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FÓRMULAS TRINITÁRIAS E TERNÁRIAS

Foram usadas, sobretudo, por Paulo, mas fazem parte do patrimônio e da criatividade da
comunidade tendo, muitas vezes, origem ou inspiração na catequese oral, nas profissões de fé, nas
celebrações litúrgicas.

As fórmulas trinitárias (ou triádicas) são passagens do Novo Testamento onde o Pai, o Filho
e o Espírito Santo encontram-se reunidos numa só afirmação que descreve o modo como cada um
d’Eles participa da obra da nossa salvação.

Como são apresentadas as Pessoas:

Nomes: Deus, Pai; Filho, Jesus, Senhor (Kyrios); Espírito (Santo).


Termos equivalentes:
- símbolos: água, trono, unção, cordeiro, etc.
- bens salvíficos: graça, amor, paz, vida, comunhão, etc.
- atividades: habitar, viver, doar, derramar, etc.

Tipos de texto: as denominações e classificações variam entre os autores. Exemplos:

- fórmulas trinitárias: os Três são apresentados pelo nome, distintos entre Eles, com
relações recíprocas explicitadas na obra da salvação: At 2,32s.38s; 5,30-32; 7,55s;
10,38; 11,15-17; 1Ts 4,6-8; 2Ts 2,13s; 1Cor 1,21s; 12,4-6; Gl 4,4-7; Tt 3,4-7.

- fórmulas ternárias explícitas: não são expressas as relações entre as Pessoas: Mt 28,19;
2Cor 13,13; Fl 3,3.

- fórmulas ternárias implícitas: não aparece o nome de uma ou mais Pessoas, mas algum
termo equivalente: Jo 3,34s; 4,10.23; 5,20; 6,27; Ap 22,1; Fl 2,1s.

- trechos com estrutura trinitária (em termos explícitos ou implícitos): Ef 1,3-14; 3,14-
19; 1Pd 1,3-12.
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Sentido e valor das fórmulas trinitárias

A grande quantidade e variedade desses trechos exprime uma mentalidade, um modo


constante, espontâneo, de pensar e sentir a realidade. Eles não são apresentados para provar uma
tese, nem para responder a objeções e nem sequer para fazer polêmica com os adversários; os
apóstolos se exprimem assim porque não saberiam expressar-se de outra forma.

Percebe-se uma desenvoltura, uma naturalidade, uma ausência total de preocupação, sinais
evidentes de que estão profundamente compenetrados do mistério, tão vivo e evidente que se impõe
por força própria: deste mistério não se pode não falar. Toda a tentativa de organizar um inventário
das experiências e das realidades cristãs encontra inevitavelmente o esquema trinitário.

Só esses Três e sempre Eles estão constantemente juntos (nas formas duais sempre dois
deles), aparecem no mesmo nível ou categoria, em perfeita paridade de posição. A ordem dos
nomes não segue esquema rígido. Não é possível notar nenhum tipo de subordinação interna: o
Espírito não é menos do que o Pai ou do que o Filho. Tais fórmulas não teriam sentido se um dos
Três (o Espírito) fosse personificação e não Pessoa. Todas as personificações da Escritura, além de
serem menos frequentes, nunca são associadas ao Pai e ao Filho, e não formam um grupo ternário
bem distinto.

Aqui se trata de fórmulas teológicas (o que Deus é, em si mesmo) ou funcionais (o que Deus
faz para nós)? Valem para a Trindade imanente ou só para a econômica? Em outras palavras, essas
fórmulas revelam a intimidade de Deus na relação entre as Pessoas ou narram a relação delas
conosco na história da salvação? Respondendo a estas perguntas, pode-se dizer que os textos falam
do agir de Deus, mas pelo fato de revelar e comunicar a pessoa agente, a economia da salvação
revela e comunica a personalidade profunda dos autores da salvação. O centro da fé é a graça. Deus
se dá a si mesmo nas suas obras e, por isso, Ele aparece pelo que verdadeiramente é: Trindade.

Fonte: Prof. Milton Aguilar Schreiber, Seminário Mater Ecclesiae, SP. (texto para uso dos alunos)

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