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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE GAZA

DIVISÃO DE ECONOMIA E GESTÃO

Curso de Contabilidade e Auditoria


Disciplina de Mercados e Sistema Financeiro

MERCADO DE CAPITAIS: BOLSA DE VALORES

Elaborado Por: Crisódio José Elias

Lionde, Março 2020


1. INTRODUÇÃO

1.Um gestor financeiro precisa familiarizar-se com os mercados financeiros. Em aulas anteriores
tínhamos definido o que eles são, falamos de instituições financeiras e também falamos sobre os
instrumentos financeiros que tem sido usados pelos agentes económicos para captar dinheiro e para
transferi-lo aos agentes que necessitam.

2.Nessas aulas falamos da importância que os mercados financeiros desempenham para os agentes
económicos. Agora é momento de aprofundarmos mais sobre cada um dos mercados trazendo
detalhes específicos sobre o funcionamento de tais mercados. Neste documento falaremos sobre o
mercado de capitais no qual a incidência vai para a bolsa de valores. Ao falarmos da bolsa
descaremos a bolsa de valores moçambicana. Isso vai constituir uma oportunidade para a
conhecermos melhor. Futuramente esperamos que conduzam vossas empresas a transaccionarem
nesse mercado a igualdade de outros países.

3.Para vos criar entusiasmo ao lerem esta resenha, tomem em consideração que o mercado do qual
falaremos é de longe o mais importante para os gestores financeiros. É nele que os preços de acções
da empresa são estabelecidos. Visto que o objectivo principal das finanças empresariais é maximizar
os preços das acções, um conhecimento desse mercado é essencial para quem espera um dia estar
envolvido com a gestão das empresas.

4.Ao longo desta resenha abordaremos muito brevemente a história da bolsa de valores;
descreveremos o essencial que é feito, constitui e caracteriza uma bolsa de valores com enfâse na
BVM; é oportuno falarmos sobre o procedimento de marcação da cotação naquele mercado. No
fim colocaremos algumas questões para verificar seu nível de compreensão da matéria.

2. Breve história da Bolsa de Valores

5. A história da Bolsa de Valores na perspectiva financeira tem coincide com as Bolsa de


Mercadorias. Estes últimos no sec XVII eram lugares onde homens de negócios encontravam-se para
tratarem seus assuntos comerciais. Por isso a ideia de bolsa caracteriza-se pelas seguintes palavras
chave: Conversa, Negociação e Troca (Silva 2016).

6.A origem de bolsa de valores na perspectiva financeira está associada coma Eurupa e depois foi
evoluindo para América, Ásia e por fim para África:

1487: Bruges/Bélgica: Van Der Burse 1561:Antuerpia (Bélgica) e Amsterdão


(Holanda)
1595: Lyon, Bordéus e Marselha 1639: Bolsa de Paris

1698 Bolsa de Fundos Públicos de


Londres 1792: Bolsa de Nova Iorque

1850: Bolsa de Valores de 1878: Bolsa de Valores de Tóquio


Genebra (Suíça)

7.Actualmente as principais bolsas do Mundo são (Por ordem de capitalização bolsista):


EUA: Bolsa de valores de New York-NYSE; EUA: NASDAQ; Japão: Bolsa de valores de Tokyo; Holanda,
França, Bélgica, Portugal: Euronext; Reino Unido, Itália: LSE Group; Hong Kong: Bolsa de Hong Kong;
China: Bolsa de Shanghai; Canadá: Bolsa de Toronto; China: Bolsa de Shenzhen; Alemanha: Bolsa de
Frankfurt; Suíça: Bolsa de Zurique; Índia: Bolsa de Mumbai BSE; Índia: Mumbai NSE; Austrália: Bolsa de
Sidney; Coreia do Sul: Bolsa de Seul; União Europeia: NASDAQ OMX Nordic Exchange; Espanha: Bolsa
de Madrid; Brasil: Bolsa de São Paulo; África do Sul: Bolsa de Joanesburgo Taiwan: Bolsa de Taiwan.

3. História da Bolsa de Valores de Moçambique


8.Por favor ver: http://www.bvm.co.mz/index.php/pt/bolsa-de-valores/historico-da-bvm

4. Definição de Bolsa de Valores


9.São organizações formais com localização física que conduzem transacções financeiras, isto é,
compra e venda de títulos principalmente de capital nomeadamente: Acções e Obrigações. Nada
impede que estas organizações conduzam transacção de títulos do mercado monetário tais como
Papel comercial e Bilhetes de Tesouro.

A bolsa de valores é composta pelos seguintes elementos:


Comissao de
Bolsa
(Supervisores Para a BVM essa
de Bolsa) Comissão é do
Banco de
Moçambique

Corretores
Investidores Tomadores
de Bolsa

Governo:
Ministerio das
Financas,
Assembleia da Olha isto é valido
republica para a BVM

10. Comissão de Bolsa ou Supervisores de Bolsa: as transacções realizadas pelos investidores e


poupadores por intermédio dos correctores são supervisionadas por um órgão. A BVM é
supervisionada por uma comissão pertencente ao Banco de Moçambique. Em outras bolsas um
corpo directivo eleito mantem a supervisão das transacções. Em Portugal a CMVM desempenha o
papel de supervisão.

11.Correctores de Bolsa: são entidades que intermedeiam as transacções entre Investidores e


Tomadores. Geralmente tem sido Bancos de Investimento porem para o nosso contexto Bancos
comerciais também realizam actividades de corretagem. Estas entidades colocam agentes que
centralizam as ordens fornecidas pelas entidades que desejam transaccionar em bolsa nas
diferentes agências existentes. Uma vez as ordens recebidas e encaminhadas ao órgão regulador as
compras e vendas são efectuadas por leilão. Veja os correctores de Bolsa na BVM no
http://www.bvm.co.mz/index.php/pt/mercado/membros-participantes/corretores.

12.Não haveria bolsa de valores sem Empresas cotadas. Os accionistas das empresas cotadas
sedem seus títulos para novos investidores. Isso permite a rotatividade dos títulos de um detentor a
outro. Apenas as empresas cotadas podem vender suas acções. Para que uma empresa seja
cotada deve reunir determinadas condições as quais abordaremos mais a frente. Actualmente 11
Empresas encontram-se cotadas na BVM confira essa informação em
http://www.bvm.co.mz/index.php/pt/mercado/empresas-cotadas?start=8

13.Condições para Cotação em Bolsa: de um modo geral a cotação na bolsa de valores passa
necessariamente de a empresas apresentar abertura de seu capital, ou seja deve ser uma empresa
por acções ou Sociedade anónima (SA)
Fonte: BVM 2017

5. Cotação de Acções

14.A cotação é o preço fixado de acções de uma empresa no fecho de uma determinada secção
de bolsa. Fora do contexto de mercado o valor das acções pode ser estimado pela actualização de
fluxos de caixa esperados pelos investidores resultantes dos dividendos esperados. Ora, no contexto
de mercado activo a cotação é determinada a prior pelo mesmo princípio e por vários outros
factores que desequilibram o mercado, movendo a oferta e a procura de certas acções.

15.Tal como tínhamos nos referido anteriormente este é um mercado de Leilão onde investidores
disputam comprar determinadas acções. Os correctores recebem ordens de compra e de venda de
determinadas acções, vindas dos participantes em bolsa. Essas ordens devem ser submetidas para
que em seguida sejam seleccionadas as melhores propostas que maximizam o volume de vendas. A
cotação é o preço de equilíbrio que permite o máximo de vendas das acções transaccionadas.

17. As ordens podem ser “Ao melhor” ou com “Limite de preço”. As ordens são ao melhor quando o
ordenante não estabelece um limite do preço. Ou seja ele está aberto a comprar ou vender ao
melhor preço fixado. As ordens ao melhor levam vantagens no momento de selecção das ordens a
serem satisfeitas. Nas ordens com limite do preço, o ordenante fixa um preço no qual se for vendedor
não está disposto a vender abaixo do preço indicado e se for comprador não está disposto a
comprar acima do limite indicado. Obviamente o vendedor está preocupado com a base e não se
importa com o teto, este último pode ser o mais elevado que possível. O Comprador por sua vez está
preocupado com o teto, isto é, não se importa com o quanto mais baixo o preço for. Confira os tipos
de ordens no impresso de compra/vendas de valores mobiliários apresentado a baixo do parágrafo
19.

18. Agora faça um esforço para perceber como a cotação é fixada: Considere as seguintes ordens
submetidas:

Ordens de Compra Ordens de venda

200 acções ao melhor 250 acções a 7,00 UM


150 acções a 7,00 UM 100 acções a 6,80 UM
300 acções a 6,80 UM 100 acções a 6,70 UM
100 acções a 6,70 UM 200 acções a 6, 65 UM
250 acções a 6,65 UM 150 acções ao melhor
19.Agora vamos ordenar os limites de preços indicados pelos ordenantes de forma decrescente, as
ordens ao melhor ficam nas extremidades. Recorde-se que o Vendedor preocupa-se com a base e
o comprador preocupa-se com o teto. Esse princípio determina a fixação das ordens ao melhor para
ambos ordenantes. Depois disso vamos alinhar as ordens segundo os preços e façamos a soma do
volume das ordens para encontrarmos o acumulado. Para as ordens de compra começamos de
cima para baixo e o inverso é válido para as ordens de venda. Pense comigo se eu fosse comprador
e tivesse como expectativa pagar 200 meticais na compre de um artigo, não me importaria caso o
preço fosse 150 ou ainda menos, compraria e até feliz. Caso eu fosse vendedor se minha
expectativa fosse vender por 100 um determinado artigo, não me importaria vender o mesmo artigo
por 150 ou ainda mais. Esse pensamento moverá as acumulações dos volumes de títulos ordenados.

20.Desse jeito ficamos com a seguinte situação:

Ordens de compra Ordens de Venda


Preço
Volume Acumulado Volume Acumulado

200 200 Ao Melhor (Nas Compras)

150 350 7,00 250 800

300 650 6,80 100 550

100 750 6,70 100 450

250 1000 6,65 200 350

Ao melhor (Nas Vendas) 150 150

Agora preste atenção aos acumulados de cada lado e responda-me. Qual é o nível de preço que
permitiria coincidentemente realizar o máximo de vendas e Compras. Não se esqueça que a
procura pode ser maior mas só pode ser satisfeita a medida que a oferta for suficiente. Note que se o
preço fosse estabelecido a 6.65, 1000 acções seriam compradas porém a oferta só seria de 150.
Logo as vendas seriam inferiores. Com essa dica já podes fazer ensaios até encontrar a situação
óptima. Acredito que deves ter achado:

Ordens de compra Ordens de Venda


Preço
Volume Acumulado Volume Acumulado

200 200 Ao Melhor (Nas Compras)

150 350 7,00 250 800

300 650 6,80 100 550

100 750 6,70 100 450

250 1000 6,65 200 350


Ao melhor (Nas Vendas) 150 150

21.Sim é isso mesmo a cotação seria fixada a 6.8. Caso fixemos o preço a 6.8 então um acumulado
de 550 acções desta empresa podem ser vendidas e compradas. Agora a questão adicional seria: a
quem seriam vendidas? Note que a procura é de 650 maior que a oferta que é de 550. Então seriam
satisfeitas as ordens ao melhor, seguidas das propostas mais vantajosas. As quantidades
remanescentes são atribuídas por rateio considerando o lote mínimo imediatamente inferior ou por
sorteio lote por lote.

22. Observe as cotações das acções das empresas cotadas na BVM disponíveis aos 31 de Março de
2020.

Título Último Preço (MZN)

CDM 135.00

CMH 2,750.00

EMOSE 19.00

CETA 120.00

ZERO 20.00

TOUCH 100.00

ARCO 100.00

HCB 4.00

ARKO SEGUROS 1,000.00


Fonte: BVM 2020

23.Atenção o preço anterior das acções da CDM teve uma queda de 25% comparado ao preço
anterior. Sem muita certeza talvez seja resultado das restrições impostas pelo governo que adiam
eventos de lazer que contribuiriam para o aumento dos resultados desta empresa.

6. Terminologia Importante em Bolsa


24.Indice de Bolsa: O índice da Bolsa reflecte a evolução dos preços das emissões de acções de
maior dimensão e liquidez seleccionadas do universo das empresas admitidas à negociação na
bolsa. Investidores observam este indicador para ver a saúde das empresas num determinado
mercado. Quando o indicador for decrescente pode ser sinal de mau momento ainda que seja
temporário. Cabe ao investidor julgar, prever e tomar melhor decisão de quando investir e em quê
investir.

25. Capitalização Bolsista: Genericamente, o conceito de capitalização bolsista traduz o valor de um


título ou conjunto de títulos que resulta das cotações correspondentes em Bolsa num determinado
momento. Este indicador ajuda a mensurar o peso do mercado ou o tamanho do mercado bolsista.
26.Turnover: o turnover indica o nível de liquidez que o mercado apresenta, ou seja a rotatividade
das acções. Quanto mais acções são adquiridas e vendidas, movendo-se de um proprietário a outro
mais líquidos são esses títulos. Este indicador é muito importante para um investidor. Ele sente-se
seguro em investir num mercado bastante líquido, isto é ele pode vender seus títulos quando desejar.
Este é o problema maior da BVM o Turnover é muito baixo o que significa que o mercado é ilíquido.
Em parte pode ser um dos motivos de empresas não acharem essencial colocar suas empresas
cotadas em tal mercado.

7 Considerações Finais
27.Finalmente o que eu pretendo que meu estudante de licenciatura no 3º Nível saiba é:
a) As empresas não precisam depender apenas de financiamento bancário ou outras entidades da
mesma família. Podem buscar financiamento menos caro numa bolsa de valores;
b) O financiamento pode ser por emissão de acções, obrigações, papel comercial e outros
instrumentos disponíveis no mercado;
c) As empresas podem também realizar aplicações em bolsa comprando os diferentes instrumentos
disponíveis;
d) As acções são vendidas num regime de leilão. Os interessados, sejam eles compradores ou
vendedores avançam suas propostas através de ordens de compra ou venda junto aos correctores.
O leilão inicia após o fecho da emissão de ordens. As ordens ao melhor levam sempre vantagem
seguidas pelas propostas vantajosas. A cotação é o preço de equilíbrio que permite a realização de
um máximo de vendas.

28. O assunto bolsa de valores pode para o nosso contexto suscitar algumas questões que uma vez
bem argumentadas podem constituir oportunidade para pesquisa ou debate:
a) Poucas empresas cotadas;
b) Fraca aderência de indivíduos singulares para transaccionar em bolsa;
c)Ajustamento do valor contabilístico das empresas e o seu valor de mercado num contexto de
liquidez baixa que se observa na BVM

29. Finalmente queira resolver o Exercício 3 do caderno de exercícios. Submeter a resolução até 2
feira da próxima semana.
MERCADO CAMBIAL

1 INTRODUÇÃO
1.Depois de termos largamente falado do mercado de Capitais vamos abordar um pouco sobre um
mercado que embora não tenha em vista financiar negócios é para um gestor financeiro
empresarial incontornável. Tanto que o gestor que mal sabe transaccionar com este mercado pode
ganhar, bem como perder dinheiro de forma significativa. Muitas empresas adquirem seus
investimentos de capital dentro bem como fora do seu território nacional. Para empresas
moçambicanas é comum que as aquisições sejam feitas fora do país. Os inventários também podem
ser adquiridos fora ou vendidos fora do país. Estas transacções originam compra e venda de moedas
estrangeiras. O mercado no qual estas transacções são realizadas é designado por mercado
Cambial.

2.Ao longo da nossa abordagem vamos descrever com mais detalhes a razão de ser deste
mercado; faremos exposição das características essenciais deste mercado. Sem aprofundar
falaremos de factores que movem as variações das taxas de câmbio depois de responder a
principal questão: Como funciona o mercado cambial. Neste último aspecto veremos alguma
terminologia usada neste mercado e apresentaremos o procedimento a partir do qual podemos
estimar uma taxa de câmbio baseando em taxas conhecidas em avanço.

2. MERCADO CAMBIAL, SUA IMPORTÂNCIA E CARACTERÍSTICAS.


3.Para além da instituição bancária que tem realizado operações cambiais 14 casas de câmbio
existiam em 2017 (Banco de Moçambique 2017). Estas instituições incluindo os bancos realizam a
actividade de compra e venda de moeda estrangeira. Podemos afirmar que este mercado tem
como intervenientes: Bancos e Casas de Cambio, Agentes informais e Agentes económicos como
fazedores do mesmo. A moeda estrangeira é para este mercado uma mercadoria. O principal
fornecedor desta mercadoria é o Banco Central que conserva reservas de moeda estrangeira. Para
além do Banco de Moçambique, nas transacções que os Bancos e Casas de Cambio realizam
conseguem comprar de diversos agentes económicos montantes significativos destas moedas e
vendem-nas aos que necessitam.

4.Deste mercado beneficiam diferentes agentes económicos:


a) As empresas: quando realizam transacções com fornecedores, clientes e Instituições
financeiras estrangeiras movimentam meios financeiros em moedas diferentes: Dólar, Euro,
Rande, etc. Pode-se afirmar que o comercio internacional não é possível sem cambio.
b) Os turistas: geralmente o turista possui dinheiro do seu próprio país de origem e como deve
visitar um país estrangeiro necessita cambiar a sua moeda na moeda do país que visita.
c) Os domésticos: num mundo globalizado as pessoas podem realizar compras onde elas
quiserem. Alguns Moçambicanos realizam compras de bens e serviços nos países próximos.
d) Investidores Estrangeiros: geralmente os investidores estrangeiros trazem consigo moeda
estrangeira para investir no mercado nacional. Naturalmente que devem recorrer ao
mercado para converter na moeda nacional
e) ONG: no nosso país a maior parte de ONG são estrangeiras e financiam os projectos com
recursos próprios. Portanto devem converter estas somas na moeda em circulação nacional
f) O estado: através do governo os estados recebem financiamentos de instituições
internacionais e governos homólogos. Estes financiamentos são numa moeda internacional a
qual uma vez obtida deverá ser cambiada pela moeda nacional.

5.Diferente da bolsa de valores que é rigorosamente organizada, o mercado Cambial é considerado


Mercado de Balcão. Certo que por questões de controlo ao crime organizado as instituições
bancárias exigem aos agentes que transaccionam documentos e até preenchimento de certos
formulários em vista a “Certificar-se” da legalidade da origem do dinheiro. As taxas de câmbio
embora tenham a directiva do Banco de Moçambique, não é visível a uniformidade dos preços no
mercado. Por exemplo em seguida apresentamos as taxas registadas por alguns bancos da praça.

6.Este mercado pode efectuar operações a vista bem como pode realizar operações a prazo. Esta
característica pode classificar os mercados como sendo Spot Exchange Market ou Forward
Exchange Market Quando as operações são feitas a vista a taxa de câmbio é conhecida como
sendo Spot Exchange Rate e o inverso as taxas são designadas por Forward Exchange Rate.

7.As principais moedas de referência mundial são o Dólar, Euro embora ambas sejam inferiores em
relação a Libra esterlina. As duas moedas são usadas pelas maiores economias do mundo que
lideram o comércio internacional. Estas moedas são transaccionadas na maioria, se não todas
praças mundiais. As regiões económicas caracterizam-se pela presença de algum país que lidera o
comércio internacional portanto é natural que haja nessas regiões uma moeda de referência. Na
nossa região Sul do continente Africano o Rande é de referência.

Quadro 1: Taxas de Cambio 16/04/2020


MOEDA BCI MBIM ABSA
Compra (BID) Venda (ASK) Compra (BID) Venda (ASK) Compra (BID) Venda (ASK)
USD 66.61 67.97 66.50 67.83 66.51 67.84
ZAR 3.56 3.63 3.56 3.63 3.56 3.63
EUR 72.41 73.85 72.70 74.15 72.40 73.85
Fonte: Adaptado de BCI, MBIM e ABSA

3. TERMINOLOGIA USADA NO MERCADO CAMBIAL


8.Pode se notar no quadro 1 que existe duas taxas: Compra e Venda. Vamos explicar o que significa:
a) Taxa Compra: os bancos e Casas de Cambio têm a moeda estrangeira como mercadoria
portanto elas compram de quem dispõe moeda estrangeira e vendem a quem precisa
moeda estrangeira. Quem possui moeda estrangeira vende a casa de câmbio e por sua vez
a casa de câmbio compra a taxa tabelada. Neste mercado o possuidor de moeda
estrangeira não dita seu preço submete-se ao preço do mercado.
b) Taxa Venda: os agentes que necessitam da moeda estrangeira compram junto as casas de
câmbio e estas últimas por sua vez vendem a taxa tabelada.
c) Spread: notem que existe uma diferença clara entre a taxa de Compra e a Taxa de Venda.
Claro em todos mercados o vendedor compra baixo e aumenta a margem lucrativa e vende
consequentemente alto que o preço de compra. A margem aqui neste mercado é
denominada por Spread. O que causa diferenças nas taxas de diferentes bancos ou casas
de câmbio é o spread que está ao critério de cada entidade. Matematicamente o Spread é
dado pela equação seguinte:
𝑇𝑉 − 𝑇𝐶
𝑆= ∗ 100
𝑇𝑉
Onde:
S: Spread
TV: Taxa de Venda
TC: Taxa de Compra
Exemplo:
Se considerarmos o caso do BCI e a moeda pode ser USD teremos:
S=[(67.97-66.61)/66.61]*100= 2,04%
Exercício: Calcule o Spread para os restantes Bancos.
d) Cotação ao certo (Indirecta): quando uma unidade de moeda nacional é expressa em ɛ
unidades de moeda estrangeira. Por exemplo: MT/USD=0.015
e) Cotação ao incerto (Directa): quando uma unidade de moeda estrangeira é expressa em β
unidades de moeda nacional. Por exemplo: USD/MT= 66.60. As instituições nacionais de
cambio muitas das vezes expressam a taxa ao incerto. Quando nos é dada a cotação ao
Incerto nada impede que calculemos o inverso aplicando a seguinte fórmula:
1
𝐶𝐼 =
𝐶𝐷
Onde:
CI: Cotação Indirecta
CD: Cotação Directa

4. TAXAS CRUZADAS

9.Nas tabelas de Cambio é comum encontrarmos as taxas das moedas nacionais em relação às
moedas de referência mundial: Dólar, Euro, Libra Esterlina. Ora as moedas sem referência raramente
encontram-se cotações entre elas. Por exemplo: Se procurar MTN/Kwasha (Zâmbia) ou
MTN/Kwandza (Angola), pode ser que não encontre em nenhuma casa de câmbios. A não
disponibilização destas taxas não impede que saibamos a relação possível da moeda nacional com
outras moedas de baixa referência desde encontremos a relação dessas moedas com as moedas
de referência. O procedimento que é usado para o efeito é denominado por Taxas Cruzadas. A
fórmula a ser usada para o efeito é a seguinte:
𝑆(𝑘|$) 𝑆($|𝑘)
𝑆(𝐾|𝐽) = ou 𝑆(𝑗|𝑘) =
𝑆(𝑗|$) 𝑆($|𝑗)

Onde:
K: é uma certa moeda sem referência mundial
J: outra moeda sem referência mundial
$: é uma moeda de referência, seja o Dólar
𝑆(𝑘|$) : Taxa de câmbio de k em relação ao Dólar
𝑆(𝑗|$) : Taxa de câmbio de J em relação ao Dólar

Atenção que pode ser que encontremos as taxas duplas ou seja: BID e ASK, se for o caso não
podemos fazer a mistura de taxas. Ou trabalhamos com BID ou ASK.

Exemplo: Imagine que tenhamos a cotação: USD/MT=70,44 e USD/RD=12,7080 e que não tenhamos
a cotação RD/MT. Como resolver?
𝑈𝑆𝐷

Aplicaremos a formula: 𝑆(𝑅𝐷|𝑀𝑇) = 𝑀𝑇


𝑈𝑆𝐷 Então estamos perante divisão de fracções a regra
𝑅𝐷

manda inverter uma e proceder com a multiplicação. Então ficara:


𝑈𝑆𝐷 𝑅𝐷
𝑆(𝑅𝐷|𝑀𝑇) = ∗
𝑀𝑇 𝑈𝑆𝐷
Neste caso podemos calcular a cotação inversa USD/RD=12,7080=1/12,7080, ficaremos com
RD|USD= 0.07… então passamos a multiplicar. Com USD|MT que já era dada por 70.44
𝑆(𝑅𝐷|𝑀𝑇) = 70.44 ∗ 0.07 …
O que vai resultar em S(RD|MT)= 5.54, portanto 1RD equivale a 5.54 MT.

5. FACTORES QUE DETERMINAM AS VARIAÇÕES DAS TAXAS DE CÂMBIO


10.Antes de mais percebamos que as divisas (Moeda estrangeira) são mercadoria, igual que outra.
Os agentes económicos nacionais são os principais colectores de tais divisas. Como? Quando as
companhias nacionais vendem sua produção no exterior captam divisas. Estas divisas constituem as
reservas que futuramente são vendidas aos que desejam-nas. De princípio quando uma economia
exporta muito, capta quantidades elevadas de divisas o que as torna mais baratas que a moeda
nacional. Note que quando Moçambique massificou as explorações mineiras: Carvão mineral, Gaz,
Pedras preciosas e as mesmas encontravam-se bem cotadas no mercado, um pouco antes das
dívidas ocultas descobertas entre 2015-2016. A moeda nacional tinha valorizado face as principais
divisas porque o país dispunha de significativas reservas.

11.O entendimento anterior nos induz a percepção que antes de todos outros factores o efeito
procura/oferta é fundamental para as variações cambiais. Agora por seu turno a procura e oferta
podem ser movidas por outros factores. Note que para um país como o nosso que tem relativa
dependência nos hidrocarbonetos/minérios e matérias-primas, o preço destes no mercado
internacional pode mover a quantidade de divisas captadas interferindo nas variações cambiais. O
custo de produção das empresas exportadoras pode elevar-se face a inflação registada no país
tornando o país menos competitivos consequentemente baixará sua exportações movendo em
baixa as reservas de divisas em seguida as taxas cambiais. A baixa produtividade resultante de baixa
tecnologia e falta de mão-de-obra qualificada torna o país menos competitivo, o que reduz as
exportações, reduzindo as reservas de divisas, finalmente movendo as taxas de câmbio.

12.Existe um comportamento generalizado em Moçambique que é a importação devido a baixa


produção nacional e a preferência de bens e serviços estrangeiros alegadamente por possuírem
maior qualidade. Este comportamento move os agentes comerciais a procurarem mais pelas divisas.
Essa atitude esgota reservas de divisas variando em consequência as taxas de câmbio. Finalmente
pode-se desenhar os seguintes canais conducentes ás variações cambiais em Moçambique:

Des/Valorização de Diminuição/Aumento do valor Des/Valorização do


Minérios e outros bens
Inflação/Deflação de Exportações e Divisasde
Redução/Aumento Metical
Des/Valorização do
(Aumento/Diminuição de Exportações (Competitividade) Metical
Preços dos bens
exportados)

Aumento/Redução da
Aumento/Redução da
procura de bens/serviços Des/Valorização do MT
procura por divisas
no exterior

13.Não menos relevantes, factores como, Barreiras alfandegárias impostas por países mais fortes,
Défice orçamental (Dívida pública) e a Baixa produtividade nacional são elementos que de forma
muito regular caracterizam a economia nacional e perpetuamente mantém a moeda nacional
baixa relativamente as moedas de referência e algumas moedas da região.
Estes acontecimentos conjunturais podem ser contrapostos por medidas da política monetária,
porém a incapacidade financeira do país não permite que o sistema se sustente por longo prazo.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

14.No início do capítulo identificou-se os participantes mais regulares do mercado cambial. Ora
neste mercado certas entidades ou indivíduos transaccionam com objectivos de arbitristas. A
arbitragem é possível dado o desequilíbrio do mercado cambial. Vamos partir de uma suposição
para esclarecer este facto:
Considerem as taxas de câmbio apresentadas anteriormente para o banco BCI. Agora imagine que
na África do sul haja um mercado onde a taxa de cambio S(USD|ZAR)=18,00. Se um especulador
dispõe de 1000 000,00 MT, e conhece este desequilíbrio cambial ele pode realizar a seguinte
operação:
1º Compra no BCI o ZAR por 3.63 o que lhe faz 275 482.09 ZAR
2º Vai ao mercado Sul-Africano e com o ZAR compra o Dollar a 18,00 e consegue 15 304.56 USD
3º Regressa a Moçambique e vende o Dollar contra o metical a 66.61, isso resulta em 1 019 436.74 MT.
Se fizer a diferença com 1 000 000,00 valor de partida, há um ganho de 19 436,74 MT,
desconsiderando os custos de transporte.
15.Atenção que agentes que realizam este tipo de transacções movimentam somas altas de
dinheiro. Este ganho resultante não é nada mais que um jogo sem custos e riscos importantes a
considerar.

16.Caro estudante. Agora que sabe estas coisas todas, por favor resolver o exercício n o 4 da ficha de
exercícios.
MERCADO DE DERIVADOS

1. INTRODUÇÃO

1.O mercado financeiro é extremamente sensível e criativo e tem vindo a responder aos estímulos
dos agentes económicos, elaborando como consequência inúmeros instrumentos. Os instrumentos
que o mercado introduz, massificam-se a medida que são aceites pelas entidades que arbitram o
sistema financeiro. Os instrumentos financeiros como qualquer produto comercializável obedecem
um ciclo que pode ser curto, médio ou longo. Quando o ciclo chega ao fim o produto pode ser
reformulado e reintegrado no mercado. Na pior das hipóteses o produto pode ser descontinuado.

2.Note-se por exemplo as mudanças ocorridas em1973, quando houve o primeiro choque do
petróleo, as moedas passaram a ter cotações flutuantes em relação às demais, o que gerou maior
instabilidade nos preços praticados em cada economia. Consequentemente, os diversos agentes
económicos mundiais passaram a estar expostos a maiores riscos no desempenho de suas
actividades. Desde então, o mundo passou a ter maior necessidade de se proteger da queda de
preços dos produtos que produz e da alta nas cotações dos matérias-primas necessários à
produção. Com o crescimento do comércio mundial e a crescente globalização da economia,
aumentou também a necessidade de protecção. Exactamente para atender à maior procura por
protecção contra flutuações adversas de preços, bolsas, bancos e empresas do mundo inteiro vêm
criando uma enorme gama de produtos derivados, cuja principal função económica é proporcionar
redução de risco.

3.Estes instrumentos foram usados abusivamente por vários anos. Vários participantes do mercado
tiraram vantagens durante décadas. A última crise financeira mundial que eclodiu nas proximidades
do ano 2008 originou nova visão dos mercados quanto a sua utilização. Visto que falar de Derivados
Financeiros é um assunto actual vamos aprender aspectos básicos na espectativa que estudantes
interessados estudem aspectos recentes relacionados com esta matéria. Ao longo da secção
definiremos alguns conceitos essenciais; apresentaremos os diferentes participantes deste mercado e
falaremos do funcionamento dos principais instrumentos derivados.

2. DEFINIÇÃO DE CONCEITOS BÁSICOS

a) Derivados: os derivados financeiros constituem instrumentos do mercado financeiro, cujos


valores estão ligados a outros activos (Instrumentos Subjacentes). Por exemplo podemos
estabelecer um contrato derivado sobre a compra/venda de petróleo. Note que este
contrato, só pode ser estabelecido caso haja antes um activo em negociação, para este
caso trata-se do petróleo. O activo subjacente reporta-se a uma alteração de valor devido a
mudanças de: preço ou taxa de juro ou taxa cambial ou de qualquer outra variável de risco
associada.
Um exemplo radical de derivado seria uma caraça. Ela só existe mediante a presença de
outro animal, como: Cão, Vaca, Gato, etc

Figura: Cão com caraças

b) Riscos: O risco está associado com a incerteza sobretudo na perspectiva negativa, onde há
forte probabilidade de não se alcançar o que se deseja. Já que abordamos uma perspectiva
financeira diríamos que o risco está associado com a possibilidade de sofrer perdas
financeiras resultantes de uma operação da mesma natureza realizada. Por exemplo se
detenho um lote de acções da empresa Alfa, existe a probabilidade que os preços das
acções alfa reduza e como consequência eu sofra perdas no valor investido ou que os
ganhos esperados não sejam significativos. Os riscos podem ser classificados em:

Figura: Tipologia de Riscos


Fonte: Andrade (2016)

c) Risco Económico: o risco económico é de natureza conjuntural, eventos de natureza geral


que podem afectar as previsões dos agentes económicos. Alguns eventos podem alterar o
curso de uma economia, nos últimos anos a economia de Moçambique foi afectada, desde
2015, pelas dívidas públicas ocultas, Instabilidade política (Guerras) e no início do ano 2020,
pelo COVID 19. Estes cenários moveram os preços sobre vários produtos em especial, preço
de títulos financeiros (Acções, Obrigações,etc), matérias-primas e combustíveis.

d) Risco Financeiro: este é específico, desdobra-se em riscos de liquidez, riscos de mercado,


riscos de crédito.
e) Riscos de Liquidez: este risco consiste na dificuldade de conversão de um título em dinheiro
vivo.
f) Risco de crédito: este risco está associado com o incumprimento por parte de uma das
partes contratantes. Geralmente este risco é bastante assumido pelas instituições de crédito.
g) Risco de Mercado (Financeiro): no mercado financeiro duas variáveis tem em grande
medida movido as tendências aos ganhos ou perdas: Taxas de Juro e Taxas de Câmbio. As
taxas de juro geralmente movem-se em duas direcções podendo aumentar ganhos para um
e aumentar custos para outro e vice-versa. As taxas de câmbio movem-se em duas
direcções: valorizam ou perdem valor esta direcção causa para os detentores de meios
financeiros numa moeda sofrer perdas o ter ganhos quando cambiados para outra moeda.

3. INTERVENIENTE DO MERCADO DE DERIVADOS

4.Visto que existem riscos no exercício financeiro realizado pelas empresas e diferentes agentes
económicos, o mercado financeiro criou instrumentos que a prior permitem a cobertura dos riscos.
Mas nada impede que outros intervenientes não queiram cobrir-se aos riscos mas aproveitar-se do
desequilíbrio do mercado ou ainda outros avessos ao risco e usando o risco para ganhos financeiros.
Pela diferença dos objectivos identificaremos 3 participantes neste mercado:
a) Hedgers: estes participantes do mercado pretendem cobrir riscos diversos, discritos
anteriormente.

b) Especuladores: estes participantes usam produtos derivados de forma agressiva, investido


somas elevadas, na expectativa de realizar lucros sobre os derivados. Os especuladores estão
convictos da possibilidade de sofrer perdas, porém a expectativa positivista pesa mais na sua
decisão. Diga-se que os especuladores têm nível de aversão ao risco muito baixo.

c) Arbitristas: estes intervenientes de mercado levam um passo de avanço comparativamente


aos restantes. Conhecem o mercado e tem informação da existência de desequilíbrio no
mercado. Este desequilíbrio abre espaço para realização de ganhos. Quando abordávamos
sobre o mercado cambial, no fim, identificamos um cenário que possibilita ganho sem que o
objectivo fosse o comum, realizar câmbio para facilitar transacções financeiras. Cenário igual
acontece no mercado de derivados.

4. TIPOS DE PRODUTOS DERIVADOS E CARACTERÍSTICAS BÁSICAS.


5.Os principais produtos financeiros derivados existentes são: Contratos a Termo, Futuros, Opções e
Swaps. O quadro que segue apresenta o resumo das características básicas destes produtos. Mais
adiante abordaremos de forma detalhada cada um dos produtos derivados aqui mencionado.
Quadro: Características básicas dos Produtos Financeiros Derivados
Contratos a Termo Futuros Opções Swaps

Mercado Balcão Bolsa de Valores Bolsa de Valores Bolsa de Valores

Negociação Bilateral Multilateral Multilateral Multilateral

Risco de incumprimento Existente Eliminado Eliminado Eliminado

Posições Simétricas Simétricas Assimétricas Assimétricas

Informação Assimétrica Simétrica Simétrica Simétrica

5. CONTRATOS A TERMO (Forward)

6.Estes instrumentos são a versão inicial de derivados aliás antes mesmo que existissem derivados
financeiros propriamente ditos, estes instrumentos já eram usados pelos agricultores para protecção
contra o risco de preços. Note que a agricultura é um sector no qual frequentemente o agricultor
depara-se com risco de pragas, condições climáticas adversas. Isto põe em risco o resultado final.
Quando a época corre bem para todos agricultores há superprodução consequentemente queda
de preços e o inverso causa subida de preços. Esta situação é também percebida pelos
revendedores ou processadores de produtos agrícolas.

7.Os Forwards são contratos onde as partes efectuam a compra/venda de um determinado bem ou
activo (activo subjacente), numa data futura, num montante e preço estabelecido no presente. Não
envolvem nenhum fluxo financeiro até ao vencimento do contrato, momento em que a transacção
é realizada nas condições fixadas. São contractos negociados no mercado de balcão.

Figura: Operação Forward

Fonte: BM&FBOVESPA (2015)

Observe que:
t0 é o momento actual no qual se desenvolve a negociação a termo;
tn é a data do vencimento, data em que as partes estão obrigadas a cumprir suas obrigações;
Comprador é quem se obriga a pagar, em tn, o preço negociado no presente, nas condições
definidas pelo contrato termo;
Vendedor é quem se obriga a entregar o(s) produto(s) no vencimento do Contrato, nas condições
nele determinadas;
Operação é o ato de negociação em que as partes definem os itens do contrato (quantidade,
qualidade, condições de entrega e de liquidação financeira). O preço da operação e resultado da
negociação entre compradores e vendedores.
Exemplo:
Imagine a situação do produtor de tomate ainda no início da produção. Ele não tem nenhuma
garantia do preço que poderá ser praticado ao final da época. Examine duas hipóteses possíveis:
Hipótese A: as condições climáticas favoráveis ao cultivo do tomate. Além disso, haja
superprodução no período. O excesso de oferta levara a queda acentuada de preços de venda,
reduzindo a margem de lucro do produtor. Há possibilidade que o valor de venda seja insuficiente
para cobrir os custos de produção.

Hipótese B: ocorrência de pragas, geadas ou outras intempéries que dificultaram o cultivo do


tomate, provocando escassez da mercadoria. Neste caso, haverá alta nos preços do tomate e o
produtor conseguiria vender sua produção por preço mais elevado do que imaginava anteriormente
e realizar resultados elevados.

Imagine agora a situação em que o processador compra o tomate do produtor e vende ao


consumidor final. Ele também não sabe por qual preço poderá negociar o tomate no final da safra,
pois, no caso da hipótese B, os preços podem elevar-se drasticamente e atingir nível superior ao que
sua actividade lhe permite. Você já percebeu que, neste caso, o processador de tomate correria o
risco de queda acentuada.

Agora que você entendeu a natureza do risco de cada participante do exemplo monta-se uma
operação a termo de maneira a eliminar os riscos associados as actividades de cada um. Para
eliminar os riscos de variações adversas de preço, o produtor e o processador podem realizar uma
operação a termo, tendo como base os pressupostos seguintes:

Suponha que, pelo preço de 500,00/caixa de, o produtor consiga pagar todos os custos de
produção e ainda obter lucro razoável em sua actividade. Considere também que 500,00 seja o
preço máximo que o processador poderá pagar para obter lucro e não ter prejuízo em sua
actividade.

Para ambos, 500,00 é um preço de negociação razoável. Logo, poderão firmar um compromisso de
compra e venda em que o produtor se compromete a vender o tomate por esse preço no final da
safra e o processador se compromete a adquiri-lo pelo mesmo preço na data predeterminada.

Observe que, independentemente do resultado da safra e dos preços estabelecidos no mercado a


vista no período da entrega, ambos terão seus preços de compra e de venda fixados em
500,00/caixa.
Resultados da operação
Hipótese A: safra recorde e consequente queda nos preços. Suponha que o preço estabelecido no
final da safra seja de 450,00/caixa. O produtor obterá êxito nessa
operação, pois conseguira vender sua produção por 500,00, preço superior ao estabelecido pelo
mercado (450,00). Os custos de produção serão cobertos e a lucratividade garantida. O Processador
pagará o preço mais alto do que o estabelecido pelo mercado a vista, mas que ainda lhe convém,
posto que 500,00 é o preço que considera razoável para sua actividade.

Hipótese B: escassez de tomate no mercado e consequente alta nos preços. Suponha que o preço
estabelecido pelo mercado a vista no final da safra seja de 600,00/caixa. Neste caso, quem obterá
êxito será o Processador, que comprará por 500,00 o que no mercado custa 600,00. O produtor
vendera a mercadoria ao Processador por preço inferior ao estabelecido pelo mercado, mas que
cobre todos os seus custos de produção e garante lucratividade razoável para sua actividade.

Considerações Finais
8.Tanto para o comprador como para o vendedor no mercado a termo e em ambas as situações
(alta ou queda de preços), o prejuízo não será visto propriamente como prejuízo e, sim, como algo
que se deixou de ganhar, como um premio de seguro. Por isso afirmamos no quadro resumo das
características dos derivados que as posições assumidas por ambos são simétricas. Ora pelo facto de
ser um não regulamentado a informação sobre a situação do mercado pode não ser do domínio de
ambos.
9.No exemplo, pelo preço de 500,00/caixa, o Produtor e o Processador tinham seus custos cobertos e
a lucratividade garantida. Quando o participante entra no mercado com a finalidade de obter
protecção, abre mão de possível ganho para não incorrer em prejuízo efectivo.

6. FUTUROS

Os Futuros são a versão actualizada de contratos a termo. A ideia básica não difere da dos
contratos a termo, os intervenientes pretendem proteger-se da variação dos preços dos activos
subjacentes no futuro. Algumas características fazem a diferença. Essas características acrescidas
aos futuros advém das fragilidades dos Contratos a Termo. Os Futuros são transaccionados em
Mercado Organizado, isso elimina o risco de liquidez e de incumprimento. Mais adiante veremos
como são eliminados esses riscos.

O comprador do Contrato Futuro é quem compromete-se numa data futura a Comprar um


determinado activo num preço fixado em avanço (Exemplos: Divisas, Acções, Obrigações, e Bens:
Petróleo, Matérias-Primas diversas, Produtos Agrícolas, etc). O Comprador do Contrato Futuro diz-se
assumir uma Posição Longa. O vendedor compromete-se a vender o activo numa data futura o
activo ao preço determinado hoje. Este último diz-se assumir uma Posição Curta.

O Comprador do Futuro realiza ganhos quando o preço do activo subjacente aumenta seu preço
no mercado e o inverso acontece quando o preço do activo diminui. O Vendedor do Futuro realiza
ganhos quando o preço do activo subjacente diminui e o inverso acontece quando o preço do
activo aumenta. Esta lógica deve ser retida porque permitirá a percepção do sistema de Margens
Requisitadas pela Bolsa de valores de modo a garantir os contratos se realizem sem falha.

Por Exemplo, suponhamos que Sr. Come, tenha comprado um Futuro, sendo o preço do Futuro
100,00$ e o Sr. Vendane tenha vendido o Futuro. Se no fim de um mês o preço no mercado do
activo seja de 120,00$ então o Sr. Come realiza benefício de 20,00$ por outro lado o Sr. Vendane
realizará perda no mesmo valor. Agora suponhamos que o preço a vista nessa altura seja de 40,00$
então o Sr. Come realiza uma perda de 60,00$ e o Sr. Vendane um ganho de 60,00$. Se
projectássemos um gráfico que ilustra a situação das duas partes contratantes teríamos o seguinte:

Fonte: Fabozzi & Drake (2009)

Figura: Projecção de ganhos e Perdas do Vendedor e Comprador do Futuro em 3 meses

Pode-se perceber que os ganhos de um correspondem as perdas de outro e vice-versa. Agora o que
permite que ambas partes cumpram com suas obrigações?

6.1. Sistema de Ajustamentos das Margens

Para garantir que ambas partes cumpram com suas obrigações, os contratantes são obrigados a
realizar um depósito mínimo por contrato. Este montante é designado por Margem Inicial ou Capital
do Investidor. Sendo que o preço do activo subjacente flutua diariamente o Capital depositado
poderá alterar. No fim de cada dia são achadas as diferenças do preço do dia anterior com o
preço do mercado no dia n ou seja S(n-1)-Sn.

A margem inicial pode sofrer deduções devido a acumulação de perdas o que pode obrigar que o
investidor realize a manutenção da margem. Isto é o capital quando reduz-se até um determinado
nível mínimo estabelecido deverá ser mantido para garantir a liquidez. A margem de manutenção é
inferior á margem inicial. O montante de manutenção é depositado para restaurar a margem inicial
sempre que a margem inicial for inferior a margem mínima estabelecida. O montante poderá ser
variável, pois deve ser o suficiente para restabelecer o valor de segurança ao nível da margem
inicial. Este montante é somente depositado quando o Capital do Investidor for diminuído a baixo da
margem de manutenção mínima.

Para ilustrar, vamos manter o contrato entre Sr. Come e o Sr. Vendane. Considere os parâmetros
seguintes: a) Margem inicial 7$ por contrato; b) Margem de Manutenção 4$ por contrato; c) Sr Come
compra 500 contratos de 100$ cada. Então a margem inicial será 3500$ e a Margem de
Manutenção é de 2000$. Ambos Senhores: Come e Vendane devem depositar a Margem Inicial de
3500$. Agora vejamos o que pode hipoteticamente acontecer.

Assumamos os preços a vista nos próximos 4 dias seguintes:


Tabela: Preço a Vista após o dia do Contrato
Dias seguintes após o contrato Preços a Vista (Preços Spot em $)
1 99
2 97
3 98
4 95
Fonte: Fabozzi & Drake (2009)

No fim do primeiro dia Sr Come realiza uma perda de 1$ por contrato o que significa 500$(1$*500
Contratos) no total, o capital inicial dele é reduzido para 3000$ mas não há necessidade de
manutenção porque o valor está acima de 2000$ (Valor de Manutenção). No fim do segundo dia a
perda é de 2$ o que totaliza 1000$ (2$*500Contratos), isso reduz a margem inicial para 2000$,
continua não abaixo de da margem de manutenção, logo não há necessidade de manutenção.
No terceiro dia Sr Come realiza um ganho de 1$ devido a subida do preço do activo isso totaliza
500$ (1$*500 Contratos), isso eleva sua margem para 2500$. No fim do quarto dia ele perde 3$ por
contrato, o que totaliza 1500,00(3$*500 Contratos), reduzindo assim sua margem para 1500$. Agora
sim o seu capital é inferior a 2000$. Sr come precisa agora restaurar a sua margem inicial
depositando os 2000$. Fazendo isso eleva seu capital para 3500$. Caso ele não cumpra com o
depósito então sua posição será liquidada pela câmara de compensação.

Resultado Final:

Suponhamos que o 4º Dia seja a data de vencimento teríamos:

Dias seguintes após o contrato Preços a Vista (Preços Spot em $) Ganho/Perda


1 99 -500$
2 97 -1000$
3 98 +500$
4 95 -1500$
TOTAL -2500

No fim do dia 4 o Sr Come:

Paga o Activo ao Sr Vendane: 500*95$=47 500,00$

Acumulado dos ajustamentos diários pago= 2500,00$


Total pago=50 000,00$

Total Pago por Contrato= 100$ Como tinha sido combinado de avanço.

O Sr. Come garantiu comprar o activo a 100,00$. Caso o Capital que era disponível para adquirir o
bem fosse 50 000,00$, com este Futuro estava garantida sua aquisição. Sem o Futuro e admitindo
que o preço tivesse subido o capital seria insuficiente.

Agora vamos considerar o que acontece com o Sr. Vendane. No fim do primeiro dia ao contrario do
Sr Come , realiza ganhos de 500$ o que aumenta seu capital para 4000$ portanto o Vendane pode
levantar os 500. No fim do segundo dia realiza ganho de 1000$, também pode levantar para seu
proveito. No fim do terceiro dia realiza uma perda de 500$ o que reduz o seu capital para 3000$
porém continua superior a 2000$ (Margem de Manutenção). Finalmente no dia 4 realiza proveitos de
1500$ colocando o capital para 4500$ logo ele pode levantar 1000$.

Resultado Final:

Suponhamos que o 4º Dia seja a data de vencimento teríamos:

Dias seguintes após o contrato Preços a Vista (Preços Spot em $) Ganho/Perda


1 99 +500$
2 97 +1000$
3 98 -500$
4 95 +1500$
TOTAL +2500

No fim do dia 4 o Sr Vendane:

Vende e recebe do Sr Come o valor do activo Activo: 500*95$=47 500,00$

Acumulado dos ajustamentos diários= +2500,00$

Total recebido=50 000,00$

Total Recebido por Contrato= 100$ Como tinha sido combinado de avanço.

O Sr Vendane protegeu-se bem. Assim que o Activo tinha perdido valor para 95$ ele sairia a perder
mas com o Futuro ele pôde manter o valor de 100 por contrato.

Resumindo a essência do Contrato Futuro:

Tabela: Síntese sobre Contratos de Futuros


Elementos Comprador do Futuro Vendedor do Futuro
Posição Financeira Longa Curta
Se o preço do activo sobe Conta Creditada Conta Debitada
Se o preço desce Conta Debitada Conta Creditada
Risco a cobrir Subida do Preço Descida do Preço
Acontecimento Especulado Subida do Preço Descida do Preço

6.2. Estabelecimento do Preço Futuro

A marcação do preço do futuro e do contrato a termo é estabelecido usando mesmo princípio.


Deve ser estabelecido de modo a eliminar a possibilidade da existência de ganhos por parte de um
arbitrista. A maior parte dos activos negociados em Bolsa pagam dividendos ou juros portanto as
situações que permitem ganhos por parte do arbitrista são os seguintes:

Tabela: Ganhos na Arbitragem

Vamos Iniciar com a possibilidade do PF<PV(1+i)n vamos. Suponhamos que um certo activo valha a
vista 100$ e que o preço futuro seja estabelecido aos 102. O que faria o arbitrista para tirar ganhos?

Comprará o futuro a 102. Antes disso ele venderá o activo em causa no mercado a vista por 100$ e
aplicará os 100$ obtidos na venda emprestando tal valor a taxa de 1% por mês dentro do
vencimento do futuro. Suponhamos que sejam 3 meses. Findos os 3 meses ele receberá de volta os
100$ +3$=103$. Na data do vencimento do futuro, comprará de volta o activo por 102$ o que lhe
confere um ganho pela operação de 1$=103$-102$

Agora vamos supor que o preço futuro seja ao valor de 104$. Então o arbitrista faria o seguinte.
Venderia um contrato futuro a 104. Antes da data de vencimento tomaria por empréstimo 100$
(Preço do activo a vista hoje) a uma taxa de 1% por mês. Com tal valor compraria o activo no
mercado a vista. Na data do vencimento venderia tal activo a 104 e pagaria de volta os 100$+3$ de
juros pagos ao longo dos três meses. Mais uma vez o ganho seria de 1$=104$-103$.
Ora se o preço for fixado: PF= 𝑃𝑉 ∗ (1 + 𝑖)𝑛 Sendo PF: Preço Futuro; PV: Preço a Vista e i: Taxa de
Juro; n: Tempo; então teríamos PF=100*(1+0.01)3=103$

Agora experimente qualquer que for a estratégia de arbitragem a ver se consegues realizar ganho.
Finalmente concluirá que o ganho é nulo. É portanto este o preço justo do Futuro ou contrato a
termo. Atenção que a formula anterior é valida para um activo que não gera rendimentos ao longo
do tempo de vigência do processo de arbitragem. Ora como tinha sido dito antes certos activos
subjacentes são acções e obrigações portanto eles podem render juros ou dividendos dentro do
período de vigência do contrato. Neste caso a fórmula seria:

PF = PV +PV* (Custos de Financiamento-Taxa de rendibilidade do activo subjacente)

O Custo de Financiamento pode ser a Taxa de Juro sem risco praticada no mercado para obter
financiamento e realizar aplicações. A taxa de rendibilidade do activo é a taxa esperada pela
manutenção do activo. Por exemplo se forem obrigações seria a rendibilidade de tal obrigação.

Este não é o único modelo existente para o cálculo do Preço futuro todavia todos mantém o mesmo
princípio. O preço justo anula ganhos de arbitragem podendo considerar os cash flow gerados pelo
activo subjacente ou não caso tal activo não gere rendimentos. Veja a seguir outro modelo:

 Variáveis para o cálculo:


PF: Preço Futuro; Pf: Preço do Contrato (Casos de Liquidação do Contrato); PV: Preço a Vista;
K: Preço de Entrega; i: Taxa de Juro livre de Risco; D: Valor actual do dividendo; n:
Maturidade; q: Taxa de rendibilidade do activo(Caso de Obrigações).
 Nota que PF=K no início do contrato
 Activos que não gera rendimentos: PF= 𝑃𝑉𝑒 𝑖∗𝑛 e Pf= 𝑃𝑉 − 𝐾𝑒 𝑖∗𝑛
 Activo que gera dividendos líquidos: 𝑃𝐹 = (𝑃𝑉 − 𝐷)𝑒 𝑖∗𝑛 e 𝑃𝑓 = 𝑃𝑉 − 𝐷 − 𝐾𝑒 −(𝑖∗𝑛)
 Activos que geram juros: 𝑃𝐹 = 𝑃𝑉𝑒 (𝑖−𝑞)∗𝑛 e 𝑃𝑓 = 𝑆𝑒 −𝑞∗𝑛 − 𝐾𝑒 −𝑖∗𝑛

6.3. Considerações Finais

Dentre várias aplicações que podem ser feitos os Futuros dentre elas as mesmas aplicações
exemplificadas para os Contratos a Termo, existe também a cobertura de riscos cambiais. Note que
empresas sendo ou não multinacionais transaccionam com fornecedores e clientes estrangeiros.
Imagine uma empresa nacional que espera de seus cliente, numa data futura, receber dólares
consequentes de uma factura de mercadoria. Se o dólar baixar o valor em meticais que teria hoje
poderá reduzir, esse risco é por cobrir. Mais grave ainda seria se a empresa nacional tivesse uma
dívida com fornecedores estrangeiros por liquidar, numa data futura, em dólares. Se o dólar subir o
montante em meticais não seria suficiente para cobrir a dívida portanto um financiamento
espontâneo seria exigido para honrar com o compromisso junto aos fornecedores.

NOTA: Agora que leu esta matéria por favor exercite o sistema de ajustamentos diários resolvendo o
exercício 5 alínea “a”.
7. OPÇÕES FINANCEIRAS
As opções financeiras são outros derivados com flexibilidade e complexidade maior que os
anteriores dois derivados estudados. A flexibilidade que eles apresentam livra quem os adquire da
rigidez de comprar e de vender o activo subjacente na maturidade. A forte capacidade de
alavancagem e a facilidade no desenho de estratégias de cobertura e de especulação têm
conduzido ao seu desenvolvimento crescente em todos os mercados financeiros, motivando a oferta
contínua de novos produtos (Ferreira 2006).
As opções dum lado são Iguais que os anteriores derivados porque podem ser usados por três
implícitos objectivos: Cobertura, Especulação e Arbitragem, sendo estes últimos considerados
investimentos. Por outro lado as opções diferem dos anteriores derivados porque os contratantes
encontram-se em posições assimétricas: Um dos contratantes tem um direito e outro tem uma
obrigação. A assimetria entre as posições torna os derivados apetecíveis a investidores com aversão
ao risco.

7.1. Tipologia de Opções

As opções podem ser classificadas pela intenção: Comprar ou Vender o activo subjecente. Quando
alguém pretende comprar então estamos perante uma opção de compra-Call Option. O
comprador da opção de compra adquire o direito de comprar o activo subjacente antes ou na
data do vencimento. Este direito é obtido mediante o pagamento de um prémio, que é o preço da
opção. O vendedor da opção de compra ao receber o prémio compromete-se obrigatoriamente a
vender o activo subjacente.

Quando alguém pretende vender, então estamos perante uma opção de venda-Put Option. O
comprador da opção de venda adquire o direito de vender o activo subjacente antes ou no data
do vencimento. Este direito é obtido mediante o pagamento do prémio, que é o preço da opção. O
vendedor da opção de venda ao receber o prémio compromete-se obrigatoriamente a comprar o
activo subjacente.

As opções também podem ser classificadas, considerando o momento do exercício. O comprador


da opção de compra ou de venda pode exercer a qualquer momento ou seja antes da data de
vencimento, caso a opção seja Americana (American Option) ou apenas pode ser exercida no
vencimento se a opção for Europeia (European Option).

7.2. Exercício da Opção


Visto que o comprador das opções sejam de compra ou venda tem direito de exercer ou não,
vejamos as situações favoráveis para o exercício e as situações desfavoráveis para os dois tipos de
opções. Para além da decisão de exercer ou não vejamos o que acontece em termos de ganhos
ou perdas possíveis nos dois contratantes: Comprador e Vendedor.

a) Comprador da Call:Seja uma opção cujo Valor de Exercício (VE) é de 100 e o prémio de 10.
Imagine que ao longo da vida útil do contrato os preços a vista (PE) do activo subjacente
tenham sido: 90, 95, 100, 105,110, 115, 120 e 125. a) Em que momento o comprador da call
podia exercer? b)Em que momento sofreria perda e qual? c)Como se comportam os
ganhos?

Figura: Ganhos e Perdas do Comprador da Call


Respostas:
a) O comprador pode exercer a opção quando o PV for superior a soma do PE+Prémio (Diz-se
também in the Money)
b) A perda seria sempre que o PV for inferior a soma do PE+Prémio e a perda pode evoluir,
porém não poderá exceder ao valor do prémio, visto que o comprador tem sempre a
escolha de não exercer.
c) Os ganhos do comprador da cal são ilimitados.

b)Venda da Call: mantenhamos os mesmos números dados anteriormente e vejamos o que


acontece com o vendedor da cal. Respondamos as seguintes questões: a) Quando o vendedor da
call passa a observar perdas e como se comportam? b)Em que situação os vendedor realiza ganhos
e qual é o seu comportamento?
Figura: Ganhos e Perdas do vendedor da cal

Respostas:

a) As perdas do vendedor da cal iniciam a partir do momento em que PV é superior a soma de


PE+Prémio. A perda é ilimitada.
b) Os ganhos ocorrem sempre que o PV for inferior a soma de PE+Prémio. Diferente da perda o
ganho poderá evoluir até que se limite ao prémio.

c) Compra da Put: Agora mantenhamos o PE=100, prémio=10 mas os hipotéticos PV: 50, 60,70, 80,90,
100, 110 e 120. Então respondamos as seguintes questões: a) Quando é que o comprador da put
começa a exercer? b) Em que momento o comprador da put realiza perdas? c)Como se
comportam as perdas e ganhos do comprador da put?

Figura: Ganhos e Perdas do comprador da Call

a) O comprador da put decide exercer o seu direito inversamente a situação da call. Exerce
quando o PV é inferior a soma de PE+Prémio (Diz-se também in the Money).
b) As perdas ocorrem sempre que o PV for superior a soma de PE+Prémio.
c) Relativamente aos ganhos igual que na cal são ilimitados para o comprador da put; quanto
as perdas, elas evoluem ao ponto de limitarem-se ao prémio.

d) Vendedor da Put: mantenhamos os mesmos números hipotéticos anteriores e respondamos as


seguintes questões: a) Quando o vendedor da Put começa a realizar perdas e como elas se
comportam? b) Quando realiza ganhos e como se comportam?

Figura: Ganhos e Perdas do Vendedor da Put

Respostas:
a) O vendedor da put começa a realizar perdas quando o PV é inferior a soma de PE+Prémio e
a perda evolui sem limites
b) O vendedor da put realiza ganhos quando o PV é superior a soma de PE+Prémio e o ganho
evolui até atingir o limite igual ao prémio.
7.3. Resumo das Opções
Elementos Call Option Put Option
Quem compra Assume uma posição longa; Assume uma posição longa; Adquire o
Adquire o direito de comprar o direito de vender o activo subjacente
activo subjacente ao preço do ao preço do exercício antes ou na
exercício antes ou na data de data de vencimento; Paga o prémio.
vencimento; Paga o prémio.
Quem vende Assume uma posição curta; Tem Assume uma posição curta; Tem a
obrigação de vender o activo obrigação de comprar o activo
subjacente ao preço do Exercício subjacente ao preço do exercício
antes ou na data de vencimento; antes ou na data do vencimento;
Recebe o prémio. Recebe o prémio.
In the Money Quando o PV está acima da soma Quando o PV está abaixo da soma
PE+Prémio PE+Prémio
Out of the money Quando o PV está abaixo da soma Quando o PV está acima da soma
PE+Prémio PE+Prémio
At the money Quando o PV é igual a Soma de Quando o PV é igual a Soma de
PE+Prémio PE+Prémio
Hedger Pretende comprar o activo Pretende vender o activo subjacente
subjacente no futuro e espera no futuro e espera proteger-se da
proteger-se da subida de preços descida dos preços
Especulador Aposta numa subida de preços Aposta numa descida de preços
Fonte: Abreu, et al (2012)

7.4. Avaliação das Opções


A valorização das opções segue o mesmo modelo dos anteriores derivados. O preço deve ser fixado
supostamente numa posição que elimina ganhos de arbitragem. Porém a valorização das opções é
mais complexa devido a própria natureza das opções. Um dos modelos usados, dentre tantos, é o
modelo de binomial de Cox, Ross e Rubinstein (1979). Este modelo assume que o preço do activo
subjacente segue um processo binomial onde, em qualquer ponto no tempo, a cotação (S) só pode
variar em relação a dois únicos valores, isto é pode subir para Su ou descer para Sd designando-se
isto por um processo binomial multiplicativo.

Relativamente ao tempo, sabe-se que uma opção tem uma vida definida à partida, geralmente em
dias, que se assume como uma unidade de tempo. Esta unidade de tempo pode ser mais curta ou
mais longa conforme se deseje. Assim, se for igual a um dia e se a vida da opção for igual a 30 dias
podemos utilizar um modelo multi-período, sendo o número de períodos igual a 30. O modelo
matemático para o cálculo embora use mesmo pressuposto básico pode ser diferente quando se
trata de um período ou quando se trata de multi-períodos.
Para um único período:
Su
u fu
S

f Sd
d
fd

0 T (Tempo)

𝑓 = 𝑒 −𝑟𝑡 [𝑝𝑓𝑢 + (1 − 𝑝)𝑓𝑑 ]………………………………………… ……………………………………………………………………….[#]

Sendo que:
𝑒 𝑟𝑡 −𝑑
𝑝= …………………………………………………………………………………………………………[#]
𝑢−𝑑

1
𝑢 = 𝑒 𝜎√∆𝑇 e 𝑑= ……………………………………………………………………………………..…[#]
𝑢

Onde:
p: Probabilidade do preço a vista subir ou descer;
u: Percentagem de subida no preço a vista do activo subjacente;
d: Percentagem de descida do preço a vista do activo subjacente
r: Taxa de rendibilidade sem risco
f: Preço da opção (Premio);
fu ou fd: cash-flow, na maturidade, no caso de subida ou descida do preço a vista do activo
subjacente
Para mais de um período:

Suu

u
Su fu
u fu
S d Sud

f Sd u fud
d
fd

d Sdd

fdd

0 t T (Tempo)

△T

𝑓 = 𝑒 −2𝑟∆𝑇 [𝑝2 𝑓𝑢𝑢 + 2𝑝(1 − 𝑝)𝑓𝑢𝑑 + (1 − 𝑝)2 𝑓𝑑𝑑 ]………………………………………………………………..[#]

As variáveis p, d e u são calculadas pelas fórmulas apresentadas anteriormente.

7.5. Considerações Finais


O modelo apresentado anteriormente não é único usado para a valorização de opções financeiras,
porém é o mais simples e aplicável até para opções mais complexas. Outros modelos aplicáveis são
por exemplo: Black-Scholes (1973): usado para opções simples ou com dividendo discreto; Merton
(1973): usado para opções sobre acções com dividendo contínuo e sobre índices de acções; Black
(1976): usado sobre opções sobre futuros.
8. SWAPS

Um swap é um contrato em que cada parte troca (swap) um conjunto de pagamentos ou fluxos de
tesouraria futuros (e não de activos) que detém por um conjunto de pagamentos ou fluxos de
tesouraria futuros que a outra parte detém (Abreu et al, 2012). O acto de trocar fluxos de caixa
futuros não é feito para divertimento. É uma engenharia financeira que é estabelecida de modo que
ambas partes protejam-se contra variações de preços ou taxas. Existem diversos tipos de swaps mas
os mais comuns são os swaps cambiais e swaps de taxas de júri. Vamos abordar os dois tipos de
swaps baseando em exemplos.

8.1. Swap Cambial


As empresas realizam operações que os permitem receber divisas ou paga-las. Ora na data de
pagamento ou de recebimento duas hipóteses são válidas a moeda em causa pode valorizar-se e
se for um pagamento o custo na moeda nacional será maios e se for recebimento o inverso
acontecerá. Caso a moeda se desvalorize, no caso de pagamento o custo na moeda nacional
reduz mas se for em recebimentos o ganho é menor. Portanto as empresas juntam forças para
trocar-se fluxos de tesouraria fixando a taxa num determinado nível. Vejamos um exemplo:
Imaginemos que a empresa de produção de bananas em Chivonguene (Doravante chamaremos
C.Bananas) receba regularmente 1 Milão de Rands de seus clientes Sul-Africanos. A Empresa de
Mobílias (Doravante chamaremos por Mobil lda) para regularmente 1Milão de Rands aos seus
fornecedores Sul-Africanos. Note que a C. Bananas precisaria cambiar seus recebimentos em Rands
para a Moeda Nacional e a Mobil Lda por seu turno precisaria converter os Meticais em Rands para
pagar as Mercadorias de seus fornecedores. Neste caso, as duas podem juntar forças e estabelecer
um swap onde os 1Milhão de Rands recebidos pela C.Bananas são depositados a Mobil Lda e os
recebimentos da Mobil Lda, correspondentes a 1 Milhão de rands em Metical são depositados para
a C.Bananas. A taxa para essa operação é estabelecida por ambos antecipadamente.

Assim sendo se a taxa fixada por ambos for Rand/Metical=4.5, então a C.Bananas receberia em sua
conta 4.5 Milões de Meticais. Agora imaginemos que o Metical tenha-se valorizado ficando a 3.5 do
Rand. Então a Mobil compensaria a C.Bananas pela diferença 1 000 000*(4.5 MT-3.5MT)= 1 000 000
MT. Assim a taxa ficaria intacta em 4.5MT o Rand. O Inverso se o Metical se desvalorizasse e ficasse a
5,00 do Rand então a Mobil Lda seria compensada pela diferença 1 000 000*(5,0MT-4.5MT)=500
000MT. Assim a taxa ficaria intacta a 4.5, logo não importam as variações da taxa de câmbio as duas
empresas estão protegidas.

8.2. Swaps de Taxas de Juri


Este Swap envolve contratantes cujos empréstimos ou poupanças vencem a taxas de júri com
características diferentes. Um contratou junto a sua instituição financeira uma taxa fixa e o outro
contratou em sua operação uma taxa variável. O que está em troca é a taxa de juro paga ou
recebida e não o montante de referência, valor no qual incide o Juro, também chamado valor
nocional ou notional principal. A troca destes fluxos de tesouraria deverá verificar-se ao longo do
tempo de vigência do swap.

Vejamos então um exemplo:


Observe o caso das empresas X e Y que tem a possibilidade de fazer-se financiar nos seus respectivos
bancos com as seguintes taxas: variáveis e Fixas:

Tabela: Condições de Financiamento


Empresas Taxas Fixas Taxas Variáveis Ganhos de Eficiência
Empresa X 10% Index+0.1%
Empresa Y 10.8% Index+0.4%
Diferenças 0.8 0.3 0.5
Fonte:
Na tabela anterior pode-se observar que a empresa X tem vantagens absolutas em todas taxas e
relativa em Taxas Fixas, sendo a diferença maior comparativamente as variáveis. A empresa Y por
sua vez tem desvantagens absolutas em todas as taxas porém a desvantagem relativamente menor
é a de taxas variáveis. Vamos então montar um esquema que permitira que os intervenientes
aproveitem-se dos ganhos de eficiência que correspondem a 0.5.
Se as empresas juntarem as forças podem aproveitar-se dos ganhos de eficiência em benefício de
todos. Admitindo a existência de um intermediário na operação do swap vamos repartir os ganhos
de eficiência por todos sendo 0,2 para ambos contratante e 0,1 para o intermediário.

Para o efeito a Empresa X vai financiar-se onde tem vantagem relativas-taxa fixa e a Empresa Y vai
financiar-se onde tem desvantagens relativamente menores-Taxa Variável. O swap é estabelecido e
sucede-se os contratantes trocam-se as taxas, admitindo a presença de um intermediário sucede-se
o apresentado na tabela:

Tabela
Mutuante de X Empresa X Intermediário Empresa Y Mutuante de Y
Recebe 10% Paga 10,2% Recebe 10.8% Paga 10,8%
Paga I+0.1% Paga I+0.6% Paga I+0.4% Recebe I+0.4%
Ganho Ganha=0.2% Ganha= 0.1% Ganha=0.2%
Resultado Final Custo= I-0.1% Ganho de 0.1% Custo 10.6%
Note que ambas partes tiraram proveito nesta operação. A empresa X teve a taxa variável reduzida
de 0,2% o que confere um custo: Index-0,1% e a Empresa Y teve a taxa fixa também reduzida de
0.2%, o que confere um custo de 10.6%.
MERCADO FINANCEIRO INTERNACIONAL
1. INTRODUÇÃO

Estudamos o mercado financeiro, as instituições, os instrumentos transacionados num contexto


fechado ou seja num contexto de intervenientes que partilham o mesmo espaço geográfico. Ora
vivemos num mundo globalizado em que os negócios são realizados de um continente para o outro.
As dificuldades, existentes no intercâmbio económico mundial, originaram oportunidades para a
emergência do mercado financeiro internacional.

Considere as seguintes dificuldades originadas pelo comércio internacional: a) Custos cambiais


elevados ou dificuldade de obtenção de moeda estrangeira causando problemas de tesouraria nas
empresas; b) A aquisição de créditos bancários em moeda estrangeira; c) A dificuldade de colocar
títulos corporativos em mercados com grandes investidores; d) O desejo de investir em mercados
prósperos com melhor rentabilidade. Estas são dificuldades que constituíram oportunidades para
emergência de negócios financeiros com dimensão internacional que congregam multinacionais
bancários, negócios diversos e bolsas de valores mais abertas ao mundo.

Este mercado flexibiliza os negócios internacionais; facilita o crédito e resolução de problemas de


tesouraria a custos extremamente baixos; Facilita o acesso a grandes investidores mundiais e torna o
mundo mais conexo. Para além das vantagens podem ser encontrados determinados problemas
causados pela conectividade mundial. A mais notável é a fácil disseminação de crises. A crise
financeira do subprime evoluiu rapidamente devido a esta globalização dos mercados financeiros.

Ao longo deste capítulo falaremos: a) do mercado monetário internacional; c) do mercado de


capitais internacional e d) outros aspectos de financiamentos internacionais.

2. MERCADO DE EURO-DIVISAS/EURO-CRÉDITOS
Este mercado teve início durante a guerra fria em 1958, quando o governo da antiga União Soviética
transferiu depósitos em dólares dos EUA para a Europa. O Banco que aceitou essas divisas foi o
Eurobank. Este banco encontrava-se em Londres. O prefixo “Euro” que associa-se aos diferentes
elementos do mercado financeiro internacional (e.g. Euro-bancos, Euro-divisas, Euro-crédito, Euro-
obrigações, Euro-Acções) tem origem no nome deste Banco.

Os Euro-bancos são instituições bancárias que transacionam no mercado internacional recebendo


depósitos em divisas internacionais e concedendo créditos nas mesmas divisas. Para além dos
Bancos multinacionais que movimentam negócios na escala global são participantes neste
mercado. As Euro-divisas são moedas estrangeiras de grande circulação que são objecto de
transação neste mercado. O Euro-crédito constitui um dos instrumentos deste mercado. Este crédito
é concedido em eurodivisas a médio e a longo prazo (entre um a quinze anos) efectuado por um
sindicato bancário e de montantes muito elevados (entre vinte milhões e mais de 1 bilião de dólares
norte americanos).

Este mercado distingue-se dos anteriores mercados financeiros estudados pelas seguintes
características:
a) Mercado de grande e flexível dimensão: este mercado é antes um mercado interbancário,
envolvendo os maiores bancos do mundo. As transações são realizadas com maior
dinamismo e flexíveis aos prazos e liquidez exigidos pelos cedentes e tomadores de fundos.
b) Mercado organizado: dado que os valores transacionados neste mercado não apresentam
limites regularmente estabelecidos, os Bancos que transacionam no mercado funcionam em
Sindicatos e são solidários entre si. Quando o crédito é solicitado pelo mutuário o montante é
repartido entre os Bancos do sindicato. O sindicato cuida que as diferentes partes concedam
o crédito e encaminham ao mutuário. Os juros uma vez recebidos o Sindicato cuida que
sejam repartidos pelas partes envolvidas. Quando o crédito é concedido a taxas variáveis o
Sindicato veicula a informação ao mutuário quanto às actualizações efectuadas.
c) Mercado interbancário e de Intermediação: os próprios bancos realizam transações entre
eles tanto em depósitos de Eurodivisas bem como na obtenção e conceção de crédito
mutuamente. A intermediação ocorre a medida que estes bancos facilitam a aquisição de
eurodivisas para posteriormente concede-las aos tomadores.
d) Mercado livre: neste mercado não há limites nos volumes de crédito. Não há tributação de
juros obtidos. Este mercado não sujeita-se a regulamentações nacionais.
Os maiores centros destes mercados são: Londres cuja taxa de juros de referência é o Libor; Ilhas
Caimão (Nas caraíbas), cuja taxa de juros de referência é o NIBOR; Bahrein (No médio oriente) cuja
taxa de referência é o BIBOR; Singapura (Sudoeste Asiático), cuja taxa de juros de referência é o
SIBOR. Note que estes centros são ex-colónias inglesas. São centros criados pela sua leveza e
permissibilidade fiscal. Muitos bancos ocidentais querendo evoluir para o financiamento
internacional refugiaram-se para estes países. A Nova-York tem certos bancos com condições fiscais
privilegiados para não residentes. Portanto encontra-se além um centro cuja taxa de juros de
referência é baixo equivalente ao dos bilhetes de tesouro Norte-americano.

Esquematicamente o mercado de euro-divisas/euro-créditos funciona assim:


Oferta de Eurodivisas Procura de Eurodivisas

EMPRESAS E MUTUÁRIOS EM
EURO-BANCOS
INSTITUIÇÕES EURODIVISAS
Euro-depósitos Euro-crédito
Fonte: Adaptado de Medeiros (2013)
Figura: Mercado de Euro-divisas/Euro-créditos

3. MERCADO DE OBRIGAÇÕES INTERNACIONAIS

Este mercado é constituído por dois instrumentos com características distintas: Obrigações
Estrangeiras e Euro-Obrigações.
a) As obrigações estrangeiram: constituem emissões de obrigações por não residentes em uma
praça (Bolsa de Valores) específica, cujo valor é cedido na moeda do país onde a emissão
fora realizada. As obrigações estrangeiras são submetidas á regulação da legislação de
valores mobiliários do mercado onde a emissão é feita. Porém elas levam algumas
excepções legais por exemplo ausência de retenção fiscal na fonte pelos benefícios ganhos
pelos subscritores. Essa constitui uma das vantagens tiradas pelos subscritores. Por sua vez os
emitentes beneficiam da possibilidade de encontrar maiores investidores nas praças nas
quais realizam emissões.
b) As euro-obrigações: é um título liberado em erro-divisas, sendo emitido por uma empresa ou
entidade pública e colocada num país de diferente moeda. Este empréstimo é intermediado
pela comissão de euro-bancos que cuida de colocar o título a disposição de investidores em
uma bolsa de valores. Uma vez os investidores disponibilizarem os fundos, os mesmos são
cedidos a entidade emitente. Neste caso devem ser facultadas aos subscritores detalhes
sobre: i) Caracterização do emitente (denominação social, sede, forma jurídica, ramo de
actividade, e informação sobre a situação financeira); ii)Caracterização da
emissão(montante, divisa exigida, prazo, tipo de taxa, etc); iii) Análise do Rating por uma
entidade externa e iv) Cláusulas legais.

Esquematicamente o processo de financiamento por Euro-Obrigações é o seguinte:

Procura de Fundos Intermediário Oferta de Fundos

SINDICATO:EURO-
EMITENTE SUBSCRITORES
BANCOS

Títilo Título
Euro-divisas Euro-divisas
4. MERCADO DE ACÇÕES INTERNACIONAIS

Este mercado é composto de três tipos de instrumentos, nomeadamente, Acções estrangeiras (Com
emissão internacional); Acções estrangeiras (Com subscrição internacional) e Euro-Acções.
a) Acções com emissão Internacional: são idênticas as obrigações estrangeiras no contexto que
correspondem apenas a internacionalização do título de modo a aceder a maiores
investidores.
b) Acções com subscrição internacional: estas acções são emitidas em uma determinada
praça mas estão abertas a subscrição por investidores cujas localizações geográficas diferem
do local de emissão.
c) Euro-Acções: estas são colocadas junto aos euro-mercados e cotadas em várias praças. Os
emitentes são regra geral, firmas multinacionais e necessitando volume elevado de fundos
que não poderiam ser satisfeitos por um só mercado. Com este proceder as multinacionais
dispersam partes alíquotas de capital, contrariando a qualquer tentativa de tomada de
controlo sobre a sociedade. Os subscritores por sua vez diversificam sua carteira de
investimentos, obtendo rendimentos e minimizando o risco. Vejamos a seguir um exemplo
esquemático de euro-acções:

Emite acções Subscreve acções Subscreve os Certi-


E emite Certificados ficados de acções
de acções (Ex: ADR)

EMPRESA EURO-BANCO SUBSCRITORES


EMITENTE

Recebe Fundos Entrega/Recebe Entrega Fundos


Fundos

Acções Cooporativas Certificados de Acções


Fundos Fundos
Note que a primeira fase ocorre no mercado domestico. A empresa emite acções num euro-banco
nacional. Este por sua vez apropria-se destas acções. A seguir emite certificados das acções
corporativas que as têm sobre sua custódia no mercado internacional. Subscritores internacionais
compram os certificados de acções e disponibilizam fundos. Na verdade o Euro-Banco serve de
intermediário neste processo de modo a colocar as acções em mãos de Investidores estrangeiros ou
internacionais.
CRISES QUE AFETAM O SISTEMA FINANCEIRO
1. INTRODUÇÃO

Nos capítulos anteriores foi discutido o básico sobre o mercado financeiro. Tudo pareceu perfeito, os
intervenientes deste mercado podem perder ou podem ganhar pelas variações dos preços. Porém
estas variações podem atingir a determinados extremos que nenhuma das partes pode afirmar
claramente que esteja tirando bom proveito da situação com excepcção de certas minorias.
Quando o mercado apresenta esta última característica pode-se afirmar que esteja passando
temporariamente por alguma crise.

Segundo Medeiros (2013) os mercados financeiros podem sofrer pela desregulamentação, fruto de
uma posição doutrinal da Economia Clássica, que afirma que os mercados resolvem com
automatismo as necessidades dos agentes económicos, exaltando a liberdade de acção nas
decisões em matéria de poupança e de investimento. Note-se que as crises financeiras
maioritariamente originam-se de crises bancárias e alastram-se para outras subáreas dos mercados.

Há 40 anos atrás os bancos comerciais tradicionais eram vistos como intermediação entre os
depositantes e os mutuários. A realidade actual é diferente. Por exemplo, os bancos comerciais, do
tipo tradicional, começaram a exceder-se de suas áreas tradicionais, actuando especulativamente
nos mercados de títulos e de divisas obtendo partes importantes de lucro total anual.

Cada nação tem seus próprios mercados financeiros portanto estes podem cair em
disfuncionamento isoladamente. No capítulo anterior demonstrou-se que com a globalização os
mercados não mais estão isolados portanto mediante a importância que as instituições que
compõem os mercados nacionais forem pode ser que haja contágio em outros mercados. Quando
o contágio ocorrer as crises passam a tomar dimensões regionais ou globais deixando de ser
problemas isolados.

Os diferentes sistemas económicos detêm como elemento básico, os mercados financeiros. Este
mercado quando cai em disfuncionamento pode afetar a economia. Por sua vez os sistemas
económicos quando sofrem redução da produção generalizada podem afetar os mercados
financeiros. Esta interdependência é forte portanto ao longo deste capítulo abordaremos
resumidamente as crises mundiais e regionais importante e focalizaremos atenções para a crise
financeira com origem em 2007. Com esta última veremos como o uso abusivo de determinados
instrumentos financeiros pode causar problemas nos mercados.

2. AS SIGNIFICANTES CRISES FINANCEIRAS


Nesta secção resumiremos as grandes algumas crises financeiras, de modo a expor as similaridades e
algumas diferenças entre elas. Ao ler note que as crises são cíclicas sendo os antecedentes
associados com a liberalização do sistema, excessos de confiança e ambição capitalista e
globalização.
Tabela: Crises Financeiras
Crise Origem Precedente Causas/Origem Consequências
Pânico de USA  Ausência de entidade Pânico causado  Preço de
1907 reguladora (Banco pela especulação commodities caiu
Central); nos mercados 5%;
 Expansão financeiros, na  Empresas faliram e
descontrolada dos tentativa de tomar empregos
negócios de Entidades controlo da suprimidos;
Fiduciárias; mineradora United  Depósitos reduziram,
 Mercados financeiros Copper pelos causando
frágeis magnatas: Charles dificuldades aos
Morse e Augustus empréstimos;
Heinze  Criação da Federal
Reserve System
(Banco Central)
Grande USA  Prosperidade pós  Especulação  Crise prolongada;
depressão guerra nos USA agressiva;  Deflação de
de 1929 seguida pelo resto do  Aumento de mercadorias, activos
mundo industrializado; empréstimos e acções;
 Retoma do padrão- bancários a curto corporativas;
ouro; prazo a favor dos  Depressão
 Redução das especuladores; económica
importações Europeias  24 de Outubro de generalizada e
nas proximidades de 1929 pânico na global;
1929 Bolsa de New-York,  Abandono definitivo
queda dos valores do padrão-ouro;
mobiliários;  Emergência de
 Incapacidade de teorias: Keynisiana e
reembolso aos monetaristas
créditos obtidos
nos Bancos
Crise das Africa,  Choque petrolífero  Crise petrolífera  Resseção
dívidas América originado pelos países dos de 1979; económica;
dos anos Latina da OPEP;  Subida das taxas  Crise bancária como
80  Corrida descontrolada de juro causadas resultado da
pelo financiamento pelas decisões da incapacidade de
dos países em Federal Reserve amortização das
desenvolvimento pelos System; dívidas aos países em
bancos privados.  Com a subida das desenvolvimento;
taxas de juro, as  Maior poder do FMI
dívidas obtidas na gestão da crise e
pelos países em das dívidas junto aos
desenvolvimento países em
tornaram-se desenvolvimento
insustentáveis.
Crise do Tailândia  O país beneficiou de  Ineficiência no  Deterioração
Sudoeste sucessivos controlo da massa financeira das
Asiático investimentos monetária empresas;
provenientes do causando  Instabilidade do
Japão e da Europa; inflação e sistema bancário;
 O país mantinha sua consequente  Contágio em países
moeda indexada ao desvalorização da que faziam paridade
dólar da USA moeda de suas moedas com
tailandesa; o dólar: Indonésia,
 Especulação Malásia, Filipinas,
cambial causou Taiwan, Singapura.
esgotamento das
reservas em dólar

3. CRISE FINANCEIRA 2007-2009


Em jeito introdutório a este assunto vamos abordar alguns novos termos que uma vez bem
percebidos facilitarão a percepção dos diferentes aspectos associados a esta crise: Empréstimos
Hipotecários; Mortgage Backed Securities (MBS); Collateralized Debt Obligations (CDO) e Creditit
Default Swaps (CDS); Instituições Creditícias; Special Purpose Vehicle (SPV).

a) Empréstimos Hipotecários: Empréstimo concedido por instituições financeiras cujo activo adquirido
pelo agente beneficiário do empréstimo servirá de garantia caso o mesmo fique indisponível em
continuar com as amortizações do empréstimo.

b) Mortgage Backed Securities: estes são títulos vendidos por bancos de investimentos ou instituições
financeiras que concedem empréstimos hipotecários a diferentes agentes económicos. Os
empréstimos hipotecários constituem activos para os emitentes. Em seguida vendem-nos ao
benefício dum terceiro investidor que em seguida receberá parcelas de pagamentos periódicos.
Este investimento tem uma contrapartida em caso de incumprimento. do beneficiário do empréstimo
hipotecário: o activo adquirido por tal empréstimo (e.g. Edifícios Empresariais; Edifícios Domiciliares).

c) Collateralized Debt Obligations: tem mesmo princípio de funcionamento com os MBS porém
diferem porque os CDO podem abranger vários tipos de empréstimos para além dos hipotecários.
Ambos são títulos derivados de um empréstimo realizado por uma instituição financeira e que
posteriormente vende-o por exemplo para manter optimais os níveis prudenciais contra o risco de
crédito estabelecidos pelas entidades reguladoras. São títulos de renda fixa porém são muito
dependentes da boa avaliação do risco associado as entidades que subscrevem o empréstimo.

d) Creditit Default Swaps: Estes últimos são também um derivado de um empréstimo. O comprador
do CDS paga a uma seguradora. Esta última suportará o risco de pagamentos da dívida do primeiro
em benefício do segundo. O segundo geralmente suspeita a possibilidade de o primeiro não honrar
com suas amortizações. Este título pode ser negociado no mercado e vendido a outros investidores
em especial Seguradoras. Pode-se notar que os 3 são todos directa ou indirectamente derivados de
empréstimos concedidos por instituições financeiras, como mostra a figura a seguir:

CDO

Títulos de
MBS CDS
Dívida

Figura: Instrumentos derivados do crédito associados a crise (Securitização/Titularização)

e) Securitização/Titularização: este termo surge em consequência desta tendência de tornar os


créditos concedidos aos agentes económicos em títulos negociáveis ou seja a transferência
de activos bancários/Instituições financeiras à Entidades terceiras. Antes da crise, este
procedimento foi um contorno a regulamentação por parte das instituições financeiras e
para os investidores acharam boa oportunidade para especulação.

f) Agências creditícias: os agentes que adquiriam os títulos (MBS, CDO) solicitavam o nível
creditício dos títulos transacionados. Estas agências efectuam análise de risco associado aos
títulos negociados e tem a responsabilidade de fornecer informação confiável de modo a
minimizar o risco a ser suportado pelos novos proprietários de activos de dívida.

g) Special Purpose Vehicle: são entidades criadas e controladas pelas instituições financeiras
para contornar a regulamentação prudencial ao risco. Os SPV têm Balanço Patrimonial
Próprio. Foram bastante usadas para realização da securitização de dívidas.

A crise financeira de 2007 a 2009 foi resultado de toda esta palha seca (Instrumentos financeiros,
Agentes económicos ávidos de ganho e com ideologias especulativas e gananciosas)
concentrados no mercado financeiro Norte-americano acompanhado pelos Ocidentais. A faísca foi
solta quando o mercado imobiliária que constituía uma carteira importante de empréstimos seguida
de MBS desequilibrou-se devido a subida de taxas de juros que agudizaram a incapacidade dos
agentes económicos em cumprir com suas obrigações. O anterior fenómeno originou a
desvalorização dos preços de imóveis, daí a crise do SubPime (Desvalorização dos imóveis).

Os sinais da crise foram então bem visíveis a partir do 1º Trimestre de 2008 com as crises de liquidez do
Bnaco de investimentos Bear Stearns. Ao 7 de Julho os problemas de liquidez afetavam as
seguradoras Freddie Mac, Famix e a AIG (Antigo Sponsor do Manchester United-Equipa de Futebol
Inglês) associado ao uso de CDS. Ao 15 de Setembro de 2008 falência do Banco Lehman Brothers.
Esse era um forte sinal que os problemas de liquidez tinham evoluído para uma crise de solvabilidade.
Os Bancos afetados não mais podiam criar activos em altura de suportar as dívidas. A insolvência do
mercado financeiro-bancário evoluiu para Europa afectando por exemplo o Banco Ingês Halix-Bank
of Scotland na Irlanda a Anglo-Irish e na Alemanha o Commerzbank.

A crise do sector bancário reduziu o crédito a economia, aflingindo outros sectores o que elevou o
preço das matérias-primas, reduzindo assim a produção, daí o desemprego e do desemprego
redução do consumo dos agentes económicos e por fim a grande recessão económica jamais vista
desde a Grande depressão de 1929.

Pode-se resumir a crise pelos seguintes pontos: a) Crise do mercado imobiliário norte-americano;
b)Inovação Financeira (Titularização engendrada pelo surgimento e popularização dos derivados:
MBS, CDO, e CDS): as dívidas concedidas pelos bancos de investimento foram disseminados á outras
entidades via titularização. As seguradoras também sofreram pela especulação dos agentes que
compraram CDS na espectativa certa da inadimplência dos agentes económicos endividados; c)
Agências creditícias: estas últimas deixaram de emitir notas fidedignas do risco associado aos títulos
em negociação. O ganho desonesto sabia mais que a justiça; d)Elevada alavancagem em
negócios financeiros: uso excessivo da dívida para investir em instrumentos financeiros de difícil
valorização; e) Regulação e Supervisão insuficiente: por exemplo o uso de SPV permitiu aos bancos
contornarem a regulamentação e fraudar o sistema financeiro; f) Remunerações elevadas aos
gestores bancários por assumir mais risco.

3.1. Alastramento da Crise


O alastramento da crise pelo mundo todo teve como veículos os seguintes:
a) Existência de uma globalização financeira: os títulos antes mencionados foram largamente
concorridos por entidades bancárias europeias por exemplo. Note-se que a Europa por sua
vez une-se pela moeda única portanto problemas financeiros facilmente alastram-se pela
União Europeia. As economias frágeis dependem fortemente da dívida para sustentar seus
orçamentos para além da globalização bancária fortemente visível pela presença de
multinacionais bancárias como a Barclays e outras
b) Relações económicas internacionais: as economias são interdependentes através do
comércio internacional. Com o comércio internacional as crises exportam-se ou importam-se
de um lugar a outro.

3.2. Consequências da Crise


Como tinha sido dito na introdução deste capítulo as crises são e serão sempre cíclicas porém na
impede que haja aprendizagem e melhoria de certos procedimentos no mercado financeiro.
Ao pedido dos países da G-20 foi realizada a revisão das normas prudenciais da Basileia: o Comité
de Basileia e o Conselho de Estabilidade Financeira (CEF). Formularam as seguintes propostas: i)
Controlo das ligações entre o sector bancário tradicional e o sector das instituições financeiras não-
bancárias; ii) Regulamentação directa das entidades do sistema financeiro paralelo; iii)
Regulamentação das actividades dos mercados e dos instrumentos financeiros; iv) Medidas
macroprudenciais visando reduzir os riscos de contágio. Estas acções da G-20 originaram os Acordos
de Basileia III que serão detalhadamente abordados na secção seguinte. Novas medidas foram
tomadas concernentes aos produtos derivados os quais tinham que passar por negociação
obrigatória na Bolsa de Valores e que estariam sobre alta supervisão.

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