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Resumo Abstract
O treino de exercício tornou-se a pedra basilar dos pro- Exercise training has become a cornerstone of Pul-
gramas de reabilitação respiratória. Desde os anos 90, monary Rehabilitation. Since the nineties, the effecti-
está comprovada a sua eficácia na melhoria da capacida- veness in clinically relevant improvements in exercise
de para o exercício e qualidade de vida. As normas actuais capacity and health-related quality of life has been
recomendam exercício contínuo de alta intensidade dos proved. Current guidelines (Evidence A) recommend
membros inferiores, como a modalidade de exercício mais high intensity continuous exercise for lower extremi-
eficaz (evidência A); no entanto, para alguns doentes é ties as the most effective exercise modality, however,
por vezes difícil iniciar este tipo de programa, dada a for some patients it is often difficult to initiate such
limitação por dispneia ou fadiga dos membros inferiores. an exercise programme due to the limitation of dysp-
Nos últimos anos, têm-se dado especial relevância à noea or leg fatigue.
integração de outras modalidades de exercício (contí- In recent years, special relevance has been given to
nuo versus intervalado, aeróbico versus força, inclusão the integration of other modalities of exercise (conti-
ou não de treino dos músculos respiratórios). Os au- nuous versus interval, aerobic versus strength, inclu-
tores revêem a actual literatura sobre treino de exercí- sion or not of respiratory muscle training). The au-
cio na doença respiratória crónica, certos de que a disp- thors carry out a review of the current literature
neia e a inactividade condicionam um ciclo vicioso concerning exercise training in chronic pulmonary
que pode ser revertido pelo treino de exercício, plane- disease and this highlights the role of tailored exerci-
ado individualmente e de forma exacta. se to break the vicious cycle of dyspnoea and inactivity.
Rev Port Pneumol 2007; XIII (1): 101-128 Rev Port Pneumol 2007; XIII (1): 101-128
Palavras-chave: Treino de exercício, treino aeróbico, Key-words: Exercise training, aerobic training, stren-
treino de força, reabilitação respiratória. ght training, pulmonary rehabilitation.
1
Assistente graduada de Pneumologia
2
Fisioterapeuta
Hospital Pulido Valente, Unidade de Readaptação Funcional Respiratória
Directora de Serviço: Dr.ª Clarice Santos
Alameda das Linhas de Torres, 117
1769-001 Lisboa
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• Recondicionamento cardiovascular
• Dessensibilização para a dispneia
• Melhoria da eficiência ventilatória
• Melhoria da capacidade oxidativa, força e endurance muscular
• Melhoria da flexibilidade e da coordenação neuromuscular
• Melhoria na execução das actividades da vida diária
• Melhoria da composição corporal
• Melhoria da auto-imagem, segurança e capacidade de lidar com o stress
• Diminuição da ansiedade, depressão
• Diminuição da utilização dos serviços de saúde
• Melhoria da qualidade de vida
Adaptado de Maltais F. et al 26 e Cooper C.31.
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50-80%) deve ser referenciado para reabili- doença. Para a selecção de candidatos al-
tação. Até recentemente, a experiência nos guns aspectos particulares devem ser tidos
Estados Unidos44 sugeria que os doentes em consideração26 (Quadro IV).
habitualmente referenciados para os progra- Os valores funcionais são indicadores de gra-
mas de reabilitação apresentavam FEV1 na vidade da doença, mas por si só são insufi-
ordem dos 40 %, o que corresponde a uma cientes como indicadores de selecção para
implementação dos programas demasiado reabilitação respiratória. Assim, o défice res-
tardia. piratório, quando analisada a função respi-
A indicação para a reabilitação respiratória ratória, correlaciona-se pouco com a disp-
depende do estado clínico do indivíduo doen- neia e a tolerância ao exercício45.
te e não deve ser prescrita como último re- Mesmo os doentes com deficiência grave
curso do doente com incapacidade respira- poderão melhorar a sua tolerância ao exercí-
tória grave. Deverá assim ser integrada num cio. E a dimensão destes benefícios não se
plano terapêutico para todos os doentes relaciona com a gravidade da doença45,47. Não
com doença respiratória crónica tendo em existe um instrumento exacto para avaliar a
conta o seu défice funcional e/ou psicoló- incapacidade a partir da qual se deverá pro-
gico3. No entanto, e como a necessidade por o doente; para facilitar, considera-se que
excede os recursos, os critérios de selec- a escala de dispneia da Medical Research Coun-
ção são necessários, contudo não são crité- cil poderá auxiliar na selecção: doentes com
rios rigídos, já que os beneficíos são inde- dispneia de graus 3 a 5 terão indicação para
pendentes da idade e da gravidade da reabilitação respiratória3.
Motivação O doente motivado aceita a intervenção mais facilmente, procede a mudanças de estilo de vida
necessárias
Expectativa Expectactativas irrealistas podem ser prejudiciais para o doente, família e equipa de reabilitação
Respiratória
Compreensão Problemas de linguagem podem ser ultrapassados com folhetos com linguagem ajustada
Situação Ambiente de fumo e poluição é prejudicial;
domiciliária Suporte familiar favorece o sucesso, ao contrário do isolamento social
Tabagismo Adesão a programas de reabilitação poderá ser inferior em fumadores, no entanto os benefícios
são comparáveis aos dos obtidos nos não ou ex-fumadores
Idade e sexo Beneficíos não estão relacionados com idade ou sexo
Gravidade Benefícios não se relacionam com a gravidade da doença;
da doença preferencialmente, a reabilitação deve ser mantida na doença estável, mas recentemente tem
sido considerada durante os períodos de recuperação de exacerbação com bons resultados.
Medicação Tratamentos farmacológico e de oxigenoterapia deve estar optimizados
Comorbilidades Devem estar tratadas e estabilizadas; doença ósteo-articular ou claudicação influenciam
negativamente os resultados; desnutrição deve ser tratada.
Adaptado de Maltais et al 26.
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Os critérios de exclusão são de dois tipos: estruturado. Acima destes valores não se
patologias associadas que interferem com a consegue prevenir um aumento sérico de lac-
execução do treino (como artrite incapaci- tatos, vulgarmente chamado limiar metabó-
tante, demência ou outras que impossibili- lico ou limiar de lactatos (VO2q). Nos indiví-
tam a aprendizagem) ou comorbilidades que duos sedentários normais, o VO2 ocorre,
colocam em risco o doente (como angina aproximadamente, a 50% do VO2max; apesar
instável, enfarte do miocárdio recente, hiper- de reduzido no descondicionamento, habi-
tensão pulmonar grave). tualmente não é inferior a 40 % do VO2max43.
Um outro aspecto a ter em consideração é o Existem inúmeras recomendações para ma-
da motivação, não sendo no entanto critério nutenção da condição física. As recomenda-
de exclusão, já que por vezes um doente apa- ções mais importantes estão incluídas num
rentemente desmotivado, ao perceber que os relatório da US Surgeon General: Exercício ae-
benefícios são possíveis, modifica o seu nível róbico de moderada intensidade 30 minutos
de motivação26. Para além da motivação, um por dia na maioria dos dias da semana50. A
outro factor importante é o da adesão regu- ACSM (American College of Sports Medicine)
lar, de forma a obter benefícios. Segundo recomenda exercício bem delimitado, durante
Young et al 48, a não adesão relaciona-se, pri- 20 a 60 minutos por dia, três a cinco dias por
mordialmente, com o isolamento social, a semana, numa intensidade correspondendo
ausência de suporte social e a manutenção a 55-95% da frequência cardíaca máxima ou
de tabagismo. Outros autores, como Troos- 40-85% do VO2 reserva51. O exercício com
ters et al 49, consideram que os fumadores duração inferior a dez minutos, frequência
podem ser bons candidatos aos programas inferior a duas vezes por semana e intensida-
de reabilitação não só porque os benefícios de inferior a 40% do VO2 reserva é ineficaz.
são sobreponíveis, como a adesão ao pro- Se bem que estas recomendações sejam para
grama pode ser sobreponível, podendo ain- indivíduos normais e, apesar da impossibili-
da o programa de reabilitação, com aconse- dade da sua aplicação directa em doentes, não
lhamento psicológico adequado, ser uma devem contudo ser esquecidas quando se
janela de oportunidade para a cessação tabá- estrutura um treino num doente respirató-
gica: 63% dos fumadores referiram ter para- rio crónico43.
do de fumar durante o programa de reabili-
tação respiratória. 3) Como deve ser feita a prescrição
de exercício aeróbico?
2) Qual a melhoria potencial com Modalidade: As normas, baseadas na evi-
o treino aeróbico? dência, preconizam exercício aeróbico dos
A capacidade aeróbica, habitualmente tradu- grandes grupos musculares dos membros
zida pelo consumo máximo de oxigénio inferiores. O treino de endurance dos mem-
(VO2max), pode ser previsível com base na bros superiores é menos eficaz do que o trei-
idade, sexo, peso, e altura. A capacidade ae- no de endurance dos membros inferiores para
róbica é também influenciada pela condição a melhoria da capacidade funcional.
física e pensa-se que possa ser melhorada em Em 1995, Bickford et al 52 relataram os resul-
20% com vários meses de treino aeróbico tados de 283 programas em 44 estados dos
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Ghassan et al 63 são avaliados 18 estudos com (COHb nos fumadores); periféricas: desu-
treino dos membros inferiores, 15 dos quais so ou atrofia muscular, disfunção neuromus-
com treino dos membros superiores como cular, alterações circulatórias periféricas, di-
módulo do programa (Quadro VIII, p. 117). minuição da capacidade oxidativa do músculo
Modalidade: O treino poderá ser executado esquelético, desnutrição; motivacional; ou
com suporte (cicloergómetro de braços) ou ambiental64.
sem suporte (com utilização de pesos, bandas A prescrição de um treino aeróbico deverá
elásticas, os próprios membros superiores ser feita com base na informação obtida atra-
contra gravidade), aplicando-se o princípio vés de uma prova de exercício cardiopul-
de sobrecarga no que respeita à intensidade, monar65. Com este exame são identificadas
frequência e duração, de forma semelhante algumas das limitações específicas para o
à utilizada para o treino de membros infe- exercício, bem como os limiares relaciona-
riores. Das duas modalidades, o treino con- dos com a adesão e a segurança. A prova de
tra a gravidade (treino com pesos sem su- exercício cardiopulmonar, com análise de
porte) parece ser mais eficaz, pela semelhança algumas variáveis periféricas, ao permitir
com as actividades da vida diária.26,34 identificar essas limitações específicas, possi-
bilita não só optimizar a prescrição do treino
4) Como interferem com a prescrição como a intervenção terapêutica mais abran-
certas limitações específicas gente e ajustada em cada doente (Quadro V).
no exercício? Mas os factores limitativos do exercício não
A limitação para o exercício (ou VO2max re- são exclusivamente avaliados através deste
duzido atingido) não ocorre por um único exame66; caso a caso poderão ser necessários
componente do transporte de oxigénio/ou outros métodos de avaliação para identificar
processo de utilização, mas por interacções outros problemas relacionadas com: altera-
(colectivas) de várias causas. Se bem que vá- ções nutricionais (desnutrição e obesidade),
rios factores possam estar envolvidos, um defeitos no conteúdo e qualidade da hemo-
deles predomina, com contribuições variá- globina, acidose metabólica crónica, distúr-
veis dos outros factores na intolerância ao bios musculares e alterações endócrinas ou,
exercício. O exercício nos indivíduos normais ainda, causas psicogénicas de limitação do
é predominantemente limitado pelo sistema exercício67.
cardiovascular. A importância da fraqueza muscular esque-
No doente com doença respiratória crónic,a lética periférica na incapacidade para o exer-
esta limitação é habitualmente multifactorial: cício nos doentes com DPOC foi demons-
Pulmonar: mecânica ventilatória, hiperinsu- trada por vários autores e é descrita numa
flação dinâmica e alteração das trocas gaso- revisão recente68. A força isométrica do qua-
sas; cardiovascular: diminuição do volume dricípite relaciona-se significativamente com
sistólico, frequência cardíaca alterada, cir- a distância percorrida na prova de marcha
culação sistémica ou pulmonar alteradas, de seis minutos e com o consumo máximo
consequências hemodinâmicas da hiperinsu- de oxigénio69. Daí a importância da investi-
flação dinâmica, alterações do conteúdo (ane- gação do diagnóstico da diminuição da inca-
mia) ou da qualidade da hemoglobina pacidade para o exercício antes de iniciar um
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do dia-a-dia, pelo que esta capacidade deve ção de treino de exercício mais adequada,
ser avaliada especificamente. Existem duas poderá também ser útil na avaliação de pro-
formas de o fazer: por observação directa grama; no entanto, a complexidade e custos
ou relatada pelo doente. Um outro método limitam a sua utilização, para avaliação de
de avaliação, em estudo crescente, têm sido resultados de programa, apenas a centros
os monitores de actividade, utilizados por especializados3.
fornecerem medidas objectivas da activida-
de diária do doente3,4,83. Qualidade de vida
Capacidade de exercício: A medição da ca- Os instrumentos existentes para avaliar a
pacidade de exercício pode ser efectuada de qualidade de vida são vários na literatura in-
várias formas, incluindo testes de terreno, moni- ternacional e alguns encontram-se validados
tores de actividade e prova de exercício cardio- em português81,86. De qualquer modo, reco-
pulmonar. Os testes de terreno têm várias vanta- menda-se a utilização de um questionário de
gens: são fáceis de executar, o equipamento saúde geral, em conjunto com um instrumen-
necessário é reduzido, podem ser realizados to específico de doença.
em ambiente exterior ao laboratório e são sen- As diferenças clinicamente significativas, uti-
síveis à intervenção em reabilitação3. lizando alguns dos instrumentos utilizados na
A prova de marcha de seis minutos tornou-se avaliação de resultados dos programas de rea-
um exame vulgarmente utilizado, não só por- bilitação, encontram-se no Quadro VI63,87,88.
que se encontra estandardizado17, como é re-
produtível (uma vez eliminado o efeito de 6) Oxigenoterapia e ventilação
aprendizagem), permite a transposição para não invasiva no exercício?
as actividades da vida diária, e, ainda, porque A prescrição de oxigenoterapia durante o
os valores de referência estão estudados84. exercício é baseada na premissa de que a hi-
O shuttle walking test é uma alternativa à ava- poxemia é um factor limitativo do exercício;
liação funcional do exercício e as suas pro- contudo, os seus efeitos no desempenho do
priedades incrementais permitem estimar o exercício são complexos: para além de atra-
consumo máximo de oxigénio85. sar a limitação ventilatória, o oxigénio suple-
Para além de a prova de exercício cardiopul- mentar melhora a carga metabólica, a função
monar auxiliar na avaliação inicial das limita- muscular periférica (reduzindo o desconfor-
ções para o exercício e permitir uma prescri- to dos membros inferiores) e a função car-
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díaca. A importância relativa destes factores Quadro VII – Benefícios do oxigénio suplementar durante
o exercício
na contribuição da melhoria da endurance num
determinado indivíduo é difícil de avaliar, mas Tratamento Mecanismo / benefício
nos doentes que desenvolvem limitação ven- Oxigénio • Previne a dessaturação
tilatória sem oxigénio suplementar verifica- • Diminui a taquicardia
-se melhoria dos volumes pulmonares e da • Diminui a pressão da artéria pulmonar
dispneia quando se prescreve oxigénio89. Nos • Melhora a função ventricular direita
doentes com hipoxemia em repouso ou bor- • Diminui a ventilação minuto
derline, a utilização de oxigénio suplementar • Diminui a dispneia
• Diminui ou atrasa a fadiga diafragmática
tem benefício evidente, ao prevenir a dessa-
• Diminui o trabalho do diafragma
turação. São inúmeros os estudos documen- • Reverte a broncoconstrição induzida
tando o aumento de duração do exercício90. pela hipoxia
Mas também são referidos benefícios em • Aumenta a endurance
doentes que não dessaturam no esforço e a • Diminui os níveis séricos de lactatos
oxigenoterapia tem sido mesmo utilizada em durante o exercício
débitos superiores aos necessários para pre- Hiperoxia • (todas as referidas em cima)
venir dessaturação – hiperoxia91. • Diminui a drive ventilatória
• Diminui a frequência respiratória
Serão necessários, ainda, mais estudos para que
• Diminui a hiperinsuflação dinâmica
seja feita recomendação nos doentes que não Adaptado de Hoo G90.
dessaturam durante o exercício. Não existe ain-
da consenso quanto à identificação da necessi-
dade de oxigénio suplementar ou ao seu modo cios, é inquestionável que os doentes que to-
de distribuição, mas a utilização deste nos doen- leram treinos com maior sobrecarga atingem
tes com dessaturação ligeira induzida pelo exer- mais benefícios de que os que treinam com
cício não melhora os resultados do programa92,93. menor sobrecarga. Com base nestes dados ad-
Actualmente, recomenda-se oxigénio suplemen- quiridos é um desafio encontrar formas que
tar quando ocorre dessaturação clínica impor- permitam treinar a intensidades mais eleva-
tante (SpO2 < 90%) nos teste de avaliação ini- das. Assim, tem sido estudado o papel da ven-
cial, sendo esta recomendação não só para os tilação não invasiva (VNI) como forma de
períodos de treino de exercício como para acti- melhorar a endurance ou a intensidade do exer-
vidades semelhantes realizadas no domicílio9. cício, sendo de especial importância a acção
Os doentes que fazem oxigenoterapia de longa no controlo da hiperinsuflação dinâmica.
duração devem manter o oxigénio durante o trei- Nos trabalhos realizados nos últimos anos,
no e poderão mesmo necessitar de débitos mais a VNI é realizada durante o exercício94,95 ou
elevados. O oxigénio suplementar não deverá em períodos após exercício96 e não necessa-
apenas promover a segurança do doente, mas riamente em doentes que apresentam indi-
permite treino a intensidades mais elevadas3. cação para ventilação não invasiva no seu
No Quadro VII apresentam-se os benefícios período nocturno97.
da oxigenoterapia no exercício. O CPAP (Continuos Positive Airway Pressure) é um
Apesar de não ser ainda consensual o nível de modo de assistência ventilatória que contraria
treino ideal para atingir o máximo de benefí- os efeitos da hiperinsuflação dinâmica, forne-
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a sugestão de programas mais prolongados meses (Quadro IX e Fig. 1), nos doentes com
como forma de aumentar a eficácia era já refe- DPOC ligeiro ou moderado os resultados
rida com base nos estudos de Behnke et al 99, obtidos, relativamente aos grupos de con-
Finnerty et al 100 e Green et al 101. trolo, foram significativamente melhores, in-
A, também recente, meta-análise de Ghas- dependentemente de a duração dos progra-
san et al 63, vem acrescentar uma importante mas terem sido longos ou curtos.
conclusão relativamente à duração dos pro- A duração de um programa de reabilitação é
gramas e à gravidade da doença: enquanto ainda assunto de debate, já que é conhecida
os estudos que incluíram doentes com DPOC a perda progressiva de beneficíos mais ou
grave só apresentaram diferenças significati- menos rápida após a sua suspensão (12 a 18
vas na distância percorrida, quando os pro- meses)102,103.
gramas tiveram uma duração de seis ou mais Este assunto coloca uma outra questão:
Score
N.º doentes Duração Treino Autores / ano
qualidade
DPOC 3 14 8 semanas S I Lake (1990)
ligeira / 2 24 3 meses I McGavin (1977)
/ moderada
2 30 3 meses I Strijbos (1996)
3 32 12 semanas S I Bendstrup (1997)
3 82 6 meses R Guyatt (1992)
2 36 12 semanas S I R Wijkstra (1995)
2 28 8 semanas S I Simpson (1992)
4 34 7 meses S I Cockcroft (1981)
2 19 3 meses S I Gosselink (1996)
2 19 3 meses S I R Cambach (1997)
2 77 6 semanas R Sassi-Dambron (1995)
2 200 6 semanas S I Griffiths (2000)
2 56 8 semanas S I Wedzicha (1998)
2 62 6 meses S I Troosters (2000)
DPOC 3 24 6 meses S I R Weiner (1992)
grave 2 14 10 semanas S I Jones (1985)
2 77 6 meses S I R Goldstein (1994)
2 50 12 meses S I R Engstrom (1999)
2 54 8 semanas S I Wedzicha (1998)
2 47 6 meses I R Guell (2000)
S – treino exercício membros superiores; I – treino exercício membros inferiores; R – treino músculos respiratórios.
Adaptado de Ghassan et al 63.
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Adaptado de Ghassan et al 63.
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ção com instruções individualizadas para que o treino dos músculos inspiratórios po-
lidar com a doença nas suas várias fases3,113 derá ser um componente importante na rea-
e a necessidade de transferir para o domicí- bilitação ao evidenciar beneficíos importan-
lio o treino educacional e de exercício como tes num grupo particular de doentes com
forma de promover uma adesão a longo fraqueza muscular inspiratória (PI,max ≤ 60 cm
prazo3. H2O) treinados a intensidades superiores a
Ou seja, o programa de reabilitação, inde- 30% da pressão máxima inspiratória. Nesta
pendentemente do local onde é realizado, análise, não foi demonstrada, ainda, evidên-
sob internamento, ambulatório ou domicí- cia para a preferência da modalidade (resis-
lio, deverá ser planeado e estruturado com tive loading ou treshold loading). Também a ATS
data de início e fim, com um número de e ERS3 não mostram preferência entre es-
sessões predefinidas e maioritariamente super- tas duas modalidades ou a hiperpneia nor-
visionadas. Quando acabado o programa, mocápnica.
o doente que o executou deverá ter adqui- Weiner et al 117 aplicaram treino muscular com
rido um estilo de vida modificado e, assim, treshold a doentes com asma e demonstraram
de forma mais ou menos autónoma, deverá não só um aumento da força muscular, como
manter “um programa” durante toda a evo- melhoria dos sintomas de asma, redução da
lução da sua doença. medicação, hospitalizações, assistência em
serviços de urgência e absentismo escolar ou
9) Treino dos músculos respiratórios no trabalho.
O treino dos músculos respiratórios tem sido A meta-análise de Ghassan et al 63 mostrou-
investigado predominantemente nos doen- -nos que os estudos em que os programas
tes com DPOC, tendo sido dada particular de reabilitação que incluíram treino de mem-
relevância ao treino dos músculos inspirató- bros inferiores (18 estudos) efectuaram dis-
rios. Os estudos realizados com treino dos tâncias na marcha significativamente supe-
músculos expiratórios são escassos e pouco riores aos controlos. Os dois estudos com
promissores114. treino dos músculos respiratórios apenas
Apesar de o treino específico dos músculos não apresentaram diferenças significativas
inspiratórios poder aumentar a força e endu- com os controlos.
rance, estes efeitos não têm revelado impacto Celli, num recente trabalho34, afirma que o
significativo na incapacidade e desvantagem treino dos músculos respiratórios necessita
dos doentes com DPOC, pelo que não é con- de mais estudos com evidência científica
siderado componente essencial num progra- para que venha a ser recomendado, alertan-
ma de reabilitação4. Em doentes selecciona- do para a possibilidade de indução de fadi-
dos, que apresentam diminuição da força dos ga muscular, potencialmente precipitadora
músculos respiratórios e manutenção da de insuficiência ventilatória, dado que os
dispneia apesar de treino geral de recondicio- músculos respiratórios, ao contrário dos
namento, este tipo de treino poderá ser con- periféricos, não podem repousar após o trei-
siderado no programa de reabilitação3,115. no. Por outro lado, um outro problema é o
A recente meta-análise realizada por Lot- da adesão a este tipo de treino, já que não é
ters et al 116 em doentes com DPOC conclui conseguida adesão em mais de 50% dos
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