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Globalização, Neoliberalismo e Formação Profissional

Este texto objetiva compreender a formação profissional no cenário da globalização e do


neoliberalismo, refletindo a importância do autodesenvolvimento como elemento imprescindível no
desafio, para se tornar empregável. Destacar ainda a formação como uma oportunidade de negócio
no mundo do trabalho.
A concepção de educação sustentada sobre a escolha profissional neste texto, aponta a
necessidade de se formar um indivíduo que seja capaz de desenvolver uma cultura profissional, ou
seja, com todos os saberes e/ou conhecimentos, desenvolvidos por cada profissão, que sejam
apropriados já na sua formação acadêmica. É importante destacar ainda que a formação deve ser
entendida como uma primeira oportunidade de negócios, para levá-lo a atingir seus sonhos,
objetivos e realizações.
Exige-se, portanto: compromisso, responsabilidade, seriedade frente ao estudo, diante de si
mesmo, da vida, do mundo que o cerca, da profissão escolhida, dos desafios atuais e do futuro.
Assegurando assim, a possibilidade de ser, individual e coletivamente, um agente de mudança que
dê conta de enfrentar situações problemáticas contextualizadas, em meio às quais saiba não só o
que fazer e como fazer, mas também por que e para que fazê-lo. O mundo do trabalho requer um
profissional reflexivo-ativo-criativo e comprometido. É necessário definir o seu projeto de Carreira e
Empregabilidade, considerando as transformações ocorridas no cenário político, econômico, social
e de desenvolvimento tecnológico. As questões em pauta frente aos desafios são: como
permanecer e tornar-se empregável no mundo do trabalho? Quais as exigências impostas? Para
respondê-las é importante compreender o mundo globalizado.

O que é Globalização ?
Globalização tornou-se uma palavra que está em "moda", é um conceito muito amplo e
abrangente, sendo empregada em diversas ocasiões, mas nem sempre com o mesmo significado.
Poderíamos conceituar esse termo de forma básica como: o conjunto de transformações na
ordem política e econômica mundial que vem acontecendo nas últimas décadas. O ponto central da
mudança é a integração dos mercados numa "aldeia-global", explorada pelas grandes corporações
internacionais.
Os Estados abandonam gradativamente as barreiras tarifárias para proteger sua produção da
concorrência dos produtos estrangeiros e abrem-se ao comércio e ao capital internacional. Esse
processo tem sido acompanhado de uma intensa revolução nas tecnologias de informação, televisão
e computadores dentre outros.
As fontes de informação também se uniformizam devido ao alcance mundial e à crescente
popularização dos canais de televisão por assinatura e da Internet. Isso faz com que os
desdobramentos da globalização ultrapassem os limites da economia e comecem a provocar uma
certa homogeneização cultural entre os países.
O Estado brasileiro, a partir da década de 80, passou por uma redefinição de seu papel e de
seus poderes. Sua soberania para regular autonomamente a economia, com decisões orientadas
pelo interesse nacional, foi drasticamente reduzida. Além disso, a sua representatividade e
credibilidade foram afetadas, perdendo força para mediar os conflitos que emergem da globalização
neoliberal. E assim, tornou-se um ator cada vez mais frágil e impotente diante das imposições do
FMI (Fundo Monetário Internacional) e do BM (Banco Mundial) que defendem os interesses do
sistema financeiro e dos países capitalistas.
As transformações gerais da sociedade atual possibilitam pensar o país no contexto da
globalização, da revolução tecnológica e da ideologia do livre mercado (neoliberalismo). A
globalização é uma tendência internacional do capitalismo que, juntamente com o projeto neoliberal,
impõe aos países periféricos a economia de mercado global sem restrições, a competição ilimitada e
a minimização do Estado.
Algumas das questões que aparecem em decorrência do processo de "globalização" são: a
exclusão social, o desemprego e o aumento da miséria. Por outro lado a globalização implica na
predominância da economia de mercado e do livre mercado, uma situação em que o máximo
possível é mercantilizado e privatizado com o agravante do desmonte social. Concretamente, isso
leva ao domínio mundial do sistema financeiro, à redução do espaço de ação para os governos – os
países são obrigados a aderir ao neoliberalismo – ao aprofundamento da divisão internacional do
trabalho e da concorrência e, não por último, à crise de endividamento dos estados nacionais.

O que significa neoliberalismo?


O neoliberalismo é o novo caráter do velho capitalismo. Este adquiriu força hegemônica no
mundo a partir da Revolução Industrial do século 19. O aprimoramento de máquinas capazes de
reproduzir em grande escala o mesmo produto e a descoberta da eletricidade possibilitaram à
indústria produzir, não em função de necessidades humanas, mas, sobretudo visando ao aumento
do lucro das empresas. As condições para que essa globalização pudesse se desenvolver, foram: a
interconexão mundial dos meios de comunicação e a equiparação da oferta de mercadorias, das
moedas nacionais e das línguas, o que se deu de forma progressiva nas últimas décadas.
A contradição neste contexto traz o avanço científico e tecnológico, proporcionando (assim
como proporciona progressivamente) ao ser humano, a oportunidade de romper as fronteiras entre
os países, entre os continentes e, também, entre os planetas. Ora, inegavelmente isto nos trouxe
enormes benefícios, mas também muitas perdas, principalmente no campo social. Nunca se
produziu tanto. A tecnologia desenvolveu-se como nunca se viu antes. Tais transformações
demonstram a extrema maleabilidade e complexidade permanente do modo de produção capitalista.
É neste quadro contraditório de globalização e neoliberalismo, que a educação-formação e a
profissionalização emergem como um desafio para inserção no mundo do trabalho.

Mas o que significa formação?


Marcelo Garcia enfatiza que: "formação" refere-se a ações voltadas para a aquisição de
saberes, de saber-fazer e de saber-ser, associando-se em geral ao preparo para o exercício de
alguma atividade. Igualmente importante é reconhecer que a formação está também associada ao
desenvolvimento pessoal, ao esforço de autodesenvolvimento, de trabalho, evidenciando um
componente pessoal, fruto da combinação do amadurecimento, da possibilidade de aprendizagens
e das experiências vividas por cada um.
É então o indivíduo responsável e o articulador de seus objetivos, metas e valores.
Responsável pela ação de "formar-se", ou seja, pela capacidade e pela vontade de efetivá-la na sua
vida. Cantalice destaca que caminhamos então, rumo ao entendimento da formação para
profissionalização, como um processo que pressupõe crescimento e desenvolvimento pessoal e
cultural (cabe aqui ressaltar a importância da formação continuada), não só na perspectiva de uma
construção apenas técnica, mas sim de desenvolvimento reflexivo, uma vez que o indivíduo tem de
contribuir com o processo de sua própria formação com base em conhecimentos, representações e
competências que já possui.
Estamos, portanto, diante do que Marcelo Garcia define como a capacidade de transformar
em experiência significativa os acontecimentos cotidianos vividos, no horizonte de um PROJETO
PESSOAL. O processo de formação de um profissional, em qualquer área do conhecimento, requer
a mobilização dos saberes teóricos e práticos capazes de propiciar o desenvolvimento das bases
profissionais, para que investigue sua própria atividade, e dela constituam seus saberes em
processo contínuo durante toda sua vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Cantalice, Maria B.N. Identidade e Autonomia na Formação de Professores. Dissertação de


Mestrado em Educação-UFPB.2008.
GARCIA, M. Formação do Professor.Barcelona EUB, 1995
VIEIRA, Liszt. Cidadania e globalização . Rio de Janeiro: Record, 1997.
__________. Os Argonautas da Cidadania . Rio de Janeiro: Record, 2001.

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