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Politécnica
A POLITÉCNICA

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Escola Superior Aberta
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GUIA DE ESTUDO

GESTÃO FINANCEIRA II
Curso de Gestão de Empresas

(6º Semestre)

Moçambique
Gestão de Empresas _ Gestão Financeira II _ semestre 6

FICHA TÉCNICA
Maputo, Julho de 2014

© Série de Guias de Estudo para o Curso de Gestão de


Empresas (Ensino à Distância).

Todos os direitos reservados à Universidade de


Uberaba/Universidade Politécnica

Título: Guia de Estudo de Gestão Financeira II Edição: 2ª

Organização e Edição
Escola Superior Aberta (ESA)

Adaptação
Antonio Bruno de Morais (Conteúdo)
Antonio Bruno de Morais (Revisão Textual)

Escola Superior Aberta/A Politécnica – Ensino à Distância


Gestão de Empresas _ Gestão Financeira II _ semestre 6

UNIDADES TEMÁTICAS
INSTRUMENTOS DE GESTÃO DE RISCOS FINANCEIROS…………...1
GESTÃO DE CAIXA E DE CREDITO………………………………….21
PLANEAMENTO FINANCEIRO A CURTO PRAZO, MEDIO E LONGO
PRAZO……………………………………………………………………..42

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Gestão de Empresas _ Gestão Financeira II _ semestre 6

APRESENTAÇÃO

Caro(a) estudante

Está nas suas mãos o Guia de Estudo da disciplina de Gestão Financeira


II que integra a grelha curricular do Curso de Gestão de Empresas
oferecido pela Universidade Politécnica na modalidade de Educação a
Distância.

Este guia tem por finalidade orientar os seus estudos individuais neste
semestre do curso. Ao estudar a disciplina de Gestão Financeira II, você
ira desenvolver habilidades relacionadas com a actividade finaceira
dentro de uma organização ou empresa como a elaboração dos relatórios
gerenciais; das demontrações finaceiras; a análise de rácios económicos
e financeiros, que ajudam os gestores a tomar decisões sobre os
investimentos e/ou financiamentos.

Depois de estudarmos a Gestão Financeira I, começa aqui o estudo da


Gestão Financeira II. A Gestão Financeira II é o complemento das várias
abordagens da essência da função que foram arroladas na Gestão
Financeira I, alias, essas abordagens, dá-nos as ferramentas básicas que
nos possibilitará compreender duma forma mais ampla a essência da
gestão financeira.

A equipa de professores que se dedicou à elaboração, adaptação e


organização deste guia sente-se honrada em te-lo como interlocutor(a)
em constantes diálogos motivados por um interesse comum a educação
de pessoas e a melhoria contínua dos negócios, base para o aumento do
emprego e renda no país.

Seja muito bem vindo(a) ao nosso convívio.

A Equipa da ESA

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Gestão de Empresas _ Gestão Financeira II _ semestre 6

UNIDADE TEMÁTICA 1

INSTRUMENTOS DE GESTÃO DE RISCOS FINANCEIROS

Antonio Bruno de Morais

Objectivos

No final desta unidade, você deverá ser capaz de:

Entender o significado e os fundamentos de risco, retorno e aversão ao


risco.

Descrever os procedimentos para se mensurar o risco de um único


activo.

Discutir a medida de risco para um único activo, usando o desvio


padrão e o coeficiente de variação.

Entender as características de risco e retorno de um portfólio em


termos de correlação e diversificação.

Discutir os dois tipos de risco, o cálculo e o papel do beta na medição


do risco relevante tanto para um título individual quanto para um
portfólio.

Explicar o modelo de precificação de activos de capital (CAPM).

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Para maximizar o preço das acções, o Gestor Financeiro deve aprender a


avaliar os dois determinantes - chave do preço das acções: risco e retorno.
Cada decisão financeira apresenta certas características de risco e retorno, e
a combinação única dessas características tem um impacto sobre o preço das
acções. O risco pode ser visto com relação a um activo único ou com relação
a um portfólio - um conjunto ou grupo de activos. Nós vamos olhar para
ambos, começando com o conceito geral de risco em termos de um activo
único. Primeiro, no entanto, é importante entender os fundamentos de risco,
retorno e aversão ao risco.

1.1. Conceitos de risco e retorno

1.1.1 Definição de risco


No sentido mais básico, risco é a chance de perda financeira. Activos com
chances maiores de perda são vistos como mais arriscados do que aqueles
com chances menores de perdas. Colocado formalmente, o termo risco é
usado alteradamente com incerteza ao se referir à variabilidade de retornos
associada a um dado activo. Um título do governo
que garante a seu portador $ 100 de juros após 30
Risco é a chance de
dias não tem risco, pois não há variabilidade
perda financeira.
associada ao retorno. Um investimento equivalente
de $ 100 nas acções ordinárias de uma empresa, que através do mesmo
período de tempo podem render algo entre $ 0 e $ 200, é muito arriscado
devido à alta variabilidade de seu resultado. Quanto mais certo for o retorno
de um activo, menor será a variabilidade do mesmo e, por conseguinte, menor
será o risco.

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Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

1.1.2 Definição de retorno


Obviamente, se nós vamos avaliar o risco Retorno é o total de
baseado na variabilidade de seu retorno, nós ganhos ou perdas ocorrido
precisamos estar certos de que sabemos o através de um dado
que é retorno e como mensurá-lo. Retorno é período de tempo.
o total de ganhos ou perdas ocorrido através
de um dado período de tempo. Ele é comummente mensurado como a
variação no valor mais quaisquer distribuições de caixa durante o período,
expresso como uma percentagem do valor de investimento de início do
período. A expressão para calcular a taxa de retorno ganha sobre qualquer
activo através de um período t, kt, é comummente definida como:

Pt Pt -1 Ct
kt
Pt -1

Onde:

k, = taxa de retorno durante o período t real, esperada ou exigida


Pt = preço (valor) do activo no tempo t
Pt -1 = preço (valor) do activo no tempo t- 1
Ct - caixa (fluxo) recebido do investimento do activo no período de tempo t - 1 a t

Aversão ao risco

Administradores financeiros geralmente procuram evitar o risco. A maioria dos


administradores tem aversão ao risco - para um certo aumento no risco, em
contrapartida, eles exigem um aumento no retorno. Acredita-se que essa
atitude seja consistente com a dos proprietários para os quais a empresa está
sendo gerenciada.

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1.2 O risco de um activo único

O risco de um activo único é mensurado da mesma forma que o risco de um


portfólio de activos, apesar de certos benefícios ser acumulado por
portadores de portfólios. Tanto para activos únicos quanto para portfólios, nós
podemos avaliar o risco olhando para o comportamento esperado de retorno e
mensurar o risco usando a estatística.

O risco pode ser avaliado usando análise de sensibilidade e distribuições de


probabilidade para olhar para o comportamento dos retornos. Essas
abordagens fornecem um sentimento para o nível de risco embutido em um
dado activo.

Análise de sensibilidade

A análise de sensibilidade usa um número de estimativas de retornos


possíveis para obter uma percepção da variabilidade entre os resultados. Um
método comum envolve a estimativa de pessimista (pior), o mais provável
(esperados) e o optimista (melhor) associado a dado activo. Nesse caso, o
risco dos activos pode ser mensurado pelo intervalo, que é achado ao se
subtrair o resultado pessimista do resultado optimista. Quanto maior for o
intervalo para um dado activo, maior a variabilidade, ou risco, diz-se que ele
tem.

Distribuições de probabilidade

A distribuição de probabilidade é um modelo que relaciona probabilidades com


os resultados associados. O tipo mais simples de distribuição de probabilidade
é o diagrama de barras, que mostra apenas um número limitado de
coordenadas de probabilidade de resultados. Os diagramas de barras para os

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Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

activos A e B da Bucuana Company são mostrados na Figura 1. Apesar de os


activos terem o mesmo e mais provável retorno, o intervalo do retorno é muto
mais disperso para o activo B do que para o activo A - 16% versus 4%.

Se nós soubéssemos todos os resultados possíveis e as probabilidades


associadas, poderíamos desenvolver uma distribuição contínua de
probabilidades. Esse tipo de distribuição pode ser pensado como um
diagrama de barras para um grande número de retorno.

Tabela 1: Activos da Bucuana Company


Activo A Activo B

Investimento inicial 10.000 10.000


Taxa anual de retorno
Pessimista 13% 7%
Mais provável 15% 15%
Optimista 17% 23%
Intervalo 4% 16%

Figura 1a: Diagrama de barra do activo A

Activo A
Probabilidade de ocorrência

0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1

0 5 9 13 17 25
Retorno

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Figura 1b: Diagrama de barra do activo B

Activo B
Probabilidade de ocorrência

0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1

0 5 9 13 17 21 25
Retorno

Medidas de risco

Adicionalmente ao seu intervalo, o risco de um activo pode ser mensurado


quantitativamente usando a estatística. Aqui nós consideramos duas estatísticas
- o desvio padrão e o coeficiente de variação - que podem ser usados para
mensurar o risco (isto é, a variabilidade) dos retornos dos activos.

Desvio padrão

O indicador estatístico mais comum do risco de um activo é o desvio padrão,


k, que mensura a dispersão em torno do valor esperado. O valor esperado
de um retorno, , é o retorno de um activo. Esse valor pode ser calculado
usando a equação
seguinte:

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Onde:
retorno associado ao i- ésimo resultado i
= probabilidade de ocorrência do i – ésimo de resultado i
= número de resultados considerados

Ou através da equação abaixo, quando todos os retornos ki são conhecidos e as


suas probabilidades são presumidas que sejam iguais.

Onde:

kt - retorno associado ao i-ésimo resultado i


Pri = probabilidade de ocorrência do í-ésimo de resultado i
n = número de resultado considerados.

Exemplo:
Os valores esperados para os activos A e B da Bucuana Company são apresentados
na Tabela 2. A Coluna 1 mostra as probabilidades e a Coluna 2 mostra os retornos.
Em cada caso, n é igual a 3. O valor esperado para o retorno de cada activo é de
15%.

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Tabela 2: Valores esperados de retornos para os activos A e B


Retornos Valor
possíveis Probabilidade Retornos Ponderado

Activo A
Pessimista 0,25 13% 3,25%
Mais provável 0,50 15 7,5
Optimista 0,25 17 4,25
Total 1,00 Retorno esperado 15

Activo B
Pessimista 0,25 7% 1,75%
Mais provável 0,50 15 7,5
Optimista 0,25 23 5,75
Total 1,00 Retorno esperado 15

O desvio padrão dos retornos esperados é calculado a partir da seguinte


equação:

Ou pela fórmula:

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A segunda fórmula é usada para se achar o desvio padrão de resultados


em uma situação em que todos os retornos são conhecidos e presume-se
que todas as probabilidades relacionadas sejam iguais.

Usando a primeira equação e baseando nos dados apresentados


anteriormente, os desvios padrão para os activos A e B da Bucuana
Company são 1,41% e 5,66% respectivamente. O risco maior para o activo
B é claramente reflectido em seu desvio padrão maior.

Coeficiente de variação

O coeficiente de variação, CV, é uma


Coeficiente de variação, CV, é
medida de dispersão relativa que é útil
uma medida de dispersão relativa
ao se comparar o risco de activos com
que é útil ao se comparar o risco
retornos distintos esperados. A
de activos com retornos distintos
Equação em baixo dá a expressão
esperados.
para o coeficiente da variação:

Quanto maior for o coeficiente de variação, maior será o risco.

Para a Bucuana Company, os coeficientes de variação para A e B são 0,094


(1,41% / 15%) e 0,377 (5,66%/15%), respectivamente. O activo B tem o
coeficiente de variação mais alto e é por conseguinte mais arriscado do que o
activo A - que nós já conhecíamos do desvio padrão. Tendo em vista que
ambos os activos têm o mesmo retorno esperado, o coeficiente de variação
não forneceu nenhuma nova informação.

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A real utilidade do coeficiente de variação aparece ao se comparar o risco


de activos que tem retornos esperados diferentes. Um simples exemplo vai
ilustrar este ponto.

Exemplo:
Uma empresa gostaria de seleccionar a alternativa menos arriscada de dois
activos - X e Y. As variáveis estatística revelam que:

Activo Y Activo Y
(1) Retorno 12% 20%
(2) Desvio Padrão 9% 10%
(3) Coeficiente de Variação (2):(1) 0.75% 0,5%

No entanto, a administração estaria cometendo um sério erro ao escolher o activo X


no lugar do activo Y, pois a relativa dispersão - o risco - dos activos como
reflectida no coeficiente de variação é mais baixa para Y do que para X (0,50
versus 0,75).

Risco de um portfólio

O risco de qualquer investimento proposto em um único activo não deve ser


visto independentemente de outros activos. Novos investimentos devem ser
considerados sob a luz de seu impacto sobre o risco e retorno do portfólio de
activos. A meta do administrador financeiro é criar um portfólio eficiente, que
maximize o retorno para um dado nível de risco ou minimize o risco para um
dado nível de retorno. O conceito estatístico de correlação está subjacente ao
processo de diversificação que é usado para desenvolver um portfólio
eficiente.

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Correlação

Correlação é uma medida estatística da relação, se existir, entre as séries de


números representando dados de qualquer tipo, de retornos a escores de
testes. Se duas séries se movem na mesma direcção, elas são
correlacionadas positivamente. Se as séries se movem em direcções
opostas, elas são correlacionadas negativamente.

O grau de correlação é mensurado pelo coeficiente de correlação, que tem


um intervalo de +1 para séries com correlação positiva perfeita a - 1 para
séries com correlação negativa perfeita.

Diversificação

O conceito de correlação é essencial para se desenvolver um portfólio


eficiente. Para reduzir o risco global, é melhor combinar ou adicionar ao
portfólio activos que tenham uma correlação negativa (ou pouco positiva). A
combinação de activos correlacionados negativamente pode reduzir a
varabilidade global dos retornos. O exemplo numérico seguinte vai fornecer
um melhor entendimento do papel da correlação no processo de
diversificação.

Exemplo:
A Tabela 3 apresenta os retornos previstos para três activos diferentes - X, Y e Z
-, pelos próximos 5 anos, juntamente com seus valores esperados e desvios padrão.
Cada um dos activos tem um valor esperado de retorno de 12% e um desvio padrão
de 3,16%. Os activos, por conseguinte, têm resultado e risco iguais, apesar de seus
padrões de retorno não serem necessariamente idênticos. Os padrões de retornos
dos activos X e Y possuem correlação negativa perfeita, movendo-se em direcções
exactamente opostas, através do tempo. Os activos X e Z apresentam correlação

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positiva perfeita, movendo-se precisamente na mesma direcção. {Atenção: os


retornos para X e Z são idênticos).

Portfólio XY- O portfólio XY (mostrado na Tabela 3) é criado ao se combinar


porções iguais de activos X e Y - os activos com correlação negativa perfeita. O
risco nesse portfólio, como reflectido pelo seu desvio padrão, é reduzido a 0% e o
valor do retorno esperado permanece em 12%. Tendo em vista que ambos os activos
têm os mesmos valores esperados de retorno, são combinados em partes iguais e
possuem correlação negativa perfeita, a combinação resulta na completa eliminação do
risco. Sempre que activos forem correlacionados perfeita e negativamente, há uma
combinação optimizada (similar à combinação 50 - 50 no caso dos activos X e Y) para a
qual o desvio padrão resultante será igual a 0.

Portfólio XZ - O portfólio XZ (mostrado na Tabela 4) é criado ao se combinar


porções iguais dos activos X e Z - os activos com correlação positiva perfeita. O
risco nesse portfólio, como reflectido pelo seu desvio padrão, não é afectado por
esta combinação: o risco permanece a 3,16% e o valor do retorno esperado
permanece a 12%. Sempre que activos possuem correlação positiva perfeita como X
e Z são combinados, o desvio padrão do portfólio resultante não pode ser reduzido
abaixo do activo de menor risco; o desvio padrão máximo do portfólio será o do
activo mais arriscado. Tendo em vista que os activos X e Z têm o mesmo desvio
padrão (3,16%), os desvios padrão mínimo e máximo são os mesmos (3,16%). O
único valor que pode ser conseguido por uma combinação desses activos. Esse
resultado pode ser atribuído à situação difícil de ocorrer, de que X e Z sejam activos
idênticos.

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Tabela 3a: Retornos previstos e desvios padrão dos activos X, Y e Z (em %)


Activos Portfólios
Ano X Y Z XY XZ
(50%X + 50%Y) (50%X + 50%Z)

2001 8 16 8 12 8

2002 10 14 10 12 10
2003 12 12 12 12 12
2004 14 10 14 12 14
2005 16 8 16 12 16
Estatísticas
Valor 12 12 12 12 12
esperado
Desvio 3,16 3,16 3,16 0 3,16
Padrão

Portfólio XY, ilustra a correlação negativa perfeita e o Portfólio XZ uma correlação


positiva perfeita. Nesse caso o Portfólio XY é o menos arriscado ( .

Os valores de retornos e do desvio padrão Portfólio XY são calculados como


mostrado a seguir:

Tabela 3b: Cálculo de retornos previstos dos activos X, Y e Z (em %)


Ano Retorno previsto Cálculo de retorno do Retorno esperado
Activo X Activo Y portfólio do portfólio, kp
2001 8 16 (0,5x8)+(0,5x16) 12
2002 10 14 (0,5x10)+(0,5x14) 12
2003 12 12 (0,5x12)+(0,5x12) 12
2004 14 10 (0,5x14)+(0,5x10) 12
2005 16 8 (0,5x16)+(0,5x8) 12

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1.4 Risco e retorno: O Modelo de Precificação de Activos de Capital (CAPM)

Modelo de precificação de activos


O aspecto mais importante do risco é o
de capital (CAPM) é um modelo
risco global da empresa como visto pelos
teórico básica que une risco e
investidores no mercado. O risco global
retorno para todos os activos.
afecta de forma significativa as
oportunidades de investimento - e, mais importante ainda, a riqueza dos
proprietários. A teoria básica que une risco e retorno para todos os activos é o
modelo de precificação de activos de capital (CAPM). Aqui, nós vamos usar
CAPM para entender as opções básicas entre risco e retorno envolvidas em
todos tipos de decisões financeiras.

Tipos de risco

O risco total de um título pode ser visto como consistindo de duas partes:

Risco total de um título = risco não-diversifícável + risco diversiíicável

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Risco diversificável, algumas vezes chamado de risco não-sistemático,


representa a porção de risco de um activo que é associada a causas que
não dizem respeito ao mesmo, que podem ser eliminadas através da
diversificação. Elas são atribuíveis a eventos específicos da empresa, como
greves, processos, acções regulamentadoras e perda de uma conta-chave. O
risco não-diversifícável, também chamado de risco sistemático, é atribuível a
factores de mercado que afectam a todas as empresas e não pode ser
eliminado através da diversificação. Factores como guerra, inflação, incidentes
internacionais e eventos políticos são considerados riscos não-
diversificáveis.

Tendo em vista que qualquer investidor pode criar um portfólio de activos que
vai eliminar virtualmente todo risco diversificável, o único risco relevante é o
risco não-diversificável. Qualquer investidor ou empresa, por conseguinte,
deve estar preocupado somente com o risco não-diversificável de um activo.
A medida do risco não-diversificável é, portanto, de primordial importância na
selecção de activos com as características de risco-resultado mais
desejadas.

O modelo: CAPM

O modelo de precificação de activos de capital (CAPM) une o risco não-


diversificável e o retorno para todos os activos. Nós vamos discutir o
modelo em quatro secções. A primeira define, deriva e descreve o
coeficiente beta, que é uma medida de risco não-diversificável. A segunda
secção apresenta uma equação do modelo em si e a terceira descreve
graficamente a relação entre risco e retorno. A secção final oferece alguns
comentários gerais a respeito do CAPM.

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Onde:

= retorno exigido sobre o activo j


taxa de retorno livre de risco
retorno de mercado; retorno sobre a carteira de activos de mercado
= Coeficiente beta ou índice de risco não-diversificável para o activo j

Coeficiente Beta

O coeficiente beta, b, mensura o risco não-diversificável. Ele é um índice do


grau de movimento do retorno de um Coeficiente beta, b, mensura o
activo em resposta a uma mudança no risco não-diversificável. Ele é um
retorno do mercado. O coeficiente beta índice do grau de movimento do
para um activo pode ser achado ao se retorno de um activo em resposta
examinar os retornos históricos do a uma mudança no retorno do
activo relativamente aos retornos do mercado.
mercado. O retorno do mercado é o
retorno sobre o portfolio do mercado de
todos os títulos negociados.

Quando o beta (grau de inclinação da linha característica) de um activo for


maior indica que seu retorno é mais sensível às mudanças de retorno do
mercado. Por conseguinte, o activo em análise é mais arriscado.

Betas do Portfólio podem ser facilmente estimada a partir da seguinte


equação:

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Sendo:
representa a proporção do valor total do portfólio representado pelo, activo
je igual ao beta do activo j.

Usando o coeficiente beta, b, para mensurar o risco não-diversificável, o


modelo de precificação de activos de capita (CAPM) é dado na Equação:

Onde:

= retorno exigido sobre o activo.


RF = taxa de retorno livre de risco, comummente mensurada pelo retorno
sobre uma letra do Tesouro norte-americano
= coeficiente de beta ou índice de risco não-diversificável para o activo
km - retorno do mercado; retorno sobre o portfólio de activos do mercado.

O retorno exigido sobre um activo, é uma função cada vez maior do beta,
que mensura o risco não-diversificável. Em outras palavras, quanto maior
o risco, maior o retorno exigido e quanto menor o risco, menor o retorno
exigido.

O modelo pode ser dividido em duas partes: (1) a taxa livre de risco e (2) o
prémio de risco. Esses são, respectivamente, os dois elementos em qualquer
um dos lados do sinal de adição na Equação. A porção (km-Rf) do prémio de
risco é chamada prémio pelo risco do mercado, pois ela representa o prémio

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que o investidor tem de receber por suportar o montante médio de risco


associado à manutenção do portfólio de activos.

O modelo de precificação de activos capital se baseia em dados históricos.


Portanto, os retornos exigidos especificados pelo modelo podem ser vistos
somente como aproximações e não como valores finais. O CAPM foi
desenvolvido para explicar o comportamento dos preços de títulos e fornecer
um mecanismo através do qual investidores pudessem avaliar o impacto de
um investimento em títulos proposto sobre o risco e retorno global de seu
portfólio.

Leituras Obrigatórias

ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph A., JAFFE Jefrey F. Administração


Financeira,Corporate Finance, 2ª ed. São Paulo, Atlas, 2002.
Desta obra, leia os seguintes capítulos:
Capítulo 1: Introdução às Finanças de Empresas
Capítulo 2: Demonstrações Financeiras e Fluxo de Caixa

GITMAN, Lawrence Jeffrey. Princípios de Administração Financeira, Essencial,


2ª ed. São Paulo, Bookman Editora, 2001.
Capítulo 1: Visão Geral da Administração Financeira;
Capítulo 4: Demonstrações Financeiras, Depreciação Impostos e Fluxo de Caixa;
Itens: Analisando o Fluxo de Caixa da empresa; Classificando as origens e
aplicações de Caixa; Desenvolvendo a Demonstração dos Fluxos de Caixa e
Interpretando a demonstração.
A leitura dos capítulos indicados é importante para que você compreenda melhor o
assunto aqui tratado e para a realização das actividades propostas, além de dar
uma sustentação para o restante dos conteúdos a serem tratados nas próximas
unidades.

Leitura Complementar
BREALEY, Myers e Allen. Princípios de Finanças Empresariais, 5ª edição. McGraw-
Hill. 1999.

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GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 2ª edição. Porto


Alegre: Bookman. 2006.
MENEZES, H. Caldeira. Princípios de Gestão Financeira. Editorial Presença. 2001.
NABAIS, Carlos e NABAIS, Francisco. Prática Financeira I - Análise Económica e
Financeira. 2ª edição. Lisboa: Lidel – Edições Técnicas, Lda. 2005.
PEDOVEZE, Cloves Luis e DE BENEDICTO, Gideon Carvalho. Análise das
Demonstrações financeiras. São Paulo: Pioneira Thomson Learning. 2004.

Actividades

A seguir, desenvolva as actividades propostas para aprimorar o seu conhecimento,


que muito contribuirão para o seu desenvolvimento. Para tal, não deixe de estudar
os capítulos enumerados nas obras citadas.

Actividade 1

1. Defina risco enquanto ele se relaciona com a tomada de decisões


financeiras. Há algum activo que tenha resultados perfeitamente previsíveis?

2. Defina retorno. Descreva o cálculo básico envolvido em se achar o retorno


de um investimento.

3. Descreva a atitude com relação ao risco de um administrador financeiro


avesso ao risco. Há muitos administradores que exibem esse
comportamento?

4. O que indica o desvio padrão dos resultados de um activo? Que relação


existe entre o tamanho do desvio padrão e o grau do risco do activo?

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Actividade 2

1. O que é um portfólio eficiente?

2. O que é beta e que risco ele mensura? Como são derivados os betas de
activos? Como você pode achar o beta de um portfólio?

3. Está sendo considerado actualmente um Projecto com um beta, b, de


1,50. Neste momento, a taxa de retorno livre de risco, RF, é de 7% e o retorno
sobre o portfólio de activos do mercado, km, é 10%. Na realidade, é esperado
que o Projecto obtenha uma taxa anual de retorno de 11%.

a) Se o retorno sobre o portfólio do mercado fosse aumentar em 10%, o


que você esperaria que acontecesse com o retorno exigido do
Projecto? E se o retorno do mercado diminuísse em 10%?
b) Use o modelo de precificação de activos de capital (CAPM) para
encontrar o retorno exigido sobre esse investimento.
c) Com base em seu cálculo em B, você recomendaria esse
investimento? Justifique.
d ) Presuma que se o retorno dos investidores se tornasse menos
avesso ao risco, o retorno do mercado cairia de 10% para 9%. Que
impacto essa mudança teria em suas respostas e m B e C ?

Referências

GITMAN, Lawewnce Jeffrey. Princípios de Administração Financeira, 2ª ed. São


Paulo,Bookman Editora, 2001.

HOJI, Masakazu. Administração financeira, 5ª ed, São Paulo, Atlas, 2004.

ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph A. JAFFE Jefrey T., Administração


Financeira, 2ª ed, São Paulo, Atlas, 2002.

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20
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

UNIDADE TEMÁTICA 2

GESTAO DE CAIXA E DE CREDITO

Antonio Bruno de Morais

Objectivos

No final desta unidade, você deverá ser capaz de:

Compreender a importância da análise financeira para a gestão estratégica e


o público externo.
Descrever os principais métodos e técnicas de análise financeira.
Fazer uma análise do equilíbrio financeiro da empresa na perspectiva
tradicional e funcional.
Descrever os rácios de actividade operacional mais comuns e através
desses analisar o ciclo da actividade de exploração e o ciclo de caixa.
Discutir os aspectos ligados à rendibilidade das empresas e mensurar os
riscos associados.
Analisar os principais documentos relacionados com os fluxos financeiros
das empresas.

1. GESTÃO DE CAIXA

Neste capítulo vamos tratar da gestão de caixa pelas empresas. O objectivo


básico, na gestão de caixa, é a manutenção de um investimento tão pequeno
quanto possível, ao mesmo tempo em que as actividades da empresa
continuam a desenvolver-se de maneira eficiente e eficaz. Este capítulo discute
a gestão de caixa em três etapas:

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21
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

1. Determinação do saldo desejado ideal de caixa;

2. Procedimentos eficientes de recebimento e pagamento;

3. Aplicação de excedentes de caixa em títulos negociáveis.

A determinação do saldo desejado ideal de caixa envolve uma avaliação dos


benefícios e custos de liquidez. O benefício da posse de caixa é a conveniência,
em termos de liquidez, que dá à empresa. O custo da posse de caixa é
representado pelo rendimento, sob a forma de juros, que a empresa poderia
ter recebido ao aplicar em letras do tesouro e outros títulos negociáveis. Se a
empresa tiver atingido seu saldo óptimo de caixa, o valor que estará extraindo
da liquidez proporcionada por esse saldo será exactamente igual ao valor dos
juros sacrificados de uma aplicação equivalente em letras do tesouro. Em
outras palavras, uma empresa deve aumentar seu saldo de caixa até que o
valor presente líquido desse procedimento seja igual a zero. O valor da liquidez
incremental deve ser inversamente proporcional ao nível do saldo de caixa.

Após a determinação do nível óptimo de liquidez, a empresa deve estabelecer


os procedimentos necessários para receber e fazer pagamentos da maneira
mais eficiente possível. Isso geralmente se reduz ao ditame: "cobre depressa e
pague lentamente".

As empresas devem aplicar os fundos temporariamente excedentes em títulos


negociáveis a curto prazo. Esses títulos podem ser comprados e vendidos no
mercado monetário. Os instrumentos de mercado monetário apresentam risco
muito baixo de inadimplência e são altamente negociáveis.

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22
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

1.1 Motivos para a posse de caixa

O termo caixa é um conceito surpreendentemente impreciso. Sua definição


económica inclui papel-moeda, depósitos em conta corrente de bancos
comerciais, e cheques não depositados. Entretanto, os administradores
financeiros geralmente incluem aplicações em títulos negociáveis a curto
prazo, quando usam o termo caixa. Os títulos negociáveis a curto prazo são
considerados como "equivalentes a caixa", e incluem letras do tesouro,
certificados de depósito e acordos de recompra. A gestão de caixa preocupa-se
com a maneira de minimizar saldos de caixa por meio de procedimentos
eficazes de recebimento e pagamento.

Há dois motivos fundamentais para a posse de caixa. Em primeiro lugar, há


necessidade de caixa para atender ao motivo transacção. As necessidades
relacionadas a transacções decorrem das actividades normais de
desembolso e recebimento da empresa. Os desembolsos incluem o pagamento
de salários e honorários, débitos mercantis, impostos e dividendos. Recebe-se
caixa com as vendas efectuadas nas operações, em vendas de activos, e
entrada de novos financiamentos. As entradas de caixa (recebimentos) e as
saídas (pagamentos) não são perfeitamente sincronizadas, e é necessário
certo nível de saldo de caixa para compensar as diferenças entre elas. Se a
empresa mantiver um saldo de caixa demasiadamente pequeno, poderá ficar
sem liquidez. Nesse caso, será forçada a vender títulos negociáveis ou tomar
dinheiro emprestado. A venda de títulos negociáveis e a obtenção de dinheiro
emprestado envolvem custos de negociação.

Outro motivo para a manutenção de saldos de caixa é a necessidade de


possuir saldos médios. É exigido que se mantenham saldos em bancos
comerciais para remunerar os serviços bancários prestados à empresa. Um saldo
médio mínimo exigido em bancos que proporcionam serviços de crédito à

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23
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

empresa acaba impondo um limite inferior ao nível de caixa mantido pela


empresa.

O custo de manutenção de caixa, evidentemente, é o custo de oportunidade


representado pelos juros sacrificados. Para determinar seu saldo óptimo de
caixa, a empresa deve levar em conta os benefícios e os custos da posse de
caixa. Em geral, uma ideia apropriada é determinar primeiro quanto deve ser
mantido para atender a necessidades de transacção. Em seguida, a empresa
deve considerar os saldos médios exigidos, que imporão um limite inferior a
seus investimentos em caixa. Como os saldos médios apenas proporcionam
um limite inferior, nós os ignoraremos na discussão subsequente a respeito do
saldo óptimo de caixa.

1.2 Determinação do saldo óptimo de caixa

O saldo óptimo de caixa envolve um equilíbrio entre custos de oportunidade


associados à manutenção de saldos excessivamente elevados de caixa e os
custos de negociação decorrentes da manutenção de saldos
demasiadamente baixos. A Figura 1 apresenta o problema graficamente. Se
uma empresa tentar manter saldos de caixa em níveis demasiadamente
baixos, descobrirá estar vendendo títulos negociáveis (e depois comprando
títulos para substituir os que teria vendido), mais frequentemente do que se o
saldo de caixa fosse mais elevado. Portanto, os custos de negociação serão
cada vez menores, quanto mais elevado for o saldo de caixa. Ao contrário, os
custos de oportunidade associados à manutenção de caixa crescem com o
saldo mantido. No ponto C*, na Figura 1, a soma dos dois tipos de custo, re-
presentada pela curva de custo total, encontra-se em seu ponto de mínimo. Este
é o saldo de caixa ideal ou óptimo.

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24
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

2. GESTÃO DE CRÉDITO

Quando uma empresa vende bens e serviços, ela pode (1) receber
pagamento a vista ou (2) esperar certo prazo para receber
pagamento, ou seja, ela dá crédito a seus clientes. Conceder crédito
equivale a investir num cliente, e esse investimento está vinculado à
venda de um produto ou serviço. Este capítulo examina a decisão de
concessão de crédito por uma empresa.

Ao se conceder crédito, cria-se uma conta a receber. As contas a


receber incluem crédito concedido a outras empresas, ou seja, crédito
mercantil, e crédito concedido a consumidores, ou crédito ao consumidor.
Cerca de um sexto de todos os activos das empresas industriais tem a
forma de contas a receber.

O investimento em contas a receber, em qualquer empresa, depende


tanto do volume de vendas a prazo quanto do prazo médio de
recebimento. Por exemplo, se as vendas a prazo de uma empresa, por
dia, forem iguais a $ 1.000, e seu prazo médio de recebimento for de 30
dias, suas contas a receber totalizarão $ 30.000. Portanto, o
investimento de uma empresa em contas a receber depende de factores
que influenciam as vendas a prazo e o processo de cobrança. A política
de crédito da empresa afecta o comportamento desses factores.

Os componentes da política de crédito são os seguintes:

1. Condições de venda. Uma empresa precisa estabelecer certas


condições ao vender seus bens e serviços a prazo. Por exemplo, as
condições de venda podem especificar o prazo de crédito, o desconto

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Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

por pagamento a vista e o tipo de instrumento de crédito utilizado.

2. Análise de crédito. Ao conceder crédito, uma empresa procura


distinguir entre clientes que pagarão suas contas e clientes que não
o farão. As empresas usam vários mecanismos e procedimentos para
determinar a probabilidade de que os clientes paguem.

3. Política de cobrança. As empresas que concedem crédito devem


adoptar uma política de cobrança de pagamentos quando de seu
vencimento.

Este capítulo discute cada um dos componentes da política de crédito,


ou seja, os elementos da decisão de concessão de crédito.

De certo modo, a decisão de conceder crédito está vinculada ao


processo de recebimento de pagamentos, descrito no capítulo anterior.
Isto é ilustrado na Figura 3, na qual vemos um diagrama de fluxos de
caixa.

A sequência típica de eventos, quando uma empresa concede crédito, é:


(1) feita uma venda a prazo, (2) o cliente envia um cheque à empresa,
(3) a empresa deposita o cheque, e (4) a conta da empresa é creditada
pelo valor do cheque (veja a figura 1).

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26
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

Figura 3
Envio de cheque pelo cliente
Banco crédita à conta
Venda a pazo Depósito de cheque da empresa

Tempo

Cobrança

Contas a receber

2.1 Condições de venda

As condições de venda dizem respeito ao prazo de concessão de


crédito, ao desconto por pagamento a vista e ao tipo de instrumento de
crédito empregado. Por exemplo, suponhamos que seja dado crédito ao
cliente nas condições 2/10, 30 líquidos. Isso quer dizer que o cliente
tem um prazo de 30 dias, a contar da data de emissão da factura,
para efectuar o pagamento. Além disso, é oferecido um desconto de
2%, em relação ao preço de venda, caso o pagamento seja feito dentro
de 10 dias. Se as condições fossem 60 líquidos, o cliente teria 60 dias a
contar da data da factura para pagar, não sendo oferecido desconto
algum por pagamento antecipado.

Prazo de crédito

Os prazos de crédito variam de um sector para outro. Por exemplo,


uma joalheira pode vender alianças de noivado com diamantes por 5/30,
quatro meses líquidos. Um atacadista de alimentos, vendendo frutas e
verduras frescas, poderia usar condições de sete líquidos. Em geral,

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Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

uma empresa deve levar três factores em conta ao fixar um prazo de


crédito:

1. A probabilidade de que o cliente não pague. Uma empresa cujos


clientes operam em sectores de alto risco pode acabar oferecendo
condições de crédito bastante restritivas.

2. O valor da conta. Se a conta for pequena, o prazo de crédito


será mais curto. O custo de gestão de contas menores é mais
elevado, e os clientes pequenos são menos importantes.

3. A perecibilidade dos produtos. Se o valor dos produtos, como


garantia, for baixo e não puder ser mantido por períodos longos,
menos crédito será concedido.

A ampliação do prazo de crédito efectivamente reduz o preço pago pelo


cliente. Em geral, isso contribui para aumentar as vendas.

Desconto por pagamento a vista

Os descontos por pagamento a vista geralmente fazem parte das


condições de venda. Um dos motivos pelos quais são oferecidos é o
desejo de acelerar os pagamentos pelos clientes. A empresa precisa
avaliar este benefício em relação ao custo do desconto.

Exemplo:

Manuel Junior, director financeiro da Pambucani , SARL, está avaliando um


pedido do principal cliente da empresa, que deseja tirar proveito do desconto de
3% para pagamento dentro de 20 dias, numa compra de $ 10.000. Em outras
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28
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

palavras, ele deseja pagar 9700 [$10.000 x (1 - 0,03)]. Normalmente, este


cliente paga no prazo de 30 dias, sem desconto. O custo de capital de
terceiros do Pambucani , SARL é igual a 10%. Manuel analisou as
implicações dessa operação em termos de fluxos de caixa, ilustradas na
Figura 4. Ele está supondo que o tempo necessário para descontar o cheque
é o mesmo nos dois esquemas de pagamento. Calculou o valor presente das
duas alternativas:

Política actual:

Política proposta:

O cálculo mostra que o oferecimento do desconto custaria $ 271,34 ($ 9.918,48


- $ 9.647,14) à empresa, em termos de valor presente. Consequentemente, a
Pambucani, SARL deve preferir o esquema actualmente existente.

Figura 4

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Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

10000 Mts

Dias 0 10 20 30
Data Recebimento
da venda de Cheque

9.700 Mts

Dias 0 10 20 30
Data Recebimento
da venda de Cheque

Situação corrente: clientes normalmente pagam 30 dias depois da data da venda, e não
recebem desconto algum. Situação proposta: cliente pagará 20 dias depois da data da
venda, com desconto de 3%, sobre o preço de compra de $ 10.000.

No exemplo anterior, supusemos implicitamente que a concessão de crédito


não produzia efeitos colaterais. Entretanto, a decisão de conceder crédito pode
gerar vendas adicionais e envolve uma nova estrutura de custos. O próximo
exemplo identifica o impacto de alterações do nível de vendas e custos sobre a
decisão de concessão de crédito.

Fica claro que a empresa deve preferir a nova política de crédito proposta. O
ganho é representado efeito líquido de diversos factores distintos, incluindo os
Maiores custos iniciais, o recebimento mais rápido dos fluxos de caixa, a
elevação do nível de vendas desconto.

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30
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

Exemplo:

Suponhamos que a Pambucani , SARL tenha custos variáveis de $ 0,50 por $ 1 de


vendas. Se for oferecido um desconto de 3% aos clientes, eles aumentarão o tamanho
de seus pedidos em 10%. Estas novas informações são apresentadas na Figura 5. Ou
seja, o cliente aumentará o valor de seu pedido para $ 11.000 e, em vista do desconto
de 3%, pagará $ 10.670 [$ 11.000 x (1 - 0,03)] à Pambucani , SARL em 20 dias. Será
mais caro atender ao Maior volume de pedidos, porque os custos variáveis sobem
para $ 5.500. Os valores presentes líquidos calculados são os seguintes:

Política Actual:

Política proposta:

Figura 5
Data
da venda 10000 Mts

Dias 0 10 20 30
(5000) Mts Recebimento
Custo variavel de Cheque
do pedido

Data 10.670 Mts


da venda

Dias 0 10 20 30
(5500) Mts
Custo variavel Recebimento
do pedido de Cheque

Instrumentos de crédito

Em grande parte, concede-se crédito em conta corrente. Isso quer dizer que o
único instrumento de crédito formal é a factura, enviada com a remessa de

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Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

mercadorias, a qual é assinada pelo cliente como confirmação de que as


mercadorias foram recebidas. A partir disso, a empresa e seus clientes
registam a troca em respectivas contabilidades.

Em certas ocasiões, a empresa pode exigir cliente assine uma nota


promissória. Esta alternativa é usada quando o pedido é grande e quando a
empresa teme a ocorrência de algum problema de cobrar., notas
promissórias podem eliminar controvérsia, sequentes a respeito da existência
de um acordo de crédito.

Um dos problemas, com as notas promissoras: o fato de que são assinadas


após a entrega das mercadorias. Uma das maneiras de extrair um
compromisso de pagamento de um cliente, antes da entrega de mercadorias,
envolve o uso de uma letra de câmbio. A empresa vendedora tipicamente
emite uma letra de câmbio determinando que o cliente pague um valor
específico até certa data. A letra é a seguir enviada ao banco do cliente,
juntamente com as facturas. As mercadorias podem então ser enviadas ao
comprador. Se for exigido pagamento imediato, a letra será a vista. Neste
caso, fundos devem ser transferidos ao banco antes da remessa das
mercadorias.

Muitas vezes, até mesmo uma letra assinada não é suficiente para o vendedor.
Nesse caso, ele pode exigir que o banco pague a compra das mercadorias e
cobre o valor do cliente. Quando o banco concorda em fazer isso por escrito, o
documento é chamado de aceite bancário. Ou seja, o banco aceita assumir a
responsabilidade pelo pagamento. Como os bancos geralmente são instituições
bem conhecidas e respeitadas, um aceite bancário é um instrumento que
possui liquidez. Em outras palavras, a empresa que recebe o aceite pode
vendê-lo (descontá-lo) no mercado secundário.

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Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

Uma empresa também pode usar um contrato de venda condicional como


instrumento de crédito. Este é um esquema mediante o qual a empresa mantém
a propriedade legal das mercadorias até que o cliente tenha completado o
pagamento. Os contratos de venda condicional geralmente envolvem
pagamento parcelado, incluindo juros.

1.3 Política óptima de crédito

Até o presente momento, discutimos como deve ser calculado o valor presente
líquido de duas políticas de crédito alternativas. Entretanto, não discutimos o
volume óptimo de concessão de crédito. Nesse volume óptimo, os fluxos de
caixa incrementais resultantes do aumento de vendas são exactamente iguais
aos custos de carregamento causados pelo aumento de contas a receber.

Consideremos o caso de uma empresa que actualmente não faz vendas a


prazo. Esta empresa não tem perdas com clientes, não possui departamento
de crédito e tem número relativamente pequeno de clientes. Imaginemos
agora outra empresa que concede crédito a clientes. Esta empresa tem um
grande número de clientes, possui um departamento de crédito e uma conta
indicando perdas com clientes.

É útil considerar a decisão de conceder crédito em termos de custos de


carregamento e custos de oportunidade:

1. Custos de carregamento são os custos associados à concessão de crédito e à


realização de investimentos em contas a receber. Os custos de carregamento
incluem a demora no recebimento de pagamentos, as perdas com clientes e
os custos de administração de crédito.

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33
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

2. Custos de oportunidade são representados pelas vendas perdidas por


causa do não-oferecimento de crédito. Esses custos caem quando se
oferece crédito.

Figura 6: Custo de concessão de crédito

A soma dos custos de carregamento com os custos de oportunidade de dada


política de crédito é indicada pela curva de custo total de crédito. Um ponto é
identificado como o mínimo da curva de custo total de crédito. Se a empresa
conceder mais crédito do que o correspondente a esse mínimo, o fluxo líquido
de caixa adicional proporcionado por novos clientes não cobrirá os custos de
carregamento do investimento resultante em contas a receber.

O conceito de política óptima de crédito, no contexto dos modernos princípios


de finanças, deve ser análogo ao conceito de estrutura óptima de capital. Em
mercados financeiros perfeitos não deve haver política óptima de crédito.
Volumes alternativos de crédito não devem ter influência sobre o valor da

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34
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

empresa. Portanto, a decisão de conceder crédito seria uma questão


irrelevante para os administradores financeiros.

Podemos esperar que impostos, poder de mercado, custos de falência e custos


de agency seriam importantes para a determinação de uma política óptima de
crédito quando os mercados financeiros são imperfeitos. Por exemplo, clientes
em faixas de imposto de renda elevado seriam mais beneficiados pelo uso de
capital de terceiros para aproveitar descontos por pagamento a vista oferecidos
pelas empresas do que os clientes situados em faixas de imposto mais baixo.
As pessoas jurídicas em faixas de imposto reduzido seriam menos capazes
de oferecer crédito, porque a utilização de recursos de terceiros seria
relativamente mais cara do que para empresas em faixas mais elevadas.

Em geral, uma empresa concederá crédito mercantil se tiver vantagem


comparativa ao fazê-lo. O crédito mercantil tende a ser vantajoso quando a
empresa vendedora possui uma vantagem de custo em relação a outros
fornecedores de recursos, quando a empresa vendedora possui algum poder
de mercado a ser explorado, quando a empresa vendedora pode diminuir
impostos ao conceder crédito, e quando é difícil determinar a qualidade do
produto da empresa vendedora. O tamanho da empresa pode ser uma
consideração importante, caso haja economias de escala na administração
de crédito.

A política óptima de crédito depende das características das empresas


específicas. Supondo que a empresa possua mais flexibilidade em sua política
de crédito do que na política em relação à fixação de preços, as empresas com
capacidade ociosa, baixos custos operacionais variáveis, situadas em faixas
de imposto elevado e com clientes que fazem compras regulares tenderão a
oferecer crédito em condições mais liberais do que outras.

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35
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

A decisão de concessão de crédito

Tende mais a haver concessão de crédito mercantil pela empresa vendedora de


produtos se:

1. A empresa vendedora possuir uma vantagem de custo em relação a outras


fontes de recursos;

2. A empresa vendedora puder praticar discriminação de preço;

3. A empresa vendedora for capaz de obter tratamento fiscal favorável; e

4. A empresa vendedora não tiver reputação definida em termos da qualidade


de seus produtos ou serviços.

1.4 Análise de crédito

Ao conceder crédito, uma empresa procura distinguir entre clientes que


tenderão a pagar suas contas e os clientes que não as pagarão. Existem
várias fontes de informação para determinar a qualidade de um cliente.

Informação de crédito
As informações tipicamente utilizadas para avaliar a qualidade de um cliente
incluem:

1. Demonstrações financeiras. Uma empresa pode solicitar a um cliente que


forneça demonstrações financeiras. Com base nelas, índices financeiros
podem ser calculados e avaliados.

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36
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

2. Relatórios de crédito baseados nos antecedentes do cliente com outras


empresas. Muitas organizações vendem informações a respeito da qualidade
de empresas.

3. Bancos. Os bancos geralmente darão alguma assistência a seus clientes


no sentido da aquisição de informação sobre a qualidade de outras
empresas.

4. Antecedentes do cliente com a própria empresa. A maneira mais óbvia de obter


uma estimativa da probabilidade de inadimplência de um cliente é verificar
seja deixou de pagar alguma conta anteriormente.

Cálculo de escores de crédito

Uma vez colectadas as informações, a empresa defronta-se com a dura


decisão de conceder ou negar crédito. Muitas empresas utilizam as directrizes
tradicionais e subjectivas conhecidas como "cinco Cs do crédito":

1. Carácter. A disposição do cliente para cumprir suas obrigações de crédito.

2. Capacidade. A capacidade do cliente para cumprir obrigações de crédito com


base nos fluxos de caixa gerados pelas operações.

3. Capital. As reservas financeiras do cliente.

4. Colateral. Um activo oferecido como garantia de pagamento.

5. Condições. Condições económicas gerais.

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37
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

Alternativamente, empresas como as emitentes de cartões de crédito têm-se


apoiado em modelos estatísticos sofisticados (conhecidos como modelos de
escore de crédito) para determinar a probabilidade de inadimplência.
Geralmente, todas as características relevantes e observáveis de um grupo
numeroso de clientes são estudadas para determinar sua relação histórica
com a ocorrência de inadimplência.

2.5 Política de cobrança

Cobrança é o processo de obtenção do pagamento de contas vencidas. O


administrador de crédito mantém um histórico de experiências de pagamento
com cada cliente.

Prazo médio de recebimento

A VALIMBA, SARL vende 100.000 aparelhos de som por ano, a $ 300 por
unidade. Todas as vendas são efectuadas a prazo, em condições de 2/20, 60
líquidos.

Suponhamos que 80% dos clientes da VALIMBA, SARL aproveitem o desconto


e paguem no vigésimo dia; os demais pagam no sexagésimo dia. O prazo
médio de recebimento (PMR) mede o tempo médio necessário para receber
as contas devidas. O PMR da VALIMBA, SARL é igual a 28 dias:
0,8 x 20 dias + 0,2 x 60 dias = 28 dias

Para determinar-se o PMR na prática, as empresas calculam primeiro o volume


diário médio de vendas. As vendas diárias médias (VDM) são iguais às
vendas anuais divididas por 365. As VDM da VALIMBA, SARL são iguais a

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38
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

Sendo as contas a receber iguais a $ 2.301.376 no presente momento, então


o prazo médio de recebimento é:

Na prática, as empresas acompanham suas vendas e contas a receber


diariamente. Consequentemente, um prazo médio de recebimento pode ser
calculado e comparado aos prazos de crédito oferecidos. Por exemplo,
suponhamos que a VALIMBA, SARL tivesse calculado seu PMR em 40 dias
durante várias semanas, ao passo que suas condições são de 2/20, 60 líquidos.
Com um PMR de 40 dias, percebe-se que alguns clientes estão pagando mais
lentamente do que o normal. Pode ser que algumas contas estejam vencidas.

Quadro de idades

O quadro de idades é uma tabela que apresenta as contas a receber


em função do tempo de existência da conta e varia durante o ano.

Esforço de cobrança

A empresa geralmente emprega os seguintes procedimentos em


relação a clientes cujas contas estejam vencidas:

1. Envia uma carta ao cliente lembrando que a conta está vencida.

2. Dá um telefonema ao cliente.

3. Contrata uma agência de cobrança.


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39
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

4. Move uma acção judicial contra o cliente.

Às vezes, uma empresa pode negar crédito adicional a certos clientes


até que as contas vencidas sejam pagas. Isso pode irritar um cliente
normalmente bom e revelar a existência de um conflito de interesse
entre o departamento de cobrança e o departamento de vendas.

Factoring

Factoring é a venda das contas a receber de uma empresa a uma


instituição financeira conhecida como factor. A empresa e o factor
estabelecem de comum acordo os termos básicos de crédito para cada
cliente. O cliente paga directamente ao factor e este assume o risco de
inadimplencia. O factor compra as contas a receber com desconto,
geralmente entre 0,35 e 4% do montante facturado. O desconto médio,
na economia como um todo, talvez esteja em torno de 1%.

Um aspecto precisa ser salientado. Apresentamos os elementos da


política de crédito como se fossem relativamente independentes uns dos
outros. Na realidade, há um relacionamento estreito entre eles.

Leituras Obrigatórias

ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph A.; JAFFE Jefrey F. Administração


Financeira: Corporate Finance. 2ª. Ed, São Paulo, Atlas, 2002.
Desta obra, leia os seguintes capítulos:
Capítulo 15: Estrutura de capital: conceitos básicos
Capítulo 16: Estrutura de capital: limites ao uso de capital de terceiros

GITMAN, Lawrence Jeffrey. Princípios de Administração Financeira, 2ª. ed., São


Paulo, Bookman Editora, 2001.
Escola Superior Aberta/A Politécnica – Ensino à Distância
40
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

Capítulo 11: Custo de Capital

A leitura dos capítulos indicados é importante para que você complemente o seu
ensinamento, e compreenda melhor o assunto aqui tratado, além de dar uma
sustentação para o restante dos conteúdos a serem tratados nas próximas
unidades.

Leitura Complementar
HOJI, Masakazu. Administração Financeira. 2ª. ed., São Paulo, Atlas, 2000.
(Capítulo 8 e 9).

Actividades
A seguir, desenvolva as actividades propostas para aprimorar o seu conhecimento,
que muito contribuirão para o seu desenvolvimento.
Para tal, não deixe de estudar os capítulos enumerados nas obras citadas.

Actividade 1
A Mafalala , SARL vende a prazo, a 45 dias líquidos. O prazo médio de
recebimento de suas contas é aproximadamente igual a 45 dias. Sendo as
vendas anuais a prazo iguais a $5 milhões, qual é o saldo de contas a receber
no balanço da empresa?

Referências

GITMAN, Lawewnce Jeffrey. Princípios de Administração Financeira. 2ª. ed., São


Paulo, Bookman Editora, 2001.

HOJI, Masakazu. Administração Financeira. 5ª. ed. São Paulo, Atlas, 2004.

ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph A.; JAFFE Jefrey T. Administração


Financeira. 2ª ed.,São Paulo, Atlas, 2002

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Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

UNIDADE TEMÁTICA 3

PLANEAMENTO FINANCEIRO A CURTO PRAZO, MEDIO E LONGO


PRAZO
Antonio Bruno de Morais

Objetivos

Conceituar o planeamento financeiro a curto prazo.


Elaborar um plano financeiro com recurso ao modelo teórico de
percentagem das vendas.

3.1. O planeamento no processo de gestão

O planeamento é uma das funções do processo de gestão que,


juntamente com a organização, direcção e controlo, são essenciais para o
alcance dos objectivos que a empresa se propõe atingir. O planeamento é
uma necessidade indispensável para que a empresa possa sobreviver e
desenvolver, em consequência do alargamento dos mercados e dos
espaços económicos que exigem novos processos fabrico e novos
produtos para responder a uma necessidade crescente da procura tanto
em quantidade como em qualidade. Actualmente, é fundamental
conhecer, empresa e acompanhar e prever o meio envolvente económico,
social e político em constante mutação, fixando a orientação geral a
seguir e planeando as actividades a desenvolver.

O planeamento é uma técnica que visa combater a incerteza e permite uma


gestão racional de recursos postos à disposição da empresa e indica quais
os objectivos a atingir e as actividades a desenvolver, conduzindo

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42
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

posteriormente ao apuramento dos desvios com vista à tomada de decisões


correctivas. As empresas elaboram sistematicamente planos que
estabelecem o quadro em que se devem desenvolver as suas actividades
futuras. Podemos Destacar os seguintes planos:

Plano estratégico - Indica o rumo a seguir e a orientação geral a


adoptar definindo a estratégia que se considera mais adequada
para a empresa;

Plano a médio prazo - Define a forma como atingir os objectivos


estabelecidos no plano estratégico e fixa os recursos necessários;

Plano anual - Engloba, fundamentalmente, os programas das


actividades a desenvolver e a sua quantificação em unidades
monetárias (orçamentos) com vista a facilitar a coordenação e o
controlo.

A existência de planos nas organizações, enquadra-se na gestão moderna


visto que as acções a realizar estão inseridas em planos pré-elaborados e
formalizados, de acordo com certos pressupostos e normas de conduta,
segundo objectivos que se programaram e se procuram atingir e controlar;
fala-se, assim, numa gestão de óptica do Planeamento. Por outro lado, a
Gestão tradicional centra as suas acções na execução das operações de
gestão em harmonia com o seu aparecimento e desenrolar normal.

O Planeamento de gestão é um ciclo:

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43
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

Figura 7: Ciclo de Gestão

O controlo de gestão é uma consequência normal do planeamento. Não faz


sentido elaborar programas e orçamentos de vendas, produção e consumo
de matérias-primas, por exemplo, e depois não verificar até que ponto os
valores previstos foram ou não previstos.

Os objectivos, políticas e programas definidos no plano anual são


traduzidos para orçamentos - orçamento anual -, que apresentam em
unidades monetárias a actividade programada, os custos a suportar e os
proveitos a obter.

O orçamento anual constitui um importante instrumento de gestão das


organizações.

Compreende:

Os orçamentos operacionais: vendas, produção, compras e de


existências; e

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44
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

Orçamentos globais: tesouraria, financeiro, balanço e


demonstração dos resultados previsionais.

Este tipo de gestão - a gestão orçamental - é normalmente seccionado


por períodos menores, geralmente um mês, visando o seu controlo e a
sua eficiência.

3.2. A gestão orçamental

Este tipo de gestão caracteriza-se pelo planeamento sistemático das


actividades das organizações e que se traduz em programas e
orçamentos.

Programa é um quadro onde se fixam em quantidades e prazos as


actividades previsionais a desenvolver: ex.: programa de vendas e de
produção.

Orçamento representa a expressão quantitativa de um plano de acção.


Os quadros elaborados fixam em termos previsionais e quantificados
actividades a desenvolver os custos, proveitos e fluxos financeiros
decorrentes: Ex.: orçamento das vendas, orçamento de produção e
orçamento de tesouraria.

Figura 8: Gestão orçamental

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Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

O orçamento anual abrange os Orçamentos operacionais (vendas, produção


a compras) e os Orçamentos globais (Orçamentos de tesouraria, financeiro,
Balanço e Demonstração dos resultados).

Na elaboração do orçamento anual é necessário quantificar vários


programas e orçamentos específicos (Programa e orçamento de
produção,
Programa e orçamento de compras e Programa e orçamento das vendas,
etc.)

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46
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

4. O PLANEAMENTO FINANCEIRO A MÉDIO A LONGO PRAZO

A ausência de panejamento eficaz a longo prazo é uma razão


frequentemente citada para a ocorrência de dificuldades financeiras e a
falência de empresas. O panejamento financeiro a longo prazo é uma forma de
reflectir sistematicamente sobre o futuro e antecipar os possíveis problemas
antes que aconteçam.

O panejamento financeiro estabelece directrizes de mudança e crescimento


numa empresa. Normalmente, ele se preocupa com uma visão global. Isto
significa que se preocupa com os principais elementos das políticas de
investimento e financiamento da empresa, sem examinar detalhadamente os
componentes individuais dessas políticas.

Uma lição básica desta unidade é a de que as políticas de investimento e


financiamento da empresa interagem e, portanto, não podem realmente ser
consideradas isoladamente uma a outra. Os tipos e quantidades de activos
que a empresa planeja adquirir devem ser considerados juntamente com a
capacidade de levantar os recursos necessários para custeá-lo.

4.1 Motivos de planeamento financeiro

O panejamento financeiro estabelece o modo pelo qual os objectivos


financeiros podem ser alcançados. Um plano financeiro é, portanto, uma
declaração do que deve ser feito no futuro. Numa situação de incerteza, isso
exige que as decisões sejam analisadas com grande antecedência.
Constituem motivos do planeamento financeiro a longo prazo:

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47
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

i. Interacções. Como será discutido mais detalhadamente a seguir, o


planeamento financeiro deve explicar as ligações entre as propostas
de investimento das várias actividades operacionais da empresa e as
opções de financiamento a ele disponível.

ii. Opções. O plano financeiro confere à empresa a oportunidade de


desenvolver, analisar e comparar muitos cenários diferentes de
maneira coerente. Diversas opções de investimento e financiamento
podem ser exploradas.

iii. Evitar surpresas. O planeamento financeiro deve identificar o que


aconteceria à empresa caso diversos eventos ocorressem. O
planeamento financeiro evita surpresas e desenvolve planos
alternativos.

iv. Viabilidade e Coerência interna. Os planos financeiros muitas das


vezes funcionam como um dos principais instrumentos de ligação
explícita entre os diversos objectivos definidos.

4.2 Modelos de planeamento financeiro

Em sua maioria, os modelos de planeamento financeiro exigem que seu


usuário especifique algumas hipóteses a respeito do futuro. Com base
nessas hipóteses, o modelo gera valores previstos para diversas outras
variáveis. Os modelos podem ser muito diferentes em termos de
complexidade, mas quase todos possuem os ingredientes que discutimos a
seguir.

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48
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

Previsão de Vendas Quase todos os planos Financeiros requerem


uma previsão exógena de vendas. Os modelos a serem
apresentados adiante, a previsão de vendas será o "elemento
gerador", significando que o usuário do modelo de planeamento
fornecerá esse valor e quase todos os outros valores serão
calculados a partir dessa base. Esse enfoque e comum a maioria dos
tipos de empresa; o planeamento centra-se nas vendas projectadas e nos
activos e financiamento necessários para sustentar tais vendas.

Frequentemente, a previsão das vendas será apresentada sob a forma de


uma taxa de crescimento das vendas e não como nível explícito de vendas.
Esses dois enfoques são, em sua essência, idênticos, pois podemos calcular
as vendas projectadas, se conhecermos a taxa de crescimento.

Demonstrações Preliminares. Um plano financeiro envolverá


projecções de balanço, demonstrações de resultado e
demonstrações de fluxo de caixa.

Necessidades de activos. O plano incluirá uma secção lidando com


os esquemas de financiamento necessários. Essa parte do plano
deve discutir a política de dividendos e a política de financiamento.

Premissas económicas. O plano devera enunciar explicitamente o


ambiente económico em que a empresa espera viver durante o
período por ele coberto. Entre as premissas económicas mais
importantes que precisarão ser formuladas estão o nível das taxas
de juros e a alinha de imposto sobre o lucro.

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49
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

4.2.1 Método de percentagem das vendas

O método de percentagem das vendas relaciona o aumento das vendas com varias
variáveis das demonstrações financeiras. Veja a seguir os contornos que norteiam
esse método com exemplo prático:

Exemplo:
A empresa MUTI, Lda., é uma firma que se dedica a venda de madeira, as demonstrações
financeiras estão reportas a seguir:

- Demonstração de Resultado:

Vendas 1.000

Custos 800

Lucro Antes de Imposto 200

Imposto 68

Lucro líquido 132

Acréscimo a lucros retidos 88

Dividendos 44

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50
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

- Balanço:

Activo $ % Passivos e Património $ %


Activos Circulantes Passivos circulantes
Caixa 160 16 Fornecedor 300 30
Conta a receber 440 44 Títulos a pagar 100 n/a
Mercadoria 600 60
Total 1.200 120 Total 400 n/a

Activo permanente Exigível a longo Prazo 800 n/a


Equipamento 1.800 180 Património líquido
Capital Social e reservas 800 n/a
Lucro retidos 1.000 n/a
Total 1.800 n/a
Total dos activos 3.000 300 Exigível e Património Liquido 3.000 n/a

Observação:
i) As percentagens foram calculadas em função as vendas ($ 1.000). Por
exemplo, no lado dos activos, o activo total é igual a 300 % das vendas ($
3.000/$1.000).

ii) O n/a (não aplicável) significa que os item não variam em função as vendas

A empresa MUTI, Lda. Projectou um aumento de 25 % das vendas para o próximo


ano, de modo que estamos prevendo vendas de $ 1.000 x 1,25 = $ 1.250. Para
projectar a demonstração de resultado, supomos que os custos totais continuaram
sendo 80% das vendas ($ 1000 = 0,8 x 1250) e consequentemente a margem de
lucro manterá como está demonstrado a seguir:

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Demonstração de Resultado projectado:

Vendas (projectadas) 1.250

Custos (80% das vendas) 1.000

Lucro Antes de Imposto 250

Imposto (34%) 85

Lucro líquido 165

A seguir precisamos projectar o pagamento de dividendos e do lucro a reter.

Suponhamos que a empresa distribui 1/3 do seu lucro, teremos os seguintes indicadores:
- Pagamento projectado de dividendos = $ 165 x 1/3 = $ 55
- Aumento projectado de lucro retido = $165 x 2/3 = 110

Depois de termos essa informação, estamos em condições de construir o balanço


projectado da empresa, como se segue:

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Activo $ Variação Passivos e Património $ Variação


Activos Circulantes Passivos circulantes
Caixa 200 40 Fornecedor 375 75
Conta a receber 550 110 Títulos a pagar 100 0
Mercadoria 750 150
Total 1.500 300 Total 475 75

Act. Permanente Exigível a longo Prazo 800 0


Equipamento 2.250 450 Património líquido
Capital Social e reservas 800 0
Lucro retidos 1.110 110
Total 1.910 110
Total dos activos 3.750 750 Exigível e P. Liquido 3.750 565

A variação que aparece no balanço corresponde a diferença entre os valores do balanço


projectado e os valores do balanço inicial. Sendo os valores do balanço projectado
corresponderem ao incremento de 25 % dos valores do balanço inicial (para os itens que
variam proporcionalmente com as vendas). Note que a variação da conta de lucro retido é
igual ao acréscimo de 110 que calculamos.

Inspeccionando o balanço preliminar, notamos que se espera um aumento dos activos da


ordem de $ 750. Portanto, sem financiamento adicional, o passivo mais o património líquido
devem subir somente $ 185 ($ 75 + $ 110), o que deixa um deficit de $ 750 – 185 = $ 565,
que denominamos por financiamento externo necessário.

A empresa poderia emprestar $ 300 – 75 = $ 225 por meio de títulos de curto prazo,
deixando o capital giro líquido inalterado. Sendo necessário $ 565, os $ 565 -225 = $ 340
restantes precisariam vir de endividamento a longo prazo. A tabela a seguir mostra o
balanço projectado.

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53
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

Activo $ Variação Passivos e Património $ Variação


Activos Circulantes Passivos circulantes
Caixa 200 40 Fornecedor 375 75
Conta a receber 550 110 Títulos a pagar 325 225
Mercadoria 750 150
Total 1.500 300 Total 700 300

Act. Permanente Exigível a longo Prazo 1140 340


Equipamento 2.250 450 Património líquido
Capital Social e reservas 800 0
Lucro retidos 1.110 110
Total 1.910 110
Total dos activos 3.750 750 Exigível e P. Liquido 3.750 750

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Leituras Obrigatórias

ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph A.; JAFFE Jeffrey F. Administração


Financeira “ Corporate Finance” .2ª ed., São Paulo. Atlas. 2002.
Capítulo 27: Administração do Capital de Giro e Planejamento a Curto Prazo.

GITMAN, Lawerence J. Princípios de Administração Financeira. 2ª. ed., São


Paulo, Bookman Editora, 2001.
Capítulo 15: Capital de Giro e Financiamento a Curto Prazo.

Leitura Complementar

HOJI, Masakazu. Administração Financeira: Uma Abordagem Prática. 2ª. ed. São
Paulo, Atlas, 2000.
Capítulo 6: Administração do Capital de Giro.

Actividades

A seguir, desenvolva as actividades propostas para aprimorar o seu conhecimento,


que muito contribuirão para o seu desenvolvimento.

Para tal, não deixe de estudar os capítulos enumerados nas obras citadas.

Para a resolução das actividades, a seguir, o aluno deverá utilizar 6 casas decimais
após a vírgula.

Actividade 1

1. Defina o planeamento.
2. Diferencie o plano estratégico do plano anual
3. A gestão orçamental caracteriza-se pelo planeamento sistemático das
actividades das organizações e que se traduz em programas e
orçamentos.
4. O que entendes por orçamento? De exemplo de 3 tipos de orçamentos
referenciados.

Actividade 2

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Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

1. Refira-se dos motivos que levam a empresa a fazerem um planeamento


financeiro.
2. A empresa Malacha Lda., é uma firma que se dedica a extracção e venda carvão
mineral, as demonstrações financeiras no ano de 2009 estão reportas a seguir:

Demonstração de Resultado
(em contos de meticais)
Vendas 5.000
Custos 3750
Lucro Antes de Imposto 1.250
Imposto 400
Lucro líquido (32 %) 850

Acréscimo a lucros retidos 650

Dividendos 200

- Balanço (em contos de meticais)

Activo $ Passivos e Património $


Activos Circulantes Passivos circulante
Caixa 200 Fornecedor 300
Conta a receber 600 Títulos a pagar 350
Mercadoria 800
Total 1.600 Total 650

Activo permanente Exigível a longo Prazo 1600


Equipamento 4.500 Património líquido
Capital Social e reservas 1850
Lucro retidos 2.000
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56
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

Total 3.850
Total dos activos 6.100 Exigível e Património Liquido 6.100

Informações adicionais:
i) A empresa Malacha Lda. projectou um aumento de 30 % das vendas para o
próximo ano.

ii) Se a empresa tiver uma necessidade de financiamento externo terá que recorrer
25% dessa necessidade a um financiamento a curto prazo e 75% a um
financiamento a longo prazo.

Pretende-se:
a) A partir do método percentual das vendas, a projecção das demonstrações
financeiras para o ano seguinte.

Referências

GITMAN, Lawerence J. Princípios de Administração Financeira.


7. ed. São Paulo: Harbra, 1997.

HOJI, Masakazu. Administração Financeira: uma abordagem


prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph A.; JAFFE Jeffrey


F. Administração Financeira “ Corporate Finance” . São Paulo:
Atlas, 2002.
COMPONENTE CURRICULAR

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57
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

CHAVE DE CORRECÇÃO DAS ACTIVIDADES

UNIDADE TEMÁTICA 1
Actividade 1
Risco é a chance de perda financeira ou, colocado mais formalmente, a
variabilidade de retorno associado a um dado activo. Um título do governo
constitui um exemplo de um activo que tem resultados perfeitamente
previsíveis, isto é, não tem risco, pois não há variabilidade associada ao
retorno.

2. Retorno é o total de ganho ou perda ocorrido através de um dado período


de tempo; calculado ao se dividir a variação no valor dos activos, mais
quaisquer distribuições de caixa, por seu valor de investimento de início do
período.

3. Administradores financeiros geralmente procuram evitar o risco. A maioria


dos administradores tem aversão ao risco e para um certo aumento no risco,
em contrapartida, eles exigem um aumento no retorno.

4. O Desvio padrão é um indicador estatístico que mensura a dispersão em


torno do valor esperado de um retorno de um activo. Quanto maior é for o
desvio padrão, maior é o risco associado a um determinado activo.

Actividade 2
1. Portfólio eficiente é um portfólio que maximize o retorno para um dado
nível de risco, ou minimize o risco para um dado nível de retorno.

2. O beta é um coeficiente que mede o grau de movimento do retorno de um


activo em resposta a uma mudança no retorno do mercado, ele mensura o
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58
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

risco não-diversificável. O coeficiente beta para um activo pode ser achado ao


se examinar os retornos históricos do activo relativamente aos retornos do
mercado. O retorno do mercado é o retorno sobre o portfolio do mercado de
todos os títulos negociados.

3.
a) Quando o retorno do mercado aumenta em 10%, o retorno exigido do
projecto deve aumentar em 15% (1,5 X 10%). Quando o retorno do
mercado diminuir em 10%, o retorno exigido deveria diminuir em 15%
[1,50 X (- 10%)].

b) Kj = RF + [bj X (Km - RF)]


= 7 % + [1,5 X (10% - 7%)]
= 7% + 4,5% = 11,5 %

c) Não, o projecto deve ser rejeitado, pois seu retorno esperado de 11% é
menor do que o retorno exigido de 11,5% do projectado.

d) Kj = 7% + [1,5 X (9% - 7%)]


= 7% + 3% = 10%

O projecto seria agora aceitável, pois seu retorno esperado de 11% está
agora em excesso do retorno exigido, o qual caiu para 10% devido ao facto
de os investidores terem se tornado mais avessos ao risco.

UNIDADE TEMATICA 2

Actividade 1

RESPOSTA: 1 Dados:
Prazo médio de recebimento (PMR) = 45
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59
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

Vendas Anuais = $ 5.000.000

Resolução:

Contas a Receber = $ 616438,32

UNIDADE 3

Actividade 1
Planeamento é uma técnica que visa combater a incerteza e permite uma
gestão racional de recursos postos à disposição da empresa e indica quais
os objectivos a atingir e as actividades a desenvolver, conduzindo
posteriormente ao apuramento dos desvios com vista à tomada de decisões
correctivas.

2. Plano estratégico - Indica o rumo a seguir e a orientação geral a


adoptar definindo a estratégia que se considera mais adequada para a
empresa e o Plano anual - Engloba, fundamentalmente, os programas das
actividades a desenvolver e a sua quantificação em unidades monetárias
(orçamentos) com vista a facilitar a coordenação e o controlo.

3. Orçamento representa a expressão quantitativa de um plano de


acção. Os quadros elaborados fixam em termos previsionais e
quantificados actividades a desenvolver os custos, proveitos e

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60
Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

fluxos financeiros decorrentes: Ex.: orçamento das vendas,


orçamento de produção e orçamento de tesouraria.

Actividade 2

1. Os motivos que levam a empresa a fazerem um planeamento


financeiro são:

Opções. O plano financeiro confere à empresa a oportunidade de


desenvolver, analisar e comparar muitos cenários diferentes de maneira
coerente. Diversas opções de investimento e financiamento podem ser
exploradas.

Evitar surpresas. O planeamento financeiro deve identificar o que aconteceria


à empresa caso diversos eventos ocorressem. O planeamento financeiro
evita surpresas e desenvolve planos alternativos.

Viabilidade e Coerência interna. Os planos financeiros muitas das vezes


funcionam como um dos principais instrumentos de ligação explícita entre os
diversos objectivos definidos.

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Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

2.
- Apuramento das percentagens das contas que crescem em função das vendas

Activo $ % Passivos e Património $ %


Activos Circulantes Passivos circulantes
Caixa 200 4% Fornecedor 300 6%
Conta a receber 600 12% Títulos a pagar 350 n/a
Mercadoria 800 16%
Total 1.600 32% Total 650 n/a

Activo permanente Exigível a longo Prazo 1600 n/a


Equipamento 4.500 90% Património líquido
Capital Social e reservas 1850 n/a
Lucro retidos 2.000 n/a
Total 3.850 n/a
Exigível e Património
Total dos activos 6.100 122% Liquido 6.100 n/a

- Projecções das demonstrações financeiras


Demonstração de resultado

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Demonstração de Resultado projectado:

Vendas (projectadas) 6.500


Custos (74% das vendas) 4.875
Lucro Antes de Imposto 1.625
Imposto (32%) 520
Lucro líquido 1.105

Balanço com necessidade externa de financiamento (NEF)

Activo $ Variação Passivos e Património $ Variação


Activos Circulantes Passivos circulante
Caixa 260 60 Fornecedor 390 90
Conta a receber 780 180 Títulos a pagar 350 0
Mercadoria 1040 240
Total 2.080 480 Total 740 90

Activo permanente Exigível a longo Prazo 1600 0


Equipamento 5.850 1.350 Património líquido
Capital Social e reservas 1850 0
Lucro retidos 2.260 260
Total 4.110 260
Total dos activos 7.930 1.830 Exigível e P. Líquido 7.930 1480

NEF = Variação do Activo – Variação de Exigível e P. Líquido =1830 –


350=1480

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Gestão de Empresas – Gestão Financeira II – Semestre 6

Observe na tabela abaixo que os 1480 são financiados 370 através dívidas a
curto prazo e os restantes 1110 por intermédio de exigível de médio e longo
prazo.

Balanço depois de satisfeita a necessidade externa de financiamento


Varia
Activo $ ção Passivos e Património $ Variação
Activos Circulantes Passivos circulante
Caixa 260 60 Fornecedor 390 90
Conta a receber 780 180 Títulos a pagar 720 370
Mercadoria 1040 240
Total 2.080 480 Total 1110 460

Activo permanente Exigível a longo Prazo 2710 1110


Equipamento 5.850 1.350 Património líquido
Capital Social e reservas 1850 0
Lucro retidos 2.260 260
Total 4.110 260
Total dos activos 7.930 1.830 Exigível e P. Liquido 7.930 1830

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