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FINANÇAS INTERNACIONAL

Resumo de apontamento: Internacionalização de empresa; Credito documentário na


operação de comercio externo; Financiamento externo; Fatoring; Forfait; Countertrade;
Cr´´edito comercial.

INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS

 Operacional
 Financeira

GLOBALIZAÇÃO:
"Pensar globalmente, actuar localmente"
A globalização não se reserva ao campo da actuação empresarial ou
comercial.

Exemplo de uma estratégia de marketing internacional criativa e eficaz

 O Google empresa extremamente criativa e bem posicionada no


mercado internacional, dona de um posicionamento invejável no
sector de sites de buscas, capaz de superar com larga vantagem
empresas bilionárias como a Microsoft e Yahoo, neste mercado, é um
exemplo clássico de uma corporação que sabe pensar “globalmente
e agir regionalmente”.

 Com o fim da guerra fria, ocorreu o inicio do movimento denominado


Globalização.

 Este movimento ocorreu a partir da queda do muro de Berlim, em


Novembro de 1989, e após a dissolução da ex-URSS, em Dezembro de
1991, a globalização dos mercados teve um grande impulso.

 Estes acontecimentos históricos geraram o crescimento do mercado


entre nações e consequentemente o desenvolvimento das
actividades de marketing que pudessem atender estes novos clientes
oriundos de outros países, e de culturas e costumes diferentes.

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Alguns aspetos da Globalização

No caso do comércio externo, uma das consequências foi o


estabelecimento de blocos económicos, e áreas de livre comércio,
como:

 União Europeia,
 Nafta e
 Mercosul
 OMC

EU: União Europeia

NAFTA: Tratado Norte-Americano de Livre Comércio

MERCOSUL: Mercado Comum do Sul,

OMC: Organização Mundial do Comercio

É preciso fazer um estudo sobre a globalização a cada país


individualmente, respeitante a:

 cultura,
 economia,
 política,
 leis e normativos,
 regras de marcas,
 patentes,
 licenciamento e
 Câmbio;
 Taxa de Juro;
 Inflação;
 ETC

Todos estes fatores interferem fortemente no processo de


internacionalização, e criam algumas nuances nas relações entre nações
e empresas que disputam espaço no mercado internacional.

 Cada variável destas pode facilitar ou dificultar o processo de


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marketing internacional.

 Analisando cada ambiente, para que a cultura de um país possa ser


respeitada pelos profissionais para que se possa obter sucesso nos
negócios.

A internacionalização pode ser entendida como:

 Relacionamento de uma empresa com o mercado externo (venda ou


compra de produtos e serviços);
 Estabelecimento de Parcerias;
 Instalação de fábricas no exterior;
 Realização de negócios internacionais;
 Consolidação de alianças estratégicas, joint ventures, investimento
externo direto , etc.

INTERNACIONALIZAÇÃO

 A Internacionalização é um conceito com aplicação em várias áreas.

 A internacionalização se refere as trocas econômicas, políticas,


culturais entre nações, e as relações que daí resultam, pacíficas ou
conflituosas, de complementaridade ou de concorrência;

 É um processo que visa optimizar os recursos e orientar os objectivos


de uma organização através das oportunidades de um mercado
global.

 Harris e Wheeler (2005) define a internacionalização como um


processo no qual a empresa comercializa os seus produtos ou serviços
fora do seu mercado local ou de origem, focando assim o seu
envolvimento também em mercados externos.

FORMAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO

1. Exportação;
2. Franchising;
3. Joint Ventures
4. Investimento direto - Licenciamento

Benefícios da Internacionalização:
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1. EXPANSÃO DE MERCADOS:
 Crescimento
 Geração do aumento da renda e do trabalho
 Ampliação e diversificação de mercados
 Promoção da cultura brasileira e produtos no exterior

2. MELHORIA DA EFICIÊNCIA:
 Estímulo de melhoria contínua na qualidade
 Fortalecimento da marca no mercado externo

3. APRENDIZAGEM:
 Conhecimento – profissionalização
 Desenvolvimento de competências

VANTAGENS DA INTERNACIONALIZAÇÃO

 Mercados mais compatíveis com a qualidade dos nossos produtos;


 Economias de escala;
 Maior número de oportunidades de negócios
 Maior proximidade de inovações;
 Rápido aprendizado de novas tecnologias;
 Melhoria da imagem interna.

Desafios à internacionalização

 O retorno pode vir a longo prazo;


 Identificação do parceiro ideal;
 Necessidade de adaptações do produto;
 Necessidade de uma equipe especializada;
 Entraves logísticos;
 Risco cambial;
 Legislação;

Obstáculos para a criação de cultura de internacionalidade


1. Governo com cultura etnocêntrica
 Protecionismo: (Câmara do Comércio Internacional);
 Falta ou deficientes investimentos em infraestrutura - aumentando
custos;
 Burocracia e tributação não adaptadas ao processo de
internacionalização;
 Dificuldades em efetuar negócios;
 Dificuldade na definição de políticas de desenvolvimento industrial;
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 Legislação não eficaz, confusa e abundante;
 Tratamento não isonômico de empresas;
 Inaptidão para conclusão de acordos comerciais com outros países.

2. Empresas
 Dificuldade de sair da zona de conforto;
 Não conhecimento das potencialidades da empresa e do país;
 Falta de profissionais com capacitação técnica em processos de
internacionalização;
 Confusão entre aproveitamento de oportunidade (exportação) e
internacionalização (estratégia empresarial)
 Utilização da contabilidade como instrumento para pagar impostos;
 Dificuldade de adaptação ao ambiente mercadológico impactando
em solicitação de protecionismos governamentais.

3. Ambiente internacional
 Falta de confiança;
 Aumento do juro nos Estados Unidos e possível redirecionamento de
capitais;
 Escassez de acordos comerciais;
 Queda do preço das commodities;
 Preço do petróleo – Contribuindo para o combate à inflação;
 Avanços do fundamentalismo aumentando insegurança e risco de
guerra.

As condições necessárias à internacionalização

Reestruturação e adequação interna

 Cultura de internacionalidade
 Alocação de recursos para os novos mercados;
 Planeamento incorporando os novos mercados na estratégia e não
somente guiado pelo aproveitamento de oportunidades;
 Capacitação técnica aos diversos níveis;
 Postura proativa do empresário.

As 10 Soluções para uma internacionalização bem sucedida


1. Controle efetivo pelas empresas das operações de comércio
exterior, evitando intermediários que somente oneram produtos;
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2. Exploração de mercados não somente atrativos mas, sobretudo
compatíveis com a realidade da empresa;
3. Inserção independente nas cadeias produtivas agregando valor aos
consumidores e não somente valor aos produtos (Foco no mercado);
4. Aumento de massa crítica das empresas exportadoras pelo
estabelecimento de consórcios de exportação;
5. Inovação de produtos, de processos e de negócios;

6. Joint ventures com empresas distribuidoras de países desenvolvidos;


7. Licenciamento de marca ou de patentes;
8. Internacionalização por meio de franquias;
9. Exploração de nichos de mercado (produtos amazônicos, orgânicos,
etc.);
10. Industrialização e comercialização de produtos tradicionais.

As sete etapas da Internacional

1. Avaliação do ambiente de negócio.


2. Decisão de ir para o exterior e definição das oportunidades a serem
investigadas.
3. Decisão sobre quais os mercados a ingressar.
4. Decisão sobre como ingressar no mercado internacional
5. Decisão sobre a organização de marketing.
6. Elaboração do plano de marketing internacional.
7. Desenvolvimento de sistema de controle de Marketing..

Plano de Internacionalização deverá incluir as seguintes unidades:

 Posicionamento;
 Estudos de mercado;
 Politicas de preço;
 Produto;
 Distribuição;
 Promoção internacional;
 Segmentação;
 Estratégia de marca;
 Entre outros.

No entanto, existe a necessidade de adaptação, pois as estratégias


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deverão ser adequadas às características de cada nação em
particular, em seus aspetos:

 económicos,
 socioculturais,
 políticos/legais,
 financeiros e
 tecnológicos.

Respeito à cultura e à religião

É fundamental entender:

 a língua,
 comportamentos,
 valores e
 crenças de cada povo com quem se vai lidar.

Riscos para Internacionalização

Em relação à economia, deve-se avaliar cada país, sob os seguintes


pontos de vistas:
1. Económico (poder de compra);
2. Legislação;
3. PIB,
4. taxa de crescimento,
5. Politica cambial;
6. Politica fiscal;
7. inflação,
8. taxa juro;
9. taxa de desemprego;
10. fontes de renda do país,
11. capacidade de pagamento e
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12. economia é predominantemente industrial, de serviços, comercial ou
agropecuária?

Áreas de instabilidade política – risco politico

1. O ambiente governamental é importante nas estratégias de marketing


internacional.

2. Há países com forte instabilidade política como o Haiti, o Líbano, o


Iraque e o Afeganistão, entre outros, que não inspiram confiança no
mercado, por isto muitas empresas evitam investir ou negociar com os
mesmos, a menos que:

 os riscos sejam calculados,


 os retornos financeiros sejam altos e
 as margens de riscos sejam previstas minuciosamente.

As patentes no mercado internacional

 Existem outras questões legais que envolvem marcas, patentes e


licenciamento, e são intensamente fiscalizadas pelos governos dos
países, especialmente os mais ricos, que buscam proteger seus
produtos da pirataria, contrabando e outros crimes.

A importância do Câmbio no mercado Internacional

 Finalmente é preciso levar em conta a análise da variável financeira e


de câmbio dos países.

 O valor da moeda nacional em relação à de outro país tem forte


influência em um dos elementos do composto de marketing, o Preço.

 Desta maneira, ao fixar preços é fundamental que a empresa


acompanhe o câmbio e a situação financeira do país no qual faz
negócio.

INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS:

Principal fatores estratégico para entrada nos mercados internacionais

 muitas empresas começam como exportadoras,


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 passam para joint venture, e por fim
 fazem investimento directo no mercado estrangeiro - licenciamento.

EXPORTAÇÃO

 Na exportação a empresa entra no mercado externo enviando e


vendendo produtos através de intermediários de marketing
internacional (exportação indirecta) ou de um departamento, filial ou
agente e representante de vendas da própria empresa (exportação
directa).

JOINT VENTURE;

 Ao criar uma joint venture, a empresa entra no mercado externo


associando-se a empresas no exterior para produzir e comercializar os
produtos.

Nota: JOINT VENTURE diferente de CONSÓRCIO

LICENCIAMENTO - investimento direto no mercado estrangeiro

 No licenciamento, a empresa penetra no mercado externo através da


utilização de uma das seguintes estratégias:

a) oferecendo o direito de utilização de um processo de fabricação,


b) marca registada,
c) patente,
d) segredo comercial ou
e) outro item de valor em troca do pagamento de uma taxa ou royaltie.

Segmentação de mercado internacional:

“Poucas empresas possuem recursos para operar em todos os países


existentes, ou mesmo na maioria deles” Kotler

 Como procedem estas empresas ao nível da segmentação de


mercados?

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 Operar em muitos países representa muitos desafios, uma vez que os
países variam muito em termos económicos, culturais e políticos.

 Perante isto, tal como as empresas fazem no mercado doméstico o


agrupamento dos consumidores em segmentos de mercado, também
o devem fazer no mercado internacional procurando encontrar
segmentos nesses mercados com necessidades e comportamentos
de compra semelhantes.

Mercados:
 Domésticos
 Internacionais

Distribuidores:
 Domésticos
 Internacionais

Até que ponto as funções desempenhadas pelos distribuidores


internacionais podem ser diferentes das praticadas pelos distribuidores
domésticos?

 Cada mercado possui uma estrutura própria de distribuição através


da qual os produtos circulam desde o produtor até ao consumidor.

 Dentro desta estrutura existem muitos intermediários cujas funções


habituais, as atividades e serviços refletem as suas competências, as
características do mercado, a tradição e o desenvolvimento
económico.

 Ou seja o comportamento dos intermediários é resultado da interação


com o meio ambiente cultural e o processo de marketing.

 As funções variam assim consoante o nível de desenvolvimento do


mercado e as interações anteriormente referidas.

Publicidade global: além fronteira, condicionada pelos seguintes factores:


 legalidade,
 idioma,
 meios,
 custos,
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 tempo, etc.

Limitações enfrentadas pelas empresas ao nível da publicidade global

A publicidade global enfrenta limitações ao nível:

 Legal,
 Idioma,
 Meios de comunicação e de produção específicos de cada mercado.
 Por isso ao se desenhar uma estratégia de comunicação global estes
fatores devem ser tidos em conta.

Fixação de preços internacionais:

Fatores:
 Custo
 Regulamentação
 Concorrência

As razões devem-se ao facto que nesta situação as empresas não têm


apenas de se preocupar com um conjunto de concorrentes que vivem
com o mesmo conjunto de condições, num dado mercado no que diz
respeito ao custo e às regulamentações.

O risco país

 O risco país é um conceito económico-financeiro que diz respeito à


possibilidade de que mudanças no ambiente de negócios de um
determinado país impacte negativamente o valor dos ativos de
indivíduos ou empresas estrangeiras naquele país, bem como
os lucros, dividendos ou royalties que esperam obter dos investimentos
que lá fizeram.

Risco político

 O risco político se refere à possibilidade de que o governo do país em


questão, exercendo seu poder soberano, tome medidas adversas aos
investimentos realizados.

 Alterações em regulamentação e tributação são a forma mais


comum e cotidiana de um governo local afetar negócios estrangeiros
no país.
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Mas o conceito também inclui riscos mais esporádicos e muito mais
significativos como os riscos de:

 desapropriação ou nacionalização de ativos;


 calotes em contratos de fornecimento de produtos ou serviços;
 desordem pública por inépcia governamental e
 golpe de Estado;
 terrorismos ou guerra civil.

Agências de classificação de risco


1. Moody’s;
2. Standart & Poor’s e
3. Fitch Ratings

 Essas agências se dedicam à análise do risco-país associado a


investimentos em ativos financeiros, tais como títulos e ações.

 Por meio da análise das finanças de governos e empresas, as


agências produzem classificações ou ratings, que indicam a
segurança oferecida pelo Governo e pelas Empresas de cada país
aos investidores estrangeiros que aplicam seu dinheiro em títulos
da dívida daqueles governos e empresas.

 O termo risco-país é uma medição, computada em pontos, do risco


de investir em um determinado país.

 Essa medição pode oscilar constantemente.

 O risco-país sobe quando investidores têm dúvidas quanto à


capacidade de pagamento de títulos emitidos por um país.

 Quanto maior o risco-país, maior o retorno demandando por


investidores na compra dos títulos do país. Isso significa que o
investidor só irá comprar os títulos de um país se o retorno for alto o
suficiente para compensar a possibilidade da dívida não ser
honrada.

 Por outro lado, quando a confiança dos investidores num país


aumenta - o seu índice de risco-país cai.
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1. O que é o risco país

O "risco país" é um indicador que tenta determinar o grau de instabilidade


econômica de cada país. Desta forma, se tornou decisivo para o futuro
imediato dos países emergentes.

2. O que é exatamente o risco país?

O risco país é um índice denominado Emerging Markets Bond Index


Plus (EMBI+) e mede o grau de "perigo" que um país representa para o
investidor estrangeiro.

Este indicador se concentra nos países emergentes. Na América Latina, os


índices mais significativos são aqueles relativos às três maiores economias
da região: Brasil, México e Argentina.

2. Quem é responsável pelo cálculo do índice?

3. Que variáveis econômicas e financeiras são consideradas


no cálculo do índice?

i) O rendimento dos instrumentos da dívida, principalmente o valor (taxa


de juros) com o qual o país pretende remunerar os aplicadores em
bônus, representativos da dívida pública.

Tecnicamente falando, o risco país é a sobretaxa de se paga em


relação à rentabilidade garantida pelos bônus do Tesouro dos Estados
Unidos, país considerado o mais solvente do mundo, ou seja, o de
menor risco para um aplicador não receber o dinheiro investido
acrescido dos juros prometidos.

5. Como se determina essa sobretaxa?

Entre outros, são avaliados, principalmente, aspetos como o nível do déficit


fiscal, as turbulências políticas, o crescimento da economia e a relação
entre arrecadação e a dívida de um país.

6. Como se expressa o risco país?

Em pontos básicos. Sua conversão é simples: 100 unidades equivalem a


uma sobretaxa de 1%.

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7. Concretamente, o que significa este índice para os investidores?

É um orientador. O risco país indica ao investidor que o preço de se arriscar


a fazer negócios em um determinado país é mais ou menos elevado.

Quanto maior for o risco, menor será a capacidade do país de atrair


investimentos estrangeiros. Para tornar o investimento atraente, o país tem
que elevar as taxas de juros que remuneram os títulos representativos da
dívida.

8. E quais os efeitos para a economia ter o país classificado como "risco


perigoso"?

As principais consequências são um retração do fluxo de investimentos


estrangeiros e um menor crescimento econômico, o que acaba
acarretando um aumento do desemprego e salários menores para a
população.

Liquidação e financiamento de operações de comércio Internacional

 Com operações simples


 Com operações documentarias
 Com créditos documentários
 Aceites bancários, descontos, abonos, Forfaiting e factoring (trade
finance)
 O Counter trade

Documentação de Exportação

1. Fatura pró-forma (proforma invoice) – resumo com os termos de venda,


preço e detalhe sobre a entrega.

2. Fatura comercial (commercial invoice) – fatura detalhada utilizada para


efeitos alfandegários e incoterms que distribuem as responsabilidades entre
comprador e vendedor.

3. Conhecimento de embarque (bill of landing) – recibo deta- lhado


passado pelo transportador dos bens.

4. Fatura consular (consular invoice) – exigido por vezes como meio de


monitorização das importações.

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5. Certificado de origem (certificate of origin) – utilizado para determinar os
direitos aduaneiros.

6. Documento Administrativo Único (DAU) ou Declaração INTRASTAT no


caso das trocas intracomunitárias – para efeito de monitorizar exportações
e estatísticas de comércio externo.

7. Nota de embalagem (export packing list) – para determinar a natureza


da carga

8. Certificado de Seguro (apólice, certificado ou declaração ao abrigo de


uma apólice flutuante).

Intermediários no processo

 Transitários,

 Corretores/Despachantes alfandegários: agente que executa


transações alfandegárias por conta de clientes, mediante pagamento
de uma taxa.

 Papel das Alfândegas: serviço governamental que coleta taxas


alfandegárias e impostos e garante o cumprimento das restrições ao
comércio e dos procedimentos estabelecidos

Operações de Comércio Internacional e Formas de Liquidação

 Liquidação Simples ou Direta: ordem de pagamento sobre o


estrangeiro ou cheque bancário sobre o estrangeiro;

 Liquidação Documentária: remessas simples ou documentárias e


créditos documentários;

Nas liquidações diretas as instituições financeiras são meros veículos de


processamento da liquidação. Nas operações via direta, o importador
pode tomar posse efetiva do bem que adquiriu antes da sua liquidação ou
pagamento.

Uma ordem de pagamento sobre o estrangeiro é, em geral, menos morosa

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do que por cheque bancário.

 No processamento de uma ordem de pagamento, o importador

 ordena ao seu banco um pagamento a favor do beneficiário.

 O banco do importador debita a conta pelo contravalor da ordem na


moeda em que foi ordenada.

 O banco do importador transmite via Swift – meio eletrónico para


pagamentos interbancários – a um banco correspondente do país do
exportador, que por sua vez procede ao pagamento creditando a
conta do beneficiário.

No cheque bancário sobre o estrangeiro, o princípio é o mesmo, isto é,

 O importador solicita ao banco a emissão de um cheque ban- cário


sobre o estrangeiro a favor do exportador. O banco debita a conta
do importador pelo contravalor do cheque solicitado na moeda de
liquidação.

 Após tomar posse do cheque bancário, o importador envia o cheque


ao exportador e este apresenta-o ao seu banco para cobrança.

 Após confirmação de boa cobrança o banco do exportador credita


com carácter definitivo a conta do exportador.
 Z

Operações Documentárias

Estas operações incutem maior nível de segurança nas operações de


comércio internacional porque, excetuando a remessa simples, a posse
efetiva da mercadoria só passa para o importador após o pagamento.

As instituições financeiras intermediárias têm responsabilidade no processo


de liquidação, cumprindo as indicações do exportador na transferência
de documentação e só após pagamento.

Remessas Documentárias

 Tem maior segurança e maior protagonismo das instituições financeiras


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envolvidas. Passa pela cobrança de documentos comerciais (faturas,
documentos de embarque,…).

 O exportador tem garantia de que a mercadoria só vai entrar na posse


efetiva do importador – original do documento de transporte – após ter
efetuado o pagamento ou aceite o saque sobre ele efetuado. A
operação torna-se mais onerosa.

 O documento original de transporte vem com a documentação


financeira e só será entregue após pagamento ou aceitação de
pagamento.

 A remessa propriamente dita nos seus documentos financeiros e


comerciais é enviada do banco do exportador para o banco do
importador.

 As remessas documentárias são alternativas aos créditos


documentários, sendo mais baratas e menos complexas no seu
processamento e operacionalização.
 Remessa Documentária de Importação – o Banco do importador
recebe um conjunto de documentos enviados pelo Banco do
fornecedor estrangeiro com instruções específicas de cobrança.

 Remessa Documentária de Exportação – após o despacho da


mercadoria, o exportador procede à entrega dos documentos no seu
Banco com instruções específicas de cobrança.

Encargos:
 Taxa de juro
 Comissão de abertura + IVA
 Comissão de notificação + IVA
 Comissão de liquidação
 Despesas de comunicação + IVA

D = VF x (n + d)/(365) x 100 x i
D = Desconto (calculado)
VF = Valor facial (montante total deduzido do desconto)
i = taxa de desconto (incógnita) ou
VF = VF x n/N x i = VE; VE = Valor de Exportação

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Créditos Documentários

 É considerada a solução mais segura para operações de comércio


internacional. Aqui o próprio banco responsabiliza-se pelo pagamento
da exportação, substituindo-se ao importador.

 O banco emitente/importador garante ao beneficiário/exportador,


através de um banco desse país, o pagamento do montante de uma
dada transação comercial.

 Deste modo, a instituição financeira emitente e confirmadora do


crédito documentário corre riscos.

A emissão de um Crédito Documentário exige um conjunto de requisitos:

 nome,
 quantia,
 documentação (fatura pró-forma, fatura comercial),
 datas-limite,
 contrato de seguro,
 contrato de transporte,
 certificado de qualidade…

Os intervenientes nos Créditos Documentários são:

 ordenador (importador/empresa que solicita a abertura do crédito


documentário),

 banco emitente (banco que emite o crédito, por instruções do


ordenador ou por sua própria conta),

 banco notificador (banco correspondente que notifica o crédito a


pedido do banco emitente),

 beneficiário, banco confirmador (banco do país do beneficiário que


junta a sua confirmação – compromisso definitivo - a um crédito sob
autorização do banco emitente),

 banco negociador (exportador).

Formas de Emissão dos Créditos Documentários:


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 Revogabilidade: revogáveis (banco emitente pode alterar ou cancelar
o crédito em qualquer momento) e irrevogáveis (só pode ser alterado
com acordo do emitente e do beneficiário)

 Confirmação: quando entra o banco confirmador que confere o


cumprimento rigoroso dos termos e condições do crédito e que se
substitui, numa primeira fase, ao próprio banco emitente. Com isso
desaparece o risco-país.

Credito documentário:

 Utilização: crédito à vista (pagável a pronto ou suportados por letras


aceites) e créditos a prazo (feito em data posterior à data de
apresentação dos documentos) e os créditos mistos (um pagamento à
vista e um ou mais a prazo).

 Divisibilidade/Fracionalidade: possibilidade de utilizações e/ou


expedições parciais até ao valor máximo do crédito.

 Renovabilidade: é aberto por uma importância e utilizável até esse


valor e renova automaticamente a cada fornecimento. A
renovabilidade pode referir-se a prazos ou ao valor.

 Transferibilidade: o crédito pode ou não ser transferível, uma só vez,


embora para mais do que um beneficiário e envolve alteração de
alguns termos originais.

Crédito documentário:

Os encargos que incidem sobre uma carta de crédito e incluem:


 comissão de abertura (% sobre o montante), comissão de
processamento,

 despesas várias (correio, telecomunicações,…),

 comissão sobre alterações,

 comissão de manutenção, etc., podendo onerar significativamente a


operação.

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Exercício desconto remessa de exportação -

Financiamentos Externos

A fase de liquidação das operações de Comércio Internacional termina a


operação comercial afetando a tesouraria da empresa:

 recebe
 ndo os fundos da exportação ou pagando a importação.

Os financiamentos externos são uma fonte comum de obtenção de


fundos, habitual nesta fase.

O aspeto mais importante a ter em conta neste tipo de financiamento é o


Risco Cambial.

Financiamento externo

 é uma operação financeira/empréstimo bancário contraído por uma


entidade residente junto de uma entidade não residente (banco
estrangeiro ou filial de um banco nacional no estrangeiro).

 Na sua essência, é um simples financiamento por um determinado


prazo, diferindo de outros financiamentos por estar ligado a uma
operação de importação ou exportação, podendo, no entanto, ser
obtido com a finalidade de fazer face a necessidades de
tesouraria/fundo de maneio, direta ou indiretamente afetada pela
operação de importação ou exportação.

Podem ser contraídos em euros (não aporta risco cambial) ou em moeda


estrangeira, tendo como base as taxas de juro internacionais para os
prazos adequados ao prazo do financiamento.

A moeda estrangeira pode ser selecionada como moeda do


financiamento basicamente por dois motivos:

 ser o financiamento na mesma moeda da operação de


importação/exportação ou
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 ter essa moeda estrangeira em particular uma taxa de juro
suficientemente inferior à do próprio país que justifique correr o risco
cambial

Intervenientes do financiamento externo:

 mutuário (residente que procura o financiamento),

 mutuante (instituição financeira residente no estrangeiro que


disponibiliza os fundos).

 Subsidiariamente, surge a entidade financeira residente – que é


normalmente o banco do mutuário (colocando-se numa primeira fase
como mutuária perante a instituição financeira não residente).

Descrição – Financiamento externo:

Para o exportador
 Permite antecipar as receitas de exportação;
 Permite fazer face a necessidades de tesouraria/fundo de maneio.

Para o importador
 Permite financiar e postecipar o momento de liquidação de
importações;
 Permite fazer face a necessidades de tesouraria/fundo de maneio.

Tipos de financiamentos externo:

 Financiamento a prazo fixo: O Mutuário contrata a operação


tomando conhecimento das suas condições: vencimento, taxa de
juro a pagar e capital em dívida.

 Financiamentos em conta corrente: O Mutuante concede ao Mutuário


um limite de crédito que este pode utilizar consoante as suas
necessidades.

Financiamento Externo

 Os juros são contados dia a dia e debitados na periodicidade definida


(mensal, trimestral ou outra) sobre o capital em dívida.

 As amortizações podem ocorrer a qualquer momento, total ou


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parcialmente.

Crédito Externo: é uma operação sem aparente ligação direta a


operações de Comércio Externo. Contudo, é financiamento externo, pois o
mutuante é uma entidade não residente. Tem maior risco cambial (se não
houver cobertura).

Papel dos Bancos Residentes nos Financiamentos Externos

 Garante do Risco da Operação;

 Assume função de mutuário, numa 1ª fase;

 Só é dispensado no caso de financiamento externo direto e optar por


moeda estrangeira.

Custo de Operação de Financiamento Externo:

 Custo total = Taxa Juro Nominal anualizada + custo anualizado


comissões e despesas + custo cambial + custo oportunidade fiscal.

 Taxa juro – pode ser COF (cost of funds), a mais utilizada e superior % ou
1/8% à Euribor ou Libor também utilizadas.

 Custo Comissões e Despesas – flat fee, commitment fee, management


fee, comissão de garantia, etc.

 Custo Cambial – a flutuação desfavorável pode tornar a operação


muito cara. Daí a possibilidade de cobertura do risco cambial.

 Custo de oportunidade fiscal – possibilidade de não pagar alguns


impostos, como, por exemplo, o imposto de selo.

Exemplos e exercícios Financiamento

Capitulo seguinte:

 Aceites bancários,
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 Descontos,
 Abonos,
 Forfaiting e f
 Factoring (trade finance)

Forfaiting

 É uma forma de financiamento à exportação – que tem crescido,


acompanhando a evolução do Comércio Internacional.

 Do francês “a forfait”, é uma operação financeira – que consiste na


compra, sem recurso ao exportador, de títulos representativos de uma
obrigação de pagamento a prazo (letras ou promissory notes),
subjacente a uma dada transação comercial.

Forfaiting

 Portanto, tem como objetivo a antecipação de receitas de


exportação. Também pode designar operação de prestação de
garantia de bom pagamento dos títulos dessa dívida.

 O vendedor/exportador recebe cash e fica liberto de


responsabilidades sobre a operação comercial subjacente e o
comprador adquire direito de recurso sobre o devedor e/ou avalista.

O desconto “à forfait” apresenta várias vantagens:

 Ausência de direito de regresso (sem recurso) sobre o exportador. As


letras ou promissory notes, representativas da obrigação de
pagamento a prazo, são assumidas pelo Banco, ficando este com
poderes de execução da dívida sobre o sacado/importador.

 Minimiza o risco do exportador (comercial, cambial e político.

 Possibilita-lhe (o exportador) liquidez imediata.

 É um instrumento de trade finance simples e flexível, sendo a


documentação necessária mínima.

Custo do Forfaiting para o Exportador:

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 Taxa de juro para a moeda subjacente,
 spread,
 comissão de imobilização,
 flat, “days of grace”, que são a dias acrescer ao prazo de vencimento
(entre 5 e 20 dias).

Se a operação apenas consubstanciar uma garantia de bom pagamento,


haverá apenas comissão de garantia.

Forfaiting

 Vantagem para o Exportador – reforço do Cash Flow, eliminação de


operações da sua carteira de crédito, possibilidade de conceder
prazos mais alargados aos importadores…

 As desvantagens estão principalmente associadas à dificuldade em


encontrar bancos forfaiters que assumam o risco do importador. Os
bancos tentam minimizar os riscos mantendo o sigilo sobre a operação
junto do importador, isto é, não revelam à entidade obrigada ao
pagamento, em regra aceitante de letras, que adquiriu os direitos.

Aceite bancário: Contrato no qual um banco concorda em efetuar o


pagamento de uma determinada quantia em uma determinada data
futura.

Factoring: Atividade em que empresas especializadas compram títulos


(duplicatas, promissórias e até cheques pré-datados) com desconto.
Pagam esses títulos a vista, o que gera, nas empresas que detinham
esses documentos, dinheiro em caixa.

Factoring - Venda e compra à vista entre pessoas jurídicas por preço


pactuado entre as partes dos direitos gerados por vendas mercantis
representadas por títulos de crédito mercantil, onde a empresa
compradora dos direitos denomina-se, em geral, sociedade de
fomento mercantil.

 Atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria


de crédito, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos,
administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos
creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de

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serviços.

O Countertrade

Forma de comércio internacional cujo pagamento por parte do


importador não é efetuado, na sua totalidade ou em parte, por
contrapartida monetária.

É um tipo particular do sistema barter (em que se trocam bens por outros
bens).

Representa entre 25% e 40% do comércio mundial.

 O comércio recíproco ou countertrade oferece forma de realizar uma


transação quando a empresa ou governo não possui os fundos sufi-
cientes para pagar as importações ou não possui moeda convertível
em quantidade suficiente para pagar as importações.

Vantagens:
 eliminação ou redução do risco cambial,

 favorecimento da troca com países com dificuldades cambiais ou


de crédito através do comércio de compensação,
 vantagens fiscais, forma de escoar produtos obsoletos, equilíbrio
entre movimentos comerciais bilaterais por razões económicas ou
políticas,
 desenvolvimento de novas exportações ou mercados de
exportação através da utilização de compras por troca…

Desvantagens: ineficiência nas transações, risco da qualidade dos bens,


embalagem, ... e complexidade da transação.

Contragarantias – uma instituição – fiel depositário – do país importador ou


exportador possui as contas ou contas clearing.

Formas:

Barter puro ou troca direta ou total (transação não monetária),


countertrade ou barter imperfeito, acordos de contrapartidas ou offset
(troca de bens e serviços por moeda, mas mediante o acordo por parte
do exportador de encontrar oportunidades para o importador obter
moeda convertível), contratos de contra-aquisição ou counterpurchase
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(transação em que uma empresa exporta para um país na condição de
uma compra futura de produtos fabricados nesse país), contratos de pré-
compensação com compra antecipada, compensação multilateral.

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