riscando no solo um círculo de 2,30 m de raio, ficando com 4,60 m
de diâmetro, possuindo uma folga de meio metro para área de trabalho dos pedreiros. São dois
fatores fundamentais para a escolha do local a ser escavado, o primeiro é o tipo de terreno que
influi na profundidade de escavação e na estabilidade da cisterna. O segundo é para não realizar
a escavação e construção da cisterna por pelo menos 10 a 15 metros de locais próximos de
árvores, surrais, fossas.
22

Figura 11 - Escavação do buraco.

Fonte: Arquivo Pessoal, 2019.

2º Passo - Fabricação das placas: A utilização das placas é feita para o levantamento
da parede e montagem da cobertura, são fabricadas de concreto pré-moldado, com formas de
madeira ou ferro, onde são confeccionadas no local da construção, mostrada nas Figuras 12 e
13. É utilizada areia média lavada e peneirada, com um traço de 4 latas de areia por 1 lata de
cimento, com essa mistura bem compactada e alisada, enche a forma. É necessário realizar a
cura do concreto, molhando as placas periodicamente com um regador, pelo fato de que quando
o concreto é exposto a muito sol, ele perde a umidade tornando o concreto fraco.

Figura 12 - Fabricação da cobertura. Figura 13 - Fabricação da parede da cisterna.

Fonte: Arquivo Pessoal, 2019. Fonte: Arquivo Pessoal, 2019.


23

3º Passo - Fabricação dos caibros: São utilizadas formas de madeira para a


fabricação deste. Os materiais utilizados são:
a) um traço de 2 latas de areia, 2 de brita e 1 de cimento (areia grossa);
b) forma com 4 tábuas de 1,30 m de comprimento, 6 cm de largura, 2 a 3 cm de
espessura;
c) 17 varas de vergalhão ¼ de polegadas.
Obs: Fazer um gancho na extremidade de cada vara de vergalhão nos 10 cm
finais.
Na execução, é preenchido a metade da forma com a argamassa e colocar um
vergalhão, deixando o gancho de fora, conforme mostrado na Figura 14, após é completado o
enchimento da forma. Sendo repetida assim o processo construtivo para 17 caibros.

Figura 14 - Fabricação dos caibros.

Fonte: Arquivo Pessoal, 2019.

4º Passo - Construção da laje de fundo e da parede: Para a realização da


compactação e nivelamento do fundo do buraco conforme mostra a Figura 15, realiza:
a) um risco de 1,73 m de raio, a partir do centro do buraco;
b) para a marcação das bordas da cisterna, prende uma das pontas no cordão rígido
em uma estaca cravada no centro do buraco, em seguida, mede-se 1,73 m com o cordão bem
esticado, onde é amarrada outra estaca com uma das extremidades pontuada, girando e riscando
o chão, devagar e cuidadosamente, mantando o cordão esticado até completar o desenho de um
círculo no chão, com um diâmetro de 3,46 m;
c) umedecer e pilar o solo com um soquete, para que fique bem compactado,
lançando o concreto em seguida;
d) traço do concreto: 4 latas de areia grossa, 3 de brita e 1 de cimento;
24

e) a espessura do contra piso deve ser de 3 a 4 cm.


Para o assentamento das placas, deve utilizar argamassa com o traço de 2 latas de
areia por 1 lata de cimento, com uma distância de uma placa para outra de 2 cm. No
levantamento da parede, as placas devem ser rejuntadas com argamassa e escoradas pelo lado
interno com sarrafos ou varetas retiradas da vegetação local. Após o período de 8 horas, as
escoras podem ser retiradas, pois é o tempo necessário para estabilização das placas e secagem
dos rejuntes.
Depois faz a aplicação do reboco interno da parede, com um traço de 3 latas de
areia fina para 1 de cimento.
Na amarração das paredes, é utilizado:
a) arame galvanizado Nº 12;
b) a parede é envolvida com 26 voltas de arame de aço galvanizado Nº 12. O
restante do arame será utilizado para dar 4 voltas amarrando os caibros na borda da cisterna. A
amarração pode ser feita após 1 hora do levantamento das placas, deve se iniciar pela base,
sendo bastante distribuídas na parede da cisterna.
Posteriormente, realiza a aplicação do reboco externo, com um traço de 5 latas de
areia fina para 1 lata de cimento.
No reboco do fundo da cisterna, utiliza a mesma massa do reboco interno da parede,
com um traço de 3 latas de areia fina para 1 lata de cimento.
Para finalizar, é aplicado o impermeabilizante, após 1 ou 2 dias após a construção
do interior da cisterna. Sendo aplicado misturando o impermeabilizante com cimento, passando
3 demãos.

Figura 15 - Execução da laje de fundo

Fonte: Arquivo Pessoal, 2019.


25

5º Passo - Cobertura: Para a execução da cobertura, é feita a colocação do pilar


central e o posicionamento dos caibros, após é colocada as placas do teto e rebocado, com um
traço de 5 latas de areia para 1 de cimento. O acabamento é feito com uma pintura com cal.
6º Passo - Colocação do sistema de captação e do dispositivo automático para
proteção da qualidade da água: O sistema de captação é feito através de calhas de bica, que são
fixadas nos caibros do telhado da casa e canos que ficam entre as calhas e a cisterna. Na entrada
da cisterna, é instalado um coador para evitar o ingresso de sujeira no interior da mesma. É
colocado junto ao sistema de captação um dispositivo de descarte automático para proteção da
qualidade da água da chuva captada e armazenada.
7º Passo - Retoques e acabamentos: É feita uma cinta de argamassa para juntar os
caibros à parede da cisterna, com areia fina e cimento com um traço de 5 latas de areia para 1
lata de cimento. É realizada também a fixação das placas de identificação. Mostrado na Figura
16.

Figura 16 - Cisterna finalizada

Fonte: Arquivo Pessoal, 2019.

8º Passo -Abastecimento inicial da cisterna: Quando finalizada a cisterna, a mesma


deverá ser abastecida com oito mil litros de água potável para garantir a cura da cisterna, evitar
rachaduras logo após a construção e garantir água para o consumo imediato da família. E após
é colocada uma bomba manual para retirada da água.
26

2.4 Método de Execução de Barreiros

Os barreiros são escavações feitas no subsolo, com paredes verticais estreitas e


profundas, com a finalidade de armazenamento mínimo de 500 m³ de água. Possui dimensões
entre 3 a 5 metros de profundidade, fazendo com que armazene água por mais tempo e com
uma menor evaporação (Programa Cisternas, 2017).
Com a construção dos barreiros, garante o acesso a água e da segurança alimentar
e nutricional das famílias, garantindo uma maior produção de forragem para os animais.
Segundo o Programa Cisternas (2017), o processo executivo dos barreiros possui
4 etapas, são elas:

2.4.1 Escolha do Local

A escolha do local a ser instalado o barreiro, depende do tipo de solo e topografia


existente em cada propriedade. É indicado esse tipo de barreiro para solos que estejam na região
de subsolos cristalinos pois reduz o tempo de infiltração da água, ficando armazenada por mais
tempo.
Para instalação do mesmo, deve se procurar um local no terreno que possua uma
declividade suave, quase não imperceptível, para que se evite deposito de sedimentos e
diminuição da capacidade de armazenamento, não deve ser instalado no leito de enxurrada ou
em afluentes de riachos/córregos. Deve ser situado próximo à área produtiva da família e perto
de onde se criam os animais.

2.4.2 Sondagem

A escolha do local tem que ser feita cuidadosamente, é de fundamental importância


ter o conhecimento do que as famílias fazem em cada área do terreno, principalmente os que
possuem poços e cacimbas escavadas, para se obter informações mais precisas sobre as camadas
de solo, sua profundidade e o comportamento dos vazamentos e sua impermeabilidade.
Depois da escolha, antes ainda de iniciar a escavação, é feita uma sondagem do
local, onde é escavado 3 buracos no mínimo em linha reta, ao longo da possível vala, para se
saber a profundidade do solo e a localização do cristalino/impermeável, através de valas com a
profundidade pretendida do barreiro trincheira. O local é considerado adequado para escavação
27

quando durante a sondagem não encontre areia ao chegar a 4 ou 5 metros de profundidade,


encontrando assim uma camada impermeável ou rocha.

2.4.3 Escavação

Na escavação, primeiramente é demarcada a área a ser escavada com estacas de


madeira, marcando em seguida o contorno com cal ou areia branca. Na parte superficial, de
solo, a parede deve ser chanfrada, num ângulo de 30 a 45 graus. Quanto mais arenoso o solo,
maior deve ser a inclinação do ângulo, de forma a evitar o desmoronamento. Na porção rochosa,
as paredes devem ser as mais verticais possíveis. É importante verificar a existência de água na
vala, pois caso exista, há o risco de desmoronamento. Deve verificar também se existem árvores
a menos de 10 metros da parede do barreiro, para evitar problemas com a raiz.
Posteriormente a escavadeira hidráulica deve escavar e depositar o material retirado
nos lados da valeta que se forma. Em seguida, a máquina deve entrar na valeta formada,
escavando até alcançar a profundidade determinada pela sondagem. É recomendado que o
barreiro tenha no mínimo 4 metros de profundidade para oferecer melhores resultados. Por fim,
a máquina sobe no material depositado dos dois lados do barreiro trincheira, com a finalidade
de afasta para mais longe, para não cair de volta ou ser levado pelas chuvas para dentro da
escavação e para reduzir a velocidade do vento por cima da superfície da água e por
consequência as perdas por evaporação
O barreiro trincheira de referência é marcado com 16 metros de comprimento, 5
metros de profundidade e 5 metros de altura. A partir de então, se marca a rampa com 8 metros
de comprimento e 5 metros de largura, iniciando com 5 metros de profundidade até alcançar o
nível 11 do solo. A depender do local escavado, pode ser modificado a profundidade, o
comprimento total, o comprimento e a inclinação da rampa para que se adeque melhor as
condições do solo, tornando assim variedade na profundidade e comprimento. O importante é
possuir a capacidade mínima de armazenamento de 500 m³ ou 500 mil litros de água.

2.4.4 Finalização

Após a conclusão da escavação do barreiro, é cercada a área para evitar com que
pessoas ou animais sofram acidentes graves. Depois de realizado o cercamento, é retirado do
fundo do barreiro uma camada de 10 a 15 cm de material solto que não consegue ser retirado
28

com a máquina. Se a camada for de 20 cm de altura, por exemplo, significa que o barreiro teria
4.000 litros a menos de capacidade de armazenamento.
Quando os barreiros não tiverem declividades, é necessário escavar valetas rasas,
de pouco declive, em forma de “V” que convergem em direção à boca do barreiro. As valetas
não precisam ter mais de 20 cm de profundidade e o declive não mais de um centímetro em
cada dois metros. O comprimento das valetas, a cada lado do barreiro pode ter 100 metros. Se
o solo for arenoso, é melhor aumentar o comprimento. É difícil estabelecer uma regra, pois cada
caso é um caso diferente. Pode ser também que depois da primeira chuva seja necessário
encurtar a valeta de captação, ou deixa-la menos inclinada, para reduzir a velocidade da água,
que carreia entulho para o barreiro. Sendo necessária a limpeza das valetas para facilitar o
escoamento e a entrada da água no barreiro.

2.5 MEDIÇÕES DE PAGAMENTO DE SERVIÇOS

É de função do engenheiro civil fiscalizar obras, garantindo a qualidade do serviço


realizado, pois mesmo realizando os procedimentos corretos, podem se haver defeitos na
conclusão da obra, além de garantir a qualidade e utilização do material. As falhas são sempre
suscetíveis a acontecer, sendo o engenheiro civil o responsável pela descoberta do problema e
minimizar e corrigir o mesmo evitando problemas mais graves no futuro (TISAKA, 2006).
De acordo com o orçamento realizado, as maiorias das obras são realizados os
pagamentos das medições pela execução do serviço mensalmente. Sendo levantado pelo
engenheiro fiscalizador os quantitativos e a porcentagem de conclusão do serviço, para que
posteriormente libere a fatura de pagamento do mesmo (TISAKA, 2006).
De acordo com (MATTOS, 2010), existem 4 passos para uma obra sair em perfeito
planejamento:
a) planejar: Planejar a obra, antever a logística construtiva, informando metas e
prazos;
b) desempenhar: Materialização do planejamento, a execução do serviço;
c) checar: A checagem representa a aferição do serviço executado, função que
consiste na comparação do realizado e previsto, apontando as diferenças quantitativas e de
qualidade, relacionando com o prazo vigente;
O levantamento de campo do que foi executado é uma tarefa de contagem de dados,
o qual é verificado e contabilizado todo processo construtivo concluído no determinado tempo
programado no orçamento e de qualidade do que foi executado. Possuindo um controle sobre o
29

andamento da obra e prazo final de execução, verificando assim se precisa acelerar mais a obra
ou continuar no mesmo ritmo (MATTOS, 2010).
d) agir: Identificação de melhorias e oportunidades de aperfeiçoamento.

2.5.1 Acompanhamento de obras

O acompanhamento de obras é a identificação da execução das atividades


planejadas e a atualização do planejamento da mesma, pois uma obra sem um acompanhamento
adequado, ocorrem muitos imprevistos, pode gerar um maior tempo para finalização, além de
não possuir um maior controle de qualidade. Portanto, um planejamento criterioso e um
acompanhamento continuo diminui-se a probabilidade de problemas no canteiro de obras
(MATTOS, 2010).
De acordo com Mattos (2010), o progresso das atividades é conferido em campo,
para posterior comparação entre os quantitativos previstos e realizados, sendo medido em
quantidades como m2, m3, um, kg ou porcentual. Com a comparação dos dados medido em
obra e o calculado no orçamento, o cronograma é recalculado em função do real progresso das
atividades.
30

3 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES DE ESTÁGIO

A seguir serão descritas a execução de cada serviço realizado pelo estagiário, com
o acompanhamento de um profissional formado e experiente adequado para orientar o serviço,
destacando o desenvolvimento das atividades apresentadas e realizadas.

3.1 FISCALIZAÇÃO DE CISTERNAS

A seguir será descrito o processo para fiscalização das cisternas, sendo realizado
em todas as cisternas construídas, verificando se estão de acordo com as dimensões mínimas
exigidas em projeto.

3.1.1 Medição de raio escavado

Com o auxílio da trena, foi esticada de um lado ao outro da circunferência escavada,


aferindo assim o diâmetro da circunferência escavada, após foi verificado se a dimensão é maior
do que a solicitada em projeto, superior a 3,46 m.

3.1.2 Medição da profundidade escavada

Com uma trena, foi aferido o valor da profundidade escavada, encostando-a no


fundo do buraco até a parte que se iguala com o solo. A profundidade mínima tem que ser de
1,20 m.

3.1.3 Cálculo do volume fina da cisterna

Para realizar o cálculo do volume final, foi utiliza a formula para volumes
cilíndricos, V= 𝜋 ∗ 𝑟 2 ∗ ℎ, sendo obrigado a obter um volume maior ou igual a 16 mil litros.

3.1.4 Analise do material para fabricação

Foi analisado o processo de fabricação das placas de parede, de cobertura e das


vigas, além da aplicação da compactação do fundo da vala e da aplicação do concreto magro
31

para execução da cisterna. Foram analisadas 88 placas de paredes, 21 placas de cobertura e 21


caibros. Seguindo as dimensões da tabela 2.

3.1.5 Aferição das coordenadas

Com a ajuda de um GPS, foi encostado na cisterna e anotado as coordenadas de


localização da mesma, para que seja georeferenciada e monitorada futuramente.

3.2 FISCALIZAÇÃO DE BARREIROS

A seguir será descrito o processo para fiscalização dos barreiros, sendo realizado
em todos os barreiros construídos, verificando se estão de acordo com as dimensões mínimas
exigidas em projeto.

3.2.1 Medição do comprimento

Com o auxílio de uma trena, foi esticada do início da escavação até o final, medindo
o comprimento do barreiro.

3.2.2 Medição da largura

Ainda com o auxílio da trena, foi esticada de uma ponta a outro do barreiro, aferindo
assim a sua largura.

3.2.3 Medição da rampa

Nesta etapa, foi esticada a trena do início da rampa até o final da mesma.

3.2.4 Medição da altura

Como possui uma altura muito grande, foi esticada a trena até que se encostasse no
fundo do barreiro, para aferir a altura do mesmo.
32

3.3 ACOMPANHAMENTO DA REFORMA DA SEDE

Foi acompanhada a reforma da obra da sede, a qual foram trocados os pisos, a


cobertura, a instalação elétrica e as janelas. A obra foi realizada por uma empresa terceirizada
e fiscalizada pelos engenheiros da COHIDRO.
33

4 CONCLUSÃO

Foi de extrema importância a realização do estágio supervisionado, pois foi


conhecido de maneira prática a profissão, além de gerar um maior contato com os engenheiros
formados e aumentar o conhecimento. Além de deixar claro as dificuldades obtidas no processo
de estágio, podendo assim aperfeiçoar mais os conhecimentos.
Por se tratar de um estágio em uma empresa pública, várias dificuldades foram
encontradas no desenvolvimento das atividades, porém, foi buscado outras alternativas com
esforço e vontade para resolver e assim realização dos serviços, além da boa vontade de querer
e ajudar e resolver do chefe.
Com os conhecimentos adquiridos no curso durante todos os períodos, foi possível
que realizasse todas as atividades destinadas, algumas foram aperfeiçoadas em campo, pois
necessitavam de um conhecimento prático e de uma certa importância.
Foi importante a união de todos do setor, mostrando que é necessário a interação
entre engenheiros, arquitetos e estagiários para formação de uma equipe multidisciplinar com
uma maior abrangência de conteúdo e uma maior divisão de tarefas.
Portanto, com a realização do estágio supervisionado, mostra como é importante a
interação entre a teoria e a prática, além da importância de desenvolver todas as etapas de
formação, para influenciar na formação de um profissional mais qualificado e mais seguro, com
um nível de conhecimento suficiente para o cotidiano da profissão e domínio relevante em sua
área para atingir as exigências do mercado de trabalho e competir de igual a igual com os outros
profissionais atuantes.
34

REFERÊNCIAS

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Aproveitamento coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis - Requisitos. Rio de
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ESTADO DE SERGIPE, 2019. Disponível na Internet
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Evangelista, Mário Farias e Leonardo Freitas. Recife: Diaconia, 2008.

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