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Paula Pamplona1 Treino de exercício na doença pulmonar crónica


Luísa Morais2
Exercise training in chronic pulmonary disease

Recebido para publicação/received for publication: 06.07.20


Aceite para publicação/accepted for publication: 06.09.08

Resumo Abstract
O treino de exercício tornou-se a pedra basilar dos pro- Exercise training has become a cornerstone of Pul-
gramas de reabilitação respiratória. Desde os anos 90, monary Rehabilitation. Since the nineties, the effecti-
está comprovada a sua eficácia na melhoria da capacida- veness in clinically relevant improvements in exercise
de para o exercício e qualidade de vida. As normas actuais capacity and health-related quality of life has been
recomendam exercício contínuo de alta intensidade dos proved. Current guidelines (Evidence A) recommend
membros inferiores, como a modalidade de exercício mais high intensity continuous exercise for lower extremi-
eficaz (evidência A); no entanto, para alguns doentes é ties as the most effective exercise modality, however,
por vezes difícil iniciar este tipo de programa, dada a for some patients it is often difficult to initiate such
limitação por dispneia ou fadiga dos membros inferiores. an exercise programme due to the limitation of dysp-
Nos últimos anos, têm-se dado especial relevância à noea or leg fatigue.
integração de outras modalidades de exercício (contí- In recent years, special relevance has been given to
nuo versus intervalado, aeróbico versus força, inclusão the integration of other modalities of exercise (conti-
ou não de treino dos músculos respiratórios). Os au- nuous versus interval, aerobic versus strength, inclu-
tores revêem a actual literatura sobre treino de exercí- sion or not of respiratory muscle training). The au-
cio na doença respiratória crónica, certos de que a disp- thors carry out a review of the current literature
neia e a inactividade condicionam um ciclo vicioso concerning exercise training in chronic pulmonary
que pode ser revertido pelo treino de exercício, plane- disease and this highlights the role of tailored exerci-
ado individualmente e de forma exacta. se to break the vicious cycle of dyspnoea and inactivity.
Rev Port Pneumol 2007; XIII (1): 101-128 Rev Port Pneumol 2007; XIII (1): 101-128
Palavras-chave: Treino de exercício, treino aeróbico, Key-words: Exercise training, aerobic training, stren-
treino de força, reabilitação respiratória. ght training, pulmonary rehabilitation.

1
Assistente graduada de Pneumologia
2
Fisioterapeuta
Hospital Pulido Valente, Unidade de Readaptação Funcional Respiratória
Directora de Serviço: Dr.ª Clarice Santos
Alameda das Linhas de Torres, 117
1769-001 Lisboa

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Treino de Exercício na Doença Pulmonar Crónica
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Introdução tos de intervalo 17). A sobrevida de 625


A reabilitação respiratória beneficia todos doentes com DOPC, durante seis anos, per-
os doentes com doença respiratória que mitiu-lhes validar um índice multidimensio-
têm o seu dia-a-dia afectado pela dispneia nal (BODE) com maior valor preditivo do
crónica. A grande maioria desses doen- que a análise isolada de FEV1, que apesar da
tes têm doença pulmonar obstrutiva cró- sua importância no estadiamento da DPOC
nica (DPOC), mas outras patologias não reflecte as manifestações sistémicas desta
causadoras de dispneia, como asma, bron- doença.
quiectasias, fibrose quística, doenças do Apesar de a reabilitação respiratória não pro-
interstício, deformidades da caixa toráci- porcionar melhoria funcional respiratória
ca e doenças neuromusculares poderão nítida, beneficia várias áreas de interesse
também beneficiar1,2,3,4,5. do doente, nomeadamente a dispneia, a ca-
Independentemente do tipo de doença pacidade para o exercício, o estado de saúde
Apenas alguns respiratória crónica, os doentes desenvol- e a utilização dos serviços de saúde, porque
estudos publicados vem morbilidades secundárias às incapa- interfere com as alterações decorrentes da
evidenciam cidades dos músculos periféricos, cardía- doença crónica, nomeadamente o descondi-
benefícios da cas, nutricionais, psicológicas e ainda às cionamento cardíaco, a disfunção muscular
reabilitação dificuldades em desenvolver estratégias periférica, a redução da massa corporal total
respiratória em para lidar com a doença. Assim, a reabili- e massa magra, a ansiedade e as estratégias
doentes não DPOC tação respiratória poderá ser parte impor- de coping reduzidas2.
idênticos aos obtidos tante no tratamento dos doentes cujos
nos doentes DPOC sintomas respiratórios estão associados a Conceitos
diminuição da capacidade funcional e da As múltiplas tentativas de definição de con-
qualidade de vida3. Contudo, apenas al- dição física têm-se mostrado insuficientes.
guns estudos publicados evidenciam be- A sua associação e identificação com o con-
neficíos da reabilitação respiratória em ceito de saúde é inquestionável, já que é im-
doentes não DPOC idênticos aos obtidos possível obter um bom nível de condição fí-
nos doentes DPOC6,7,8,9, 10. sica com um estado de saúde geral deficiente,
A dispneia e a incapacidade para o exercício sendo também insuficiente tentar melhorar
têm sido estudadas como factores de risco o bem-estar geral num indivíduo cuja condi-
de mortalidade na DPOC11,12. Recentemen- ção física é reduzida.
te, Celli et al 13 publicaram um estudo em que É muito difícil dissociar estes dois aspec-
são identificados quatro factores principais tos fundamentais no bem estar geral – con-
de risco de mortalidade. Para além do nível dição física e saúde. Genericamente, de
de obstrução (O – quantificado pelo FEV114), acordo com a perspectiva global, a condi-
foram significativos o índice de massa cor- ção física caracteriza as potencialidades de
poral (B)15, o índice de dispneia (D – quanti- resposta e integração, no âmbito biomo-
ficado pela modifided Medical Research Council 16 tor, face ao seu envolvimento biossocial18.
e a capacidade para o exercício (E – avaliada A Organização Mundial de Saúde19 define
através da melhor de duas provas de mar- condição física, de forma mais restrita,
cha, executadas pelo menos com 30 minu- como a capacidade para realizar de forma

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satisfatória determinada tarefa muscular ou cardiovascular e respiratória nos indivíduos


motora. saudáveis.
Na realidade, o exercício é um dos mais Treino de força, ou resistence, pressupõe a
conhecidos e estudados estímulos fisioló- utilização de estímulos de intensidade ele-
gicos perturbadores da homeostasia. A vada e de curta duração, mais localizados
possibilidade de manter o equilíbrio inter- a pequenos grupos musculares (por ex:
no quando a produção de trabalho mecâ- treino do quadricípite com halteres, má-
nico é significativa – exercício muscular quinas de musculação etc.). Este tipo de
pressupõe a existência de adaptações agu- treino pressupõe avaliação da força mus-
das e crónicas18,20. cular estática e dinâmica. Força muscular
Por treino entende-se a exposição sistemá- refere-se à máxima força que pode ser pro-
tica a um estímulo de forma estruturada para duzida por um músculo específico ou gru-
obter as adaptações fisiológicas desejáveis. po de músculos.
O treino físico (exercício) pode visar a me- A força estática ou isométrica pode ser
lhoria da capacidade aeróbica, da força, da quantificada utilizando dispositivos que ava-
flexibilidade e da coordenação motora. Nos liam o pico de força desenvolvido e referido
programas de reabilitação respiratória que como contracção máxima voluntária.
englobam a componente de exercício pode- Quando o teste implica movimento do cor-
mos dizer sumariamente que há duas moda- po ou uma carga externa, então avaliamos a
lidades de treino essenciais: Treino aeróbico força dinâmica. O gold standard da força di-
com eficácia comprovada e treino de força nâmica é uma repetição máxima (1-RM)
com interesse crescente na reabilitação res- do maior peso que pode ser levantado uma
piratória4. vez ao longo de toda amplitude sem movi-
O treino aeróbico, predominantemente mentos compensatórios.
treino de endurance, pressupõe a realização de Este tipo de treino tem sido utilizado na rea-
estímulos com uma intensidade moderada a bilitação de indivíduos idosos e em doentes
elevada e duração moderada a longa, utili- com insuficiência cardíaca crónica para me-
zando grandes grupos musculares (por exem- lhorar a força muscular periférica, a capaci-
plo marcha, bicicleta, natação, remo etc.), uti- dade de exercício e a deambulação. A sua
lizando energia, essencialmente, produzida aplicação nos doentes com DPOC não está
pela via aeróbica. tão documentada quanto o treino aeróbico5,
Nos indivíduos saudáveis, o treino aeróbi- mas são vários os trabalhos que nos últimos
co realiza-se a 60 a 90% da frequência car- anos têm demostrado a sua indicação, quer
díaca máxima ou entre 50 a 80% do con- como alternativa para os doentes com inca-
sumo máximo de oxigénio. Este tipo de pacidade em executar um treino aeróbico
exercício executado com esta intensidade, eficaz3,21, quer como modalidade a associar
durante 20 a 45 minutos e repetido 3 a 4 ao treino aeróbico3,22,23, já que a fraqueza dos
vezes por semana, aumenta a capacidade músculos esqueléticos foi demonstrada mes-
máxima e a capacidade funcional para o mo em fase ligeira da DPOC24.
exercício, causa adaptações fisiológicas nos A prescrição do treino de força (com maior
músculos periféricos e melhora a função ou menor componente de força ou de en-

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durance local (Quadro I), é entusiasmante, ca, descondicionamento e agravamento de


já que é uma modalidade que aumenta o sintomas com limitação no exercício.
índice de massa muscular e a força locais, A reabilitação eficaz requer ajustamentos ade-
desencadeando menor dispneia no perío- quados na medicação, para obter optimiza-
do de exercício, pelo que é mais bem tole- ção dos mecanismos respiratórios, com even-
rado do que o treino aeróbico nos doentes tual necessidade de oxigenoterapia, para que
com DPOC grave, podendo assim ser uti- seja mantida oxigenação adequada durante
lizado como forma inicial de treino e ou o exercício, apoio psicossocial e, particular-
adaptado às necessidades individuais de mente nos doentes com DPOC, asma e fi-
cada doente3,26. De um modo geral, as ses- brose quística, certas técnicas de controlo
sões incluem entre duas a quatro séries de respiratório e drenagem de secreções devem
12 repetições com intensidade entre 50 a ser executadas e, eventualmente, utilizadas
85% de uma RM3. antes ou após treino de exercício27,28,29.
A combinação dos treinos de endurance e de Estas medidas são pré-requisito para iniciar
força tem múltiplos efeitos benéficos e é bem um programa com treino do exercício. Com
tolerada; o treino de força tem particular in- uma broncodilatação optimizada, a causa
dicação nos doentes com atrofia muscular principal de limitação no exercício pode al-
significativa3. terar-se da dispneia para a fadiga dos mem-
bros inferiores, assim permitindo ao doente
Treino de exercício – Os benefícios exercitar os seus músculos periféricos de for-
As doenças pulmonares crónicas podem ser ma mais intensa3. O passo seguinte, para
vistas como um ciclo vicioso de sintomas obter os melhores resultados, é estruturar um
incapacitantes que levam à inactividade físi- treino aeróbico e de força.

Quadro I – Características dos programas de treino de força

Força Força-endurance Endurance


Carga 80-100% de 1RM 70-85% de 1 RM 30-60% de 1 RM
Volume 1-3 séries de 3 séries de 1-3 séries de
1-8 repetições 8-12 repetições 20-30 repetições
Intervalos de repouso 2-3 minutos 1-2 minutos ≤ 1 minuto
Frequência 4-6 dias / semana 2-4 dias / semana 2-4 dias / semana
manutenção 1-2 dias/sem
Progressão Aumento 2-10% Iniciados: 60-70% 1RM
Benefícios esperados Melhoria da: Hipertrofia, melhoria da: Melhoria da:
• massa muscular; • massa muscular; • capacidade oxidativa
• força; • força; muscular;
• densidade óssea. • densidade óssea; • capilarização;
• endurance muscular; • endurance muscular;
• capacidade exercício. • capacidade exercício.
Adaptado de Saey et al 25.

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A participação regular em actividades fisícas Treino de exercício – Os princípios


pode manifestar-se em benefícios fisiológi- O treino de exercício baseia-se nos princí-
cos, metabólicos e psicológicos nos doentes pios gerais de fisiologia do exercício: Sobre-
com DPOC (Quadro II). carga, especificidade, reversibilidade e indi-
O treino de exercício foi proposto como o vidualização33,34,35.
método mais eficaz para dessensibilização da Sobrecarga: Este princípio diz-nos que para
dispneia. Para que isso se verifique, o doente um tecido ou órgão melhorar a sua função O treino de exercício
deverá ser exposto a níveis de dispneia supe- tem que ser exposto a uma carga a que não foi proposto como
riores ao habitual, em ambiente seguro. está habitualmente adaptado. A repetição da o método mais
Teoricamente, a auto-eficácia em lidar com exposição está associada a adaptações desse eficaz para
o sintoma aumenta, bem como o seu limiar tecido ou órgão, provocando uma melhoria dessensibilização
de percepção. É possível que o exercício em funcional da capacidade. da dispneia
ambiente de segurança e com monitoriza- Na prescrição do exercício especifica-se a
ção supervisionada diminua a possibilidade intensidade, a frequência e a duração do
de apreensão, ansiedade e/ou medo associa- treino35.
do à sensação de dispneia de esforço30. Durante alguns anos, pensou-se que certas
E assim, para além da melhoria das várias doenças respiratórias crónicas provocavam
variáveis de exercicío, um programa de rea- limitação ventilatória que impedia a possibi-
bilitação com treino de exercício e ensino tem lidade de executar níveis de intensidade, de
a capacidade de aumentar a segurança do treino aeróbico, capazes de proporcionar os
doente e diminuir a sua ansiedade31,32), dado benefícios fisiológicos verificados nos indi-
que é também uma oportunidade para a aqui- víduos saudáveis. A partir da década de 90,
sição de conhecimentos e estratégias para com os trabalhos de Casaburi et al 37,38 de-
manter novos comportamentos, nomeada- monstrando que o treino de exercício nos
mente reverter o ciclo vicioso da inactividade. indivíduos com DPOC desencadeava meta-

Quadro II – Benefícios do treino de exercício em doentes com DPOC

• Recondicionamento cardiovascular
• Dessensibilização para a dispneia
• Melhoria da eficiência ventilatória
• Melhoria da capacidade oxidativa, força e endurance muscular
• Melhoria da flexibilidade e da coordenação neuromuscular
• Melhoria na execução das actividades da vida diária
• Melhoria da composição corporal
• Melhoria da auto-imagem, segurança e capacidade de lidar com o stress
• Diminuição da ansiedade, depressão
• Diminuição da utilização dos serviços de saúde
• Melhoria da qualidade de vida
Adaptado de Maltais F. et al 26 e Cooper C.31.

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bolismo anaeróbico e início precoce da aci- ca mantêm-se enquanto há adesão ao treino


dose láctica e que, por outro lado, os benefí- e declinam com o tempo. A importância des-
cios alcançados eram tanto mais marcados te princípio justifica que o programa deve
quanto maior a intensidade do treino (alta ser adaptado às possibilidades de cada doente
intensidade – 60% da carga máxima versus no sentido de lhe dar continuação de forma
baixa intensidade – 30% da carga máxima) mais ou menos supervisionada (programas
iniciaram-se programas de treino do exercí- no domicílio) e ajustada à evolução de cada
cio com intensidade programada através do caso (reestruturação do programa nas exa-
consumo máximo de oxigénio. cerbações).
Parece que o efeito de treino é atingido se a Um objectivo fundamental da prescrição de
intensidade do exercício for mais elevada do exercício é provocar em cada indivíduo uma
A prescrição de que a actividade basal e do que a intensidade mudança comportamental para a saúde, com
exercício mais do treino pode ser aumentada, se tolerada. Por inclusão de actividade física regular. Assim
apropriada para outras palavras, qualquer exercício é preferível sendo, a prescrição de exercício mais apro-
cada indivíduo a exercício nenhum, e obtêm-se resultados sa- priada para cada indivíduo é aquela que faci-
é aquela que tisfatórios, mesmo em doentes com treinos lita esta mudança comportamental. A arte da
facilita a mudança de baixa intensidade, no entanto, exercício prescrição de exercício é a integração eficaz da
comportamental com maior sobrecarga induz maior resposta34. ciência do exercício nas técnicas comporta-
para a saúde Especificidade: Este princípio é baseado nas mentais, resultando numa adesão a longo
observações de programas estruturados para prazo ao programa e alcançando os objecti-
atingir objectivos específicos e no facto de os vos de cada indivíduo35.
benefícios atingidos se reportarem apenas às Individualização: A capacidade para o exercí-
actividades que envolvem os músculos ou gru- cio está sujeita a variação interpessoal, ou seja,
pos musculares especificamente treinados. as limitações particulares de cada indivíduo
A utilização de resistência elevada com pou- devem ser avaliadas para prescrição de um trei-
cas repetições aumenta a força muscular, en- no adequado e potencialmente benéfico.
quanto baixas resistências repetidas aumen- Dois doentes com grau de obstrução sobre-
tam a endurance muscular34. ponível (FEV1 em repouso semelhante) po-
O treino é também específico para o grupo derão ter limitações completamente distintas,
muscular treinado. Por exemplo, o treino es- determinando prescrições de treino diferentes.
pecífico dos membros inferiores provoca au- No caso de um doente com DPOC com disp-
mento na distância alcançada numa prova de neia de esforço essencialmente na marcha em
marcha de 6 minutos, mas tal não acontece terreno inclinado, poderá ser benéfico treino
com treino específico dos membros superio- exercício aeróbico em marcha, bicicleta ou
res. No entanto, certos efeitos poderão ser tapete; mas a ocorrência prévia de traumatis-
transferidos para outras actividades, por exem- mo do joelho provocou sequelas que o limi-
plo treinar em cicloergómetro melhora a dis- tam funcional e assimetricamente na marcha;
tância percorrida na marcha, e vice-versa39. se o treino aeróbico for exclusivamente em
Reversibilidade: Tal como nas pessoas sau- bicicleta (proporcionando maior alívio da car-
dáveis, os benefícios do treino de exercício ga sobre o joelho lesado), o doente terá mais
nos doentes com doença respiratória cróni- benefícios e a adesão será facilitada.

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Se um doente com DPOC apresentar disp- 1) Em que fase da doença pulmonar


neia na marcha, apenas em terreno inclina- crónica deve ser implementado
do, e não valorizar este sintoma, porque as- o treino aeróbico? Quais são
sim também acontece com os seus amigos os candidatos?
da mesma idade, mas referir limitação numa Nos últimos anos, o estadiamento da DPOC
actividade que anteriormente executava com tem sofrido algumas variações (Quadro III). A prescrição de
prazer e agora não consegue, por ex., cavar Até há alguns anos, era consensual a refe- exercício deve ser
no seu quintal, o seu treino de exercício po- renciação a pneumologia e eventual reabili- antecedida de uma
derá incluir treino aeróbico de membros in- tação para os doentes com FEV1 50-60%. avaliação cuidadosa
feriores (marcha, bicicleta ou tapete) mas A DPOC ligeira, habitualmente, não é co- do estado de saúde
também treino de força e endurance dos mem- nhecida, nem pelos seus médicos de família, global de cada
bros superiores, de forma a conseguir bene- já que não apresentam sintomas ou estes são indivíduo, perfil
fícios para as actividades de lazer que o ligeiros, nem pelos próprios doentes que de factores de risco,
doente mais valoriza . desvalorizam os seus sintomas. Os doentes características
Outros aspectos deste princípio de indivi- com doença moderada são habitualmente comportamentais,
dualização devem também ser tidos em conta seguidos pelos seus médicos de família e, de objectivos pessoais
com os exames realizados antes da prescri- um modo geral, apenas os que apresentam e preferências
ção do treino (veja-se 4 – Como interferem cer- doença grave são geralmente referenciados de exercício
tas limitações específicas no exercício com a prescri- a pneumologistas ou por apresentarem exa-
ção? e Quadro V). cerbações ou por necessitarem mesmo de
A prescrição de exercício deve ainda ser internamento43.
antecedida de uma avaliação cuidadosa do A maior divulgação e conhecimento da
estado de saúde global de cada indivíduo DPOC através do projecto GOLD (Global
(incluindo medicações), perfil de factores Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease)1
de risco, características comportamentais, tem como objectivo o controlo mais precoce
objectivos pessoais e preferências de exer- da doença e, segundo as actuais recomenda-
cício35. ções, o doente em estádio moderado (FEV1

Quadro III – Estadiamento da DPOC baseado na percentagem de FEV1 previsto

ATS ERS BTS GOLD


1995(%) 1996(%) 1997(%) 2005 (%)
Em risco – espirometria normal, sintomas crónicos
Ligeiro 80 90 80 FEV1 ≥ 80
Moderado 50 70 60 FEV1 ≥ 50 <80
Grave 35 50 40 FEV1 ≥ 30 <50
Muito grave FEV1 <30 ou
FEV1 <50 com Insuficiência cardíaca direita ou
insuficiência respiratória crónica
Adaptado de ATS – American Thoracic Society 40; ERS – European Respiratory Society 41; BTS – British Thoracic Society 42; GOLD –
Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease 1.

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50-80%) deve ser referenciado para reabili- doença. Para a selecção de candidatos al-
tação. Até recentemente, a experiência nos guns aspectos particulares devem ser tidos
Estados Unidos44 sugeria que os doentes em consideração26 (Quadro IV).
habitualmente referenciados para os progra- Os valores funcionais são indicadores de gra-
mas de reabilitação apresentavam FEV1 na vidade da doença, mas por si só são insufi-
ordem dos 40 %, o que corresponde a uma cientes como indicadores de selecção para
implementação dos programas demasiado reabilitação respiratória. Assim, o défice res-
tardia. piratório, quando analisada a função respi-
A indicação para a reabilitação respiratória ratória, correlaciona-se pouco com a disp-
depende do estado clínico do indivíduo doen- neia e a tolerância ao exercício45.
te e não deve ser prescrita como último re- Mesmo os doentes com deficiência grave
curso do doente com incapacidade respira- poderão melhorar a sua tolerância ao exercí-
tória grave. Deverá assim ser integrada num cio. E a dimensão destes benefícios não se
plano terapêutico para todos os doentes relaciona com a gravidade da doença45,47. Não
com doença respiratória crónica tendo em existe um instrumento exacto para avaliar a
conta o seu défice funcional e/ou psicoló- incapacidade a partir da qual se deverá pro-
gico3. No entanto, e como a necessidade por o doente; para facilitar, considera-se que
excede os recursos, os critérios de selec- a escala de dispneia da Medical Research Coun-
ção são necessários, contudo não são crité- cil poderá auxiliar na selecção: doentes com
rios rigídos, já que os beneficíos são inde- dispneia de graus 3 a 5 terão indicação para
pendentes da idade e da gravidade da reabilitação respiratória3.

Quadro IV – Aspectos a considerar na selecção de candidatos a treino exercício

Motivação O doente motivado aceita a intervenção mais facilmente, procede a mudanças de estilo de vida
necessárias
Expectativa Expectactativas irrealistas podem ser prejudiciais para o doente, família e equipa de reabilitação
Respiratória
Compreensão Problemas de linguagem podem ser ultrapassados com folhetos com linguagem ajustada
Situação Ambiente de fumo e poluição é prejudicial;
domiciliária Suporte familiar favorece o sucesso, ao contrário do isolamento social
Tabagismo Adesão a programas de reabilitação poderá ser inferior em fumadores, no entanto os benefícios
são comparáveis aos dos obtidos nos não ou ex-fumadores
Idade e sexo Beneficíos não estão relacionados com idade ou sexo
Gravidade Benefícios não se relacionam com a gravidade da doença;
da doença preferencialmente, a reabilitação deve ser mantida na doença estável, mas recentemente tem
sido considerada durante os períodos de recuperação de exacerbação com bons resultados.
Medicação Tratamentos farmacológico e de oxigenoterapia deve estar optimizados
Comorbilidades Devem estar tratadas e estabilizadas; doença ósteo-articular ou claudicação influenciam
negativamente os resultados; desnutrição deve ser tratada.
Adaptado de Maltais et al 26.

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Os critérios de exclusão são de dois tipos: estruturado. Acima destes valores não se
patologias associadas que interferem com a consegue prevenir um aumento sérico de lac-
execução do treino (como artrite incapaci- tatos, vulgarmente chamado limiar metabó-
tante, demência ou outras que impossibili- lico ou limiar de lactatos (VO2q). Nos indiví-
tam a aprendizagem) ou comorbilidades que duos sedentários normais, o VO2 ocorre,
colocam em risco o doente (como angina aproximadamente, a 50% do VO2max; apesar
instável, enfarte do miocárdio recente, hiper- de reduzido no descondicionamento, habi-
tensão pulmonar grave). tualmente não é inferior a 40 % do VO2max43.
Um outro aspecto a ter em consideração é o Existem inúmeras recomendações para ma-
da motivação, não sendo no entanto critério nutenção da condição física. As recomenda-
de exclusão, já que por vezes um doente apa- ções mais importantes estão incluídas num
rentemente desmotivado, ao perceber que os relatório da US Surgeon General: Exercício ae-
benefícios são possíveis, modifica o seu nível róbico de moderada intensidade 30 minutos
de motivação26. Para além da motivação, um por dia na maioria dos dias da semana50. A
outro factor importante é o da adesão regu- ACSM (American College of Sports Medicine)
lar, de forma a obter benefícios. Segundo recomenda exercício bem delimitado, durante
Young et al 48, a não adesão relaciona-se, pri- 20 a 60 minutos por dia, três a cinco dias por
mordialmente, com o isolamento social, a semana, numa intensidade correspondendo
ausência de suporte social e a manutenção a 55-95% da frequência cardíaca máxima ou
de tabagismo. Outros autores, como Troos- 40-85% do VO2 reserva51. O exercício com
ters et al 49, consideram que os fumadores duração inferior a dez minutos, frequência
podem ser bons candidatos aos programas inferior a duas vezes por semana e intensida-
de reabilitação não só porque os benefícios de inferior a 40% do VO2 reserva é ineficaz.
são sobreponíveis, como a adesão ao pro- Se bem que estas recomendações sejam para
grama pode ser sobreponível, podendo ain- indivíduos normais e, apesar da impossibili-
da o programa de reabilitação, com aconse- dade da sua aplicação directa em doentes, não
lhamento psicológico adequado, ser uma devem contudo ser esquecidas quando se
janela de oportunidade para a cessação tabá- estrutura um treino num doente respirató-
gica: 63% dos fumadores referiram ter para- rio crónico43.
do de fumar durante o programa de reabili-
tação respiratória. 3) Como deve ser feita a prescrição
de exercício aeróbico?
2) Qual a melhoria potencial com Modalidade: As normas, baseadas na evi-
o treino aeróbico? dência, preconizam exercício aeróbico dos
A capacidade aeróbica, habitualmente tradu- grandes grupos musculares dos membros
zida pelo consumo máximo de oxigénio inferiores. O treino de endurance dos mem-
(VO2max), pode ser previsível com base na bros superiores é menos eficaz do que o trei-
idade, sexo, peso, e altura. A capacidade ae- no de endurance dos membros inferiores para
róbica é também influenciada pela condição a melhoria da capacidade funcional.
física e pensa-se que possa ser melhorada em Em 1995, Bickford et al 52 relataram os resul-
20% com vários meses de treino aeróbico tados de 283 programas em 44 estados dos

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EUA; as modalidades escolhidas foram: er- to maior a intensidade maior a resposta ao


gómetro em tapete – 37%, cicloergómetro – treino37. Três critérios devem ser tidos em
23% e, ambos, em 40% dos programas. consideração na prescrição: o alvo, a ampli-
O tapete é normalmente preferido pelos tude e a progressão. Um outro factor a ter
doentes e terapeutas devido à facilidade de em consideração é a da individualização do
adaptação e transposição para as actividades treino, já que certos indivíduos poderão vir
da vida diária. a ser mais aderentes a programas com treino
O cicloergómetro pode ser utilizado como de exercício de intensidades mais baixas3,54.
modo de variar o exercício. Em alguns casos Alvo. Representa a intensidade mínima ne-
(artrites, deformações articulares, obesidade cessária para produzir resposta clínica signi-
mórbida), o cicloergómetro pode ser esco- ficativa, o que não implica que abaixo deste
lhido por provocar menor impacto no siste- alvo o treino seja ineficaz, mas apenas não
ma músculo-esquelético. Pode, também, ser produza benefício clínico.
preferido se o terapeuta tiver dificuldade em A intensidade deve ter uma amplitude variá-
monitorizar oximetria ou electrocardiografia. vel entre limite inferior para produzir bene-
Alguns programas de reabilitação respirató- fícios e limite superior para que haja tolerân-
ria fazem adicionalmente treino de endurance cia e segurança.
dos membros superiores. A progressão do treino deverá ser reajusta-
Frequência e duração: Decerto, quanto da para manter a intensidade desejada/alvo.
maior a duração e frequência melhores se- Para determinar e ajustar a intensidade do
rão os resultados. A dificuldade é saber exac- exercício existem vários parâmetros a ter em
tamente quais os mínimos recomendados consideração: Quantidade de trabalho exter-
para um treino supervisionado eficaz. Ring- no (W), Consumo de oxigénio (VO2), Fre-
baek T et al 53 concluíram que um treino duas quência cardíaca (FC) e nível de dispneia (es-
vezes por semana, durante oito semanas, cala de Borg55).
produzia um aumento não significativo na No doente respiratório crónico, os princí-
prova de marcha (29 metros). pios fisiológicos clássicos aplicados nos sau-
Recomenda-se: Duração ≥ 30 minutos numa dáveis não são transponíveis, dado que o
frequência mínima de três dias por semana, doente respiratório não tem, habitualmente,
durante pelo menos dois meses. O recente limitação de causa hemodinâmica, mas da
documento da ATS e ERS3 recomenda um função ventilatória, ou compromisso nas tro-
mínimo de 20 sessões, pelo menos três ve- cas gasosas, ou ambos. E, assim, a utilização
zes por semana, para alcançar benefícios fi- da frequência cardíaca para monitorização do
siológicos; idealmente, todas as sessões de- exercício frequentemente não é útil20.
verão ser supervisionadas, mas duas sessões Um erro frequente na estruturação de um
supervisionadas e uma realizada no domicí- treino é escolher alvos de treino muito bai-
lio sem supervisão também será aceitável. xos. Nos indivíduos normais ou nos doen-
(ver: 7 – Qual deverá ser a duração dos programas tes cardíacos, os níveis de treino são geral-
de reabilitação /treino de exercício?). mente escolhidos em função de percentagens
Intensidade: Vários estudos revelaram, tal submáximas (60-70%) do VO2 máximo ou
como para os indivíduos normais, que quan- da FC que coincidem com treinos ligeiramen-

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te acima do limiar anaeróbico. Muitos doen- da, de forma a permitir a recuperação3,4,5.


tes respiratórios crónicos, no entanto, têm Recentemente, têm sido publicados estudos
limitação ventilatória a níveis muito baixos utilizando protocolos com treinos intervala-
de exercício, o que poderá acontecer abaixo dos57,58,59. Os doentes mais graves podem
do seu limiar anaeróbico, o que faz com que assim limitar a hipercapnia, a hipoxemia e a
frequentemente consigam manter níveis de dispneia, agravadas durante o esforço com
exercício a percentagens elevadas (90 ou intensidade elevada60.
mais %) do seu consumo máximo de oxigé-
nio (VO2 de pico), mesmo que os níveis ab- Treino dos membros superiores
solutos sejam baixos20. A maioria do conhecimento sobre treino de
Cálculo de prescrição tendo como refe- exercício deriva de programas de reabilita-
rência VO2max: Tendo em conta o pressu- ção com treino aeróbico dos membros infe-
posto de calcular o limiar metabólico (VO2q) riores; no entanto, sabe-se que o recrutamen-
mínimo no doente descondicionado 40% do to cardiovascular, quando é feito treino de
valor de referência do VO2max , este valor é membros superiores, é mais intenso do que
considerado o alvo de intensidade inicial. o exigido aquando do treino específico dos
Este valor pode ser convertido em quanti- membros inferiores. Muitas das limitações
dade de trabalho e o alvo de intensidade pode funcionais do doente respiratório crónico
ser convertido em FC. Finalmente, o alvo de surgem nas actividades da vida diária, em que
quantidade de trabalho ou alvo de FC po- são necessárias as mãos e a acção simultânea
dem ser convertidos em índice de dispneia. de outros grupos musculares, nomeadamente
O nível de intensidade máxima deverá tam- dos braços, antebraços e tronco superior. Por
bém ser calculado para promover a seguran- outro lado, alguns dos músculos do tronco
ça do treino43. superior e cintura escapular têm uma função
Treinos intervalados – Actualmente, reco- dupla (respiratória e postural)34.
menda-se que o treino de exercício seja feito O diafragma dos doentes com obstrução
com intensidade elevada e constante porque crónica do fluxo aéreo, no decorrer da sua
há evidência de maior eficácia, comparativa- evolução clínica, sofre deterioração da capa-
mente com intensidade moderada ou ligeira. cidade de gerar força, e os músculos da caixa
Mas certos doentes têm dificuldade em man- torácica são recrutados para a inspiração61.
ter sessões de intensidade elevada, durante Criner G. et al 62 documentaram que o exer-
30 minutos, limitados pela dispneia ou fadi- cício dos membros superiores provocava
ga dos membros inferiores. Maltais et al 56 aumento da pressão de excursão diafragmá-
referem que menos de 20% dos doentes con- tica, alterações no padrão de pressões com
seguem manter sessões de alta intensidade maior contribuição do diafragma e múscu-
continuamente durante todo o programa de los abdominais e menor contribuição dos
reabilitação. Uma atraente alternativa para músculos inspiratórios da caixa torácica. Es-
estes doentes poderá ser a estruturação de tes e outros trabalhos fundamentam e reco-
um treino intervalado: curtos períodos de mendam3,5 a necessidade de treino muscular
intensidade elevada alternando com perío- específico dos membros superiores num pro-
dos de repouso ou intensidade mais reduzi- grama de reabilitação. Na meta-análise de

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Ghassan et al 63 são avaliados 18 estudos com (COHb nos fumadores); periféricas: desu-
treino dos membros inferiores, 15 dos quais so ou atrofia muscular, disfunção neuromus-
com treino dos membros superiores como cular, alterações circulatórias periféricas, di-
módulo do programa (Quadro VIII, p. 117). minuição da capacidade oxidativa do músculo
Modalidade: O treino poderá ser executado esquelético, desnutrição; motivacional; ou
com suporte (cicloergómetro de braços) ou ambiental64.
sem suporte (com utilização de pesos, bandas A prescrição de um treino aeróbico deverá
elásticas, os próprios membros superiores ser feita com base na informação obtida atra-
contra gravidade), aplicando-se o princípio vés de uma prova de exercício cardiopul-
de sobrecarga no que respeita à intensidade, monar65. Com este exame são identificadas
frequência e duração, de forma semelhante algumas das limitações específicas para o
à utilizada para o treino de membros infe- exercício, bem como os limiares relaciona-
riores. Das duas modalidades, o treino con- dos com a adesão e a segurança. A prova de
tra a gravidade (treino com pesos sem su- exercício cardiopulmonar, com análise de
porte) parece ser mais eficaz, pela semelhança algumas variáveis periféricas, ao permitir
com as actividades da vida diária.26,34 identificar essas limitações específicas, possi-
bilita não só optimizar a prescrição do treino
4) Como interferem com a prescrição como a intervenção terapêutica mais abran-
certas limitações específicas gente e ajustada em cada doente (Quadro V).
no exercício? Mas os factores limitativos do exercício não
A limitação para o exercício (ou VO2max re- são exclusivamente avaliados através deste
duzido atingido) não ocorre por um único exame66; caso a caso poderão ser necessários
componente do transporte de oxigénio/ou outros métodos de avaliação para identificar
processo de utilização, mas por interacções outros problemas relacionadas com: altera-
(colectivas) de várias causas. Se bem que vá- ções nutricionais (desnutrição e obesidade),
rios factores possam estar envolvidos, um defeitos no conteúdo e qualidade da hemo-
deles predomina, com contribuições variá- globina, acidose metabólica crónica, distúr-
veis dos outros factores na intolerância ao bios musculares e alterações endócrinas ou,
exercício. O exercício nos indivíduos normais ainda, causas psicogénicas de limitação do
é predominantemente limitado pelo sistema exercício67.
cardiovascular. A importância da fraqueza muscular esque-
No doente com doença respiratória crónic,a lética periférica na incapacidade para o exer-
esta limitação é habitualmente multifactorial: cício nos doentes com DPOC foi demons-
Pulmonar: mecânica ventilatória, hiperinsu- trada por vários autores e é descrita numa
flação dinâmica e alteração das trocas gaso- revisão recente68. A força isométrica do qua-
sas; cardiovascular: diminuição do volume dricípite relaciona-se significativamente com
sistólico, frequência cardíaca alterada, cir- a distância percorrida na prova de marcha
culação sistémica ou pulmonar alteradas, de seis minutos e com o consumo máximo
consequências hemodinâmicas da hiperinsu- de oxigénio69. Daí a importância da investi-
flação dinâmica, alterações do conteúdo (ane- gação do diagnóstico da diminuição da inca-
mia) ou da qualidade da hemoglobina pacidade para o exercício antes de iniciar um

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Quadro V – Limitações específicas do exercício na doença pulmonar crónica e influência na prescrição

Limitação específica Limiares influenciando


Objectivo da prescrição
do exercício a intensidade
Descondicionamento físico Acidose láctica Exercício de recondicionamento
(acidose láctica prematura) (limiar metabólico) (alvo deve ser acima do limiar metabólico)
Limitação ventilatória Dispneia, hipoxemia, ↑ capacidade ventilatória
(VLmax»MVV) acidose láctica, (↑ mecânica sistema respiratório, ↑ força músculos respiratórios)
hipoventilação ↓ necessidades ventilatórias
(melhorar eficiência respiratória, recondicionamento)
Ventilação ineficaz Broncospasmo, ↓ obstrução (optimizar terapêutica broncodilatadora)
(hiperinsuflação dinâmica taquipneia, ↓ FR (ensinar técnicas de controlo respiratório,
Ou VD/VT) hipoventilação e de controlo de pânico)
Insuficiência trocas gasosas Dessaturação, Prevenir hipoxemia e hipoventilação
acidose respiratória (O2 suplementar, ventilação assistida)
Limitações cardiovasculares Angina, Monitorização cardíaca
(isquemia miocárdio, HTA, HTA, (ECG, pulso, ajustar limite de intensidade,
Doença vascular pulmonar) disritmia ajustar medicação cardiovascular)
Sintomas limitantes Dispneia, Psicoterapia
ansiedade, (dessensibilização, domínio, controlo de pânico)
medo
Adaptado de Cooper et al 43.

programa de reabilitação. Inclusivamente, os modo mais específico os grupos musculares


testes musculares isométricos parecem ser mais incapacitados72.
vantajosos na selecção de candidatos para o Os métodos utilizados para quantificar a for-
treino de exercício, tanto em indivíduos sau- ça dos músculos periféricos (uma repetição
dáveis como em doentes com DPOC70, já que máxima com levantamento de pesos para
os doentes que apresentam fraqueza muscu- quantificação de força muscular isotónica,
lar parecem ser melhores “respondedores”. dinamometria com equipamento eléctrico,
De um modo geral, a força dos músculos mecânico ou com assistência computoriza-
esqueléticos está reduzida nos doentes da) têm limitações, como motivação, depen-
DPOC, a força dos músculos dos membros dência, reprodutibilidade, acessibilidade a
superiores e a eficiência mecânica poderão valores de referência e custos, no entanto é
estar mais conservadas3,71; no entanto, esta cada vez mais necessária esta avaliação na
informação é controversa3. Actualmente, não prática clínica, especialmente quando os re-
há estudos comparando biópsias dos mús- sultados de função muscular baixos estão as-
culos dos membros superiores e inferiores sociados a sintomas clínicos de fraqueza (fa-
do mesmo doente3, e assim sendo o que é diga e dispneia)72.
importante é avaliar previamente cada um Um outro aspecto de crucial importância é
destes grupos musculares e individualizar a o da repercussão das exacerbações na con-
prescrição do treino, permitindo trabalhar de dição física. Saltin et al 73 demonstraram que

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nos indivíduos normais acamados a diminui- de exercício. Puhan et al 80 reviram os benefí-


ção do consumo máximo de oxigénio reduzia cios em seis estudos e, apesar do tamanho
significativamente com 21 dias de repouso e reduzido da amostra (230 doentes), verifica-
que a recuperação para os valores basais ana- ram diminuição do risco de readmissões e
lisados demorava dez a 50 dias. Também es- diminuição da mortalidade, com grande me-
A prescrição tudos em doentes com DPOC revelaram que lhoria da qualidade de vida e da capacidade
de exercício deve mais de 25% dos doentes após uma exacer- de exercício, superior mesmo à verificada
ser individualizada bação não recuperavam funcionalmente ao quando o treino de exercício é aplicado em
e flexível fim de três meses74 e que o período de re- fase estável.
cuperação para o anterior estado de saúde
é longo, mesmo para os que não apresen- 5) O que deve ser considerado
tam outras exacerbações nos seis meses sub- resposta de sucesso a um treino
sequentes75. aeróbico? E como deve ser
Alguns trabalhos têm apresentado programas medido esse sucesso?
de reabilitação iniciados em meio hospitalar Para quantificar o sucesso de uma interven-
durante o internamento e continuados a nível ção utilizam-se instrumentos de medição
domiciliário.76,77 Ciro et al 78 salientam a impor- válidos (medindo efectivamente aquilo a que
tância do treino muscular nos doentes dos se propõem), precisos e exactos (produzin-
cuidados intensivos como forma de facilitar do o menor erro possível na medição, inde-
o processo de desmame ventilatório. Man et pendentemente do tempo ou do operador)
al 79 concluíram que um programa de reabili- e sensíveis (com capacidade para detectar
tação logo após o internamento é seguro e mudanças clinicamente importantes)81,82.
condiciona melhoria clínica significativa na Em reabilitação existe a necessidade de mé-
capacidade para o exercício e no estado de todos que possam ser repetidos com a fre-
saúde, podendo acelerar a recuperação dos quência necessária e que avaliem, também, a
efeitos debilitantes do internamento (atrofia perspectiva do doente quanto a quatro as-
muscular de desuso, mediadores inflamatórios pectos principais: 1) controlo dos sintomas;
sistémicos, utilização de corticóides), com a 2) capacidade em executar as actividades da
vantagem económica de se tratar de um pro- vida diária, 3) capacidade de exercício, e 4)
grama em ambulatório. qualidade de vida3.
A prescrição de exercício deve ser indivi- Avaliação de sintomas: Os dois sintomas
dualizada e flexível, tendo em consideração mais importantes são a dispneia e a fadiga.
as flutuações do estado clínico, com reavali- Em reabilitação respiratória podem ser anali-
ação dos objectivos e riscos do programa de sados de duas formas: em tempo real (através
exercício. da escala de Borg ou através de uma escala
Contrariamente ao que se preconizava há visual analógica) e recordando os sintomas
alguns anos, em que a fase ideal para realizar (através da utilização de questionários)3.
programa de reabilitação seria em estabili- Capacidade em executar as actividades
dade, recentemente3 considera-se que duran- da vida diária: A avaliação da capacidade
te ou imediatamente após exacerbação o de exercício não é necessariamente sobrepo-
doente é excelente candidato para o treino nível à capacidade em efectuar actividades

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do dia-a-dia, pelo que esta capacidade deve ção de treino de exercício mais adequada,
ser avaliada especificamente. Existem duas poderá também ser útil na avaliação de pro-
formas de o fazer: por observação directa grama; no entanto, a complexidade e custos
ou relatada pelo doente. Um outro método limitam a sua utilização, para avaliação de
de avaliação, em estudo crescente, têm sido resultados de programa, apenas a centros
os monitores de actividade, utilizados por especializados3.
fornecerem medidas objectivas da activida-
de diária do doente3,4,83. Qualidade de vida
Capacidade de exercício: A medição da ca- Os instrumentos existentes para avaliar a
pacidade de exercício pode ser efectuada de qualidade de vida são vários na literatura in-
várias formas, incluindo testes de terreno, moni- ternacional e alguns encontram-se validados
tores de actividade e prova de exercício cardio- em português81,86. De qualquer modo, reco-
pulmonar. Os testes de terreno têm várias vanta- menda-se a utilização de um questionário de
gens: são fáceis de executar, o equipamento saúde geral, em conjunto com um instrumen-
necessário é reduzido, podem ser realizados to específico de doença.
em ambiente exterior ao laboratório e são sen- As diferenças clinicamente significativas, uti-
síveis à intervenção em reabilitação3. lizando alguns dos instrumentos utilizados na
A prova de marcha de seis minutos tornou-se avaliação de resultados dos programas de rea-
um exame vulgarmente utilizado, não só por- bilitação, encontram-se no Quadro VI63,87,88.
que se encontra estandardizado17, como é re-
produtível (uma vez eliminado o efeito de 6) Oxigenoterapia e ventilação
aprendizagem), permite a transposição para não invasiva no exercício?
as actividades da vida diária, e, ainda, porque A prescrição de oxigenoterapia durante o
os valores de referência estão estudados84. exercício é baseada na premissa de que a hi-
O shuttle walking test é uma alternativa à ava- poxemia é um factor limitativo do exercício;
liação funcional do exercício e as suas pro- contudo, os seus efeitos no desempenho do
priedades incrementais permitem estimar o exercício são complexos: para além de atra-
consumo máximo de oxigénio85. sar a limitação ventilatória, o oxigénio suple-
Para além de a prova de exercício cardiopul- mentar melhora a carga metabólica, a função
monar auxiliar na avaliação inicial das limita- muscular periférica (reduzindo o desconfor-
ções para o exercício e permitir uma prescri- to dos membros inferiores) e a função car-

Quadro VI – Diferenças clinicamente significativas em reabilitação respiratória

Instrumento de medição Diferença clinicamente significativa


Prova de marcha de 6 minutos 51-56 metros
Dispneia (CRQ – Chronic Respiratory Questionnaire) 0,5
Domínio (CRQ – Chronic Respiratory Questionnaire) 0,5
Qualidade vida (SGRQ – St George´s Respiratory Questionnaire) 4
Adaptado de63,87,88.

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díaca. A importância relativa destes factores Quadro VII – Benefícios do oxigénio suplementar durante
o exercício
na contribuição da melhoria da endurance num
determinado indivíduo é difícil de avaliar, mas Tratamento Mecanismo / benefício
nos doentes que desenvolvem limitação ven- Oxigénio • Previne a dessaturação
tilatória sem oxigénio suplementar verifica- • Diminui a taquicardia
-se melhoria dos volumes pulmonares e da • Diminui a pressão da artéria pulmonar
dispneia quando se prescreve oxigénio89. Nos • Melhora a função ventricular direita
doentes com hipoxemia em repouso ou bor- • Diminui a ventilação minuto
derline, a utilização de oxigénio suplementar • Diminui a dispneia
• Diminui ou atrasa a fadiga diafragmática
tem benefício evidente, ao prevenir a dessa-
• Diminui o trabalho do diafragma
turação. São inúmeros os estudos documen- • Reverte a broncoconstrição induzida
tando o aumento de duração do exercício90. pela hipoxia
Mas também são referidos benefícios em • Aumenta a endurance
doentes que não dessaturam no esforço e a • Diminui os níveis séricos de lactatos
oxigenoterapia tem sido mesmo utilizada em durante o exercício
débitos superiores aos necessários para pre- Hiperoxia • (todas as referidas em cima)
venir dessaturação – hiperoxia91. • Diminui a drive ventilatória
• Diminui a frequência respiratória
Serão necessários, ainda, mais estudos para que
• Diminui a hiperinsuflação dinâmica
seja feita recomendação nos doentes que não Adaptado de Hoo G90.
dessaturam durante o exercício. Não existe ain-
da consenso quanto à identificação da necessi-
dade de oxigénio suplementar ou ao seu modo cios, é inquestionável que os doentes que to-
de distribuição, mas a utilização deste nos doen- leram treinos com maior sobrecarga atingem
tes com dessaturação ligeira induzida pelo exer- mais benefícios de que os que treinam com
cício não melhora os resultados do programa92,93. menor sobrecarga. Com base nestes dados ad-
Actualmente, recomenda-se oxigénio suplemen- quiridos é um desafio encontrar formas que
tar quando ocorre dessaturação clínica impor- permitam treinar a intensidades mais eleva-
tante (SpO2 < 90%) nos teste de avaliação ini- das. Assim, tem sido estudado o papel da ven-
cial, sendo esta recomendação não só para os tilação não invasiva (VNI) como forma de
períodos de treino de exercício como para acti- melhorar a endurance ou a intensidade do exer-
vidades semelhantes realizadas no domicílio9. cício, sendo de especial importância a acção
Os doentes que fazem oxigenoterapia de longa no controlo da hiperinsuflação dinâmica.
duração devem manter o oxigénio durante o trei- Nos trabalhos realizados nos últimos anos,
no e poderão mesmo necessitar de débitos mais a VNI é realizada durante o exercício94,95 ou
elevados. O oxigénio suplementar não deverá em períodos após exercício96 e não necessa-
apenas promover a segurança do doente, mas riamente em doentes que apresentam indi-
permite treino a intensidades mais elevadas3. cação para ventilação não invasiva no seu
No Quadro VII apresentam-se os benefícios período nocturno97.
da oxigenoterapia no exercício. O CPAP (Continuos Positive Airway Pressure) é um
Apesar de não ser ainda consensual o nível de modo de assistência ventilatória que contraria
treino ideal para atingir o máximo de benefí- os efeitos da hiperinsuflação dinâmica, forne-

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cendo pressão adicional durante a inspiração e Segundo as recentes recomendações ATS e


a expiração. O´Donnell et al, utilizando pres- ERS em doentes com doença respiratória
são de 4 a 5 cm H2O, conseguiu prolongar o crónica grave e resposta ao exercício insufi-
treino em cerca de 48% da duração94. ciente, a VNI pode ser associada como for-
Têm sido desenvolvidos alguns trabalhos uti- ma de aumentar a tolerância a intensidades
lizando PSV (Pressure Support Ventilation)96 ou maiores durante o treino, diminuindo a so-
PAV (Proportional Assist Ventilation)95 durante brecarga dos músculos respiratórios. No
ou após o exercício e, apesar das diferentes entanto, a dificuldade desta intervenção re-
metodologias, é evidente que a ventilação não comenda que só seja mantida nos doentes
invasiva aumenta a capacidade de exercício em que demonstrem benefício com a sua asso-
doentes com DPOC (Quadro VIII). ciação, sendo necessários mais estudos nes-
O PSV e o PAV parecem ser mais benéficos do ta área para definição do seu papel no treino
que o CPAP e o PAV mais do que o PSV90; no de exercício3.
entanto, e apesar de várias modalidades venti-
latórias mostrarem melhoria de capacidade para 7) Qual deverá ser a duração dos
o exercício em laboratório, o seu papel adju- programas de reabilitação/treino
vante na vida real e nos programas de reabilita- de exercício?
ção está ainda em discussão, não sendo con- Como já foi referido, a maioria dos estudos
sensual98 nem recomendado, pois necessita de com evidência científica na área de reabilita-
mais investigação, inclusivamente para contor- ção respiratória foi realizada em doentes com
nar dois factores limitantes da sua eventual apli- DPOC. Segundo as recentes indicações do
cação futura: a grande frequência de abando- projecto GOLD1, a duração mínima de um
no dos programas e a intolerância das máscaras. programa de reabilitação é de dois meses, mas

Quadro VIII – Benefícios da ventilação não invasiva durante o exercício

Ventilação não invasiva Benefício


Durante o exercício • Diminuição da carga dos músculos respiratórios
CPAP, PSV, PAV • Previne a compressão dinâmica das vias aéreas
(PSV e PAV provavelmente • Reduz o trabalho da respiração
mais eficazes do que CPAP) • Aumenta o volume corrente
• Diminui a ventilação minuto
• Diminui a frequência cardíaca
• Aumenta a endurance durante o exercício
• Reduz os níveis séricos de lactatos durante o exercício
Durante o sono • (todas as mencionadas em cima)
• Possibilidade de previnir ou facilitar a recuperação da fadiga dos músculos respiratórios
• Diminui os efeitos adversos do sono
• Diminui a resistência das vias aéreas superiores
• Previne ou diminui a hipercapnia e hipoxemia
CPAP – continuous positive airway pressure; PSV – pressure suport ventilation; PAV – proportional assist ventilation.
Adaptado de Hoo G90.

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Vol XIII N.º 1 Janeiro/Fevereiro 2007


Treino de Exercício na Doença Pulmonar Crónica
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a sugestão de programas mais prolongados meses (Quadro IX e Fig. 1), nos doentes com
como forma de aumentar a eficácia era já refe- DPOC ligeiro ou moderado os resultados
rida com base nos estudos de Behnke et al 99, obtidos, relativamente aos grupos de con-
Finnerty et al 100 e Green et al 101. trolo, foram significativamente melhores, in-
A, também recente, meta-análise de Ghas- dependentemente de a duração dos progra-
san et al 63, vem acrescentar uma importante mas terem sido longos ou curtos.
conclusão relativamente à duração dos pro- A duração de um programa de reabilitação é
gramas e à gravidade da doença: enquanto ainda assunto de debate, já que é conhecida
os estudos que incluíram doentes com DPOC a perda progressiva de beneficíos mais ou
grave só apresentaram diferenças significati- menos rápida após a sua suspensão (12 a 18
vas na distância percorrida, quando os pro- meses)102,103.
gramas tiveram uma duração de seis ou mais Este assunto coloca uma outra questão:

Quadro IX – Características dos estudos da meta-análise de Ghassan

Score
N.º doentes Duração Treino Autores / ano
qualidade
DPOC 3 14 8 semanas S I Lake (1990)
ligeira / 2 24 3 meses I McGavin (1977)
/ moderada
2 30 3 meses I Strijbos (1996)
3 32 12 semanas S I Bendstrup (1997)
3 82 6 meses R Guyatt (1992)
2 36 12 semanas S I R Wijkstra (1995)
2 28 8 semanas S I Simpson (1992)
4 34 7 meses S I Cockcroft (1981)
2 19 3 meses S I Gosselink (1996)
2 19 3 meses S I R Cambach (1997)
2 77 6 semanas R Sassi-Dambron (1995)
2 200 6 semanas S I Griffiths (2000)
2 56 8 semanas S I Wedzicha (1998)
2 62 6 meses S I Troosters (2000)
DPOC 3 24 6 meses S I R Weiner (1992)
grave 2 14 10 semanas S I Jones (1985)
2 77 6 meses S I R Goldstein (1994)
2 50 12 meses S I R Engstrom (1999)
2 54 8 semanas S I Wedzicha (1998)
2 47 6 meses I R Guell (2000)
S – treino exercício membros superiores; I – treino exercício membros inferiores; R – treino músculos respiratórios.
Adaptado de Ghassan et al 63.

118 R E V I S T A P O R T U G U E S A D E P N E U M O L O G I A
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Treino de Exercício na Doença Pulmonar Crónica
Paula Pamplona, Luísa Morais

Fig. 1
Adaptado de Ghassan et al 63.

Como autonomizar o doente? Transferi-lo promover a manutenção dos benefícios ob-


de um programa institucional, iniciado sob tidos na fase inicial.104
internamento ou em regime ambulatório e, Para que a reabilitação respiratória seja efi-
posteriormente, executado no domicílio, po- caz, o doente necessita de adquirir e in-
derá parecer ideal. A estruturação deste tipo corporar um complexo conjunto de mo-
de programas tem sido alvo de estudos para dificações comportamentais (isto é: adesão
que seja implementada a melhor forma de ao exercício, medicações/oxigénio, méto-

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dos de controlo ventilatório e mudanças gramas regularmente supervisionados com


no estilo de vida). A dificuldade em obter exercício e ensino fornecidos por fisiote-
beneficíos a longo prazo de intervenções rapeutas, a doentes com dispneia grave sem
curtas é comum na medicina comporta- possibilidade de executarem programas a
mental105,106 e é sobreponível a outros ti- nível institucional 107, a programas com
pos de intervenção (na área do tabagismo, exercício diário, em casa, ensinado por
obesidade etc.) fisioterapeuta e combinado com visitas
Maltais et al 26 defendem a necessidade de os bissemanais à instituição para treino adi-
programas terem a duração suficiente para cional, visitas domiciliárias regulares efec-
que o doente perceba o benefício da inter- tuadas por enfermeira e visitas mensais
venção. Epstain105 sugere que a dificuldade efectuadas pelo médico assistente108. A prin-
em manter os efeitos do tratamento é expli- cipal vantagem (Quadro X) será a conve-
cada pela teoria comportamental. São neces- niência para o doente e familiares, o am-
sários esquemas de reforço durante a mu- biente familiar para o treino e aquisição
dança comportamental (fase inicial do treino) de técnicas.
e também reforços intermitentes mais efica- Se bem que o grau de evidência não seja ain-
zes para produzir mudanças a longo prazo. da substancial, este tipo de programa pode-
Ries et al 104 salientam que as barreiras e de- rá promover uma motivação mantida para
safios do doente respiratório crónico são continuar programas após conclusão de um
consideráveis e poderão necessitar de estraté- programa formal109.
gias de manutenção mais intensas. À doença, Um dos grandes desafios em reabilitação
em si, acrescentam-se ainda alguns factores respiratória é conseguir encontrar programas
inerentes à idade e modificações nos con- que facilitem a adesão a longo prazo. A Or-
tactos sociais por morte de companheiro/a ganização Mundial de Saúde define adesão
ou amigos, o que facilita a ruptura de padrões como um comportamento de uma pessoa
comportamentais adquiridos. correspondente às recomendações prescri-
tas pelo profissional de saúde. E a adesão às
8) Qual o local ideal para implementar intervenções terapêuticas (farmacológicas e
treino de exercício? não farmacológicas) é um comportamento
Apesar da grande variação na estrutura dos de saúde crucial no decorrer da doença res-
programas de reabilitação respiratória exe- piratória crónica3. Se bem que os benefí-
cutados a nível de internamento, ambulató- cios de um programa de reabilitação com
rio e domicílio, e apesar da escassa literatura treino de exercício supervisionado, a curto
existente comparando a eficácia nos dife- prazo, estejam bem definidos, os desafios
rentes locais que tem sido ultimamente di- para compreender e promover o tratamento
vulgado3,4,5 o sucesso está especialmente re- e adesão ao exercício a longo prazo a nível
lacionado com a estrutura adequada dos comunitário/domiciliário persistem.
programas e não propriamente com o local A utilização de monitorização telefónica
da sua execução. semanal com sessão supervisionada men-
O conceito de reabilitação domiciliária sal foi testada por Ries et al 104 para melho-
pode variar consideravelmente: desde pro- rar a adesão na manutenção em programas

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Quadro X – Localização dos programas: Vantagens e desvantagens

Internamento Ambulatório Domicílio


Instituição Instituição / comunidade Comunidade
Vantagens Monitorização ideal Custos Conveniente para o doente
para défices graves (a não ser que para a execução
Utilização eficiente do programa a equipa se tenha
Enfermagem disponível 24/h de recursos-equipa de deslocar frequentemente
ao domicílio do doente)
Ideal: traqueostomizados/
/desmame ventilatório Adaptação ao exercício em
meio familiar pode aumentar
Participação familiares adesão a longo prazo
Desvantagens Custos Dificuldades de transporte Ausência de apoio em grupo

Transporte familiares Impossibilidade de observar Equipa multidisciplinar


AVD domésticas potencialmente incompleta

Acesso limitado a equipamento


de exercício
Adaptado de American Thoracic Society 19995.

de reabilitação ao nível do domicílio. No ao reverem 41 trabalhos em indivíduos com


entanto, os autores concluem que este tipo mais de 65 anos, concluem que o nível de
de monitorização produz apenas melho- educação e a experiência de exercício no
rias modestas na manutenção dos benefí- passado são os factores individuais que po-
cios após programa de reabilitação respi- sitivamente poderão influenciar um com-
ratória. Puente-Maestu et al 110 avaliaram os portamento de adesão a longo prazo, en-
resultados obtidos em dois grupos de doen- quanto a percepção de “fragilidade física”
tes após 13 meses de manutenção de um e “pouca saúde” poderão ser as maiores bar-
programa efectuado durante 8 semanas reiras à adopção e adesão ao comportamen-
com um grupo de doentes supervisiona- to de exercício regular no indíviduo idoso.
do em hospital e o outro grupo com auto- Um recente trabalho de Brooks et al 112 ten-
-monitorização. Os autores concluem que tou avaliar os efeitos de dois programas dis-
os programas de exercício com auto-mo- tintos após reabilitação, um grupo com vi-
nitorização não mostraram melhoria na to- sitas mensais e telefonemas pro-activos
lerância ao exercício, mas apenas na quali- entre as visitas e um grupo de controlo com
dade de vida. o seguimento habitual, e verificou uma de-
A maioria dos estudos sobre adesão ao trei- terioração da capacidade para o exercício e
no de exercício é realizada em adultos de da qualidade de vida sobreponível entre os
meia-idade ou adultos mais jovens e são ge- grupos, sendo a causa de não adesão mais
ralmente estudos a curto prazo realizados referida a exacerbação da doença. Daí a im-
com voluntários motivados. Rhodes et al 111, portância recente dada a um plano de ac-

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ção com instruções individualizadas para que o treino dos músculos inspiratórios po-
lidar com a doença nas suas várias fases3,113 derá ser um componente importante na rea-
e a necessidade de transferir para o domicí- bilitação ao evidenciar beneficíos importan-
lio o treino educacional e de exercício como tes num grupo particular de doentes com
forma de promover uma adesão a longo fraqueza muscular inspiratória (PI,max ≤ 60 cm
prazo3. H2O) treinados a intensidades superiores a
Ou seja, o programa de reabilitação, inde- 30% da pressão máxima inspiratória. Nesta
pendentemente do local onde é realizado, análise, não foi demonstrada, ainda, evidên-
sob internamento, ambulatório ou domicí- cia para a preferência da modalidade (resis-
lio, deverá ser planeado e estruturado com tive loading ou treshold loading). Também a ATS
data de início e fim, com um número de e ERS3 não mostram preferência entre es-
sessões predefinidas e maioritariamente super- tas duas modalidades ou a hiperpneia nor-
visionadas. Quando acabado o programa, mocápnica.
o doente que o executou deverá ter adqui- Weiner et al 117 aplicaram treino muscular com
rido um estilo de vida modificado e, assim, treshold a doentes com asma e demonstraram
de forma mais ou menos autónoma, deverá não só um aumento da força muscular, como
manter “um programa” durante toda a evo- melhoria dos sintomas de asma, redução da
lução da sua doença. medicação, hospitalizações, assistência em
serviços de urgência e absentismo escolar ou
9) Treino dos músculos respiratórios no trabalho.
O treino dos músculos respiratórios tem sido A meta-análise de Ghassan et al 63 mostrou-
investigado predominantemente nos doen- -nos que os estudos em que os programas
tes com DPOC, tendo sido dada particular de reabilitação que incluíram treino de mem-
relevância ao treino dos músculos inspirató- bros inferiores (18 estudos) efectuaram dis-
rios. Os estudos realizados com treino dos tâncias na marcha significativamente supe-
músculos expiratórios são escassos e pouco riores aos controlos. Os dois estudos com
promissores114. treino dos músculos respiratórios apenas
Apesar de o treino específico dos músculos não apresentaram diferenças significativas
inspiratórios poder aumentar a força e endu- com os controlos.
rance, estes efeitos não têm revelado impacto Celli, num recente trabalho34, afirma que o
significativo na incapacidade e desvantagem treino dos músculos respiratórios necessita
dos doentes com DPOC, pelo que não é con- de mais estudos com evidência científica
siderado componente essencial num progra- para que venha a ser recomendado, alertan-
ma de reabilitação4. Em doentes selecciona- do para a possibilidade de indução de fadi-
dos, que apresentam diminuição da força dos ga muscular, potencialmente precipitadora
músculos respiratórios e manutenção da de insuficiência ventilatória, dado que os
dispneia apesar de treino geral de recondicio- músculos respiratórios, ao contrário dos
namento, este tipo de treino poderá ser con- periféricos, não podem repousar após o trei-
siderado no programa de reabilitação3,115. no. Por outro lado, um outro problema é o
A recente meta-análise realizada por Lot- da adesão a este tipo de treino, já que não é
ters et al 116 em doentes com DPOC conclui conseguida adesão em mais de 50% dos

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doentes participantes nos estudos34. Weiner 2. Custo/benefício: efeito da reabilitação nos


et al 118 alertam também para o declínio pro- custos totais do tratamento do doente;
gressivo dos resultados durante um ano de 3. Custo/eficácia: custo da reabilitação em
vigilância (à semelhança da reversibilidade relação aos efeitos clínicos obtidos; e
verificada após treino de outros grupos 4. Custo/utilidade: custo da reabilitação em
musculares). relação ao valor acrescentado pela reabili-
tação na vida do doente.
10) Custo/eficácia dos programas
de reabilitação Os benefícios económicos da reabilitação
O tratamento dos doentes com DPOC tem respiratória só recentemente começaram a
custos extremamente elevados, em compa- ser analisados, mas estão descritos benefí-
ração com os custos de outras doenças, no- cios na diminuição das exacerbações, nos in-
meadamente a asma, em parte devido ao ele- ternamentos, na duração do internamento,
vado contributo dos internamentos e da nas visitas médicas domiciliárias e na quanti-
oxigenoterapia nos doentes com DPOC. Em dade da medicação4,80,124,125.
Portugal, o número de internamentos por Segundo Griffiths123, o custo/benefício da
DPOC, em 2002, quadruplicou relativamente reabilitação depende crucialmente do local
a 1993, e os custos directos foram sete vezes onde é instituído. Os programas sob inter-
superiores, naquele intervalo de tempo119. namento tendem a aumentar o custo, sendo
É assim importante desenvolver todas as in- os realizados a nível do ambulatório custo/
tervenções que possam reduzir o número e /benéficos para os serviços de saúde.
duração dos internamentos. A DPOC e ou- Os programas de reabilitação produzem be-
tras doenças pulmonares crónicas causam in- nefícios para a saúde a custos geralmente ana-
capacidade e desvantagem aos doentes, com lisados como rentáveis e devem ser vistos
repercussão nos serviços de saúde e nos fa- como custo/eficazes. Assim, a evidência ac-
miliares e ou prestadores de cuidados. Se bem tual justifica o investimento em serviços de
que a medicação tenha benefício subjectivo, reabilitação respiratória em doentes com in-
muitos doentes mantêm-se sintomáticos e capacidade por doença respiratória crónica.
com qualidade de vida reduzida. Por outro lado, convém ainda salientar que a
Destaca-se pela sua especial importância, em prática de exercício físico é benéfica para a
todas as fases da doença, a intervenção no saúde, em termos gerais, dado que são múl-
tabagismo120,121,121, a executar em todos os tiplas as meta-análises que avaliam os efeitos
fumadores activos ou ex-fumadores recen- da actividade física regular sobre a mortali-
tes, considerada como o gold-standart das me- dade geral, sobre a mortalidade por causas
didas preventivas na saúde em geral. específicas e sobre a morbilidade por diver-
Quanto à análise de custo dos programas de sas causas126,127,128.
reabilitação respiratória em si, esta poderá
ser feita tendo em conta quatro conceitos123: Agradecimentos
Agradecemos ao Centro de Documentação
1. Custo directo: custo do programa de rea- da GlaxoSmithKline, pela ajuda na aquisição
bilitação para o serviço de saúde; de grande parte da bibliografia utilizada.

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