Você está na página 1de 3

COLÉGIO MARIA MONTESSORI

PROFESSORA BELE BARROS

TERCEIRÃO/2020

ANÁLISE DO TEMA DE 2019 – A DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO AO CINEMA NO


BRASIL

O tema da redação partiu da hipótese inicial de que o cinema, enquanto linguagem


artística e como espaço de relações sociais de lazer, encontra-se em uma situação de
diminuição de seus expectadores, pois o acesso é relativamente limitado apenas às pessoas
dotadas de melhores capacidades financeiras. O grande investimento necessário para ingresso,
gastos com deslocamento, entre outras atividades pertinentes ao evento, afasta as pessoas
das camadas populares.

Os estudantes tiveram acesso a textos de apoio para compor a argumentação, como:

- trecho do artigo "O que é cinema", de Jean-Claude Bernardet;

- trecho do texto "O filme e a representação do real", de C.F.Gutfreind;

- infográfico do periódico "Meio e a Mensagem" sobre o percentual de brasileiros que


frequentam as salas de cinema;

- trecho do texto "Cinema perto de você", da Ancine.

Os motivadores não despertaram no aluno nenhuma situação que não esteja ligada
aos fatores sociais e econômicos – então o aluno, com base nas informações dos textos
motivadores, não teria como buscar novas informações, além da ideia de questões
relacionadas ao processo de exclusão social. Portanto, o tema induz a análise do processo de
elitização do cinema, como a Indústria Cultural controla o conteúdo e a distribuição dos
filmes e como se realizam as políticas culturais que trabalham para democratizar esse
acesso.

A distribuição e o acesso do povo às salas de cinema no Brasil podem apresentar um


reflexo da concentração socioeconômica e da desigualdade regional do país. Os resultados
são as barreiras que dificultam a democratização do cinema por conta:

dos valores dos ingressos – consequência da dominação da Indústria Cultural sobre as


salas de exibição – e a frequência por um público com maior poder aquisitivo.
do desenvolvimento tecnológico que possibilitou o acesso aos filmes por meio de
plataformas digitais de streaming.

Assim, considerando, especificamente, as questões materiais que determinam a


dificuldade para uma pessoa mais pobre e de cidades do interior usufruírem dessa alternativa
de lazer, como gastos com transporte e ingressos, é possível explicar, em certa medida, a
diminuição do público das salas de cinema proveniente das camadas populares da sociedade e
da ausência de interesse do mercado em razão do desenvolvimento tecnológico.
Em decorrência desse argumento, o candidato poderia trazer a tendência de adoção
de políticas públicas voltadas para a efetiva democratização desse cenário. Assim, o aluno
poderia apresentar as seguintes ideias:

- Observar a contextualização sobre o processo de elitização do cinema.

- Analisar as possibilidades de democratização do acesso a essa forma de entretenimento e


lazer.

Entre as inúmeras possibilidades de Repertórios Socioculturais que poderiam ser utilizadas


neste texto:

- Repertório Filosófico Aristotélico da responsabilidade do Estado;

- Repertório Sociológico de Robert Putnam;

- Repertório Sociológico Jurídico da Constituição no artigo 3º - Construir uma sociedade justa,


livre e solidária;

- Repertório Jurídico da Constituição no artigo 6º - Lazer é um Direito Social;

- Repertório Jurídico da Constituição no artigo 215 – Estado garantindo a todos o pleno


exercício dos direitos culturais;

- Repertório Filosófico da Escola de Frankfurt – Indústria Cultural como fator alienante e


homogeneizador de comportamentos;

- Repertório Histórico do Cinema Novo – Denúncias da desigualdade social.

- Repertório Jurídico da Constituição no artigo 1º - Com a ideia de cidadania.

- Repertório Sociológico de Thomas Marshall – a ideia de que cidadania se alcança por meio de
lutas sociais.

O aluno poderia analisar o domínio da indústria cultural, sua homogeneização de


comportamentos e o processo de elitização da cinematografia, colocando em perspectiva as
iniciativas que estão do lado contrário do mercado, com a proposta de levar o cinema aos mais
diversos lugares. Dessa forma, assume-se como proposta de argumentação a dimensão do
cinema como cultura e como linguagem artística, verificando-se, quanto aos aspectos sociais
desse processo, os sujeitos que podem consumir e os que gostariam de consumir.

Uma excelente interpretação poderia ser atribuída a lógica do mercado cultural, que
monopoliza os filmes disponíveis e como eles são apresentados e, dessa forma, determina os
preços praticados pelas salas de cinema. Além disso, esse monopólio de distribuição também
influencia no conteúdo que é mostrado.

Argumento Principal - Educação e arte estão intimamente ligadas. Por meio da arte, o
indivíduo é introduzido a novas realidades que outrora não conhecera e, depois, está apto a
expressá-la mediante outras linguagens capazes de atingir e passar mensagens sociais aos
mais diversos grupos, sendo, assim, importante instrumento de inclusão social.

Utilizamos os seguintes argumentos para o desenvolvimento:

Selecionar a Tese 1 – Estabelecer uma visão crítica


Relacionar a Tese - Através da arte, propagam-se novos modelos de papéis e estilos de vida. A
arte está apta e nos torna aptos a conhecer diversas realidades mediante pessoas inseridas em
diferentes contextos sociais, permitindo-nos, assim, ampliar o senso, a visão crítica e a
integração em grupos sociais.

Interpretar a Tese – Trabalhe a concepção de que a arte, mais que forma de expressão, deve
ser vista como instrumento de inclusão social, contemplando e complementando o
desenvolvimento de aprendizagens nas outras áreas do conhecimento – as diversas formas de
educação e expressão artística podem tirar o jovem da situação de violência e criminalidade,
introduzindo-o a uma nova realidade a ser captada e expressada por meio das mais diversas
linguagens; consagra-se, assim, a função social da arte – cite exemplos de artes que se
originaram na periferia como o hip-hop.

Selecionar a Tese 2 – Tratar a arte como inclusão social

Relacionar a Tese - Apesar de constantemente subvalorizada, vista como algo supérfluo ou até
inútil, a arte é o pilar que sustenta o que há de humano em nós: nossa expressão, nosso olhar
do mundo, nosso impulso em nos conectar com o mundo que reside em nós.

Interpretar a Tese – Mostrar no texto que não precisa esperar por um cenário apocalíptico
para tentar buscar na arte um refúgio, o absurdo cotidiano em que se está imerso já pede por
uma ressignificação – precisa-se da arte e de quem se dedique a criá-la – especialmente em
momentos de ruptura, pois quando as coisas parecem perder o rumo, as pessoas atingem
níveis preocupantes de embrutecimento, e isso provoca uma perda de inclusão social – cite a
reforma no ensino médio proposta pelo governo com a ideia de tirar artes do currículo.

Portanto, ao considerar a aproximação entre cinema e educação, entende que o


cinema faz o papel de orientador, no sentido de possibilitar a ampliação para o mundo da arte
e da cultura. Pode-se inferir, dessa maneira, que o cinema opera significados distintos e acaba
se inserindo na realidade. Sua importância se constata para além da sua participação no
mercado e se manifesta em ações de resistência sociocultural, no qual o espectador se
transforma em cidadão.

Por fim, cabe uma crítica ao tema que, apesar de fácil dissertação, não contempla uma
ideia de “Fato Social”, no sentido que a realidade de salas de cinema não é apresentada na
grande maioria das cidades brasileiras e que, portanto, não reflete o cotidiano de brasileiros
que não possuem salas em sua cidade e que fazem a prova do exame nacional.

Você também pode gostar