A TRINDADE NAS ESCRITURAS

Baseado em “The Trinity in Scripture”, de Gerhard Pfandl

Marcelo José de Lima

AUTOR

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Maceió-AL
Brasil
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
Prof. Marcelo Lima
Instituto Bíblico de Pesquisa
Maceió-AL
Janeiro de 2004
PRELIMINAR
A doutrina da Trindade (do
latim trinitas, “trio em unidade”) é uma
das mais importantes doutrinas da fé
cristã. Entretanto, em tempos mais
recentes, alguns adventistas, dentre
outros seguimentos religiosos
começaram a questioná-la. A validade
dessa doutrina parece constrangê-los
porque, para eles, tal idéia é um
absurdo em termos da incapacidade de
a mente racional poder perscrutar.
Além disso, há aqueles que
tentam a todo custo argumentar que a
doutrina da Trindade não se baseia nas
Escrituras, mas na tradição romana.
Eles afirmam que Cristo teve um início,
fora criado (gerado) por Deus. Com
relação ao Espírito Santo, eles declaram
que é uma força ativa de Deus a partir
da Divindade do Pai. Tais crenças
também eram defendidas inicialmente
pelos pioneiros adventistas. Mas qual a
base bíblica para respaldar a doutrina
da Trindade? Considere os tópicos que
escolhemos.
O Mistério da Trindade
Embora a palavra Trindade não
seja encontrada na Bíblia (também não
são encontradas as palavras milênio,
encarnação, Bíblia), o ensino que ela
descreve é claramente encontrado lá.
Definindo resumidamente, a doutrina
da Trindade se fundamenta pelo
conceito de que “Deus existe
eternamente como três pessoas, o Pai, o
1
Filho e o Espírito Santo, e cada pessoa é
plenamente Deus, e há somente um
Deus”.1
A palavra “Trinity” (Trindade)
nunca aparece nos escritos de Ellen
White. Em vez disso, ela usa o termo
“Godhead” (Divindade) que é
encontrado em Romanos 1:20 e
Colossenses 2:9. Pelo uso da palavra
Godhead, ela veicula a mesma idéia
como expressa pela palavra Trinity. A
idéia é a de que existe três pessoas
vivas na Divindade. Observe a citação:
Há três pessoas vivas no trio
celestial. No nome destes três
grandes poderes, o Pai, o Filho, o
Espírito Santo, aqueles que recebem
a Cristo por uma fé viva são
batizados, e todos estes poderes irão
cooperar com os cidadãos celestiais
obedientes em seus esforços para
viver a nova vida em Cristo.2
O próprio Deus é um mistério, 3
muito mais a encarnação ou a doutrina
da Trindade. Contudo, isso não deve
nos perturbar, desde que os aspectos
diferentes destes mistérios são
1
W. Grudem, Systematic Theology (Zondervan,
1994), p. 226.
2
Evagelismo, p. 615.
3
A advertência contra o falso ensino é encontrada
na carta de Paulo aos Colossenses. O apóstolo
declara que os corações dos crentes deviam estar
“unidos em amor, e enriquecidos da plenitude da
inteligência, para conhecimento do mistério de Deus
e Pai, e de Cristo; em quem estão escondidos todos
os tesouros da sabedoria e da ciência”. (Ellen White,
Testimonies to the Church 8:295, grifo
acrescentado).
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
claramente ensinados nas Escrituras.
Mesmo embora nós sejamos incapazes
de entender logicamente os vários
aspectos da trindade, nós precisamos
tentar ou compreender tão bem quanto
possamos o ensino escriturístico a
respeito dela. Todas as tentativas para
explicar a Trindade falharão,
“especialmente quando refletimos
sobre a relação das três pessoas na
essência divina. ... Todas as analogias
falham-nos e nos tornamos
profundamente conscientes do fato de
que a Trindade é um mistério para
além da nossa compreensão. É a glória
incompreensível da Divindade.”4
Portanto, nós fazemos bem em admitir
que “o homem não pode compreendê-
la [a Divindade], ou torná-la inteligível.
É inteligível em algumas das suas
relações e modos de manifestações, mas
ininteligível em sua natureza
essencial”. 5
O patriarca Jó, homem
familiarizado com as contínuas
manifestações de Deus, deu um
testemunho muito veraz a respeito do
que seja a Divindade: “Eis que Deus é
grande, e nós não o compreendemos, e
o número dos seus anos não se pode
esquadrinhar” (36:26). Este testemunho
nos diz precisamente que
compreensão a respeito de Deus, com
nossos sentidos finitos, é algo que
jamais conseguiremos penetrar.
A Trindade nas Escrituras
Ao estudarmos a Trindade nas
Escrituras, nós precisamos estar
conscientes de que só podemos mesmo
chegar a uma compreensão parcial do
que ela é realmente. À medida que
4
Louis Berkhof, Systematic Theology (Eerdmans,
1941) p. 88.
5
Ibid. 89.
ouvimos a Palavra inspirada, certos
aspectos da Trindade se tornarão cada
vez mais claros, outros, por sua vez,
permanecerão um mistério. Como disse
Moisés, o legislador e profeta, “as
coisas encobertas pertencem ao Senhor
nosso Deus, porém as reveladas nos
pertencem a nós e a nossos filhos para
sempre, para que cumpramos todas as
palavras desta lei” (Deut. 29:29). Além
disso, devemos saber que “onde não
temos uma clara palavra das Escrituras,
o silêncio é ouro”. 6
1. A Trindade no Antigo Testamento
Algumas passagens do Antigo
Testamento sugerem ou mesmo
implicam que Deus existe em mais de
uma pessoa, não necessariamente numa
trindade, mas pelo menos numa forma
binária de pessoas.
1.1 Gênesis 1
Por todo o relato da criação em
Gênesis 1, a palavra para Deus é Elohim,
a forma plural de Eloha. Geralmente,
essa forma plural tem sido interpretada
como plural de majestade ao invés de
pluralidade. Entretanto, George Knight
a argumentou que para tornar isso um
plural majestático deve-se ler o texto
antigo hebraico num conceito moderno,
visto que os reis de Israel e Judá são
todos referidos no singular no registro
bíblico.7 Além disso, Knight explica que
as palavras hebraicas para água e céu
são ambas plurais. Os gramáticos têm
denominado esse fenômeno o plural
6
Ellen White escreveu: “Há muitos mistérios que eu
não procuro entender ou explicar; eles são elevados
demais para mim, e também elevados demais para
você. Sobre esses assuntos, o silêncio é ouro”
(Manuscript Release, 14:179).
7
G. A. F. Knight, A Biblical Approach to the
Doctrine of the Trinity, (Edinburgh, 1953), p. 20.
2
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
quantitativo. A água pode aparecer na
forma de pequenas gotas ou grandes
oceanos. Esta diversidade quantitativa
em unidade, diz Knight, é uma maneira
apropriada de entender o plural Elohim.
Isto também explica o porquê o
substantivo singular adonai é escrito
como um plural.8
Em Gênesis 1:26, nós lemos: “E
disse Deus [singular]: Façamos [plural]
o homem à nossa [plural] imagem,
conforme a nossa [plural] semelhança”.
O que é significante, neste caso, é a
mudança do singular para o plural.
Moisés não está usando um verbo
plural com Elohim, mas Deus está
usando um verbo plural e pronomes no
plural em referência a si mesmo.
Alguns intérpretes acreditam que Deus
está falando aqui com os anjos. Mas, de
acordo com as Escrituras, anjos não
participaram na criação. A melhor
explicação é que já, no primeiro
capítulo de Gênesis, há uma indicação
de uma pluralidade de pessoas no
próprio Deus.
1.2 Deuteronômio 6:4
De acordo com Gênesis 2:24,
homem e mulher devem “se tornar
uma [echad] só carne”, uma união de
duas pessoas separadas. Em
deuteronômio 6:4, a mesma palavra é
usada para Deus: “Ouve, Israel, o
Senhor nosso Deus é o único [echad]
Senhor”. Millard J. Erickson diz:
“parece que alguma coisa está sendo
afirmado aqui sobre a natureza de Deus
– Ele é um organismo, isto é, uma
unidade de partes distintas”.9 Moisés
poderia ter usado a palavra yachid
8
Ibid.
9
Millard J. Erickson, Christian Theology (Baker,
1983), 1:329.
3
(somente um, único) em Deut. 6:4, mas
o Espírito Santo escolheu não fazer isso.
1.3 Outros Textos sobre Pluralidade
Depois da queda do homem,
Deus disse: “Eis que o homem é como
um de nós” (Gen. 3:22). E algum tempo
depois, quando o homem começou a
edificar a torre de Babel, o Senhor disse:
“Eia, desçamos e confundamos ali a sua
língua” (Gen 11:7). Cada vez a
pluralidade da Divindade é enfatizada.
Em sua famosa visão do trono,
Isaías ouve o Senhor perguntando “a
quem enviarei e quem irá por nós?”
(Isaías 6:8). Aqui vemos Deus usando
tanto o singular quanto o plural na
mesma frase. Muitos eruditos
modernos tomam esta passagem como
fazendo referência a um conselho
celestial. Mas Deus alguma vez, na
Bíblia, já pediu algum conselho a Suas
criaturas?
Em Isaías 40:13, 14, ele parece
refutar essa mesma noção. Ele não tem
necessidade de pedir conselhos aos
seres criados, principalmente aos anjos.
Como vimos, embora não nos diga a
quantidade de pessoas que formam a
Trindade, o plural sugere que há uma
pluralidade de seres na fala do profeta.
1.4 O Anjo do Senhor
O grupo nominal “o Anjo do
Senhor” aparece 58 vezes no Antigo
Testamento; já a expressão “Anjo de
Deus” aparece 11 vezes. A palavra
hebraica mal’ak (anjo) simplesmente
significa “mensageiro”. Portanto, se o
Anjo do Senhor é um mensageiro do
Senhor, ele deve ser distinto do próprio
Senhor. Porém, num número de textos,
“o Anjo do Senhor” é também chamado
Deus ou Senhor (Gen. 16:7-13; Num.
22:31-38; Juízes 2:1-4 e 6:22).
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
Os pais da igreja o identificaram
com o Logos pré-encarnado. Eruditos
modernos o tem visto como um ser que
representa Deus, como o próprio Deus,
ou como algum poder externo de Deus.
Eruditos conservadores geralmente
concordam que “este ‘mensageiro’ deve
ser visto como uma manifestação do ser
do próprio Deus”.10 Temos aqui,
portanto, um indicador da pluralidade
das pessoas da Divindade.
2. A Trindade no Novo Testamento
A verdade nas Escrituras é
progressiva. Portanto, quando nós
vamos ao Novo Testamento, nós
encontramos um quadro mais explícito
da natureza Trinitariana de Deus. O
mesmo fato de que Deus é declarado
ser amor (1 João 4:8) implica que deve
haver uma pluralidade dentro da
Divindade, uma vez que o amor só
pode existir num relacionamento entre
seres diferentes.
2.1 Evangelho de Mateus
No batismo de Jesus, nós
encontramos as três pessoas da
Divindade em ação ao mesmo tempo.
Veja o relato da cerimônia batismal:
E, sendo Jesus batizado, saiu logo
da água, e eis que se lhe abriram os
céus, e viu o Espírito de Deus
descendo como pomba e vindo
sobre ele. E eis que uma voz dos
céus dizia: Este é o meu Filho
amado, em quem me comprazo.
(Mat. 3:16, 17).
O relato do batismo de Jesus é
uma manifestação impressionante da
doutrina da Trindade. Lá estava Cristo
10
G. Ch. Aalders, Genesis (Zondervan,1981), 300.
4
na forma humana, visível de todos. O
Espírito Santo descendo sobre Cristo
em forma corporal como uma pomba; e
a voz do Pai falou do céu. Tal foi o
testemunho e demonstração que foram
dados ao homem para que ele soubesse
que a salvação é uma das mais
importantes realizações dos membros
da Divindade.
Encontramos nas Escrituras
vários textos que mostram a Divindade
de cada membro da Trindade. Em João
10:30, Cristo reivindica igualdade com
Deus o Pai; e em Atos 5:3 e 4, o Espírito
Santo é identificado como Deus. É
impossível, portanto, explicar a cena do
batismo de Cristo do que assumir que
há três pessoas iguais na natureza e
essência divinas.
No batismo de Jesus, o Pai o
chamou de “meu Filho amado”. A
filiação de Jesus não é ontológica mais
funcional. No plano da salvação, cada
membro da Trindade tem aceitado um
papel particular. É um papel para o
propósito de realizar um objetivo
particular, não uma mudança na
essência ou status. Millard J. Erickson
explica isso da seguinte maneira:
Cristo não se tornou menos do que
o Pai durante sua encarnação neste
mundo, mas ele se subordinou
funcionalmente à vontade do Pai.
Similarmente, o Espírito Santo está
agora subordinado ao ministério do
Filho, bem como à vontade do Pai,
mas isso não quer dizer que ele seja
menos do que eles são.11
Os termos “Pai” e “Filho” no
pensamento oriental carregam neles as
idéias de origem, dependência e
subordinação. Na mente semítica ou
oriental, entretanto, eles enfatizam a
11
Erickson, 1:338.
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
uniformidade da natureza. Logo, ao
falar do “Filho” de Deus, as Escrituras
estão declarando a Sua Divindade.
No fim do Seu ministério, Jesus
diz aos discípulos que eles devem ir “e
fazer discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, do Filho
e do Espírito Santo” (Mat. 28:19). Neste,
o rito de iniciação de cada crente na
religião cristã, a doutrina da Trindade
está claramente declarada. Primeiro,
nós notamos que a expressão “no
nome”, do grego eis to onoma, é
singular, não plural. Veja que não diz
“nos nomes”. Ser batizado no nome das
três pessoas da Trindade quer dizer:
identificar-se com todas as coisas que a
Trindade estabelece; comprometer-se
com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.12
Segundo, a união destes três
nomes indica que o Filho e o Espírito
Santo são iguais com o Pai. Na verdade,
seria estranho, para não dizer
blasfêmia, unir o nome do eterno Deus
com um ser criado (se criado
eternamente ou em algum ponto do
tempo) e uma força ou poder nessa
fórmula batismal. “Quando o Espírito
Santo é posto na mesma expressão e no
mesmo nível com as duas outras
pessoas, é difícil evitar a conclusão de
que o Santo Espírito também é visto
como uma pessoa e de igual posição
com o Pai e o Filho.”13
2.2 Escritos de Paulo
O apóstolo Paulo e os escritores
do Novo Testamento geralmente usam
a palavra “Deus” para referi-se ao Pai,
“Senhor” para referi-se ao Filho, e
“Espírito” para referi-se ao Espírito
Santo. Em 1 Coríntios 12:4-6, Paulo
12
Aqui se está fazendo referência à autoridade do
Pai, do Filho e do Espírito santo.
13
W. Grudem, 230.
5
refere-se a todos as três pessoas no
mesmo texto. Ele diz:
Ora, há diversidade de dons, mas o
Espírito é o mesmo. E há
diversidade de ministérios, mas o
Senhor é o mesmo. E há diversidade
de operações, mas é o mesmo Deus
que opera tudo em todos.
Similarmente, em 1 Coríntios 13:14, ele
lista as três pessoas da Trindade:
A graça do Senhor Jesus Cristo;
O amor de Deus;
A comunhão do Espírito Santo.
Embora não possamos afirmar
que estes textos são uma enunciação
formal da Trindade, estas passagens,
como outras semelhantes, como Efésios
4:4-6, são distintivamente trinitariana
em caráter. Foi a igreja em tempos mais
recentes que chegou a um consenso
sobre os detalhes da Trindade, mas ela
edificou sobre o fundamento dos
escritores bíblicos.
3. A Divindade de Cristo
Um elemento crucial na doutrina
da Trindade é a divindade de Cristo.
Uma vez que a doutrina da Trindade
ensina que há um Deus em três
pessoas, e que cada pessoa é
plenamente Deus, é importante
verificar o que as Escrituras ensinam
sobre a divindade de Cristo.
Há um número de passagens das
Escrituras no Novo Testamento que
claramente afirmam a plena divindade
de Cristo. Veja-as em tópicos a seguir.
3.1 João 1:1-3 e 14
“No princípio era a Palavra, e a
Palavra estava com Deus, e a Palavra
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
era Deus”. A frase introdutória “em
princípio” (sem o artigo) refere-se a
algum começo no tempo. Se a Palavra
era “no princípio”, então Ele mesmo era
sem princípio, que é outra maneira de
dizer que Ele era eterno.
“A Palavra estava com Deus”
nos diz que a Palavra é uma pessoa ou
personalidade separada. A Palavra não
estava em (en, do grego) Deus, mas com
(pros, do grego) Deus. Uma vez que o
Pai e o Espírito Santo são Deus, a
palavra “Deus” mais semelhantemente
inclui ambos os outros membros da
Trindade.
“E a Palavra era Deus”, ou mais
literalmente “e Deus era a Palavra”. A
Palavra não era uma manifestação de
Deus, mas o próprio Deus. Enquanto o
verso 1 não nos diz quem é a Palavra, o
verso 14 claramente identifica-a como
Cristo. “Uma afirmação mais
inequívoca e enfática da Deidade
absoluta do Senhor Jesus Cristo é
impossível conceber.”14
3.2 João 20:28
“E Tomé respondeu e disse-lhe:
Senhor meu, e Deus meu!” Esta é a
única vez nos Evangelhos que alguém
disse para Cristo “meu Deus” (ho Theos
mou). Quando Tomé viu o Cristo
ressurreto, o descrente foi transformado
num adorador. É significante notar que
nem Cristo no tempo que isso
aconteceu e nem João quando escreveu
o Evangelho reprovaram o que Tomé
disse. Pelo contrário, até onde João
estava preocupado, este episódio
constituiu um ponto alto em sua
narração, porque ele fala ao leitor
imediatamente:
14
Arthur W. Pink, Exposition of the Gospel of John
(Zondervan, 1945), p. 22.
6
Jesus, pois, operou também em
presença de seus discípulos muitos
outros sinais, que não estão escritos
neste livro. Estes, porém, foram
escritos para que creiais que Jesus é
o Cristo, o Filho de Deus, e para
que, crendo, tenhais vida em seu
nome. (20:30, 31).
O Evangelho, diz João, é escrito
para persuadir as pessoas a imitar a
Tomé que chamou Jesus de “meu
Senhor e meu Deus.”
3.3 Filipenses 2:5-7
Embora esta passagem tenha
sido escrita para ilustrar a humildade,
ela é um dos textos-chave do Novo
Testamento que respalda a divindade
de Cristo. O texto diz:
De sorte que haja em vós o mesmo
sentimento que houve também em
Cristo Jesus, Que, sendo em forma
[morphe] de Deus, não teve por
usurpação [harpagmos] ser igual a
Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo,
tomando a forma [morphe] de servo,
fazendo-se semelhante aos homens.
A palavra grega morphe, “forma”
ou “aparência visível”, descreve a
natureza genuína de uma coisa, ou seja,
a sua essência. Ela faz referência “não a
qualquer mudança da forma, mas a
forma específica sobre a qual a
identidade e o status dependem.”15
Morphe contrasta com Schema (2:8) que
também quer dizer ”forma”, mas no
sentido de aparência superficial ao
invés da essência. Além disso, o
substantivo harpagmos aparece somente
neste texto do Novo Testamento; o
verbo correspondente significa:
15
W. Poehlmann, “morphe,” Exegetical Dictionary
of the New Testament, 3 vols., eds. H. Balz and G.
Schneider (Eerdmans, 1981), 2:443.
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
“roubar”, “tirar pela força”. No grego
secular, o substantivo significa
“usurpação”, “roubo”. Entretanto, o
contexto torna claro que Jesus não
cobiçou ou tentou roubar a “igualdade
com Deus”. Pelo contrário, ele não
tentou agarrar-se a igualdade com Deus
que ele possuía intrinsecamente. Em
outras palavras, ele não tentou reter sua
igualdade com Deus pela força, mas
“tratou isso como uma ocasião para
renunciar toda vantagem ou privilégio
que pudesse ter acumulado para ele
desse modo, como uma oportunidade
para auto-empobrecimento e auto-
sacrifício sem reserva. 16 A igualdade de
Cristo com o Pai era algo que ele
possuía intrinsecamente. E aquele que é
igual a Deus é, sem dúvida, Deus.
Portanto, Fil. 2:5-7 “é uma passagem
que exige para sua compreensão que
Jesus era divino no seu sentido mais
amplo.”17
3.4 Colossenses 2:9
Neste texto, vamos ver Paulo
ampliando ainda mais as características
que Cristo traz na realização do plano
de salvação. O texto diz: “Porque nele
habita corporalmente [somatikos] toda a
plenitude [pleroma] da divindade”. A
palavra grega pleroma tem o sentido
básico de “plenitude”, “realização”. No
Antigo Testamento, repetidamente ela
se refere à terra e mar e “toda a sua
plenitude” (Sal. 24:1; cf. 50:12; 89:11;
96:11; 98:7), que é citada em 1 Cor.
10:26, 28. No grego secular, pleroma se
referia a todo o complemento de uma
tripulação de um navio ou a uma
quantidade necessária para completar
16
F. F. Bruce, Philippians, NIBC (Hendrickson,
1989), 69.
17
Leon Morris, The Lord from Heaven: A Study of
the New Testament Teaching in the Deity and
Humanity of Jesus (Eerdmans, 1958), 74.
7
uma transação financeira. O apóstolo
Paulo, em Colossenses 1:19 e 2:9, usa a
palavra para descrever a soma total de
toda função da divindade. A plenitude
habitava em Cristo corporalmente, isto é,
mesmo durante sua encarnação, Cristo
conservava todos os atributos da
essência da divindade, embora ele não
fizesse uso deles para sua própria
vantagem. A plenitude da Divindade,
como comenta Eadie, em seu clássico
comentário ao livro de Colossenses,
fez sua morada em sua humanidade
sem consumi-la ou endeusá-la ou
mesmo mudando quaisquer que
fossem suas propriedades
essenciais. [...] Foi facilmente visto
que a Divindade habitava naquela
humanidade, por vislumbres de sua
glória brilhando repetidamente
através de seu invólucro terreno.18
3.5 Tito 2:13
Paulo descreve os santos como
aqueles que estão “aguardando a bem-
aventurada esperança e o aparecimento
da glória do grande Deus e nosso
Salvador Jesus Cristo”. Neste excerto,
temos declarado que Jesus não somente
é Deus, mas Salvador. Há algumas
razões para se sustentar o que está
sendo dito a respeito de Cristo nesse
verso. Primeira, os dois substantivos
“Deus” e “Salvador” estão conectados
por um artigo, indicando que, como
regra, eles são duas designações de um
objeto. Segunda, como evidência
textual, todo o Novo Testamento anseia
pela segunda vinda de Cristo. Terceira,
o contexto do verso 14 fala somente de
Cristo. E, finalmente, esta interpretação
está em harmonia com outros textos
tais como João 20:28; Rom. 9:5; Heb. 1:8;
18
John Eadie, Colossians, Classic Commentary
Library (Zondervan, 1957), 145.
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
2 Pe. 1:1. Este texto, portanto, é uma
asserção clara da divindade de Cristo.
4. Cristo como Jeová Deus
Jesus Cristo não é somente
chamado Deus no Novo Testamento,
mas ele é também chamado Senhor e
Deus nas citações oriundas do Antigo
Testamento onde o hebraico tem Jeová
ou Elohim. Veja abaixo uma lista de
citações do Novo Testamento que
foram retiradas das declarações dos
profetas.
4.1 Mateus 3:3
“Voz do que clama no deserto:
Preparai o caminho do Senhor.” De
acordo com o verso 1, este texto de
Isaías refere-se a João, o Batista, que foi
o precursor de Jesus. Em Isaías 40:3, a
palavra para Senhor é Jeová. Logo, “o
Senhor” cujo caminho João devia
preparar não era ninguém mais do que
o próprio Jeová.
4.2 Romanos 10:13
“Porque todo aquele que invocar
o nome do Senhor será salvo.” O
contexto desse verso (vss. 6-12) torna
claro que Paulo, escritor da carta aos
romanos, está pensando em Cristo
quando ele se refere ao “nome do
Senhor”. O texto é uma citação de Joel
2:32 onde a palavra para Senhor no
hebraico é novamente Jeová.
4.3 Romanos 14:10
Neste texto, Paulo lembra seus
leitores que “todos havemos de
comparecer ante o tribunal de Cristo”.
Ele, então, acrescenta uma citação do
profeta Isaías 45:23 que diz: “[...] diante
de mim se dobrará todo o joelho, e por
8
mim jurará toda a língua.” Em Isaías,
quem fala é o próprio Jeová; no livro de
Romanos, o texto é aplicado a Cristo.
4.4 Hebreus 1:8
“Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o
teu trono subsiste pelos séculos dos
séculos; Cetro de eqüidade é o cetro do
teu reino.” Neste texto, o escritor
apresenta o testemunho do próprio Pai
em relação a Cristo. Além disso, neste
capítulo, sete textos do Antigo
Testamento são usados para respaldar
o argumento de que Cristo é superior
aos anjos. O quinto texto, citado nos
versos 8 e 9, vem do Salmo 45:6 e 7
onde um rei da casa de Davi é
apontado como “Deus”. De que trata,
na verdade, este texto? Será que temos
aqui uma hipérbole poética como
muitas vezes é encontrada nas cortes
orientais, ou este texto está apontando
para outra pessoa além do príncipe do
Antigo Testamento da casa de Davi?
Para os poetas e profetas
hebreus, um príncipe da casa de Davi
era o vice-regente do Deus de Israel. Ele
pertencia a uma dinastia para a qual
Deus tinha feito promessas especiais,
obrigado com a realização do Seu
propósito no mundo. Além disso, o que
era somente parcialmente verdadeiro
de qualquer das regras históricas da
linhagem de Davi, ou mesmo do
próprio Davi, seria realizado em sua
plenitude quando o filho de Davi
aparecesse e os ideais associados com a
dinastia seriam incorporados. E, agora,
afinal, o Messias tinha aparecido. Num
sentido mais amplo do que foi possível
para Davi ou qualquer dos seus
sucessores dos dias antigos, podia ser
estabelecido não meramente como
Filho de Deus (verso 5), mas
verdadeiramente como Deus, porque
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
ele é ambos o Messias da linhagem de
Davi e também o resplendor da glória
de Deus e a expressa imagem da Sua
substância.19
5. Auto Consciência de Cristo
Jesus nunca declarou a Sua
divindade diretamente. Entretanto, seu
ensino estava permeado com conceitos
trinitarianos. De acordo com a idéia
hebraica da filiação, isto é, o que quer
que seja o Pai, também o é o Filho, Jesus
reivindicou ser o Filho de Deus (Mat.
9:27; 24:36; Lc. 10:22; João 9:35-37; 11:4).
Os Judeus entenderam que ao
reivindicar ser o Filho de Deus, ele
estava reivindicando igualdade com
Deus. Logo, como afirmou João, no
capítulo 5:18 (cf. 10:33):
Por isso os Judeus ainda mais
procuravam matá-lo, porque não só
quebrantava o sábado, mas também
dizia que Deus era seu próprio Pai,
fazendo-se igual a Deus.
Jesus repetidamente reivindicava
possuir o que corretamente pertence a
Deus. Ele falou dos anjos de Deus (Luc.
12:8-9; 15:10) como seus anjos (Mat.
13:41). Ele considerou o reino de Deus
(Mat. 12:28; 19:14, 24; 21:31, 34) e os
eleitos de Deus (Mar. 13:20) como seus
próprios. Em Lucas 5:20, Jesus perdoou
os pecados do paralítico, e os Judeus
com base em Isaías 43:25 corretamente
argumentaram: “Quem pode perdoar
pecados senão só Deus?” Portanto,
implícito na ação de perdoar os
pecados, Jesus reivindicou ser Deus.
A divindade de Cristo também é
indicada pelo tempo presente de que
ele faz uso em sua resposta aos Judeus:
19
F. F. Bruce, Hebrews, NICNT (Eerdmans, 1964),
pp. 19- 20.
9
“Antes que Abraão existisse [genesthai],
eu sou” [ego eimi} (João 8:58). Ao usar os
termos genesthai (nasceu ou tornou-se) e
ego eimi (eu sou), Jesus contrasta sua
eterna existência com o começo
histórico da existência de Abraão. É
eternidade de ser e não simplesmente
pré-existência antes de Abraão, a qual é
aludida aqui. Os Judeus, pelo menos,
entenderam isto dessa forma. Eles
perceberam que Jesus reivindicava ser
Jeová, o Eu Sou da sarça ardente
(Êxodo 3:14). Portanto, eles pegaram
em pedras para matá-lo (João 8:59).
Finalmente, o fato de que Jesus
aceitou a adoração dos outros é
evidência de que ele mesmo
reconheceu sua divindade. Depois,
Jesus veio aos seus discípulos andando
sobre as águas, e, então, “eles o
adoraram” (Mat. 14:33). O homem cego
cuja vista foi restaurada, após ele ter se
lavado no tanque de Siloé, “o adorou”
(João 9:38). Depois da ressurreição, os
discípulos foram a Galiléia onde Jesus
lhes apareceu, e “eles o adoraram”
(Mat. 28:17).
6. O Testemunho de Ellen White20
Há diversas declarações de Ellen
White a respeito da Divindade de
Cristo, bem como da Trindade, as quais
podem ser listadas abaixo.
1. “Em Cristo está a vida, original, não
emprestada, não derivada. ‘Aquele
que tem o Filho tem a vida’. A
divindade de Cristo é a segurança
do crente da vida eterna.”21
2. “Ao falar da Sua pré-existência,
Cristo leva a mente de volta às eras
infindas. Ele nos assegura que
20
Todas as citações apresentadas foram traduzidas
do original inglês por este pesquisador.
21
Desejado de Todas as Nações, p.530.
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
nunca houve um tempo em que ele
não tivesse um relacionamento
estreito com o eterno Deus.”22
3. “A Divindade estava comovida de
compaixão pela raça humana, e o
Pai, o Filho e o Espírito Santo se
deram à formulação do plano da
redenção. A fim de realizar
completamente esse plano, ficou
decidido que Cristo, o primogênito
de Deus, devia dar-se como oferta
pelo pecado. Como podemos medir
a profundidade desse amor?”23
4. “Aqueles que, pelo batismo, fizeram
a Deus um voto de sua fé em Cristo,
e morte para a antiga vida de
pecado, entrou numa relação de
concerto com Deus. Os três poderes
da Divindade, o Pai, o Filho e o
Espírito Santo estão comprometidos
em ser a sua força e eficiência na
nova vida em Cristo Jesus.”24
5. “O Pai não pode ser descrito pelas
coisas da terra. O Pai é toda a
plenitude corpórea da Divindade e é
invisível aos olhos mortais. O Filho
é toda a plenitude da Divindade
manifestada. A palavra de Deus o
declara ‘a expressa imagem da Sua
pessoa.’ ‘Deus amou o mundo que
deu o Seu único Filho, para que
todo aquele que crê nEle não pereça,
mas tenha a vida eterna.’ Aqui é
apresentada a personalidade do
Pai.”25
6. “O Confortador, que Cristo
prometeu enviar depois que Ele
ascendeu aos céus, é o Espírito em
toda a plenitude da Divindade,
tornando manifesto o poder da
divina graça a todos que recebem e
22
Evangelism, p. 615.
23
Australian Union Conference – An important
letter - 1901-04-01.010.
24
ibid.: 1907-10-07.009
25
Bible Training School (The Father, the Son and
the Holy Ghost), 1906-03-01.001.
10
crêem em Cristo como um Salvador
pessoal. Há três pessoas vivas no
trio26 celestial. Em nome destes três
poderes, o Pai, o Filho e o Espírito
Santo, aqueles que recebem Cristo
pela fé viva são batizados, e estes
três poderes irão cooperar com os
obedientes em seus esforços para
viver a nova vida em Cristo.”27
7. “Ele [Cristo] determinou dar sua
representatividade, a terceira pessoa
da Divindade.”28
8. “Os três poderes da Divindade
prometeram seu poder para realizar
o propósito que Deus tinha em
mente quando Ele deu ao mundo o
dom indizível de Seu Filho.”29
9. “Mas aquele que não é infinito pode
entender o infinito? Cristo declara:
‘ninguém conhece o Pai, mas
somente o Filho, ou aquele a quem o
Filho quiser revelar.’ [...] A
grandeza de Deus não pode ser
medida ou compreendida. E aquela
doutrina que nega a Divindade
absoluta de Jesus Cristo, nega
também a Divindade do Pai, porque
ninguém conhece o Filho senão o
Pai.”30
10. “Quando Cristo inclinou Sua cabeça
e morreu, Ele levou as colunas do
reino de Satanás com Ele para a
terra. Ele derrotou Satanás na
mesma natureza sobre a qual, no
26
A palavra trio, do inglês, segundo o dicionário
Collins Cobuild (1995, p.1789) é expressa nos
seguintes termos: “A trio is a group of three people
together, especially musicians or singers, or a group
of three things that have something in common.”
[Tradução: trio é um grupo de três pessoas juntas,
especialmente músicos ou cantores, ou um grupo de
três coisas que têm algo em comum.]
27
Ibid.: 1906-03-01.002.
28
The gift of the Spirit (Southern Watchman), 1905-
11-28.002.
29
A message to the churches (Advent Review and
Sabbath Herald), 1907-07-18.003.
30
Christ’s object in coming to the world (Signs of
the Times 1875-1915), 1895-06-27.003.
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
Éden, o inimigo obteve a vitória. O
inimigo foi vencido por Cristo em
Sua natureza humana. O poder da
Divindade do Salvador estava
oculta. Ele venceu na natureza
humana, confiando no poder de
Deus. Este é um privilégio de
todos.”31
11. “O príncipe do poder do mal só
pode ser resistido pelo poder de
Deus na terceira pessoa da
Divindade, o Espírito Santo.”32
7. Textos Difíceis
Os anti-trinitarianos usam um
número considerável de textos para dar
respaldo aos seus argumentos de que
Jesus em algum tempo da eternidade
foi “gerado”, ou seja, ele teve um
começo e que ele não é, portanto,
absolutamente igual a Deus, apesar das
evidências escriturísticas declararem
sua igualdade e substância eterna com
o Pai. Vamos ver os textos de que eles
fazem uso.
7.1 Apocalipse 3:14
A expressão que queremos
analisar é: “Jesus, o princípio [arche] da
criação de Deus”. Para os anti-
trinitarianos, o texto favorece a idéia de
que Jesus foi criado em algum
momento do passado, que ele foi a
primeira obra de Deus, ou seja, o
primeiro a ser criado. Vamos ver se isso
se confirma. Primeiro, a palavra grega
arche pode ser traduzida como
“começo” ou “princípio”, “ponto de
origem”, “causa primeira” ou
“soberano”. Observe que em Apoc. 21:6
31
Youth’s Instructor (After the crucifixion), 1901-
04-25.
32
Special Testimony to Ministers and Workers no.
10, SPTA10.037.001.
11
o próprio Pai é chamado “começo”, e
isso não quer dizer necessariamente
que ele foi criado, mas que é também a
razão de ser da criação. Segundo, o
mesmo título é usado para Jesus em
Apoc. 22:13. Enquanto a palavra arche
possa ter o sentido passivo, a qual
tornaria Jesus o primeiro ser criado, o
sentido ativo da palavra torna-o a causa
primeira, o motor fundamental ou o
Criador. Esse Jesus não é o primeiro ser
criado, mas o próprio Criador. Este é o
testemunho dos textos das Escrituras
do Novo Testamento (ver João 1:1-3;
Col. 1:16; Heb. 1:2).
7.2 Provérbios 8:22-31
A expressão “eu fui gerada” é
usada concomitantemente pelos anti-
trinitarianos para provar que Jesus foi
criado. Para eles, Jesus está sendo aqui
representado. É interessante notar que
o contexto fala sobre sabedoria, e não
sobre Jesus. A personificação da
sabedoria é um recurso literário que
ocorre também em outras partes das
Escrituras. Por exemplo, em Salmo
85:10-13 nós temos “a misericórdia e a
verdade” se encontrando, a “justiça e a
paz” se beijando e “justiça brotará da
terra”. No Salmo 96:12, “o campo” está
feliz e “todas as árvores do bosque se
regozijarão” diante do Senhor (ver
também 1 Crôn. 16:33; Isa. 52:9; Apoc.
20:13-14). Este tipo de linguagem
alegórica não deve ser interpretado
literalmente. Como disse Aitken,
“Personificação é um recurso literário e
poético que serve para criar atmosfera e
para vivificar as idéias abstratas e
objetos inanimados ao representá-las
como se fossem seres humanos”.33
33
Kenneth T. Aitken, Proverbs (Westminster Press,
1986), p. 85.
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
A personificação do atributo
divino da sabedoria como uma mulher
começa no capítulo 1:20 que diz: “A
sabedoria [ela] clama lá fora; pelas ruas
levanta a sua voz”. No cap. 3:15 e 17,
nos é dito que “Mais preciosa é do que
os rubis, e tudo o que mais possas
desejar não se pode comparar a ela” e
“todas as suas veredas” são “paz”. No
cap. 7:4, ela é chamada de “irmã” e no
cap. 8:12, a sabedoria vive junta com a
prudência, outra personificação. A
sabedoria personificada também é o
tema de Provérbios 9:1-5. Aplicar estas
passagens a Jesus exige um método
alegórico de interpretação bíblica que
conduz a posições incompatíveis com
outras passagens. É este tipo de
hermenêutica que conduziu a rejeição
do método alegórico de interpretação
pelos Reformadores.34 Também se deve
notar que nenhum verso desta
passagem nem mesmo é citado no
Novo Testamento.
O capítulo 8:22-31 de Provérbios
contém imaginário poético que precisa
ser cuidadosamente interpretado. A
primeira frase do verso 22 pode ser
traduzida “O Senhor me possuiu”
(Versão Trinitariana); “O Senhor me
criou” (Versão Almeida Revisada). O
sentido básico do verbo hebraico qanah
é “comprar, adquirir” e, portanto,
“possuir”. Além de qanah, outras duas
palavras referem-se à origem da
sabedoria: nasak que significa
“estabelecer” (8:23) e chil que é “nascer”
(8:24-25). O pensamento básico desta
passagem sempre é o mesmo, a
sabedoria estava com Deus antes da
criação começar. Se Deus a criou ou se
ela foi gerada ou simplesmente
possuída não é o foco. O que é central
não é a maneira da sua origem, mas,
34
Ver Princípios de interpretação bíblica, de Louis
Berkhof.
12
antes, sua antiguidade e precedência
dentro da criação de Deus. Visto que a
linguagem é poética e metafórica, não
se deve usá-la para estabelecer
qualquer coisa concernente a origem
suposta de Cristo.
Ellen White, às vezes, aplicava
Provérbios 8 homileticamente a Cristo,
mas ela usava o texto para respaldar a
Sua pré-existência eterna. Antes de citar
Provérbios 8, ela diz: “Cristo era Deus
na essência e no sentido mais alto. Ele
era Deus de toda a eternidade, Deus
sobre todos, bendito eternamente.”35
7.3 Colossenses 1:15
Este texto é o predileto dos que
rejeitam a Divindade absoluta de
Cristo, pois eles julgam encontrar aqui
a criação de Cristo. O texto diz: “o
primogênito [prototokos] de toda a
criação”.
A expressão grega prototokos para
primogênito neste texto é um título e
não uma definição do seu status
biológico. De acordo com o verso 16,
todas as coisas foram criadas por Jesus.
Portanto, ele não pode ter criado a si
mesmo.
O termo primogênito tinha um
sentido especial para os hebreus. Em
geral, o primogênito era o líder de um
grupo ou pessoas ou de uma tribo, o
sacerdote na família, e aquele que
recebia duas vezes tanto da herança
quanto seus irmãos. Ele tinha certos
privilégios, além de responsabilidades.
Algumas vezes, entretanto, o fato de
alguém ser primogênito não importava
aos olhos de Deus. Por exemplo,
embora Davi fosse o filho mais jovem,
Deus o chamou “Meu primogênito”
(Sal. 89:20, 27). A segunda linha do
paralelismo, no verso 27, nos diz que
35
Selected Messages, 1:247.
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
isto significava que ele devia se tornar o
rei mais exaltado. Veja também a
experiência de Jacó (Gên. 25:25-26 e
Exodo 4:22) e Efraim (Gên. 41:50-52 e
Jer. 31:9). Nestes casos, o elemento
tempo “primeiro” fora apagado. O
importante era a posição especial e a
dignidade da pessoa chamada o
“primogênito”. No caso de Jesus, este
termo também se refere a sua posição
exaltada e não a um ponto do tempo
em que ele nasceu.
Em Colossenses 1:18, Cristo é
chamado “o primogênito dos mortos”.
Embora ela não fosse cronologicamente
o primeiro (Moisés, bem como outros o
precederam), ele é o primogênito pré-
eminente.
7.4 João 1:1-3
“No princípio era a Palavra e a
Palavra estava com Deus e a Palavra
era Deus.” Esta citação é usada pelos
descrentes da Divindade de Cristo de
que aqui há uma distinção na igualdade
entre Deus o Pai, que é o Deus, e Jesus
que é somente “um deus”.
O termo grego para Deus (theos)
é encontrado com o artigo (ho), “o
Deus” ou sem o artigo, “um deus” ou
“Deus”. Em João 1:1-3, o Pai é chamado
ho theos ao passo que o filho é chamado
theos. Isto justiça a reivindicação de que
o Pai é Deus todo-poderoso ao passo
que o Filho é somente um deus? Vamos
ver a resposta a esta pergunta.
O termo theos sem o artigo (ho)
também é freqüentemente usado para o
Pai nesse mesmo capítulo. Veja o texto
transliterado do grego e tente localizar
o artigo ho: “ ... ”. Se não achou é pelo
simples fato de que não existe tal artigo.
Então, ao aplicarmos a regra
mencionada, o texto em português
ficaria: “Houve um homem enviado de
13
[um deus], cujo nome era João.” É isso
realmente a expressão da verdade? De
maneira nenhuma, antes confirmamos
a expressão que diz “enviado de Deus”
(ver também Luc. 2:14; Atos 5:39; 1
Tess. 2:15; 1 João 4:12 e 2 João 9).
Jesus também é o Deus como
declarado em Heb. 1:8-9 e João 20:28,
dentre outros. Em outras palavras, o
uso do termo Deus, com ou sem artigo,
não pode ser usado para fazer distinção
entre Deus o Pai e Deus o Filho. Deus o
Pai é theos e ho theos, da mesma forma
que o Filho também é.
Às vezes, a ausência do artigo no
grego denota qualidade especial e não
deve ser traduzido como se fosse um
artigo indefinido.
Se João tivesse usado o artigo
definido toda vez que theos ocorresse,
ele estaria reivindicando que há
somente uma pessoa divina. Assim, o
Pai seria o Filho. João 1:1 se lê: “No
princípio era a Palavra e a Palavra
estava com ho theos e a Palavra era
theos.” Se João tivesse usado somente ho
theos, nós iríamos ler: “No princípio era
a Palavra e a Palavra estava com ho
theos e a Palavra era ho theos”. De
acordo com o verso 14 deste capítulo, a
Palavra é Jesus. Portanto, substituindo
“Palavra” por “Jesus” nós formamos a
seguinte frase: “No princípio era Jesus e
Jesus estava com ho theos e Jesus era ho
theos.” A expressão grega ho theos se
refere ao Pai. Com a modificação do
texto, teríamos: “No princípio era a
Palavra e a Palavra estava com o Pai e a
Palavra era o Pai.” Isto é
teologicamente errado. Ao falar sobre
as duas pessoas da Divindade, João não
teve outra escolha a não ser usar uma
vez ho theos e depois theos. Portanto, a
ausência do artigo no segundo caso não
pode ser usada como argumento contra
a igualdade entre o Pai e o Filho.
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
7.5 Jo. 1:14, 18; 3:16, 18; 1 Jo. 4:9
Estes versos das Escrituras têm
algo em comum: o uso da palavra
“unigênito”. Esta palavra, segundo os
anti-trinitarianos, sugere ou aponta o
nascimento literal de Jesus.
A palavra grega monoguenes
significa “só, um de uma espécie,
único”. Ela ocorre nove vezes no Novo
Testamento. Ela aparece três vezes em
Lucas (7:12; 8:42; 9:38), como uma
designação do relacionamento de Jesus
com Deus; e uma em Hebreus 11:17,
onde Isaac é chamado o filho
monoguenes de Abraão. Isaac não era o
único filho de Abraão, mas ele era o
único filho da promessa. A ênfase não
está no nascimento, mas na
singularidade do filho. Portanto, a
tradução “único” deve ser preferida. A
tradução “único gerado ou nascido”
pode ter se originado com os primeiros
Pais da igreja e é encontrada na
Vulgata. Esta, por sua vez, influenciou
os tradutores modernos.
O termo normal para “gerado”,
“nascido” é gennao que é encontrado
em Heb. 1:5 e que pode apontar para a
encarnação e ressurreição de Cristo.
Na Septuaginta (LXX), o termo
monoguenes é a tradução do hebraico
yachid que significa “único”, “amado”
(cf. Marcos 1:11 em relação ao batismo
de Cristo).
É interessante notar que João,
nos capítulos 1:1-14, 8:58 e 17 não usa o
termo “Filho” para o Senhor pré-
existente.
7.6 Mateus 14:33
“Então aproximaram-se os que
estavam no barco, e adoraram-no,
dizendo: És verdadeiramente o Filho de
Deus.” Podemos entender o título
14
“Filho de Deus” literalmente? Vamos
ver a resposta.
Esse título é messiânico (ver Sal.
2:7; Atos 13:33; Heb. 1:5). Ele enfatiza a
divindade de Jesus. Jesus usou o título
muito raramente para si mesmo (só em
João 11:14). É um dos muitos títulos que
Jesus tinha. Ao tentar entender quem é
Jesus, todos eles precisam ser
investigados a fim de compormos um
quadro coerente. Que o título “Filho de
Deus” enfatiza a divindade de Cristo é
evidente em João 10:29-36. Isto é mais
adiante respaldado pelo fato de que o
Filho é a precisa imagem de Deus
sendo igual com Deus (Col. 1:15; Heb.
1:3; Fil. 2:6).
A palavra “filho” tem um leque
amplo de sentidos na língua original.
Portanto, não é possível restringi-la a
limites estreitos da língua portuguesa e
explicá-la a uma compreensão literal. A
filiação de Jesus é atestada em relação
ao seu nascimento (Luc. 1:35); ao
batismo (Luc. 3:22); a transfiguração
(Luc. 9:35); e a sua ressurreição (Atos
13:32-33). A Bíblia silencia na questão se
este título descreve o relacionamento
eterno entre o Pai e o Filho. Em
qualquer caso, as Escrituras atribuem
existência eterna a Jesus (Isaías 9:6;
Apoc. 1:17, 18).
Durante sua encarnação, Jesus
voluntariamente se subordinou ao Pai,
sendo o Filho de Deus. Isto incluía
entregar as prerrogativas, mas não a
natureza da divindade. O Senhor
ressurreto, sendo entronizado como rei
e sacerdote, também, voluntariamente,
aceita a prioridade do Pai, mas ele e o
Pai, de acordo com as Escrituras, são
Deus, personalidades co-eternas e co-
iguais de uma Divindade.
8. A Terceira Pessoa da Divindade
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
Por todas as Escrituras, o
Espírito Santo é uma pessoa divina, de
substância, poder e glória igual ao Pai e
ao Filho. O Espírito Santo é um ser
pessoal. Por isso, ele assume a
responsabilidade de ser o líder da
igreja, logo após a ascensão de Cristo.
8.1 O Espírito Santo: um Ser Pessoal
Alguns têm questionado se o
Espírito Santo é uma pessoa distinta ou
somente o “poder” ou “força” de Deus.
Há inúmeros versos onde o Espírito
Santo é mencionado junto o Pai e o
Filho (Mat. 28:19; 1 Cor. 12:4-6; 2 Cor.
13:14). Isto indica que o Pai e o Filho
são pessoas. O Espírito Santo, portanto,
também deve ser uma pessoa.
Freqüentemente, o pronome
masculino “ele” é usado com referência
ao Espírito Santo (João 14:26; 15:26;
16:13, 14), apesar do fato de que a
palavra para Espírito, pneuma, do
grego, seja neutra e não masculina.
Nas Escrituras, vamos encontrar
as palavras conselheiro e confortador
(parakletos) fazendo referência a uma
pessoa e não a uma força.
O Espírito Santo é capaz de falar
(Atos 8:29), ensinar (João 14:26),
testemunhar (João 15:26), interceder em
nomes de outros (Rom. 8:26-27),
distribuir dons aos outros (1 Cor. 12:11)
e proibir ou mesmo permitir certas
coisas (Atos 16:6-7). De acordo com
Efésios 4:30, o Espírito Santo também
pode ser ofendido pelas pessoas. Todas
estas atividades são características de
uma pessoa e não de uma força.
8.2 O Espírito Santo como Deus
As Escrituras vêem o Espírito
Santo como Deus. Desde a eternidade,
Deus o Espírito Santo viveu dentro da
15
Divindade como o terceiro membro da
Trindade. Em Mateus 28:19, nos é dito:
“... batizando em nome do Pai, do Filho
e do Espírito Santo.” Este texto coloca o
Espírito Santo no mesmo nível de
igualdade com o Pai e o Filho.
Pedro disse para Ananias que, ao
mentir para o Espírito Santo, ele não
tinha mentido “aos homens, mas a
Deus” (Atos 5:3-4).
Atualmente, tem se levantado,
em nossa igreja, pessoas que,
insatisfeitas com alguma coisa ou
motivado por algum ressentimento,
tem inoculado, nas veias da membresia,
o veneno da apostasia. Elas querem que
acreditemos que os textos de Ellen
White foram corrompidos36 para
acomodar a doutrina da Trindade. Elas
citam uma declaração de Ellen White
como querendo dizer que Cristo é a
mesma pessoa que o Espírito Santo.
Veja a declaração.
Cumbered with humanity, Christ
could not be in every place
personally; therefore it was
altogether for their advantage that
He should leave them, go to His
father, and send the Holy Spirit to
be His successor on earth. The Holy
Spirit is Himself divested of the
personality of humanity and
independent thereof. He would
represent Himself as present in all
places by His Holy Spirit, as the
Omnipresent.37
Elas usam esta declaração para
dizer que Ellen White afirmou que
36
Há alguns sites da Internet “especializados” em
denegrir os escritos de Ellen White, e que tentam a
todo custo fazer malabarismos das declarações para
dizer que os seus escritos são fraudulentos,
corrompidos, quando, na verdade, são eles, depois
de Satanás, a fazerem manobras para respaldar a sua
crença pessoal.
37
Manuscript Release, Vol. 14 p.23 (7).
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
Jesus é o próprio Espírito Santo, ou seja,
Jesus é o Espírito fisicamente e não uma
mera representação de Sua pessoa. Elas
dizem que a palavra Christ (Cristo), na
1ª linha da citação, está sendo
substituída pelo pronome reflexivo em
inglês Himself (se, o próprio, a si
mesmo, ele mesmo, ele), na 7ª linha.
Com isso, segundo elas, a tradução do
texto deve ficar:
1. Impedido pela humanidade,
Cristo não poderia estar em todos
os lugares pessoalmente, então foi
para vantagem deles (os discípulos)
que Ele deveria deixá-los, ir para o
Pai, e enviar o Espírito Santo para
ser o Seu sucessor na terra. 2. O
Espírito Santo é Ele mesmo38,
despido da personalidade da
humanidade e independente dela. 3.
Ele se representaria como estando
presente em todos os lugares pelo
Seu Espírito, como o Onipresente.
(sic)
Gostaria de deixar registrado
aqui o meu protesto em função de ver
tantas incoerências, tantos desvios
bíblicos, desarticulações, ambigüidade,
tanta impudência, imprecisões, erros
grosseiros de língua portuguesa, tantas
imprecauções, tanta perfídia para com
as Escrituras.
A tradução apresenta algumas
falhas notadamente acentuadas.
Primeiro, o verbete Cristo, no original
inglês, não pode ser substituído pela
palavra “Ele mesmo” (pronome
reflexivo). Isso seria desconsiderar os
princípios básicos da gramática inglesa.
De acordo com Strumpf e Douglas, “os
pronomes reflexivos freqüentemente se
38
A tradução se baseia na pergunta: Se o Consolador
– o Espírito Santo é uma pessoa, por que Ellen
White afirma que o Consolador é o próprio Jesus
despido da personalidade humana? Ou por que este
texto de Ellen White foi adulterado?
16
referem ou refletem o sujeito da frase. ...
Nunca, nunca use nenhum dos
pronomes reflexivos sem uma
referência na mesma frase a um
substantivo ou pronome anteriores.”39
Além disso, de acordo com Dave
Willis, devemos usar “os pronomes
reflexivos como objeto direto e indireto
do verbo quando quisermos dizer que o
objeto é a mesma pessoa ou coisa
referente ao sujeito do verbo da mesma
oração.”40 O dicionário monolíngüe
Collins Cobuild descreve os pronomes
reflexivos como “pronomes que são
usados como o objeto de um verbo ou
de uma preposição quando eles se
referem à mesma pessoa como o sujeito
do verbo. Os pronomes reflexivos são
myself, yourself, himself, herself, itself,
oneself, ourselves, yourselves e
themselves”.41 Quirk & Greenbaum
acrescentam: “os pronomes reflexivos
substituem um termo nominal co-
referencial, normalmente dentro da
oração do mesmo verbo finito”.42
Embora a expressão “ele
mesmo” possa ser admitida, ela fará
referência inequívoca ao Espírito Santo.
O problema é que ela gera
ambigüidade em português. O leitor
poderá pensar, como elas pretendem,
que o Espírito Santo é o Senhor Jesus
incorpóreo, pois não estaria preso à
humanidade. Será que elas estão
conscientes das implicações disso?
Quando elas dizem que o
pronome reflexivo ele mesmo substitui
39
Michael Strumpf & Auriel Douglas. The
Grammar Bible. Los Angeles, CA:
Knowledgeopolis, 1999. pp. 191-192.
40
Dave Willis. Student’s grammar: helping learners
with real English. London, 1993. p. 18.
41
Collins Cobuild. English dictionary: helping
learners with real English. London: Collins Cobuild.
1995. p. XXVIII.
42
Quirk, Randolph & Greenbaum Sidney. A
university grammar of English. Hong Kong:
Longman, 1973.
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
Cristo, elas estão criando uma nova
gramática inglesa. Devemos usar os
pronomes reflexivos para fazer
referência a um substantivo ou mesmo
a um pronome na “mesma frase”. Se
observarmos com cuidado, veremos
que a palavra Christ está separada de
Himself, pelo menos, por cinco frases,
considerando que cada frase ou oração
deve ter obrigatoriamente um verbo.
Segundo, o pronome Himself,
neste caso, não funciona como termo
anafórico de Christ. Assim, podemos
dizer que não há qualquer referência
entre eles.
Elas se esqueceram de verificar o
foco central da frase “The Holy Spirit is
Himself divested of the personality of
humanity and independent thereof.” O
Espírito Santo é o foco, o sujeito da
oração, logo, pelo que afirmam os
gramáticos, o pronome reflexivo, em
inglês, Himself faz referência ao próprio
sujeito, no caso, o Espírito Santo. A
tradução do texto deve ser: “O próprio
Espírito Santo está despido da
personalidade humana e independente
dela.” Por que esta tradução é a
adequada? Por cinco razões que
seguem. Primeiro, o Espírito Santo não
se encarnou e, portanto, não está
impedido de se manifestar em todos os
lugares ao mesmo tempo.
Segundo, Cristo precisava de
alguém que pudesse representá-lo na
terra. O Espírito Santo, então, estaria
subordinado, como voluntário, ao
ministério de Cristo. Quando Jesus
enviou os seus discípulos para
pregarem o reino de Deus (Luc. 9:1-6),
não estava Jesus sendo representado
também por eles? Sem dúvida, Cristo
foi representado por seus discípulos.
Mas a obra dos discípulos era
completamente diferente daquela
representado pelo Santo Espírito.
17
Terceiro, a função enfática dos
pronomes reflexivos nos mostra, na
frase “The Holy Spirit is Himself”, que
uma característica dele está sendo
acentuada, aquela de poder estender
aos crentes em Cristo as bênçãos da
salvação por intermédio do próprio
Consolador, uma vez que Cristo agora
encarnado, se achava limitado pelo
contato pessoal com seus servos. Como
diz a serva do Senhor: “Pelo Espírito, o
Salvador seria acessível a todos. Nesse
sentido, estaria mais perto deles do que
se não subisse ao alto.”43 É contundente
o fato de que Cristo e o Espírito
desenvolvem uma tarefa distinta. Não
se declara nada aqui que Jesus e o
Espírito Santo sejam a mesma pessoa,
mas que o Espírito tem uma vantagem
de se fazer presente em todo o lugar ao
mesmo tempo, em função de estar
“despido da personalidade da
humanidade”.
Vale aqui ressaltar a importância
da declaração de Jesus Cristo de que o
Pai enviaria “o outro Consolador”. E
ainda acrescenta: “Não vos deixarei
órfãos” (João 14:16, 18). Inicialmente, a
palavra “outro”, empregada por João, é
muito significativa. No grego, nós
temos duas palavras que expressam o
sentido de outro, embora, às vezes,
quase não haja muita diferença entre
elas. A primeira, que foi usada por
João, é allos e significa “outro da mesma
qualidade”44 Em outras partes do Novo
Testamento, vamos encontrar heteros
que significa “outro de qualidade
diferente”.45 Allos indica que o outro
tem as mesmas características, essência
do primeiro Consolador (do grego,
parakletos). Allos ainda enumera uma
43
O Desejado de Todas as Nações, p.644.
44
Taylor, W. C. Dicionário do Novo Testamento
grego. Rio de Janeiro, 1986. p. 17.
45
Ibid.
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
série ou sucessão da mesma qualidade
que é compartilhada tanto por Cristo
quanto pelo Espírito Santo.
Outra coisa que precisamos
entender é a declaração de que Jesus
não deixaria seus discípulos “órfãos”.
Que é uma pessoa órfã? Em geral, órfão
é aquele que não tem pai (Jô 31:17, 18);
também aquele que não tem um tutor,
um mestre, etc. No nosso caso, Jesus
enviaria o Espírito Santo para ser Pai,
assim como Jesus era Pai eterno (Isaías
9:6). O Pai era aquele que propiciava
aos filhos o conforto necessário em
todos os momentos da vida. Jesus era
Mestre e Senhor (Mat. 23:10) e não
deixaria de ser. Ele permaneceria com
os discípulos através do outro
Consolador. Como Jesus iria delegar
tanta responsabilidade a uma pessoa
que não possuía a mesma credencial
divina? Cristo o fez pelo fato de que o
Espírito Santo também é o parakletos
(João 14:16), aquele chamado para
ajudar, que nos defende, inspira,
protege, anima, fortalece, ampara, nos
guia, etc. Jesus também recebe esse
mesmo nome em 1 João 2:1: “Meus
filhinhos, estas coisas vos escrevo, para
que não pequeis; e, se alguém pecar,
temos um Advogado [parakletos] para
com o Pai, Jesus Cristo, o justo.
Quarto, acreditar na sugestão
que elas fazem, através da tradução
ambígua que elas propõem, é desviar
os olhos “da verdade, voltando-se às
fabulas” (2 Tim. 4:4), pois Jesus faz
alusão a um pecado que não se pode
perdoar. Em Mateus 12:32, nos é dito
que se alguém “disser alguma palavra
contra o Filho do homem, ser-lhe-á
perdoado; mas, se alguém falar contra o
Espírito Santo, não lhe será perdoado,
nem neste século nem no futuro.” Neste
texto, temos enumerado duas pessoas
distintas e separadas uma da outra.
18
Como Cristo declarou, o pecado pode
ser cometido contra ele, bem como
contra o Espírito Santo.
Quinto, Jesus declarou que o
Espírito Santo desenvolveria uma tarefa
especial na vida do crente. Ele declarou:
“Ele me glorificará, porque há de
receber do que é meu, e vo-lo há de
anunciar”. Se, como pretende os
opositores da personalidade do Espírito
Santo, Cristo é o mesmo Espírito Santo,
como então Ele precisa receber de
Cristo as coisas que tem para
comunicar aos seus servos, os
discípulos, independentemente do que
seja a coisa comunicada? O Espírito não
saberia o que comunicar, transmitir, já
que é o próprio Jesus “despido da
personalidade humana”? Sem dúvida,
está claro como o dia de verão que
Jesus não é o Espírito Santo, mas seu
companheiro de eternidade, juntos e
coesos na salvação do ser humano.
Amém!
Podemos até admitir que a
expressão “The Holy Spirit is Himself”
seja “O Espírito Santo é Ele mesmo”, no
sentido de que não há nenhuma
distinção entre eles. Tendo o mesmo
poder, eles se representam mutuamente
e geram o mesmo resultado na vida dos
seus filhos. O Espírito Santo possui o
mesmo caráter de Cristo, por isso a
capacidade de poder representá-lo
eficientemente na vida da Sua igreja,
provendo todo o necessário para o seu
crescimento. O texto supracitado indica
a enumeração e distinção entre duas
pessoas, e não a fusão de um sobre o
outro, portanto.
Outra coisa que devemos
considerar é o fato de Jesus não ter
inserido em João 10:30 o Espírito Santo.
Ele disse: “Eu e o Pai somos um”. Os
detratores das Escrituras alegam que se
existe trindade, o texto deveria ser: “Eu,
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
o Pai e o Espírito Santo somos um.”
Antes de qualquer coisa, considere a
citação abaixo.
A exaltação do Filho de Deus à
igualdade com o Pai
representada como sendo uma
injustiça a Lúcifer, o qual,
pretendia-se, tinha também direito à
reverência e à honra. [...] Não tinha
havido mudança alguma na posição
ou autoridade de Cristo. [...] Cristo
era o Filho de Deus; tinha sido um
com Ele antes que os anjos fossem
chamados à existência. Sempre
estivera Ele à destra do Pai; Sua
supremacia, tão cheia de bênção a
todos os que vinham sob Seu
domínio benigno, não havia até
então sido posta em dúvida.46
Observe que nunca Cristo teve
sua “supremacia” questionada, “posta
em dúvida”. A partir daí, começa a
guerra pelas consciências alheias.
Satanás quer fazer ver que ele merece
honras e exaltação pessoal. Por isso,
questiona a autoridade de Cristo como
igual a Deus.
No texto de João 10:30,
encontramos a declaração que nos faz
voltar no tempo da reunião celestial em
que Cristo foi declarado ser igual a
Deus, não que Ele não fosse, mas para
dar uma resposta àqueles que estavam
questionando-O. Ali, nada se fala sobre
o questionamento da autoridade do
Espírito Santo. No contexto desse verso,
Jesus está dizendo que tem os mesmos
atributos divinos. Nos dias de Cristo, os
judeus reconheciam a supremacia do
Espírito Santo. E isso não era problema
para eles. Mas, quando Cristo diz ser
igual ao Pai em atributos, eles se
enraivecem e tentam matá-lo.
46
Patriarcas e Profetas, pp.18-19.
Eles eram cônscios da declaração
de que o Espírito de Deus era uma
pessoa. Em Isaías 48:16, nós podemos
ler: “Chegai-vos a mim, ouvi isto: Não
falei em segredo desde o princípio;
foi desde o tempo em que aquilo se fez, eu
estava ali; e agora o Senhor Deus me
enviou a mim, e o seu Espírito.”47 A
Bíblia King James amplia ainda mais a
última parte desse verso: “e agora o
Senhor Deus e o seu Espírito têm me
enviado.” O texto não diz que o
Espírito Santo foi enviado ao profeta,
mas que Deus e o Espírito o enviaram.
O ponto focal do relato de João é
que Jesus reivindica a igualdade com o
Pai. Por que faz isso? Porque suas obras
demonstram que o Pai está nele. Além
disso, a atitude de Jesus em perdoar
pecado é uma característica de somente
uma pessoa, ou seja, de Deus. Em todo
o seu ministério, Jesus sempre recebeu
a adoração dos discípulos. E o verbo
empregado para adorar, do grego,
prosquineo, é usado tanto para o Pai
quanto para Cristo. Uma vez que os
anjos sempre adoravam o Filho,
alguém, então, questiona essa
autoridade. Jesus deixa claro que tem
consciência de que ele e o Pai são um.
Mas o diabo também gostaria de
ter essa supremacia. E aí reivindica
semelhança com o Altíssimo Deus. É
quando ele diz: “Subirei sobre as
alturas das nuvens, e serei semelhante
ao Altíssimo.” (Isaías 14:14). Sua queda
era inevitável. Portanto, por onde quer
que ele vá, desperta suspeita nos
corações dos homens e mulheres para
não aceitarem a autoridade de Cristo.
Cristo decidiu dizer, com risco da
própria vida, que ele e o Pai tinham um
relacionamento que ninguém poderia
quebrar. Suas ações o identificavam
47
João Ferreira de Almeida, Versão Corrigida e
Revisada.
19
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
como Deus. E isso criou uma rivalidade
no coração do inimigo. Quando Jesus
disputava com os sacerdotes, os
príncipes, os fariseus e os escribas, Ele
estava batalhando contra o diabo, que é
mentiroso e nunca se “firmou na
verdade, porque não há verdade nele.”
(João 8:44). Jesus era consciente de que
“este mundo jaz do maligno.” Por isso,
quando Jesus aparece num confronto
com o arquiinimigo das hostes do mal,
ele recebe um nome muito especial.
Quando Cristo aparece numa
contenda com Satanás, sempre recebe o
nome de Miguel. Em Judas 9, lemos:
“Mas o arcanjo Miguel, quando
contendia com o diabo, e disputava a
respeito do corpo de Moisés, não ousou
pronunciar juízo de maldição contra
ele; mas disse: O Senhor te repreenda.”
Em Apocalipse 12:7, também podemos
ler: ”E houve batalha no céu; Miguel e
os seus anjos batalhavam contra o
dragão, e batalhavam o dragão e os
seus anjos.” Nestes versos, a palavra
Miguel é de origem hebraica e significa
“quem é semelhante ao Altíssimo?” (cf.
Daniel 10:13). É impressionante a
manifestação do Senhor Jesus. Quando
tudo parece falhar, perecer, quando o
desespero quer tomar conta dos seus
filhos, quando tudo parece desmoronar
ao nosso redor, Jesus, Miguel, aparece
para nos socorrer. Ele é o Todo-
poderoso. Sua exaltação é mais do que
merecida, pois é o grande “Eu Sou”.
Amém!
Agora, por que nos preocupar
com a declaração de Cristo em João
10:30, se podemos encontrar uma
enunciação clara das três pessoas da
Divindade em 1 João 5:7? O texto diz:
“Porque três são os que testificam no
céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo;
e estes três são um.”
20
Mas os questionadores da
verdade vão alegar que esse verso não
consta nos melhores manuscritos
gregos. De que manuscritos gregos nós
estamos falando?48 Do Novo
49
Testamento de Nestle-Aland? Do de
Erasmo? Do de Estéfano, Beza ou
Elzevir? Só nos escritos destes é que
encontramos a citação das três pessoas
da Divindade. Contudo, independe de
onde o encontramos, vamos encontrar
um fio dourado que transmite a
verdade desse texto por toda a
Escritura. Quando este verso aparece
nas versões modernas, aparece entre
colchetes, com notas de rodapé. De
qualquer forma, analise o que está
sendo dito nas estrelinhas do verso.
Será que os três membros da Divindade
não dão testemunho da verdade? Em
João 3:32, João Batista, dando
testemunho de Cristo, declarou: ”E
aquilo que ele tem visto e ouvido, isso
testifica [martirion]; e ninguém aceita o
seu testemunho”. Neste verso, Jesus dá
testemunho da verdade. Em 1 João 5:6
(outras versões trazem o 7), lemos: “E o
Espírito é o que testifica [martiron],
porque o Espírito é a verdade.” Tanto
48
Por exigüidade de tempo e espaço, não vamos
aqui tratar do processo de composição das Escrituras
no que diz respeito à origem dos manuscritos gregos.
Você poderá ler sobre o assunto em nossa próxima
publicação intitulada A Verdade por trás dos
Manuscritos Bíblicos. Além disso, você poderá ler
algumas obras como An understandable history of
the Bible, de Samuel Gipp; Teologia do Novo
Testamento, de Gerhard Hasel; de D’aubigne, A
história da Reforma do século 16, vol. 5, etc.
49
Atualmente, os chamados eruditos fazem uso do
texto grego de Nestle-Aland, pois afirmam que este
é mais fiel ao texto original, porque é o manuscrito
mais antigo de que se tem informação. Entretanto,
isso não passa de uma teoria. Há uma gama de
eruditos antigos que demonstram o contrário, como
Wylie, D’aubigne, Burgon, Samuel Gipp, dentre
outros. O texto de Nestle-Aland se baseia nas teorias
de Westcott e Hort, jesuítas ideologicamente
orientados a serviço de Roma. Além disso, há
muitos testemunhos de revisores e tradutores das
novas versões que mostram a falácia dessa teoria.
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS
Cristo quanto o Espírito testificam da
verdade. Como não poderiam ser um
com o Pai? Sem dúvida, três são os que
dão testemunho, pois estes são um.
Outra argumentação de que se
valem os gnósticos modernos contra a
personalidade do Espírito Santo é
aquela que diz que o Pai e o Cordeiro
têm um trono, mas o Espírito não. Eles
fazem a seguinte pergunta: “Por que,
embora o Espírito Santo convença ‘o
mundo do pecado, da justiça e do juízo’
(João 16:8) a Ele não pertence a
salvação, e sim apenas ‘ao nosso Deus,
que se assenta no trono, e ao Cordeiro,
pertence a salvação’ (Apocalipse 7:10)?
E por que, na Cidade Santa, o apóstolo
João só viu ‘o trono de Deus e do
Cordeiro’ (Apocalipse 22:3)? (sic)
Em primeiro lugar, não está
dizendo no texto que o Espírito Santo
não tem salvação para dar. Lembremo-
nos de que o foco de todo o conflito se
dirige a Cristo e ao Pai,50 pois este
confere ao Filho prerrogativas que lhes
identificam como um. Segundo, não há
nenhuma declaração literal dizendo
que o Espírito não tem nenhum trono.
Esse texto não foi escrito para dizer
algo sobre o Espírito Santo, pois dEle é
dito em João 16:13:
Mas, quando vier aquele, o Espírito
de verdade, ele vos guiará em toda
a verdade; porque não falará de si
mesmo, mas dirá tudo o que tiver
ouvido, e vos anunciará o que há de
vir.
A expressão “não falará de si
mesmo” é muito significativa. Não há
nada que não fosse revelado para a
nossa salvação que não tenha sido
providenciado pelo Pai. É significativo
o fato de que Jesus também não falaria
50
Ver Patriarcas e Profetas
21
de si mesmo (João 12:49), “mas o Pai,
que me enviou, ele me deu
mandamento sobre o que hei de dizer e
sobre o que hei de falar.” (cf. João
14:10). Semelhantemente, o Espírito
falará “o que tiver ouvido”. O Espírito
não desceu para nos dizer qual era a
Sua natureza, mas para testemunhar da
Salvação provida por Deus na
eternidade. Veio para dar continuidade
ao projeto de salvação elaborado antes
da fundação do mundo; para torná-la
vital e efetiva na vida do crente (Ver
João 7:37-39). Tudo foi feito a fim de
que nós tivéssemos a esperança da
redenção. Saber do que constitui o
Espírito Santo ou o que seja ele, não
implicará na nossa salvação. Ellen
White disse do Espírito Santo:
Não é essencial que sejamos capazes
de definir exatamente o que seja o
Espírito Santo. [...] A natureza do
Espírito Santo é um mistério. Os
homens não a podem explicar,
porque o Senhor não lho revelou.
Com fantasiosos pontos de vista,
podem-se reunir passagens da
Escritura e dar-lhes um significado
humano; mas a aceitação desses
pontos de vista não fortalecerá a
igreja. Com relação a tais mistérios
– demasiado profundos para o
entendimento humano – o silêncio é
ouro.51
Se não conseguirmos separar “o
joio do trigo”, não saberemos como
entender as Escrituras.
A serva do Senhor não seria
diferente daqueles que crêem nas
Escrituras concernente a pessoa do
Espírito Santo. Ela declarou: “Nós
precisamos perceber que o Espírito
Santo, que é tanto pessoa quanto Deus
51
Atos dos Apóstolos, 51-52.
 A TRINDADE NAS ESCRITURAS

é uma pessoa, está caminhando por

estes campos”.52
Enfim, podemos ver o quanto os
questionadores da verdade da Trindade
se esforçam para enganar àqueles que
não têm uma visão mais aprofundada
dessa doutrina bíblica. Infelizmente,
muitos têm sido enganados por grupos
dissidentes da nossa igreja. O grande
perigo de negar a doutrina da Trindade
traz conseqüências sérias, pois a única
forma de resistirmos ao pecado é
através da “terceira pessoa da
divindade” (Desejado de todas as
Nações). Se não aceitarmos que o
Espírito Santo é Deus, como o Pai e o
Filho são, dificilmente teremos sua
presença em nosso interior, sendo a
força motriz para vencer o pecado.
O Espírito Santo é nosso amigo,
ajudador, nosso advogado, que
intercede por nós “com gemidos
inexprimíveis” (Rom. 8:26). Ele tem nos
amparado, guiado no caminho da
verdade. Muito em breve, haveremos
de contemplá-lo também face a face,
quando nos for apresentado
pessoalmente pelo Senhor Jesus Cristo,
lá no céu. Contudo, por nossa vida
dedicada a Cristo, poderemos conhecê-
lo em cada passo que dermos em
direção ao reino celeste. Que Deus
abençoe você, querido leitor! Que você
possa dedicar a sua vida à Trindade
celeste, e como conseqüência, você terá
uma vida significativa e totalmente
transformada.

52
Evangelism, 616.

22