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Guilherme Arduini1
Vinicius Wohnrath2
Resumo: Este trabalho se insere nos debates sobre a cultura constitucional brasileira e a participação
de diferentes grupos nas disputas para regulamentação jurídica do País. Nossa proposta é examinar a
incursão dos agentes religiosos nos debates que resultaram nas Constituições de 1934 e 1988, promul-
gadas em diferentes contextos e cenários. Tomando como fontes as atas das duas constituintes, publi-
cações institucionais e a cobertura da imprensa, nossa ênfase estará nas posições dos católicos e, mais
recentemente, dos evangélicos, nas discussões públicas sobre a organização da vida privada. Isto por-
que, tópicos como a educação dos filhos, o casamento e os direitos reprodutivos vêm se mostrando, em
diferentes épocas, como bandeiras estruturantes das igrejas cristãs capazes de participar das disputas
pelo Estado. Como resultado, podemos apontar o sucesso, repetido historicamente, que as igrejas cristãs
tiveram em ocupar postos-chave na cadeia de decisões sobre temas de seu interesse, assim como suas
formas de mobilização, com acordos costurados com os deputados constituintes, partidos ou bancadas.
Abstract: This paper is incorporated in the debates on Brazilian constitutional culture and the partici-
pation of diferente groups in the disputes over the legal framework of the country. Our proposal is to
examine the foray of religious agents in the debates that resulted in the Constitutions of 1934 and 1988,
enacted in different contexts and scenarios. Taking as sources the minutes of both constituent assem-
blies, institutional publications and press coverage, our emphasis will be in the political stance of Cath-
olics and, more recently, of evangelicals, in public discussions on the organization of private life. This
is because topics such as the education of children, marriage and reproductive rights have proven to
be, in different times, a banner to fight for to Christian churches able to participate in the disputes for
the State. As a result, we can point out the success, historically repeated, that Christian churches had
in occupying key-places in the chain of decisions on themes of their interest, as well as methods of
mobilization, with agreements knitted with main constituent parliamentarians, parties or informal po-
litical groups (bancada).
Keywords: Constitution of 1988; Secular State; Constitution of 1934; Reproductive rights; Catholic
Church.
1
Doutor em Sociologia pela USP, professor no IFSP. Lattes: <http://lattes.cnpq.br/4213387772904874>.
Contato: guilherme-arduini@gmail.com.
2
Pós-doutorando na FE-Unicamp, na linha Educação e Ciências Sociais, com bolsa Fapesp (2017/18251-0).
Lattes: <http://lattes.cnpq.br/1701305518221688>. Contato: vinicius.wohnrath@gmail.com.
As atuações das igrejas cristãs em duas Constituintes democráticas brasileiras 2
Introdução
Em momentos de grave crise política e social, como a que o Brasil vem atravessando desde
o segundo governo de Dilma Rousseff, aparece a urgência de uma constante revisitação e
exame das bases sobre as quais nossa República está sustentada. Averiguar como as cartas
magnas foram produzidas ao longo do século XX, sobretudo as promulgadas em contextos
democráticos, parece-nos uma contribuição importante, considerando que diferentes gru-
pos, em disputa ou aliançados, participaram de suas dinâmicas constituintes, oferecendo
os limites, condições e legitimidades necessários para a formatação jurídica e política do
Estado Nacional. Muitos desses equilíbrios vêm se mostrando frágeis em nossa história
republicana e democrática.
Se, num passado mais distante, o catolicismo era tomado como sendo religião ofi-
cial do Estado, submetendo-se através do regime do padroado e do beneplácito ao controle
imperial sobre as nomeações episcopais em troca do financiamento para suas empresas,
durante a República a Igreja Católica teve de refazer seus vínculos com os ocupantes da
burocracia estatal, começando pelo nível estadual (MICELI, 2009), relativamente fortale-
cido em sua autonomia orçamentária pelo pacto federativo celebrado na Constituição de
1891, a primeira no período republicano. O sucesso dessa iniciativa se deve à atuação con-
junta dos poderes temporal e religioso no tocante à educação das elites (em seminários ou
3
O referido projeto temático, recentemente concluído, teve lugar na Faculdade de Educação da Unicamp,
sob coordenação de Agueda Bittencourt. Contou com pesquisadores de diferentes regiões do Brasil e do
estrangeiro. Processo Fapesp 2011/51829-0. Ver: <http://www.bv.fapesp.br/pt/auxilios/46833/congrega-
coes-catolicas-educacao-e-estado-nacional-no-brasil-1840-1950/>. Acesso em 9 jul. 2018.
4
Leia-se: Igreja Católica Apostólica Romana.
As atuações das igrejas cristãs em duas Constituintes democráticas brasileiras 3
Neste aspecto, a Revolução de 1930 impôs uma reconfiguração dos termos da ali-
ança entre o Estado Nacional e a Igreja Católica, da qual resultou a inclusão desta institui-
ção religiosa no Estado de Compromisso (FAUSTO, 1997) comandado por Getúlio Var-
gas. A aproximação entre a Igreja, representada pelo único Cardeal brasileiro, Dom Sebas-
tião Leme (arcebispo do Rio de Janeiro), e o novo arreglo de frações da elite que ocupou
o Executivo federal se iniciou por uma série de gestos simbólicos, tais como a construção
do Cristo Redentor e a consagração do país à Nossa Senhora Aparecida, cujo dia torna-se
um feriado nacional.
paraestatal, cuja missão consistiria em oferecer opções de lazer, saúde e formação profis-
sionalizante para os operários e suas famílias. Há, portanto, um traço de continuidade entre
tais círculos operários e o “sistema S”, criado em meados da década de 1940. Outra insti-
tuição que atua na interface entre os interesses da Igreja Católica e do regime varguista, no
processo de socialização da juventude universitária e secundarista, foi a Ação Católica.
Trata-se de uma mobilização da juventude que não se traduz por um projeto político-parti-
dário a favor ou contra Vargas; as vias de transformação social escolhidas – o exemplo
individual, a interiorização de uma conduta moral tida como exemplar – pressupõem o
esvaziamento da política que favorece a manutenção de Vargas no poder e a ausência de
discussão sobre as liberdades individuais.
De 1946 até 1964, o Estado brasileiro e a Igreja no Brasil se consolidam por vias
diversas, mas interligadas. No primeiro caso, há uma rotina de eleições e pressões por
demandas sociais, ao mesmo tempo em que o populismo desemboca em personalizações
da política; na Igreja, sua estrutura interna ganha de fato contornos nacionais com a criação
da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, que se por um lado representa uma ins-
tância de possível controle sobre os bispos locais por outro significa um relativo fortaleci-
mento do episcopado nacional frente às ordenações da Santa Sé. Nos planos dos direitos
sociais, há experiências conjuntas na defesa do nacional-desenvolvimentismo, com a
crença de que o empresariado nacional possa construir uma modernização do país que
assegure certos direitos básicos como a moradia (parceria entre Lebret e FIESP), assim
como o emprego, saúde, alimentação (Helder Câmara e Sudene) (BOSI, 2012).
No plano das liberdades civis, os assuntos familiares não são pautados e a Igreja
não enfrenta grandes entraves para manter as leis sobre família, educação e direitos repro-
dutivos da maneira como lhe interessa. Há de se destacar, no início do período “democrá-
tico”, a defesa empenhada de intelectuais católicos pelo direito de existência na legalidade
do Partido Comunista (Hamilton Nogueira nas tribunas do Senado, Amoroso Lima nas
tribunas da imprensa). Há razões ligadas ao perfil intelectual desses nomes que ajudam a
compreender suas escolhas: sintonizados ao pensamento social da democracia cristã euro-
peia, tais autores interpretam a experiência daqueles países na parceria entre católicos e
comunistas na resistência ao nazifascismo como a possibilidade e a necessidade de uma
solidariedade entre estes grupos políticos; contribui para isso o fato de que o padrão moral
de ambos os grupos é bastante próximo (ambos atuariam em favor do modelo tradicional
de família contra propostas mais liberais em costume, por exemplo).
As atuações das igrejas cristãs em duas Constituintes democráticas brasileiras 5
O golpe de 1964 representa uma ruptura na Igreja: pois há uma minoria de estu-
dantes e religiosos que passariam à luta armada, enquanto um grupo majoritário que em-
barca na narrativa sobre a “necessidade” do golpe para impedir a tomada do país pelo
comunismo. A narrativa persiste mesmo após 1968, mas com certas fraturas: D. Pedro
Casáldaliga, em primeiro lugar, D. Paulo Evaristo Arns, depois, puxam a fila de uma série
de prelados que denunciam a tortuna. Na abertura, a hierarquia eclesial é majoritariamente
identificada com o lado que luta por direitos, alguns dos quais incidem diretamente sobre
as mulheres (Irma Passoni e o movimento pelas creches, por exemplo).
Atualmente, a Igreja Católica possui um status privilegiado. Trata-se da única de-
nominação religiosa a possuir um estatuto jurídico próprio, firmado recentemente entre o
Poder Executivo e a Santa Sé, conferindo prerrogativas à instituição religiosa e às suas
atividades (religiosas, sociais, filantrópicas, educacionais, etc.), além de promover o seu
reconhecimento como um Estado independente (BITTENCOURT; WOHNRATH, 2013).
*
* *
Para melhor delimitação de nosso objeto, propomos, inicialmente, uma breve observação
metodológica. Nosso primeiro passo é estipular o que estamos entendendo como sendo
essa norma que rege o Estado e que é alvo de disputas para sua produção, incluindo, no
Brasil, setores da Igreja Católica. Afinal, “em todos os lugares e a todas horas, à tarde, pela
manhã e à noite, estamos ouvindo falar da Constituição e de seus problemas constitucio-
nais. Na imprensa, nos clubes, nos cafés e nos restaurantes, é este o assunto obrigatório de
todas as conversas...” (LASSALLE, 1933, p. 4)5.
Lassalle oferta uma interpretação sociológica, aqui tomada como referência. Ques-
tiona o que é uma Constituição e, sobretudo, qual é o sentido de uma Constituição – essa
lei que é mais que uma “simples lei”. Representa “a lei fundamental de uma nação”, que
submete todo o ordenamento jurídico dela decorrente6. O autor aponta alguns caminhos,
5
A obra de Ferdinand Lassalle, tomada como clássico nos estudos sobre Direito Constitucional, pode ser
encontrada em domínio público, inclusive disponibilizada na página do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Endereço: <http://www.cnj.jus.br/eadcnj/mod/resource/view.php?id=47731>. Acesso em 11 jul. 2018.
6
“Atuando como padrão jurídico fundamental, que se impõe ao Estado, aos governantes e aos governados,
as normas constitucionais condicionam todo o sistema jurídico, daí resultando a exigência absoluta de que
lhes sejam conformes todos os atos que pretendam produzir efeitos jurídicos dentro do sistema” (DALLARI,
2000, p. 197-205).
As atuações das igrejas cristãs em duas Constituintes democráticas brasileiras 6
Ainda que essas respostas jurídicas sejam válidas como explicações, Lassalle en-
tende que elas estão distantes da essência da pergunta que propõe responder. Isso porque,
considera que “o conceito de Constituição é a fonte primitiva da qual nascem a arte e a
sabedoria constitucionais”. E mais: a própria produção constitucional está diretamente as-
sociada às forças que se conflitam no interior de uma sociedade: “a soma dos fatores reais
do poder que regem um país” constituem, “em essência, a Constituição desse país”. A
condição de existência de uma Constituição está relacionada diretamente com esses pode-
res, que nem sempre apontam na mesma direção e com o mesmo interesse. Em suma, para
o autor, “a verdadeira Constituição de um país somente tem por base os fatores reais e
efetivos do poder que naquele país regem, e as constituições escritas não têm valor nem
são duráveis a não ser que exprimam fielmente os fatores do poder que imperam na reali-
dade social” (LASSALLE, 1933).
Importante salientar que essa posição de Lassalle não é a única possível, nem unâ-
nime. Outras interpretações sobre os sentidos da Constituição também se destacam, como
as teorias de Hesse (2009) e Kelsen (1987)7. Neste instante, não nos importa explorar o
7
O constitucionalista português Jorge Miranda faz um balanço dos principais autores preocupados com as
teorias da Constituição. Contrapõe os argumentos de Lassalle (para quem “há necessidade de distinguir entre
constituições reais e constituições escritas. A verdadeira Constituição de um país reside sempre e unicamente
nos fatores reais e efetivos de poder que dominem nessa sociedade; a Constituição escrita, quando não cor-
responda a tais fatores, está condenada a ser por eles afastada; e, nessas condições, ou é reformada para ser
posta em sintonia com os fatores materiais do poder da sociedade organizada ou esta, com o seu poder inor-
gânico, levanta-se para demonstrar que é mais forte, deslocando os pilares em que repousa a Constituição.
Os problemas constitucionais não são primariamente problemas de direito, mas de poder”), Kelsen (“que
configura o Direito como ordem normativa, cuja unidade tem de assentar numa norma fundamental – pois o
fundamento de validade de uma norma apenas pode ser a validade de outra norma, de uma norma superior.
Há uma estrutura hierárquica de diferentes graus do processo de criação do Direito, que desemboca numa
norma fundamental. Tal norma superior é a Constituição, mas esta tem de ser entendida em dois sentidos,
em sentido jurídico-positivo e em sentido lógico-jurídico”), Hesse (que considera “a Constituição como or-
dem jurídica fundamental e aberta da comunidade. A sua função consiste em prosseguir a unidade do Estado
e da ordem jurídica; a sua qualidade em constituir, estabilizar, racionalizar e limitar o poder e, assim, em
assegurar a liberdade individual”), Hauriou, Schmitt, Heller, Smend, Mortati, Burdeau e Modugno
(MIRANDA, 2003, p. 340-351).
As atuações das igrejas cristãs em duas Constituintes democráticas brasileiras 7
rico – e, sem dúvidas, importante, sobretudo na área dos estudos constitucionais e de con-
formação do Estado – debate sobre a efetividade de uma Constituição em si. Nosso inte-
resse reside em acentuar o caráter de disputas políticas que está abrigado no interior de
uma produção constitucional. A perspectiva teórica centrada nos debates propostos por
Lassalle é particularmente útil quando observamos, desde uma perspectiva empírica, os
desequilíbrios e relações de poder que levaram à elaboração das constituições brasileiras
no século passado. Aquelas produzidas em contextos democráticos, como as que tomamos
para exame neste paper, são importantes para entendermos como nosso Estado foi sendo
moldado em diferentes momentos, com limitação de poderes, inscrição de direitos e su-
bordinação à lei.
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8
Para um debate apurado, ver Do processo legislativo (FERREIRA FILHO, 2001).
As atuações das igrejas cristãs em duas Constituintes democráticas brasileiras 9
Considerando que nossa proposta de trabalho é realizar uma abordagem comparativa entre
duas constituições brasileiras promulgadas em experiências democráticas, elegemos para
exame a Constituição de 1934 e a Constituição de 1988. Isto porque, pesquisas anteriores
vêm mostrando que, em diferentes medidas e posições, agentes ligados às atuações das
igrejas cristãs participaram de seus processos de produção, seja nos anos 1930 (ARDUINI,
2015) ou na década de 1980 (FRESTON, 1993; MARIANO, 2017; WOHNRATH, 2017a).
Portanto, o trabalho deverá fornecer elementos para uma melhor interpretação das disputas
ocorridas no espaço das experiências constitucionais brasileiras e, com isso, dos próprios
rumos do nosso Estado republicano. Também permitirá, ao iluminar dois momentos para-
digmáticos da história política recente, realizar outros estudos – colocando em perspectiva
a produção legislativa, a organização da sociedade e a participação de militantes religiosos.
lógica completamente distinta da dos anos 1930, nas quais as questões regionais e prag-
máticas emergiam mediadas por vínculos estabelecidos nacionalmente, por ora em torno
da discussão sobre princípios básicos, como uma ampliação da lista de direitos sociais a
serem assegurados na Constituição. Uma terceira diferença reside na participação dos
evangélicos, que na década de 1930 reduz-se a apenas dois parlamentares sem grande ex-
pressividade, mas que em 1988 desempenham um papel relevante em determinadas sub-
comissões, como na da família e do menor.
soalmente com a defesa da plataforma alegassem que mudaram de opinião. Os que só con-
tavam com a aprovação do partido estavam em uma situação mais frágil ainda. Além disso,
em dois estados (São Paulo e Ceará) a Liga se tornou um partido político específico, con-
trariando as recomendações expressas da direção nacional.
Além de ser apresentada isoladamente por alguns deputados, uma dessas ementas,
que pede a volta da validade civil para o casamento religioso, é assinada por dezessete
parlamentares de uma única vez. Ainda sobre o casamento, Guaracy Silveira já desponta
como um dos poucos adversários dos católicos, ao propor uma ementa (a de número 207)
em favor da retirada da indissolubilidade do casamento do texto constitucional. Mas, sua
argumentação em favor dessa ideia evoca a Bíblia, em passagem na qual Jesus teria afir-
mado ser lícito às mulheres abandonadas pelo marido exigirem sua separação (Livro de
Mateus, capítulo 19, versículo 9). Oriundo dos meios protestantes e com passagem pelos
partidos trabalhistas, Silveira expõe uma trajetória que tenta desmontar o argumento cen-
tral dos defensores dos interesses católicos a partir da associação entre defesa da religião
e defesa do Estado brasileiro, tal como exposto abaixo.
9
“Fernando Magalhães – Arruda Camara – Abelardo Marinho – Arnaldo Bastos – Mario Domingues – Souto
Filho – Augusto Cavalcanti – José de Sá – Luiz Cedro – Mario de A. Ramos – Barreto Campello – Arruda
Falcão – Humberto Moura – João Alberto Lins de Barros – Lacerda Pinto – J. Ferreira de Souza – Teixeira
Leite – Cunha Vasconcellos – Lemgruber Filho – Oliveira Castro – Walter James Gosling – Agamenon
As atuações das igrejas cristãs em duas Constituintes democráticas brasileiras 13
Magalhães – Plinio Corrêa de Oliveira – Costa Fernandes – Arruda Falcão – Leandro Pinheiro – Godofredo
Vianna – Magalhães de Almeida – Augusto Leite – Rodrigues Moreira – Adroaldo Mesquita da Costa –
Moura Carvalho – Irineu Joffily – Herectiano Zenaide – Leonel Bezerra – Pires Gayoso – Waldemar Falcão
– Jeová Motta – Leão Sampaio – Xavier de Oliveira – Luiz Sucupira – Figueiredo Rodrigues – Fernandes
Tavora – Pontes Vieira – José de Borba – João Pandiá Calógeras – Bueno Brandão Filho – Augusto de Lima
– Bias Fortes – Polycarpo Viotti – Furtado de Menezes – Waldomiro Magalhães – Negrão de Lima – Raul
Sá – Mello Franco – José Alkmim – P. Matta Machado – Martins Soares – Vieira Marques – Levindo Coelho
– Lycurgo Leite – Celso Machado – João Penido – Alberto Diniz.” (BRASIL, 1935a)
As atuações das igrejas cristãs em duas Constituintes democráticas brasileiras 14
entre Igreja e Estado para se declararem contrários a diversas das reivindicações da Liga
Eleitoral Católica (BRASIL, 1935c, b). Apesar das manifestações em contrário, a validade
civil do casamento religioso permanece no texto da lei.
10
Gouveia iniciou sua trajetória política no Partido Democrático de São Paulo, criado pelos opositores ao
tradicional Partido Republicano Paulista. Recebeu apoio do Partido Comunista Brasileiro durante suas cam-
panhas e, em meio ao turbilhão da política paulista nos anos 1930, apoiou a Revolução de 1930 e a Consti-
tucionalista de 1932, serviu de base política para o mandato do interventor estadual Valdomiro Lima (1933-
1934), mas afastou-se interventores seguintes; sua base social era o operariado, mas ele não mostrou solida-
riedade com as lideranças sindicais presas durante o Governo Provisório. (ISRAEL BELOCH; ALZIRA
ALVES DE ABREU, 1984)
As atuações das igrejas cristãs em duas Constituintes democráticas brasileiras 15
como se pode depreender do texto final da Constituição de 1934, cujo preâmbulo invoca
para si a proteção de Deus e cujos capítulos sobre a família e a cultura consagram: a indis-
solubilidade do casamento (art. 144), os efeitos civis do casamento religioso (art. 146), a
possibilidade de oferta do ensino religioso “de frequência facultativa e ministrado de
acordo com os princípios da confissão religiosa do aluno manifestada pelos pais ou res-
ponsáveis e constituirá matéria dos horários nas escolas públicas primárias, secundárias,
profissionais e normais” (art. 153) (BRASIL, 1934).
Já dentro do cenário político, jurídico e social dos anos 1980, a Assembleia Nacional Cons-
tituinte 1987-88 (ANC 1987-88) foi um momento paradigmático para a Nova República
brasileira. Depois de duas décadas de civil-militar, o País estava recuperando suas bases
democráticas e estabelecendo as margens da legislação que nortearia o novo contexto po-
lítico e na buscaria por mudanças sociais. Para isso, também era preciso desarticular os
quadros jurídicos elaborados durante o período autoritário, considerando que os gabinetes
militares produziram a Constituição até então vigente, a de 1967, além de grande volume
de atos institucionais e decretos-leis de alto impacto na vida nacional, como a Lei de Im-
prensa e a Lei de Segurança Nacional (KINZO, 1999, p. 104).
11
Este tópico recupera parte dos debates e resultados da tese Constituindo a Nova República: agentes cató-
licos na Assembleia Nacional 1987-88 (WOHNRATH, 2017a), desenvolvida com fomento da Fapesp
(2014/03203-2). O trabalho completo pode ser encontrado no endereço: <http://www.repositorio.uni-
camp.br/handle/REPOSIP/322751>. Também recomendamos o artigo Duas dinâmicas, dois resultados: a
Igreja Católica na Assembleia Nacional Constituinte 1987-1988 (WOHNRATH, 2017b), disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73072017000300242&lng=pt&tlng=pt>.
As atuações das igrejas cristãs em duas Constituintes democráticas brasileiras 16
A CNBB, fundada nos anos 1950 com a proposta de organizar o episcopado brasi-
leiro, servia, institucionalmente, como norte para as ações da Igreja no País. Assim sendo,
esse é o ponto inicial de nossa interpretação.
À época, a CNBB era presidida por D. Luciano Mendes de Almeida – bispo jesuíta
alinhado com D. Paulo Evaristo Arns, e seus apoiadores, na Arquidiocese de São Paulo.
Membro de uma das mais tradicionais famílias católicas brasileiras, sediada no Rio de
Janeiro e cuja gênese remete ao Brasil Imperial e à diferentes momentos da Igreja Católica
no País, como o Centro D. Vital, trata-se de uma das figuras centrais na gênese da Pastoral
do Menor e na organização dos agentes nela engajados (MENDES, 2007). Ainda nesse
conjunto de religiosos ligados à militância social, podemos localizar iniciativas de resis-
tência à ditadura militar e visando a defesa dos direitos humanos, como o Projeto Brasil,
As atuações das igrejas cristãs em duas Constituintes democráticas brasileiras 17
Especificamente quanto aos temas morais com os quais nos preocupamos neste
paper, importa a realização do Ano Internacional da Criança, articulado pelas Nações Uni-
das e promovido, no Brasil, pela Igreja em 1979, dentre outros grupos. Menos de dois anos
antes, foi fundada a Pastoral do Menor – a partir da atuação de D. Luciano nas comunida-
des de base nas periferias de São Paulo – e, já no começo da década de 1980, da Pastoral
da Criança – a partir da íntima relação entre lideranças do UNICEF e redes católicas inter-
nacionais, mobilizadas pela família Arns. Esses eventos estão rememorados, quase que
exaustivamente, nas biografias e autobiografias de seus fundadores, sublinhando sua cen-
tralidade nos discursos produzidos por uma das correntes da Igreja Católica (ARNS, 2001;
MENDES, 2007).
Ao lado de outros movimentos que tiveram lugar no final dos anos 1970 e começo
dos 1980, como as conferências nacionais de educação e demais iniciativas classistas, parte
desse setor mais politicamente progressista da CNBB, altamente legitimado pela sua atu-
ação social em defesa dos direitos humanos durante a ditadura civil-militar, também assu-
miu a dianteira dos debates públicos sobre família e infância, com destaque para as relações
com os congressistas. Historicamente, essas pautas são fundamentais para a instituição re-
ligiosa. Não à toa, às vésperas da Constituinte foi realizada, pela CNBB, a campanha da
fraternidade que nos interessa especificamente.
Assim sendo, logo no ano de instalação da ANC, a Campanha teve como tema A Frater-
nidade e o Menor. O lema proposto não era menos sugestivo: Quem acolhe o menor, a
mim acolhe (CNBB, 1987). Esse documento foi um dos principais norteadores dos discur-
sos dos agentes católicos presentes no Congresso. Serviu, igualmente, para orientações que
superaram essa instituição religiosa. Muitos dos deputados cristãos, não católicos, assen-
tados na Constituinte comungavam da mesma doutrina.
projeto de País, para ser aplicado na Nova República. Recuperamos as propostas da Igreja,
segundo D. Paulo Evaristo Arns, para a Constituinte como um todo.
Quadro 1 – Propostas da Igreja para a ANC 1987-88, por D. Paulo Evaristo Arns
12
Sobre a formatação da Constituinte 1987-88 e as disputas pela sua realização, ver o primeiro capítulo da
tese Constituindo a Nova República (WOHNRATH, 2017a).
As atuações das igrejas cristãs em duas Constituintes democráticas brasileiras 20
Suas presenças, conforme a dinâmica geral apreendida naquele espaço político, foram bem
acomodadas pelos parlamentares.
Dos quase 560 constituintes que compuseram a ANC, apenas 16 foram titulares na
Subcomissão da Família e do Menor. Todos eram originalmente deputados federais – ou
seja, nenhum senador ocupou posto naquele espaço – e respondiam a seis legendas dife-
rentes. Em comum, conforme melhor explicitamos em análises anteriores (WOHNRATH,
2017b), todos apresentavam trajetórias no quadrante conservador da política brasileira. Al-
guns deles, inclusive, serviram de base de apoio para os governos golpistas que controla-
ram o Estado até o começo da década de 1980. Esse é um elemento importante para ser
observado, considerando que o predomínio, dentre os expositores externos da Subcomis-
são, foi dos religiosos católicos que lutaram para sanar as violações aos Direitos Humanos
cometidas pelo Estado de exceção.
Além desses constituintes titulares (os únicos com voz e voto garantidos na Subco-
missão), outros mais participaram de maneira menos assídua de seus trabalhos ou se fize-
ram presentes em momentos específicos. O senador Ronan Tito, do PMDB mineiro, por
exemplo, compareceu exclusivamente para ciceronear o presidente da CNBB, que funcio-
nou como expositor externo. Já Sandra Cavalcanti, do PFL fluminense, posicionou-se con-
tra as poucas representantes do movimento feminista que compareceram, como exposito-
ras, na Subcomissão. Foi ativa na audiência cujo mote foi a debater o aborto legal ou, na
gramática dos agentes religiosos, a defesa da vida desde a concepção. Em comum, ambos
os parlamentares são católicos militantes, inclusive com publicações que deixam explícitas
essas suas ligações. O senador publicou uma autobiografia intitulada Fé e política, já a
deputada tem um livro nomeado Os arquivos de Deus, documentos nos quais se colocam
quase que à serviço da Igreja Católica – ainda que sem explicitar à qual grupo, dentro da
instituição, estão filiados.
religiosas para argumentar que a “vida começa desde o instante da concepção”, e inter-
rompê-la seria pecado13. Mais exaltado, o deputado gaúcho João de Deus, pastor da As-
sembleia de Deus, além de delegado de polícia civil, foi até mesmo advertido pela mesa
diretora por conta de suas posições: chegou a comparar os defensores ao direito ao aborto
a assassinos, não admitindo, sequer, a possibilidade de interrupção da gravidez em caso
de estupro, risco de vida para a mãe ou para o feto. Não podemos desprezar, também, que
a CNBB foi representada por especialista da área da saúde, um médico ginecologista. Esse
agente, ouvido na Subcomissão, notadamente defendeu as políticas familiares propostas
pela Igreja, obviamente contrárias ao aborto, ainda que seu discurso tenha apresentado uma
argumentação religiosa menos explícita; por outro lado, privilegiou dados técnicos sobre
o momento de origem da vida, produzindo uma interpretação própria sobre essas informa-
ções.
13
Passados 30 anos da Constituinte, esses mesmos argumentos, manifestados por militantes religiosos ou
conservadores, como a Associação Pró-Vida, podem ser apreendidos na audiência pública recentemente re-
alizada pelo STF. Esse é um elemento que merecerá melhor atenção em trabalho vindouro.
As atuações das igrejas cristãs em duas Constituintes democráticas brasileiras 23
14
Ver: <http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/84740-lei-sobre-casamento-entre-pessoas-do-mesmo-sexo-com-
pleta-4-anos>. Acesso em 1 ago. 2018.
15
Ver: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=373569>. Acesso em 1 ago.
2018.
As atuações das igrejas cristãs em duas Constituintes democráticas brasileiras 24
Considerações finais
A primeira conclusão diz respeito às pautas escolhidas pelas igrejas cristãs para sua
participação nos processos democráticos de redação das novas constituições. Há uma forte
tendência de manutenção entre as décadas de 1930 e 1980 a partir de três temas principais
e inter-relacionados: a definição do que é família, os (não) direitos reprodutivos e a defi-
nição das políticas públicas de formação de crianças e jovens. Nos dois primeiros casos,
tratam-se de pautas majoritariamente simbólicas; no tangente às definições sobre famílias,
por exemplo, permitir ou não o divórcio (1934) ou o casamento homoafetivo (1988) equi-
vale a confirmar ou diminuir o poder dos chefes religiosos sobre o conjunto da sociedade
em termos da moral socialmente aceita. A aliança entre os representantes do poder político
e do poder religioso se dá com base na mútua confirmação de poderes, escorada em um
discurso refratário à aceitação das mudanças que, na prática, sempre existiram. Tais mu-
danças, por sua vez, deixam de se esconder à medida em que tal constatação se torna ine-
vitável, o que ajuda a explicar a transladação da questão do divórcio – inicialmente vista
como um escândalo e, já na década de 1980, vista com naturalidade – para o casamento
homoafetivo. Se tal raciocínio estiver correto, poder-se-ia imaginar que este último tema
também deixará de ser o cavalo de luta dos setores conservadores em questão de décadas,
quando o peso das excrescências políticas de momento puder ser avaliado na sua real di-
mensão. A disputa em torno dos direitos reprodutivos está mais próxima do que Foucault
denomina de biopoder (FOUCAULT, 1998); o efeito de poder oriundo de uma prática
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discursiva em torno do controle dos corpos ou, mais precisamente, do corpo feminino, é
uma engrenagem central no mecanismo de organização das sociedades contemporâneas,
independentemente de pensar a qual tradição pertencem – no caso da ibero-americana, de
um mimetismo do ocidente fruto de um pensamento colonizado incapaz de superar-se.
Novamente, é óbvio que não se trata de afirmar que a prática discursiva se mostrará capaz
de apagar completamente as evidências de outras práticas, pois todos sabem que os abortos
continuam acontecendo, ainda que muitos se neguem a efetivamente enfrentar a questão.
Mas não basta compreender as razões das confluências de interesse entre agentes
políticos e religiosos. Por isso, a segunda conclusão provisória diz respeito à forma de
celebração do pacto entre estes dois lados e aqui se revela uma transformação importante.
Na década de 1930, o virtual monopólio da Igreja Católica na cena pública e a relativa
fraqueza dos partidos políticos, circunscritos ao âmbito dos Estados-província, ajudam a
explicar a possibilidade de estruturar sua ação sob uma aparente neutralidade partidária,
cuja contestação ocorreu de forma significativa apenas em São Paulo, Ceará e Rio Grande
do Sul (ARDUINI, 2015). Em comparação, os anos 1980 e os seguintes se definem por
um quadro inflacionado tanto em termos de quantidade de igrejas disputando alianças
quanto de partidos e políticos profissionais em busca do apoio necessário para as eleições
seguintes. Nesse quadro, a “promiscuidade” entre o religioso e o político é muito mais
aparente, com a formação e atuação na ANC da chamada bancada evangélica – apoiadora
e também apoiada por representantes católicos em pautas políticas em comum, demons-
tradas ao longo do texto. A junção em um único termo do político (bancada) e do religioso
As atuações das igrejas cristãs em duas Constituintes democráticas brasileiras 26
Restaria, entretanto, a pergunta que foge aos objetivos desse artigo: o que ocorreu,
nos últimos trinta anos, para o crescimento de uma bancada hoje identificada pela sigla
“BBB” (boi, Bíblia e bala)? Houve um enfraquecimento dos setores laicizantes do Estado
e da sociedade ou, pelo contrário, a bancada é uma resposta de um grupo que se vê acerta-
damente como uma minoria? No bojo dessa questão, há outra de fundo mais amplo, a
saber, qual é o grau efetivo de representatividade dos parlamentares eleitos sob o signo de
sua fé – seriam eles sintomas de uma tendência geral do eleitorado ou um caso de super-
representação de um setor altamente mobilizado pelas eleições?
As atuações das igrejas cristãs em duas Constituintes democráticas brasileiras 27
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