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1 TEXTO DE APOIO TÉCNICAS DE COMÉRCIO INTERNACIONAL Osório Chongo

INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS

1. Introdução

A crescente globalização das economias exige por parte das empresas constante atenção a tudo
o que as rodeia, ao seu meio envolvente, tendo estas que tomar todas as suas decisões de forma
atenta e consciente em tempo útil.

Face à atual conjuntura socioeconómica internacional de muitos países, com crescente abertura
de fronteiras e progressiva homogeneização de necessidades, as empresas para sobreviver têm
de ser capazes de desenvolver estratégias proactivas, baseadas no conhecimento e na procura
constante de novos clientes e mercados. Afigura-se assim como imperativo o Objectivo
estratégico das empresas se expandirem além-fronteiras.

A dinâmica de internacionalização assume uma importância fundamental para a competitividade


das empresas. Num contexto de crescente globalização o estudo das variáveis e problemáticas
em torno dos mercados externos são fundamentais para compreender as configurações de
catividades que conduzem à sobrevivência e ao sucesso das empresas. Assim sendo, a temática da
internacionalização das empresas vem adquirindo nos últimos tempos um lugar central na
investigação na área das ciências empresariais.

A dinâmica dos mercados e o facto de muitas das empresas basearem a sua competitividade no
conhecimento, cuja evolução vem acelerando o passo das inovações, obriga as empresas a
procurarem o retorno do investimento no mais curto espaço de tempo. Isto leva a procura precoce
de novos mercados fora das fronteiras domésticas, muitas vezes logo na fase de criação da
empresa. O facto das empresas se internacionalizarem cada vez mais cedo e de forma rápida trás
à tona um novo fenómeno descrito por vários autores como borne global que parece ter surgido de
forma a desafiar a visão tradicional da internacionalização (Gabrielsson,
2005; Evangelista,2005).

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2. Internacionalização

A internacionalização das empresas é cada vez mais uma temática pertinente, com um abrangente
suporte no que refere à literatura, onde assentam as diversas intervenções por parte de um grande
leque de autores.

Tradicionalmente, as teorias clássicas da internacionalização de empresas são classificadas em


duas perspetivas: a económica e a comportamental (Andersen e Buvik, 2002; Hemais e Hilal, 2004).

As teorias relacionadas com a perspetiva económica apresentam a internacionalização como sendo


essencialmente um processo racional, que visa o aumento do retorno económico. Por outro lado,
as teorias comportamentais abordam a internacionalização como sendo um processo que
depende de atitudes, conhecimentos e dos comportamentos dos responsáveis pelas decisões, ou
seja, um processo no qual intervêm fatores considerados não económicos (Andersen e Buvik,2002).

No que se refere às teorias económicas, estas destacam-se através das teorias tradicionais, que
com a contribuição dos diferentes autores desenvolveram modelos assentados na vantagem
comparativa. Nesta corrente teórica destacam-se as teorias do comércio internacional, do ciclo de
vida e teoria neoclássica de localização (Weisfelder, 2001; Ietto Gillies, 2002). Para além destas
existem outras como a da Internalização Rugman (1980), e a teoria do paradigma eclético da
produção internacional (Dunnig, 1988).

Quanto às teorias comportamentais, surgiu primeiramente o modelo de internacionalização de


Uppsala (Johanson e Vahnle, 1990; Johanson e Wiedersheim-Paul, 1975). Posteriormente surgiu a
teoria das redes Johanson e Mattson (1988), e já mais recentemente, a partir da década de 1990,
as teorias de empreendedorismo internacional Johanson e Mattson (1988) e das born globals
(Rennie, 1993). Estas teorias mais recentes procuram analisar o fenómeno específico que é a
internacionalização acelerada de pequenas empresas.

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2. Motivos para as empresas se internacionalizarem

Quando uma empresa toma a decisão de expandir os seus mercados para um nível internacional,
considera-se este, um dos passos mais importante para o seu crescimento enquanto organização.
Esta nova abordagem das empresas fora dos seus mercados domésticos pode traduzir-se num risco,
desta forma, a abordagem aos mercados externos tem que ser algo muito considerado e bem
deliberado.

Alguns dos motivos que levam as organizações a optarem pela internacionalização passam pelo
facto do mercado interno estar saturado e haver a oportunidade de aquando a presença num
determinado país seja concedido o acesso a recursos estratégicos ou então existirem efeitos
clusters a serem explorados numa determinada região (Hansson et al., 2007).

Czinkota et al. (1999) indicam como principais motivações para a internacionalização um conjunto
de onze fatores, que organizam as motivações em proactivas/reativas, como se
pode ver na tabela seguinte:

A proposta de Teixeira e Diz (2005) no que refere às motivações para a internacionalização vai
ao encontro da anterior, mencionando seis factores, como o acesso a recurso mais baratos e
“melhores”, o maior retorno do investimento, o aumento da quota de mercado, a fuga à
importação, ou à contingentação da importação, como a resposta a clientes/concorrentes e o
acesso a competências.

Viana e Hortinha (2005) indicam seis razões para explicar o facto de empresas ainda sem grande
experiência no mercado internacional estarem, atualmente, em pleno contexto de
internacionalização a procurar mercados externos, sendo elas: o aumento da faturação;
sinergias em termos de estruturas de custos (economias de escala); redução de risco de
negócio pela diversificação de mercados; colaboração com empresas e instituições públicas (o

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Poder público é um dos maiores clientes mundiais); domínio dos mercados (mesmo que não
vantajoso financeiramente, é-o em termos de imagem) e vantagens absolutas (a nível de
domínio de recursos).

Estes autores fazem ainda uma síntese em três grupos, onde evidenciam as razões que
conduzem à internacionalização:
Oportunidades estratégicas: a presença da imagem do país de, a facilidade de acesso
geográfica ou cultural, as oportunidades de aquisição e emergência de novos
mercados e os incentivos governamentais;
Mercados, clientes, concorrentes, custos e natureza do negócio: os mercados
externos menos exigentes, o acompanhamento de clientes, o enfraquecer a concorrência,
o excesso de capacidade/redução das vendas no mercado interno, as economias de escala
e a deslocalização da produção relacionados com a natureza do próprio negócio.
Vontade de crescimento: a imagem de marca da empresa, o êxito dos parceiros
locais e a diversificação do risco;

De uma outra perspetiva Simões (1997) sintetiza as motivações da internacionalização da


seguinte forma:

1) Endógenas:
- Necessidade de crescimento da empresa;
- Aproveitamento da capacidade produtiva disponível;
- Obtenção de economias de escala;
- Exploração de competências, tecnologias;
- Diversificação de riscos.

2) Características dos mercados:


- Limitações do mercado doméstico;
- Perceção de dinamismo dos mercados externos.

3) Relacionais:
- Resposta a concorrentes;
- Acompanhamento de clientes;
- Abordagens por empresas estrangeiras.

4) Acesso a recursos no exterior:


- Custos de produção mais baixos no exterior;

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- Acesso a conhecimentos tecnológicos.

5) Incentivos governamentais:

Apoios do governo (país de origem ou acolhimento).

Em síntese, são várias as propostas dos autores quanto às motivações para a internacionalização,
estando estas relacionadas a fatores internos ou externos à empresa e
Derivando da fase do processo de expansão internacional em que esta se encontra.

Questões

1. O que é internacionalização?
2. Porquê as empresas se internacionalizam?
3. Existirá diferenças entre empresas de países subdesenvolvidos e países desenvolvidos
quanto a internacionalização?
4. Czinkota et al. (1999) indicam como principais motivações para a internacionalização um
conjunto de onze fatores. Qual deles, na tua opinião, enquandra-se melhor na realidade
moçambicana?

Prazo de entrega: dia 9/04/2020 as 19horas. Enviar para o correio electrónico:


osorio.chongo@gmail.com)

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