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IMPORTÂNCIA DO CONCRETO NA GERAÇÃO DE CO2 EM UM CASO DE

OBRA DE UM EDIFÍCIO

IMPORTANCE OF CONCRETE IN GENERATING CARBON DIOXIDE IN A BUILDING


CASE
José de Almendra Freitas Jr. (1); Carlos Frederico Alice Parchen (2),
Maria de Fátima Rodrigues Parchen (3)

Professor Msc Dept. Construção Civil UFPR


Professor Msc Dept. Construção Civil UFPR
UFPR
Centro Politécnico - Jd. das Américas - Curitiba-PR - CEP: 81531-990

Resumo
Observando-se o problema do aumento da concentração de gases do efeito estufa na atmosfera,
principalmente do dióxido de carbono, tendo em vista a necessidade de se avaliar a contribuição das obras
de construção civil para este fenômeno, este estudo foi desenvolvido para se obter a importância relativa da
geração do dióxido de carbono pelos principais materiais utilizados na construção de um edifício residencial
comum. Para o desenvolvimento do trabalho foram calculadas médias de geração de dióxido de carbono
pelos principais materiais utilizados no edifício escolhido. Os materiais selecionados para o levantamento
foram: o aço, o concreto, a cal, os tijolos e telhas cerâmicas, o alumínio e o vidro, que são os materiais mais
importantes para o fenômeno em questão. Fazendo-se o somatório dos consumos destes materiais,
chegou-se à importância quantitativa e qualitativa que cada um tem na geração do dióxido de carbono pela
obra selecionada.
Palavra-Chave: dióxido de carbono, efeito estufa.

Abstract
Looking at the problem of increased concentration of greenhouse gases in the atmosphere, mainly carbon
dioxide, taking into account the need to evaluate the contribution of construction works for this phenomenon,
This study was designed to obtain the relative importance of the generation of carbon dioxide the main
materials used in the construction of a residential building. The materials selected for the survey were steel,
concrete, lime, bricks and ceramic tiles, aluminum and glass, which are the most important materials for the
phenomenon in question. Making up the sum of consumption of these materials, it was the quantitative and
qualitative importance that each has in the generation of carbon dioxide for the work selected.
Keywords: carbon dioxide , greenhouse effect.

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1. INTRODUÇÃO

Não é simples a determinação das quantidades de dióxido de carbono (CO2),


gerado por cada material presente em uma obra. Para a produção dos materiais de
construção ocorre a liberação de CO2 devido a queimas de combustíveis dentro de
processos de produção industrial, liberações de CO2 pela decomposição química da
matéria-prima, além do dióxido de carbono liberado pelos processos de produção das
embalagens, e o uso de combustíveis no transporte dentro do processo industrial e para
entrega nas obras.
Outro ponto que introduz dificuldades para este tipo de levantamento é a
variabilidade nas quantidades de CO2 gerados por unidade de um mesmo material, por
diferentes indústrias do mesmo setor. Ocorrem diferenças significativas devido a
tecnologias mais ou menos eficientes quanto à otimização do calor e consumo de
combustíveis, como na indústria da cal, assim como a diferenças nas matérias primas,
como na indústria siderúrgica que opera ou com minério de ferro ou com sucata.
Foram tomados como subsídios para este levantamento, diversos trabalhos que
tratam sobre a geração de CO2 pelos processos de obtenção dos mais importantes
materiais básicos de construção, como o cimento Portland, a cal, os tijolos e pisos
cerâmicos, o aço e o alumínio. Complementarmente utilizou-se de informações de
fornecedores locais de concreto e argamassas, sobre consumos de cal e cimento, para se
chegar nas quantidades CO2 de geradas por estes materiais compostos.
O presente trabalho se concentra no levantamento, a partir de médias
aproximadas, das quantidades de CO2 gerados para a produção de materiais de
construção, que foram aplicados em um edifício residencial de Curitiba, escolhido como
estudo de caso pelo fato deste utilizar tecnologias convencionais para a região.

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2. METODOLOGIA - LEVANTAMENTO DO DIÓXIDO DE CARBONO
GERADO PELOS MATERIAIS

Dentro do escopo deste trabalho estão considerados o CO2 gerado pela queima de
combustíveis dentro do processo de produção, assim como o CO2 liberado devido a
decomposição química da matéria-prima para transformação no material de construção
desejado.
Não foram avaliadas outras origens de CO2, que são mais complexas de se medir,
como o gerado pelo gasto de combustível para o transporte, assim como de eventuais
combustíveis consumidos para a geração de energia elétrica. Também não foram
consideradas as gerações de CO2 para a produção de embalagens.
Outro ponto importante que aqui não foi diretamente considerado é a capacidade
dos diferentes materiais poderem ou não ser reciclados, fator que sem dúvida reduz, ao
final da vida útil da obra, a necessidade de novas emissões de CO2.
A seguir são apresentadas as quantidades de CO2 geradas pelos materiais
escolhidos, assim como alguns comentários sobre as peculiaridades destes, conforme as
liberações de CO2 e os respectivos processos de produção. O critério de escolha dos
materiais foi por estes serem os de uso mais comum e em maiores quantidades no tipo de
obra aqui estudada.

2.1 A Cal

Para a calcinação do calcário, as indústrias da região Metropolitana de Curitiba,


utilizam como combustível o óleo combustível ou a lenha. Nas indústrias mais sofisticadas
do setor, predomina o uso de cavacos de madeira e eventualmente o óleo combustível,
que são queimados em fornos contínuos, consumindo na operação 0,9kcal para a
produção de uma grama de cal virgem (CaO). Nas indústrias mais simples usa-se lenha
em fornos descontínuos, que chegam a consumir até 2kcal para a produção de um grama
de cal virgem (CaO), (Figueiredo, A. et al., 2002).

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Baseando-se em Quirino (2002) e em CETESB (2008) conclui-se que utilizando-se
lenha seca para a geração de calor, a combustão gera 395kg de CO2 para a produção de
0,9kcal e 845kg de CO2 para produzir 2kcal. A utilização de calcário ou lenha úmidos
eleva estes valores.
Observando-se a reação química de descarbonatação do calcário que ocorre neste
processo, com a calcinação de uma tonelada de carbonato de cálcio (CaCO3) obtém-se
560kg de cal virgem (CaO) e libera-se 440kg de dióxido de carbono (CO2). Este CO2 é
depois reabsorvido na recarbonatação da cal hidratada.
Considerando que o aglomerante cal utilizado nas argamassas é o hidróxido de
cálcio (Ca(OH)2), refizemos os cálculos das massas moleculares para se obter uma
tonelada deste aglomerante. Para se obter 1000kg de Ca(OH)2 usa-se 757kg de CaO e
243kg de água. Para se chegar aos 757kg de CaO foram necessários 1351kg de
carbonato de cálcio CaCO3, que durante a calcinação liberaram 594kg de dióxido de
carbono.
Portanto para se obter 1000kg do aglomerante hidróxido de cálcio, gera-se de 395
a 845kg de dióxido de carbono pela queima de lenha, mais 594kg deste gás pela
descarbonatação do carbonato de cálcio.

2.2 O cimento Portland

A fabricação do cimento Portland, aglomerante também derivado do calcário, é


grande emissora de dióxido de carbono. Para a produção de 1000kg clinquer, gera-se de
900 a 1000kg de CO2, (Mehta, P. K., 2001). Deste total 50 a 60% das emissões são
geradas na reação química de calcinação do calcário, 30 a 40% são devido à combustão
dos combustíveis fósseis no forno.(M. Sumner; et al., 2008).
A incorporação de adições ao clinquer, como cinzas volantes e escórias de alto
forno, que são resíduos industriais, (termoelétricas à carvão mineral e siderúrgicas
respectivamente), minimizam a proporção do clinquer, (reduz o fator de clinquer), nos
diversos tipos de cimento Portland, diminuindo também a quantidade de CO2 gerado por
unidade de peso de cimento.

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Partindo do princípio que as escórias e as cinzas volantes são resíduos industriais,
e que o seu aproveitamento pela indústria cimenteira não gera CO2, na Tabela 1 estão
apresentados os valores aproximados das quantidades de CO2 gerados por alguns
cimentos com estas adições. É importante salientar que as quantidades destas adições
são variáveis de uma indústria para a outra e até dentro de uma mesma indústria de
forma sazonal.

Tabela 1 - CO2 gerado por tonelada de cimento Portland.

Tipo Adição kg CO2/tonelada


CP II E 40% Escória + Filer carbonático 580
CP II Z 24% Pozolana + Filer carbonático 700
CP III 75% Escória 290
CP IV 40% Pozolana 530
CP V 5% Filer carbonático 860

2.3 As argamassas de revestimento a base de cal e cimento Portland

Amplamente utilizadas na Região Metropolitana de Curitiba para o revestimento de


regularização, (emboço), em obras que utilizam elevações em alvenarias de tijolos
cerâmicos, além de tetos sob lajes de concreto armado, as argamassas pré-misturadas
de areia e cal são fornecidas às obras.
O traço mais tradicionalmente encontrado tem um consumo de 140kg de cal
hidratada, hidróxido de cálcio ou Ca(OH)2, por metro cúbico de argamassa.
Nestas argamassas, a técnica usual para preparar o material que será aplicado nos
emboços, faz-se o acréscimo de cimento Portland em quantidades que variam conforme a
sua finalidade. Na região de Curitiba, o tipo de cimento mais comum utilizado é o CP II Z.
Nas argamassas para uso interno o consumo de cimento aplicado na obra em estudo foi
de 100kg por metro cúbico. Nas argamassas de uso externo o consumo foi de 150kg de
cimento por metro cúbico.

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Considerando que a cal hidratada absorve CO2 na etapa de endurecimento
(recarbonatação), com estas informações foi montada a Tabela 2, onde estão
relacionadas as quantidades de CO2 relativas a cada tipo de argamassa utilizada para
emboço.
Para este estudo, considerando a evolução da indústria da cal, utilizamos os
valores mínimos de geração de CO2.

Tabela 2 - Quantidades de CO2 geradas e reabsorvidas, por metro cúbico de argamassa para
emboço, conforme o tipo.

Consumo de Consumo de CO2 CO2


cal hidratada cimento Portland reabsorvido
Finalidade gerado
kg/m3 kg/m3 kg/m3
kg/m3
Uso interno 140 100 210 – 270 84
Uso externo 140 1503 235 – 295 84

2.4 Os concretos

A partir de informações fornecidas pela usina de concreto e fábricas de pré-


moldados, fornecedoras da obra objeto deste estudo de caso, e que para a produção dos
agregados é gerado CO2 somente no transporte e explosivos (areia artificial e brita), foi
considerado para este estudo, para os concretos, somente o dióxido de carbono liberado
pelo cimento Portland consumido. Também não foi considerado o CO2 gerado pelo
transporte e bombeamento do concreto.
A Tabela 3 apresenta as quantidades de CO2 geradas para a produção dos tipos
de concretos utilizados na obra em estudo, que foram de fck de 15MPa para as
fundações, fck de 25MPa para a superestrutura, ambos utilizando cimento CP IV e de fck
25MPa em elementos pré-moldados utilizando cimento tipo CP V .

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Tabela 3 - Quantidades de CO2 geradas por metro cúbico dos diferentes concretos utilizados na
obra.

Concretos: Kg CO2 x m3
15 MPa - abat. 80 +- 10mm - CP IV 97
25 MPa - abat. 80 +- 10mm - CP IV 133
25 MPa - abat. 80 +- 10mm - CP V 186

2.5 As argamassas de cimento

Ma obra em estudo, foram utilizadas, para regularização de pisos argamassas


secas, tipo “farofa”, de cimento e areia. Estas argamassas são compactadas
manualmente e tem sua superfície endurecida por cimento “queimado”. O consumo de
cimento da argamassa aplicada na obra em estudo foi de 250kg/m3. O dióxido de carbono
gerado é de 176kgCO2/m3.

2.6 Os materiais cerâmicos

As alterações químicas, decorrentes da transformação das diferentes argilas em


produtos cerâmicos, que ocorrem dentro dos fornos, normalmente não liberam dióxido de
carbono. Para a produção de materiais cerâmicos, a fonte amplamente predominante na
geração de CO2, é a queima de combustíveis nos os processos de secagem e queima. Os
combustíveis tradicionais do setor são: a lenha, a serragem, o óleo diesel e o gás.
(Soares, S. R. e Pereira, S. W; 2004).
As indústrias de cerâmica vermelha como blocos (tijolos) e telhas, utilizam em geral
lenha, cavacos, serragem ou outros resíduos de madeira como combustível. Já o setor de
revestimentos cerâmicos mais sofisticados, como pisos monoqueima e azulejos, utiliza-se
em geral de gás ou óleo combustível. (Soares, S. R. e Pereira, S. W; 2004).
No seu trabalho, Soares, S. R. e Pereira, S. W, fizeram um levantamento dos
resíduos gerados pelo do setor de pisos e blocos cerâmicos (tijolos) no estado de Santa
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Catarina, onde foram estudadas indústrias do setor, escolhidas pela sua
representatividade.
É importante salientar que a eficiência energética do setor de cerâmicas vermelhas
é bastante variável, em função principalmente dos modelos de fornos e técnicas de
secagem.
Os valores para as liberações de dióxido de carbono levantadas por Soares, S. R.
e Pereira, S. W em sua pesquisa, para elevações de “meio tijolo”, com blocos cerâmicos
(tijolos), foram de 42kgCO2/m2 em indústrias que utilizam forno convencional tipo garrafão
e de 21kgCO2/m2 para indústrias que utilizam forno contínuo tipo túnel, ambas queimando
serragem de madeira. Neste estudo utilizamos a média, 32kgCO2/m2.
As analises dos mesmos autores para industrias cerâmicas produtoras de
revestimentos monoqueima chegou a valores da ordem de 2,9kgCO2/m2.
Para telhas cerâmicas não foram encontrados trabalhos que tenham avaliado as
emissões de dióxido de carbono para indústrias da região. Entretanto, como as técnicas
para a produção de telhas cerâmicas comuns são muito semelhantes às utilizadas para a
produção de blocos cerâmicos, o uso de uma média de 32 kg CO2/m2 para telhas capa e
canal, como as utilizadas na obra em estudo é bastante lógico. Raciocínio semelhante
utilizamos para as lajotas cerâmicas aplicadas nas lajes pré-moldadas.

2.7 O aço

A indústria de siderurgia, responsável pela produção de aço, também é grande


geradora de dióxido de carbono. Para se obter aço a partir do minério de ferro, novamente
ocorre a decomposição química de óxidos de ferro, reação que libera monóxido e dióxido
de carbono.
De acordo com o International Iron and Steel Institute, a média mundial de
liberações de CO2 para produção de aço é de 1,7 toneladas para cada tonelada de aço.
Estudo analisando 35 siderúrgicas por todo o mundo, (Sandberg et al. 2001), que operam
com minério de ferro em alto-forno, encontrou valores de 1,6 a 2,6 toneladas de CO2 por
tonelada de aço. Para indústrias que produzem aço a partir de sucata, utilizando fornos à

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arco elétrico, o mesmo estudo, agora sobre 10 siderúrgicas, encontrou valores de 0,2 a
1,1 toneladas de CO2 por tonelada de aço.
As principais causas para estas variações são a utilização ou não de cal (ou
cástinas) como corretor de pH ou fundente, dentro do alto-forno, a origem da energia
elétrica para a reciclagem de sucatas.
Para este estudo utilizaremos a média mundial de 1,7 toneladas de CO2 por
tonelada de aço. Não está sendo considerado para este estudo a futura reciclagem do
aço. O Brasil recicla 70% do aço produzido anualmente.

2.8 O alumínio

Para a produção de alumínio também é gerada uma grande quantidade de CO2.


Embora o processo de obtenção deste metal consuma predominantemente energia
elétrica, são necessários 15MW/h para produzir uma tonelada de alumínio, o processo de
redução da alumina (Al2O3) consome eletrodos de grafite e libera dióxido de carbono.
Para se obter uma tonelada de alumínio, consomem-se duas toneladas de alumina e
cinco toneladas de bauxita. A quantidade total de CO2 liberado varia muito em função da
origem da energia elétrica. Com a utilização de hidroeletricidade gera-se 6,5 toneladas de
CO2 para cada tonelada de alumínio, se for utilizada eletricidade gerada a partir de carvão
mineral, gera-se 12 toneladas de CO2 para cada tonelada de alumínio, conforme o
Warmer Bulletim - World Resource Foundation.
Para este estudo, tendo em vista que a matriz energética brasileira é
predominantemente hidroelétrica, utilizaremos o valor de 6,5 toneladas de CO2 por
tonelada de alumínio. Também não está sendo considerada neste estudo a reciclagem do
alumínio. O Brasil recicla 90% do alumínio produzido.

2.9 O vidro

Nos processos de produção de vidro são consumidos combustíveis: como gás, e


óleo. Não há liberação significativa de CO2 pela decomposição de matérias primas.

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Decorrente da produção são liberados 490kg de CO2 por tonelada de vidro. (Almeida, M.;
2007).
Portanto para se fabricar chapas com 4mm de espessura, utilizadas no edifício em
estudo, são gerados 5,1kg de CO2 por metro quadrado. Cabe também salientar que
normalmente os vidros planos não são reciclados.

3. O EDIFÍCIO OBJETO DO ESTUDO DE CASO

O edifício residencial escolhido para este estudo de caso, mostrado na Figura 1, foi
selecionado pelo fato de neste serem aplicadas tecnologias convencionais região.

A obra em estudo é um edifício residencial, com 14 apartamentos, com área total


de 1.344 m2, distribuídos em térreo mais três pavimentos. As fundações são em estacas
escavadas com trado contínuo, preenchidas com concreto, com uma média de 12 metros
de profundidade. A estrutura é em concreto armado, sendo as lajes em viguetas pré-
moldadas com lajotas cerâmicas. As elevações são em blocos cerâmicos (tijolos de 6
furos), revestidas por emboço de argamassa de cal e areia a qual era adicionado cimento
Portland CP II. As lajes foram posteriormente niveladas com argamassa de cimento
Porltand CP II e areia. A cobertura é em telhas cerâmicas tipo capa e canal. As fachadas
principais são revestidas em cerâmica monoqueima 10x10 cm. Internamente os banheiros
e cozinhas são revestidos de azulejos e possuem pisos cerâmicos monoqueima. As
Figuras 3 até a 7 mostram o aspecto geral destas tecnologias sendo aplicadas na obra
em estudo.

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Figura 1 - Ed. Acácia do Residencial Gralha Azul.

Figura 2 - Aspecto do edifício mostrando as elevações externas e a estrutura.

Figura 3 - Lajes pré-moldadas e lajotas cerâmicas.

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Figura 4 - Confecção das elevações internas com tijolos de seis furos.

Figura 5 - Execução de emboço interno com argamassa de areia cimento e cal.

Figura 6 - Execução de contrapiso de regularização de lajes, com argamassa de cimento e areia.

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Figura 7 - Aspecto do telhado com telhas cerâmicas.

4. RESULTADOS OBTIDOS

De posse das quantidades dos principais materiais geradores de CO2, que foram
aplicados na obra, foi montada a Tabela 4, que contém as quantidades deste gás
liberadas por cada material, com os respectivos totais.
O primeiro resultado interessante é a quantidade de CO2 por metro quadrado de
construção da obra em estudo, que foi de 205,7 kgCO2 /m2.
Observando os percentuais, que mostram a importância relativa de cada material,
salientam-se os tijolos cerâmicos, com 30,1%, os concretos com 16,1%, os aços
estruturais com 11,1% e as argamassas de cal com 12,6%, já descontados o CO2
absorvido pela recarbonatação.
Outros números importantes são os relativos às telhas cerâmicas 5,2%, ao
alumínio das esquadrias 4,7% e a argamassa de cimento para pisos com 4,3%.

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Tabela 4 - Quantidades de CO2 geradas pelos materiais utilizados no edifico estudo de caso.

kgCO2/
Materiais Quant. Und. unid. kg CO2 %

Conc. 25 MPa brita 0 abat. 170 mm 80 m3 133 10.620 3,8%

Concreto 25 MPa bombeável 1+2 170 m3 133 22.568 8,2%

Concreto 25 MPa pré-moldado 48 m3 237 11.375 4,1%


Lajotas cerâmicas para laje 800 m2 32 25.600 9,3%
Aço CA 50 e CA 60 e arame 18 18000 kg 1,7 30.600 11,1%
Formas madeira m3 0 0,0%
Tijolos cerâmicos 2600 m2 32 83.200 30,1%
Argamassa cal revestimento interno 161 m3 210 33.869 12,2%
Argamassa cal revestimento
externo 97 m3 235 22.740 8,2%
CO2 reabsorvidos pela cal 258 m3 -84 -21.676 -7,8%
Argamassa cimento+areia p/ piso 67 m3 176 11.794 4,3%
Azulejos 900 m2 2,9 2.610 0,9%
Piso cerâmico 400 m2 2,9 1.160 0,4%

Revestimento cerâmico externo 1100 m2 2,9 3.190 1,2%

Telhas cerâmicas 450 m2 32 14.400 5,2%


Esquadrias de alumínio 2.000 kg 6,5 13.000 4,7%
Vidros e espelhos (4 mm) 220 m2 5,1 1.122 0,4%
Tubulações de aço 300 kg 1,7 510 0,2%
Esquadrias de aço 900 kg 1,7 1.530 0,6%
Caixas elétricas/incêndio de aço 250 kg 1,7 425 0,2%
Peças do elevador em aço 1800 kg 1,7 3.060 1,1%
2
Paver pré-moldado PH 06 400 m 12 4.800 1,7%
Total: 276.496 100,0%

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5. CONCLUSÕES

Observado-se os resultados verifica-se a importância do sistema de construtivo


utilizado nas elevações do edifício, somando os percentuais das argamassas de cal com
dos blocos cerâmicos (tijolos de 6 furos), alcança-se 32,7%. Com um percentual tão alto,
qualquer estudo com a finalidade de reduzir a carga total de dióxido de carbono deverá
enfocar este sistema.
Outro conjunto de materiais que merecerá estudos para minimizar o seu impacto
como gerador de dióxido de carbono são os concretos. A utilização de cimentos com
menor fator de clinquer é uma alternativa

6. Referências

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Pequenas e Médias Empresas, Seminário Protocolo de Quioto, Centro Tecnológico da
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