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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2002.01.00.045358-4/PI

RELATÓRIO

O EXMO. SR. DES. FEDERAL LUIZ GONZAGA BARBOSA MOREIRA (RELATOR):


Cuida-se de agravo de instrumento interposto pelo INSS impugnando decisão
proferida pelo Juízo Federal da 5ª Vara da Seção Judiciária do Estado do Piauí que “...determinou o
pagamento do valor de R$ 8.479,81 (oito mil, quatrocentos e setenta e nove reais e oitenta e um
centavos) aos impetrantes, conforme cálculos de fls. 244/245 (sic)” (fls. 02/03).
O relatório constante do parecer do MPF bem resumiu a questão (fls. 63/64):
“O INSS alega em suas razões:
1. “ a decisão recorrida (doc. 01) descumpre o devido processo legal, pois
priva o agravante do contraditório e da ampla defesa, desrespeitando,
inclusive, o rito processual civil pertinente à espécie, ao fazer menção, como
suposto fundamento, à Lei n. 10.259/01 (Lei dos Juizados Especiais
Federais) como aplicável ao caso, quando data vênia, não é” (fl. 5);
2. “se tivesse havido a regular execução da parte atinente às parcelas
vencidas, com a necessária exigibilidade, o que não ocorreu, o pagamento do
valor devido deveria obedecer o contido na Resolução n. 258, de 21.03.2002,
do E. Conselho da Justiça Federal” (fl. 5);
3. embora requerida a citação do INSS para opor embargos, foi determinada
somente sua intimação para se manifesta sobre a inicial de execução, sendo
nulo o processo a partir dessa decisão (fl. 6).”

Efeito suspensivo deferido às fls. 49.


Contra-minuta apresentada às fls. 57/60.
O MPF, em parecer de fls. 63/66.
Informações prestadas às fls. 73/75.
É o relatório.

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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2002.01.00.045358-4/PI

VOTO

O EXMO. SR. DES. FEDERAL LUIZ GONZAGA BARBOSA MOREIRA (RELATOR):


1) No que diz com o valores questionados, adoto o parecer do MPF (fls 63/66, como
segue):
“A sentença exeqüenda, proferida em ação mandamental, determinou “que a
autoridade impetrada mantenha o pagamento mensal dos benefícios
previdenciários suspensos, e PAGUE as parcelas vencidas, desde a data de
suspensão do benefício até o efetivo restabelecimento determinado por
ordem judicial” (fl. 30).
Este comando sentencial transitou em julgado, estando sob o pálio da coisa
julgada material (art. 5º, XXXVI/CF, c.c. art. 472/CPC), ainda que seja
pacífico o entendimento de que os efeitos patrimoniais da sentença
mandamental somente se projetam a partir da sua propositura (Súmulas 269
e 271/STF). Tollitur quaestio!
Da planilha de cálculos apresentada juntamente com a peça de execução da
sentença, contata-se que foram incluídas parcelas referentes a
janeiro/fevereiro de 1998 (fls. 36/37), sendo certo que a distribuição do
mandamus ocorreu em março/1998 (fl. 13).
Registre-se que o INSS argúi a nulidade do processo, alegando que não fora
chamado a juízo para embargar, mas, somente para se manifestar sobre a
petição de execução de fls. 34/35, tendo oferecido resposta às fls. 39/40,
sem, contudo, apresentar impugnação específica quanto ao valor dos
cálculos, então cobrados.
A alegativa de nulidade suscitada pela Fazenda Pública, data vênia, afigura-
se irrazoável, pois o ato de chamamento a juízo (fl. 38) alcançou seu objetivo
com a manifestação do INSS (fls. 39/40), não se admitindo formalismo inútil,
dado a aplicação do princípio da instrumentalidade do processo, não sendo
crível que os ilustres Procuradores da Autarquia ao tomarem conhecimento
dos termos da peça de execução de fls. 34/35, simplesmente deixassem de
oferecer a resistência que porventura entendessem cabíveis, somente porque
o Juízo a quo, em vez de mandar citar, mandou intimar!!!
Enfim, o ato de comunicação processual alcançou sua finalidade, sem
prejuízos para a Autarquia, tanto que, tempestivamente, se manifestou (fls.
39/40).
Não tivesse se operado a coisa julgada material, na pior das hipóteses seria o
caso, simplesmente de excluir da execução os valores referentes aos dois
meses (janeiro e fevereiro de 98) anteriores à impetração, sem prejuízo do
montante apurado, relativo aos meses subsequentes, impondo-se, neste
aspecto, o prosseguimento do processo.
O que não se pode admitir é que milhares de segurados e pensionistas
fiquem anos a fio a espera do cumprimento das decisões judiciais
reparadoras das lesões que sofreram, muitos morrendo antes mesmo de
poderem gozar dos seus direitos, em razão de abusos processuais
manifestados pelo maior cliente do Poder Judiciário – a União, suas
autarquias e a CEF – e, agora, também pelas concessionárias dos serviços
públicos de energia e telefonia que, em fiscalização das agências reguladoras
ou talvez com a omissão delas, cotidianamente, zombam dos direitos dos
consumidores brasileiros, emperrado a máquina judiciária.
Em face do exposto, opina o Ministério Público pelo conhecimento e
improvimento do agravo” (fls. 63/66) .

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2) De outro lado, com razão o despacho de fls. 48/49, ao deferir o efeito suspensivo,
relativamente ao pagamento imediato da dívida. Confira-se:
“Por outro lado, observo que as requisições para o pagamento de débito de
pequeno valor, de que trata o § 3º do art. 100 da CF/88, regulamentado pela
Lei nº 10.099, de dezembro de 2000, devem ser feitas diretamente ao
tribunal, tendo em vista as disposições constantes da Lei nº 10.266/2001 e da
resolução nº 258, de março de 2002, do Conselho de Justiça Federal, e não
diretamente à Autarquia conforme estabelecido pela decisão agravada” (fls.
49).
3) Pelo exposto, dou parcial provimento ao agravo, nos termos do item 2, retro.
É o voto.

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