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UNIDADE 2

Finanças de
CURTO PRAZO

Organizadores:
Juliano Lautert | Marcelo do Carmo Rodrigues
unidade

2
V.1 | 2021

Gerenciamento em Gestão de
Tesouraria e Administração
Financeira de Curto Prazo
Prezado estudante,
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados
com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado
tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os
tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.

Objetivo Geral
Compreender os conceitos de valor presente e futuro, o custo do dinheiro, oportunidades e riscos
associados. Aprender a utilizar fluxos de caixa descontados para avaliar o valor de um negócio ou tomar
decisões sobre os investimentos.

Objetivos Específicos
• Revisar os conceitos básicos de Matemática Financeira;
• Determinar o custo do capital e analisar o impacto da utilização de diferentes fontes de financiamento;
• Utilizar a projeção de fluxo de caixa para determinar o valor da empresa ou tomar decisões sobre um
investimento;
• Conhecer diferentes indicadores de atratividade e de risco utilizados para avaliar o fluxo de caixa de um
projeto e do negócio.

Questões Contextuais
• Você acredita que um empreendedor deve financiar seus investimentos apenas com seu próprio capital?
Ou seria uma boa ideia ele poder contar com empréstimos bancários para aumentar a capacidade de
investimento e, portanto, de ganhos com o empreendimento?
• Como um empreendedor pode obter vários benefícios como o uso de financiamentos bancários para
iniciar um negócio?
• Quais métricas e indicadores uma empresa pode utilizar para avaliar o impacto das diversas decisões
sobre as opções de investimentos em sua atividade?
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2.1 O Valor do Dinheiro no Tempo


As conceituações acerca do valor do dinheiro no tempo, estão, via de regra,
relacionadas a sustentabilidade do poder de compra do dinheiro, frente a sua própria
desvalorização, ou seja, as teorias nos ensinam que o dinheiro no futuro valerá menos
que o mesmo dinheiro no presente, ou o dinheiro no presente vale mais do que a mesma
soma de dinheiro a ser recebida no futuro.

Neste sentido, as estratégias financeiras voltadas ao desempenho financeiro


devem contemplar decisões relacionadas a manutenção do valor dos ativos da empresa
ao longo do tempo, envolvendo decisões relacionadas a financiamentos e investimento
necessários, que busquem atingir os objetivos da empresa, o que se refere à elevação
das vantagens para os acionistas.

Em função destas conceituações, na Unidade anterior, apresentamos exemplos


de projeções de fluxo de caixa do investimento. Identificando os principais elementos
de investimentos, de receitas, de custos, de despesas, inclusive projetando as
demonstrações financeiras ao longo de um horizonte de planejamento. A partir destas
projeções, chega a hora de tomar uma decisão: vale a pena, ou não, ir adiante com seu
projeto de investimento?

Para isso, ele precisa verificar se, ao longo do horizonte de planejamento


considerado, terá retirado mais dinheiro do que a quantia investida no projeto.

Figura 2.1 – Fluxo de caixa do investidor.

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Na Figura 2.1, vemos a última linha da projeção do Fluxo de Caixa que


construímos no capítulo anterior. Ela representa o dinheiro que, no final das contas,
estará saindo do investimento (no Ano 0) e retornando ao investidor. No entanto, não
podemos simplesmente somar entradas e saídas do fluxo de caixa do investidor e ver
se o resultado final é positivo, pois o dinheiro muda seu valor com o tempo! Por esta
razão, vamos falar sobre inflação e juros.

Podemos definir INFLAÇÃO como a perda do valor de aquisição do dinheiro


no tempo. Você deve perceber isso no seu próprio bolso sempre que vai a um mercado
e percebe que o preço dos alimentos aumenta de um período para outro, bem como o
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valor de aluguéis, mensalidades escolares, salários etc. Isso faz com que o dinheiro
que o investidor espera receber no final do projeto (o retorno do investimento) perca
muito de seu poder de compra em relação ao capital que foi investindo no início do
empreendimento. Desta forma, simplesmente somar os valores e verificar o resultado
líquido, ou seja, a diferença das entradas e das saídas não é totalmente adequado para
a análise de Hermínio, empreendedor que conhecemos na Unidade 1.

Outra questão relevante é a dos JUROS, que representam o custo ou a


remuneração pelo uso do dinheiro. É preciso considerar que, ao optar por um
investimento, o investidor estará abrindo mão de realizar outros investimentos com o
capital que tem disponível, incluindo a opção de simplesmente deixar seu dinheiro em
uma aplicação financeira e receber juros por isso.

DESTAQUE

Neste sentido, para avaliarmos o impacto do valor do dinheiro do tempo, temos


que recorrer as análises baseadas em Matemática Financeira. Recomendamos
que você utilize seu material da disciplina de Matemática Financeira ou consulte
os livros sobre esse assunto nas referências desta Unidade para fixar seus
conhecimentos. Você também deverá ter acesso a uma calculadora científica/
financeira ou a um computador com planilhas eletrônicas.

Vamos reproduzir, aqui, por enquanto, os conceitos de valor presente e


valor futuro.

Figura 2.2 – Valor presente e valor futuro.

Valor Presente Juros (i) 10% Valor Futuro


100,00 10% x 100,00 = 10,00 100,00 + 10,00 = 110,00

Vp i x Vp Vf = Vp + i x Vp = Vp x (1 + i)

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Exemplificando

Se você possui hoje R$ 100,00 (valor presente) e deixá-los aplicados em uma


conta remunerada no banco, por um ano, a uma taxa de juros (“i”) de 10% ao ano, ao
final, você terá um saldo de R$ 110,00 (valor futuro). Note que, embora diferentes em
valores nominais, financeiramente esses valores se equivalem, sendo a taxa de juros a
remuneração do dinheiro pelo tempo em que ele ficou aplicado.
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Para todos os efeitos, uma pessoa com R$ 100,00 hoje é tão rica quanto uma
pessoa com R$ 110,00 daqui a um ano! Ou então, se alguém lhe diz que possui
R$ 100,00, do ponto de vista financeiro, não é suficiente dizer o quanto possui, mas
também quando esse valor estará disponível. Ter R$ 100,00 hoje é diferente de ter R$
100,00 daqui a um ano, como vimos em nossa conversa inicial sobre juros e inflação.

Se formos considerar mais de um ou “n” períodos, as fórmulas para cálculo


de valor presente e futuro ficam, conforme demonstrado na Figura 2.3. Se deixarmos
R$ 100,00 aplicados por 3 anos, a uma taxa de juros de 10% ao ano, ao final do terceiro
ano, teremos depositado R$ 133,10, que, financeiramente, equivalem aos R$ 100,00
que possuímos hoje.

Figura 2.3 – Valores presente e futuro considerando “n” períodos.

Vf Vp = valor presente
Vp = Vf = valor futuro
(1 + i) ⁿ
i = taxa de juros
Vf = Vp x (1 + i)ⁿ n = número de períodos

133,10
Vf = 100 x (1 + 10%)³ = 133,10 Vp = = 100,00
(1 + 10%)3

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Desta forma, para sabermos o exato valor do retorno do investidor, precisamos


considerar a desvalorização do valor ao longo do tempo, ou seja, precisamos trazer
todos os valores do fluxo de caixa projetado para o mesmo momento no tempo. Por
convenção, trazemos toda a série para o tempo de hoje, ou seja, o valor presente, pois
temos uma maior noção do poder de aquisição do dinheiro nos dias em que estamos,
tomando a decisão entre diferentes opções de investimentos.
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2.2 Origens de Recursos


Antes de aprendermos a descobrir o valor do retorno do investidor, o primeiro
passo é determinar o custo do capital, ou seja, de onde virá o dinheiro utilizado para
financiar o investimento e qual será seu custo.

2.2.1 O Custo de Oportunidade do Capital Próprio


Uma das principais origens de recursos para investimentos é o capital do próprio
investidor. Mas um dos equívocos mais comuns ao avaliarmos a atratividade de um
investimento é partir do princípio que esse dinheiro não tem custo. Na verdade, existe
o custo de uma oportunidade que deixou de ser utilizada, e este custo se chama CUSTO
DE OPORTUNIDADE. Ou seja, ao decidir aplicar seu dinheiro em determinado
projeto de investimento, abre-se mão de outras oportunidades que também poderiam
trazer rendimentos ao capital disponível.

Desta forma, para se tornar atrativo, o investimento deve ter um retorno superior
às demais oportunidades a que o investidor tem acesso. Leone (2000) diz que “custo
de oportunidade é o valor do benefício que se deixa de ganhar quando, no processo
decisório se toma um caminho em detrimento de outro”, desta forma, podemos definir
que o custo de oportunidade pode ser mensurado, em comparação, ao valor da melhor
oportunidade de investimento que foi abandonada.

Neste sentido, para ser atrativo, o investimento deve ter um retorno superior às
demais oportunidades a que o investidor tem acesso.

Exemplificando

Figura 2.4 – Valor Investido.

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).


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Por exemplo, no banco em que é correntista, nosso investidor tem acesso a


investimentos em fundos de renda fixa. Na Figura 2.4, demonstramos a composição do
investimento inicial, e na Figura 2.5 simulamos o rendimento que o investidor reuniu
para realizar o investimento na empresa em construção:

Figura 2.5 – Simulação Investimento.

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

Desta forma, podemos perceber claramente que o investidor teria rendimentos


de R$ 104.342,47 nos primeiros 12 meses e R$ 260.856,17 no caso de uma aplicação
de 24 meses. Assim, podemos comparar com o investimento realizado na empresa em
construção, e teremos estas oportunidades de investimento como base de comparação.

2.2.2 Uso de Capital de Terceiros


É comum os investidores utilizarem capital de terceiros além de seu capital
próprio para financiar os investimentos. Em situações de empreendimentos capital-
intensivo, isto é, que demandam uma grande quantia de recursos financeiros, muitos
empreendedores recorrem à utilização de financiamentos bancários, linhas de créditos
especiais (como as disponibilizadas pelo BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), emissão de títulos de dívida e, até mesmo, a abertura do capital
da empresa na Bolsa de Valores.

Segundo as teorias financeiras ligadas à origem do capital, existe uma ordem de


preferência na utilização de fontes de financiamento. A primeira opção é o capital próprio
ou recursos gerados pelo lucro das operações da empresa, em que os investidores ou
sócios possuem autonomia na tomada de decisão sobre o uso e a destinação dos recursos
financeiros disponíveis. O lado ruim dessa autonomia é que eles nem sempre dispõem
de um “contraponto” ou uma segunda parte que os questionem sobre a adequação das
escolhas a respeito dos investimentos. Por vezes, eles podem ser esbanjadores e apresentar
tendência a realizar investimentos desnecessários quando há excesso de recursos. Eles
também podem ser muito inseguros quando há poucos recursos próprios disponíveis e
deixar de realizar investimentos necessários, como em novas tecnologias, capacitação ou
atualização dos ativos para assegurar a competitividade do negócio. Ou seja, eles ficam
limitados à disponibilidade de capital próprio e, quando decidem investir, assumem
sozinhos todos os riscos, perdas e ganhos decorrentes de sua decisão.
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Em seguida, a opção mais comum é o financiamento bancário, em que a


viabilidade do negócio é avaliada pelo agente financeiro que intermedia a operação.
Ele focará no potencial do investimento desejado em gerar lucro de forma a recuperar
o capital investido. Nesse caso, a decisão não está apenas com os donos do negócio
e essa “moeda” da falta de autonomia tem novamente dois lados: o lado bom é que o
banco dificilmente irá apoiar iniciativas de investimentos que tenham pouco potencial
de êxito, preservando os interesses dos donos do negócio, pois um banco geralmente
possui muito mais informações sobre tendências de mercado e perspectivas do cenário
econômico do que o quadro de gestão de uma única empresa; por outro lado, o excesso
de zelo ou aversão ao risco dos gestores de crédito do banco podem levar os donos
do negócio a perderem oportunidades de lucros reais se, no final das contas, eles
estiverem com a razão.

Outra questão é o custo do dinheiro, ou seja, os juros a serem pagos pelo


empréstimo e as garantias que serão exigidas para viabilizar o financiamento, como a
alienação fiduciária de ativos - como máquinas, veículos e propriedades imobiliárias
da empresa - ou dos sócios que serão fiadores do negócio. Mas, como vimos, o capital
próprio também não é de graça, existindo um custo de oportunidade.

GLOSSÁRIO

A alienação fiduciária, no caso de empréstimo, é quando o devedor cede


o direito de propriedade de um bem como garantia ao banco enquanto
não terminar de quitar integralmente o pagamento da dívida adquirida.
Por exemplo, um empresário adquire crédito para realizar investimentos em
seu negócio e, no contrato de financiamento, estabelece uma relação de
bens no valor semelhante ao total do financiamento: veículos, equipamentos
de produção, propriedades imóveis etc. Esses bens ficarão sob propriedade
do banco até que o empresário termine de quitar o empréstimo adquirido.
Ele poderá continuar utilizando esses bens normalmente, apenas perdendo
o direito de propriedade de fato se não quitar seu compromisso. Nesse caso, o
banco irá executar as cláusulas de garantia, tomando a propriedade do bem e
vendendo esse no mercado. Com o valor resultante da venda, o banco irá quitar
os débitos pendentes e devolver o dinheiro restante, caso haja, ao empresário.

Se o financiamento bancário for efetivado, dependendo dos valores envolvidos


na transação, o banco irá inserir no contrato de financiamento uma série de cláusulas
que lhe darão direito de acompanhar o uso e os resultados associados ao capital
emprestado até que a dívida seja totalmente paga. Isso pode incluir o acesso aos
demonstrativos contábeis, participação em reuniões de acompanhamento do projeto
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de investimento e até mesmo a proibição de que a empresa contrate novas dívidas com
outras instituições financeiras sem o consentimento do banco. Esse excesso de controle
pode limitar a atuação dos donos do negócio em outras oportunidades de investimento,
mas também faz o papel de um controle externo independente, zelando pelo sucesso
do empreendimento.

Por último, uma empresa pode abrir seu capital, convidando novos sócios
para participar da gestão do negócio ou lançando ações na bolsa de valores. Em
função do perfil de nosso investidor Hermínio, vamos nos concentrar na utilização de
financiamentos bancários, mas você pode procurar mais informações para se inteirar
de outras formas de captação de recursos para investimentos.

2.2.3 Cálculo de Financiamentos


Ao falarmos sobre financiamento bancário, não iremos focar nos aspectos
administrativos, contratuais ou legais, mantendo nosso objetivo de análise do impacto
financeiro, que é o escopo desta Unidade de estudo. Para calcularmos o impacto
financeiro de um financiamento, precisaremos definir quatro questões básicas:

1. Qual a taxa de juros da linha de crédito a ser utilizada? Aqui, trabalharemos


com o conceito de taxa de juros efetiva, que já adiciona todos os demais custos
e taxas associadas à operação de financiamento;

2. Quando começará a ser pago o financiamento? Ou seja, se será utilizado algum


período de carência;

3. Em quanto tempo se deseja quitar a dívida ou em quantas prestações?; e

4. Qual o sistema de amortização do saldo devedor?

Nos próximos itens, iremos analisar todos esses pontos, a começar pelo último
deles: o Sistema de Amortização. É importante entendermos que, quando pagamos
uma parcela de um financiamento, ela é composta basicamente de duas partes: os juros
sobre o saldo devedor e a amortização (ou valor que será abatido do saldo devedor).

O sistema de amortização define a forma como será calculada a composição entre


esses dois elementos. Trabalharemos com dois modelos: o Sistema PRICE ou Francês,
de parcelas constantes e iguais, e o Sistema SAC, ou de Amortização Constante, com
parcelas que vão diminuindo de valor ao longo de tempo. Existem também algumas
modalidades de financiamento que trabalham com um sistema misto, amortizando o
saldo devedor parte pelo Sistema Price parte pelo SAC.
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2.2.3.1 O Sistema Price


Vamos iniciar nossos estudos aprendendo a calcular o financiamento pelo Sistema
PRICE. As fórmulas que iremos necessitar estão apresentadas na Figura 2.6. O primeiro
passo é definirmos o valor a ser tomado como empréstimo ou principal da dívida (P) e o
número de parcelas (n) em que a dívida será quitada. A partir daí, utilizando a equação
(1), calculamos o valor da parcela “p”, que será constante em todo o período. Cada parcela
é composta por juros (equação 2) e amortização (equação 3), que variam a cada período,
pois os juros são sempre calculados a partir do saldo devedor do período anterior. O
saldo da dívida vai sendo amortizado a cada período e é calculado com a equação (4).

Figura 2.6 – Fórmulas Cálculo Financiamento PRICE.

Sistema PRICE
i x (1 + i) ⁿ P = Principal da dívida
(1) p = P x
(1 + i) ⁿ - 1 p = parcela
i = taxa de juros
( 2 ) Jn = i x Sn - 1
n = número de períodos
( 3 ) an = p - jn an = amortização do período “n”
( 4 ) Sn = Sn - 1 - an jn = juros do período “n”
Sn = saldo devedor no período “n”

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Exemplificando

Para exemplificar, tomemos como exemplo uma linha de crédito com as seguintes
características:

• valor do empréstimo: (P) = R$ 100.000,00;

• a mortização: (n) = 8 parcelas anuais;

• t axa de juros: (i) = 12% a.a.;

• sistema price de amortização.

Note que, antes de fazermos o cálculo, temos que nos assegurar que todas as
taxas são equivalentes aos períodos com os quais vamos trabalhar. Isto é, se estamos
calculando parcelas anuais, a taxa de juros tem que estar na mesma unidade de medida,
caso contrário, temos que converter as taxas. Os cálculos para o primeiro ano e os
valores praticados até o final do financiamento são apresentados na Figura 2.7. Note
que as prestações são fixas e iguais ao longo de todo o financiamento. Na medida
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em que o saldo da dívida vai sendo amortizado, a proporção de juros na parcela vai
diminuindo em relação à proporção de amortização, mas o efeito disso é que o saldo
devedor é bem pouco reduzido enquanto isso não ocorre.

Figura 2.7 – Exemplo Sistema PRICE.

0,12 x (1 + 0,12 )8
p = 100.000 x = 20.130,28
(1 + 0,12 )8 - 1
j₁ = 12% x S ₀ = 12.000,00 a₁ = p - j₁ = 8.130,28
S₁ = S ₀ - a₁ = 100.000,00 - 8.138,28 = 91.869,72

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Na Tabela 2.1 vemos o que ocorre quando pedimos um prazo de carência


ao banco, que é um prazo para iniciarmos a amortização da dívida. Isso pode ser
particularmente útil em situações como a de Hermínio, que está iniciando um novo
negócio e não espera um faturamento elevado nos primeiros períodos de operação.

Tabela 2.1 – Exemplo financiamento Price com dois anos de carência.

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).


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No entanto, essa carência não sai de graça: o banco irá cobrar juros sobre o saldo
devedor da mesma forma. Podemos acordar duas modalidades de carência. Na primeira,
não amortizamos o saldo devedor, mas pagamos ao banco os juros sobre esse saldo que,
com isso, permanece inalterado. Na segunda, não pagamos amortização, nem os juros,
que são calculados e somados ao saldo devedor. Na Tabela 2.1, que vimos anteriormente,
simulamos essa segunda situação, com os mesmos dados do financiamento anterior,
considerando dois anos de carência e juros somados ao saldo devedor. Note o aumento
do valor da parcela em relação à situação da Figura 2.7.

2.2.3.2 O Sistema de Amortizações Constantes - SAC


Vamos agora calcular o financiamento pelo Sistema SAC ou de Amortizações
Constantes. As fórmulas que iremos necessitar estão apresentadas na Figura 2.8. Após
definirmos o valor principal da dívida (P) e o número de parcelas (n) em que a dívida
será quitada, utilizando a equação poderemos calcular o valor da amortização “a”, que
será constante em todo o período. A parcela de cada período (equação 3) é composta por
juros (equação 2) e amortização. O saldo da dívida vai sendo amortizado a cada período
e é calculado com a equação (4).

Figura 2.8 – Cálculo Financiamento SAC.

Sistema SAC
P = Principal da dívida
(1) a = P
n pn = parcela do período “n”
i = taxa de juros
( 2 ) jn = i x Sn - 1
n = número de períodos
( 3 ) pn = a + jn
a = amortização
( 4 ) Sn = Sn - 1 - a jn = juros do período “n”
Sn = saldo devedor no período “n”

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Exemplificando

Para comparar com o Sistema PRICE, tomemos como exemplo uma linha de
crédito com as mesmas características do caso anterior, alterando apenas o sistema
de amortização:

• valor do empréstimo: (P) = R$ 100.000,00;

• a mortização: (n) = 8 parcelas anuais;


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• t axa de juros: (i) = 12% a.a.;

• sistema SAC de amortização.

Os cálculos para o primeiro ano e os valores praticados até o final do financiamento


são apresentados na Figura 2.9. Note que as prestações, apesar de iniciarem mais
elevadas, vão diminuindo ao longo do financiamento e o saldo devedor é reduzido em
uma velocidade maior do que em relação ao Sistema PRICE.

Figura 2.9 – Exemplo Sistema SAC.

a = 100.000,00 = 12.500,00
8
j₁ = 0,12 x S ₀ = 12.000,00 p₁ = a + j₁ = 24.500,00
S₁ = S ₀ - a₁ = 100.000,00 - 12.500,00 = 87.500,00

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

O funcionamento do sistema de carências para o Sistema SAC segue a mesma


lógica do Sistema PRICE. Note que se somarmos a quantidade de juros paga em nossos
dois exemplos (Figuras 2.8 e 2.9), o montante no Sistema SAC é menor, pois o saldo
devedor é amortizado com maior velocidade. No entanto, em operações reais, essa
diferença tende a ser maior ainda, pois no Sistema PRICE, em função de termos parcelas
fixas, o banco deve definir no momento da contratação do empréstimo os juros que
serão cobrados durante todo o período de amortização.

Como não deseja correr riscos de perdas financeiras, caso os juros aumentem
nesse período, os bancos procuram adicionar um prêmio de risco às taxas cobradas no
Sistema PRICE, que tendem a ser maiores que no Sistema SAC. Também por essa razão
não são praticados prazos de amortização muito longos nesse sistema. Já no Sistema
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SAC, a cada parcela os juros são calculados às taxas vigentes no mercado, pois apenas
a amortização é constante. Se os juros de mercado estiverem aumentando, isso refletirá
no valor referente aos juros na parcela a ser paga no período.

A decisão por um sistema de amortização por parte de um investidor fica também


sujeita à expectativa sobre o comportamento da taxa de juros ao longo do período de
amortização. Ele pode aceitar contratar uma taxa maior no Sistema PRICE se acreditar
que os juros podem subir muito acima de sua capacidade de pagamento.

2.2.4 O Custo de Capital e o Impacto nas


Demonstrações Financeiras
Quando uma empresa necessita de recursos para atender suas necessidades
de capital para aquisição de máquinas e equipamentos, seja para investimento em
capital de giro no curto prazo ou no longo prazo, pode ser que ela não consiga obter os
recursos de uma única fonte. Nesse caso, ela poderá compor duas ou mais operações
de financiamento, eventualmente em instituições financeiras diferentes, que podem
possuir custos ou taxas de juros efetivos diferentes.

O Custo de Capital, para essa empresa, será calculado a partir de uma média
dessas diferentes taxas de juros. Não será uma média aritmética, mas sim uma média
proporcional: cada taxa de juros será ponderada pelo montante de capital financiado
àquela taxa em relação ao montante total financiado. Por isso, utilizamos o termo Custo
Médio Ponderado de Capital ou CMPC. Esse custo precisa ser apurado de forma a
possibilitar uma análise sobre a viabilidade de se buscar tais recursos. Isto é: o retorno
esperado com o uso do capital, quer seja pela aquisição de equipamentos, quer seja
financiamento de capital de giro das operações, deverá ser suficiente para cobrir os
custos financeiros de sua utilização.

Exemplificando

Tomemos o caso de um empreendedor que precisava de R$ 50.000,00 para


financiar a compra de novos equipamentos de produção e respectivos estoques de
matéria-prima. Como tinha pressa na operação, ele compôs o capital com diferentes
origens de recursos: uma linha de financiamento de curto prazo de um dos bancos que
operava, um limite de cheque especial de outro banco, uma linha de financiamento
de capital de giro incentivada pelo governo e o restante foi negociado junto a um
terceiro banco por meio do adiantamento de duplicatas ou de contas a receber de seus
clientes. A composição do capital e o custo médio ponderado ficou calculado conforme
apresentado na Tabela 2.2 a seguir.
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Tabela 2.2 – Cálculo do Custo de Capital.

ORIGEM DO VALOR PROPORÇÃO CUSTO CUSTO PROPORCIONAL


RECURSO (R$) (%) (% A.M.) (% A.M.)
Financiamento CP 20.000,00 40% 5,60% 2,24%
Cheque Especial 15.000,00 30% 11,80% 3,54%
Capital de Giro 5.000,00 10% 4,35% 0,44%
Desconto de Duplicatas 10.000,00 20% 6,50% 1,30%
TOTAL 50.000,00 100% 7,52%
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Na coluna “valor”, apresentamos de onde veio cada parte dos R$ 50 mil


necessários para financiar a compra, e a coluna “Proporção” mostra qual a proporção
que cada origem de recursos representa em relação ao total. Na coluna “custo”, temos
a taxa de juros de cada origem de recurso. Por fim, o “Custo Proporcional” representa
o custo multiplicado pela proporção. Na célula destacada, temos o Custo Médio
Ponderado formado pela soma de todos os custos proporcionais. Essa é a taxa de juros
média conseguida pelo empreendedor nessa operação de crédito.

O custo médio ponderado do capital representa uma taxa mínima de retorno que
a empresa precisa obter em relação ao capital investido para poder arcar com os custos
desse financiamento, caso contrário, não conseguirá pagar esse investimento. Desta
forma, observa-se que todos os projetos de investimento, empreendimentos ou novos
negócios precisam apresentar, em média, uma taxa de retorno maior ou, pelo menos,
igual à taxa do custo de capital da empresa. Chamamos essa taxa de Taxa Mínima de
Atratividade (TMA).

Após entendida a forma de cálculo da taxa de juros proporcional, precisamos avaliar


o impacto destes juros nas demonstrações contábeis, mais especificamente na DRE.

Figura 2.10 – Pagamento de juros.

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).


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Neste sentido, visualizaremos que, há princípio, o lucro das operações deve ser
utilizado pelo empreendedor para pagar o capital tomado emprestado do banco. Com
relação aos juros, são considerados despesas financeiras, e o pagamento de juros fica
conforme o exemplo da Figura 2.10.

2.3 Análise e Tomada de Decisão a Partir


da Projeção de Fluxo de Caixa
Importante notar que as avaliações e análises estão voltadas para o alinhamento
dos fluxos de caixa futuros, de forma que o fluxo de caixa realizado será composto
pelas efetivas entradas e saídas de recursos da empresa. Já as projeções de fluxo de
caixa, terão a mesma estruturação, porém, são realizadas com base nas projeções de
cenários futuros.

De toda forma, note que nossa análise esta pautada na linha do fluxo de caixa
do investidor. Com base nisso, estudaremos um pouco sobre os principais indicadores
utilizados para avaliação de projetos de investimento.

2.3.1 Valor Presente Líquido (VPL)


O Valor Presente Líquido ou VPL é, talvez, o indicador mais utilizado na análise
de investimentos, principalmente pela facilidade de ser calculado e por indicar de
forma direta e objetiva se iremos recuperar nosso investimento e o tamanho do lucro
acumulado no final do projeto. Seu método de cálculo se dá por meio da aplicação
direta das fórmulas de valor presente, apresentadas no início da Unidade.

Antes de exemplificarmos, importante destacar alguns pontos importante sobre


a análise de investimentos baseada no VPL (GITMAN, 2010):

1. É usualmente utilizada em análises mais cuidadosas de investimento e seu


grande mérito está em trazer todos os valores ao mesmo momento de análise;

2. Os fluxos futuros de caixa são descontados à uma taxa específica, normalmente


chamada de taxa de desconto, taxa de retorno requerido, custo de capital ou
custo de oportunidade;

3. O valor presente liquido é encontrado subtraindo-se o investimento inicial em


um projeto (FC0) do valor presente de seus fluxos operacionais de caixa (FCt),
descontadas a taxa de desconto específica (i).
52 FINANÇAS DE CURTO PRAZO | Juliano Lautert | Marcelo do Carmo Rodrigues

Figura 2.11 – Demonstração VPL.

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

Conforme vemos na Figura 2.11, o VPL é o somatório dos valores presentes


de cada período do fluxo de caixa, considerando como taxa de desconto ‘i’, ou seja, o
VPL pode ser calculado mediante aplicação de uma fórmula matemática, onde adiciona
todos os fluxos de caixa futuros de um investimento, considerando a taxa de desconto
e o investimento inicial.

Da seguinte forma:

VPL = FC0 + FC1 / (1+TMA) 1 + FC2 / (1+TMA) 2 + ⋯ + FCn / (1 + TMA).

n=0N =FCₙ(1+TMA)ⁿ

• TMA – Taxa Mínima de Atratividade;

• FC₀ – Representa o fluxo de caixa no início da operação (período zero).

Exemplificando

Tomando como base, os fluxos de caixa futuros da nossa empresa fictícia,


podemos calcular o VPL do investimento, utilizando a taxa de desconto de 10% ao ano,
poderemos visualizar que a soma dos fluxos de caixa futuros, a data presente chegarão
a R$ 4.396.440,35.
Gerenciamento em Gestão de Tesouraria e Administração Financeira de Curto Prazo | UNIDADE 2 53

Figura 2.12 – Cálculo do Valor Presente Líquido.

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

Veja que, quando dispomos de diferentes opções de investimentos, uma carteira


com vários projetos, a utilização apenas do VPL pode não ser uma boa medida para
selecionar opções de investimentos. Isso porque, o VPL não nos dá uma ideia do
montante de recursos que tivemos que investir para obter determinado resultado final.
Além disso, esse indicador não nos informa sobre o tempo necessário para chegarmos
a esse resultado. Novamente, dois projetos podem chegar ao mesmo VPL em horizontes
diferentes: um pode gerar determinado resultado em apenas seis meses e outro demorar
dois anos para chegar ao mesmo valor. Por isso precisamos de mais informações.

VÍDEO

Assista ao vídeo "Análise de investimentos e VPL", do canal Fabricando


Resultados, e conheça ainda mais sobre o assunto. Disponível em:
http://gg.gg/v9kcc.
54 FINANÇAS DE CURTO PRAZO | Juliano Lautert | Marcelo do Carmo Rodrigues

2.3.2 Tempo de Retorno de Investimento (Payback)


O Tempo de Retorno de Investimento ou Tempo de Payback é um indicador que
nos dá uma ideia de quanto tempo vamos levar para recuperar o capital investido.

Neste sentido, algumas definições serão importantes na nossa análise


(GITMAN, 2010):

1. O período de Payback é o tempo necessário para que a empresa recupere o


investimento inicial em um projeto, sendo calculado a partir das entradas
nominais de caixa;

2. Apesar de popular, o período de Payback costuma ser considerado uma técnica


pouco sofisticada de análise de orçamento de capital, pois não considera
explicitamente o valor do dinheiro no tempo;

3. O fator de decisão é subjetivo e está baseado em uma série de fatores que


definem o período máximo aceitável para o retorno do investimento;

4. Empresas de grande porte, costumam usar o Payback para avaliar projetos de


baixo valor, enquanto que as de pequeno porte costumam utilizá-lo na avaliação
da maioria de seus projetos.

Ou seja, a análise do Payback, nos demonstra quando o fluxo de caixa do


investidor será reembolsado, ou seja, consideramos o investimento inicial (Negativo),
de forma que os fluxos de caixa futuros (Positivos), deverão reembolsar o investimento
inicial. Conforme demonstrado na Figura 2.13, fica evidente para o investidor que o
retorno do seu investimento se dará ao final do terceiro ano.

Figura 2.13 – Tempo de Retorno de Investimento.

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).


Gerenciamento em Gestão de Tesouraria e Administração Financeira de Curto Prazo | UNIDADE 2 55

Ampliando nossa análise, precisamos, inicialmente, calcular o fluxo de caixa em


valores presente e, em seguida, calcular o valor presente acumulado. Esse valor inicia
negativo, pois sai capital próprio do bolso do investidor. Na medida em que o projeto
gera resultados favoráveis, o investidor vai recuperando o capital investido. O tempo
de payback se dá quando o valor acumulado das entradas de capital se iguala às saídas.

Figura 2.14 – Tempo de Retorno de Investimento.

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

Observe que, até o final do segundo ano, o resultado acumulado em valores


presentes ainda era negativo (R$ 53.348,63). No terceiro ano, o investimento se pagou.
Fazemos uma interpolação, uma regra de três, para determinar a fração do quarto ano
que devemos somar ao tempo de payback: dividimos o saldo negativo do ano
imediatamente anterior pelo VPL do lucro no ano em que o investimento se paga
(53.348,63 / 496.684,82 = 0,11). Assim concluímos que o investimento retornou
totalmente ao investidor em 2,11 anos.

DESTAQUE

O tempo de payback é um indicador muito útil quando a empresa possui


diversas oportunidades de investimento, mas possui limites para aquisição de
novas dívidas, necessitando recuperar o capital próprio o mais rápido possível
para aproveitar e investir nessas novas oportunidades.

2.3.3 Retorno sobre o Investimento Adicionado à TMA (ROIA)


Quando há restrição de capital para investimento, é preciso assegurar que
obtenhamos as melhores opções de retorno sobre o capital investido. Esse indicador é
o ROIA. Utilizamos o retorno do investimento calculado como a razão entre o total de
lucro sobre o capital investido em valores presentes, conforme indicado na Figura 2.15,
que veremos daqui a pouco. Por isso, dizemos retorno “adicionado à TMA”. Lembrando
que a taxa mínima de atratividade (TMA) é a taxa mínima exigida pelo investidor, para
que um investimento seja realizado.
56 FINANÇAS DE CURTO PRAZO | Juliano Lautert | Marcelo do Carmo Rodrigues

O ROIA pode ser obtido pela fórmula (PENA; HOMMA; SILVA, 2011):

(1n( -1
ROIA =
FV
PV ( (
Onde:

ROIA = Retorno Adicionado Sobre o Investimento

FV = Fluxos Previstos de Entradas de Caixa na Vida do Projeto

PV = Fluxos Atualizados do Projeto

n = Prazo do Investimento

Quando anualizamos a taxa de retorno, elevando essa razão (lucro/capital


investido) a (1/n), onde “n” é o número de períodos do horizonte de planejamento,
conseguimos diretamente a informação sobre qual a taxa de retorno anual, já descontado
o custo do capital.

Figura 2.15 – Cálculo ROIA.

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

Desta forma, podemos verificar que quanto maior o ROIA, maior o retorno
adicionado ao custo médio ponderado de capital, o que quer dizer, maior a rentabilidade
que o investidor consegue em relação ao custo do dinheiro que utiliza, incluindo o custo
de oportunidade de deixar seu capital aplicado no banco em fundos de investimento.
Gerenciamento em Gestão de Tesouraria e Administração Financeira de Curto Prazo | UNIDADE 2 57

2.3.4 Taxa Interna de Retorno (TIR)


Nosso último indicador é a Taxa Interna de Retorno - TIR. Perceba que,
se aumentarmos o custo de capital (TMA), iremos aumentar a taxa de desconto que
aplicamos ao fluxo de caixa para calcular o valor presente líquido. Isso gera um problema,
pois, se o investidor for muito otimista, ele pode ignorar sinais do mercado e projetar um
valor de TMA utilizando taxas de juros menores do que as praticadas no mercado para
o horizonte de planejamento, melhorando artificialmente o resultado esperado do VPL.

Ao contrário, se o investidor for avesso ao risco, pode exagerar na dose e, por


excesso de precaução, utilizar TMAs muito elevadas, impactando negativamente
no resultado dos indicadores do projeto e, eventualmente, deixando de aproveitar
oportunidades reais de investimento.

Ainda devemos considerar que (GITMAN, 2010):

1. A TIR é amplamente utilizada embora seja de maior complexidade de calculo


(Usualmente não se pode calcular de forma manual, pois é o resultado de uma
série de interações matemáticas).

n
FCt
VPL = Σ
t=1 (1 + i) t
- investimento inicial = 0

2. A TIR consiste na taxa de desconto que faz com que o VPL de uma oportunidade
de investimento seja igual a R$ 0,00.

Figura 2.16 – Calculo TIR.

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).


58 FINANÇAS DE CURTO PRAZO | Juliano Lautert | Marcelo do Carmo Rodrigues

DESTAQUE

Uma alternativa é calcular a TIR: o valor de custo de capital que, aplicado ao


fluxo de caixa, ZERA o resultado do investimento, ou seja, gera um VPL nulo.
Esse é o pior custo de capital que o projeto pode suportar.

Figura 2.17 – Calculo TIR.

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

Investidores podem preferir calcular a TIR e comparar com as previsões do


mercado financeiro para as taxas de juros e demais indicadores econômicos que,
eventualmente, possam levar o governo a aumentar essas taxas - ou os custos adicionais
às operações financeiras, aumentando a taxa de juros efetiva. Se a TIR for muito
superior às principais projeções, o investidor pode ficar mais seguro que, no final das
contas, ainda poderá perceber certo lucro.
Gerenciamento em Gestão de Tesouraria e Administração Financeira de Curto Prazo | UNIDADE 2 59

Síntese da Unidade
Nesta Unidade, você acompanhou as formulações acerca das decisões
relacionadas a como financiar seu projeto de investimentos, optando entre utilizar
seu capital próprio ou buscar financiamentos junto a instituições financeiras. Vamos
relembrar os pontos mais importantes que aprendemos:

• Ao tomar decisões sobre origens de recursos, temos que considerar que o valor do
dinheiro não é o mesmo ao longo do tempo. Isso é especialmente importante para
projetos de investimento que apresentam retorno no longo prazo. Devemos buscar
reduzir o custo de capital ou TMA - Taxa Mínima de Atratividade. Esse custo
impacta diretamente sobre o valor do fluxo de caixa gerado pelo investimento;

• Existem dois sistemas de amortização para financiamento: SAC e PRICE. Não há


um sistema melhor que o outro. A seleção de linhas de crédito, valor financiado,
perfil e tempo de amortização devem ser definidos a partir da simulação do
resultado desses financiamentos no fluxo de caixa do investimento;

• Os indicadores de atratividade como VPL, TIR, payback e ROIA são


especialmente úteis para nos ajudar a avaliar o impacto de nossas decisões
sobre o fluxo de caixa projetado para o investimento. Não existe um indicador
mais importante que o outro. Eles devem ser considerados em conjunto, sua
priorização depende do foco do investidor.
60 FINANÇAS DE CURTO PRAZO | Juliano Lautert | Marcelo do Carmo Rodrigues

Bibliografia
ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Curso de administração financeira. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 2011.
GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2010.
HOJI, M. Administração financeira e orçamentária: matemática financeira aplicada,
estratégias financeiras, orçamento empresarial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
LEONE, G. Custos: planejamento, implantação e controle. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
PADOVEZE, C. L. Contabilidade Gerencial: um enfoque em sistema de informação
contábil. São Paulo: Atlas, 1994.
PENA, H. H. A; HOMMA, A. K. O; SILVA, F. L. Análise de Viabilidade Econômica:
Um Estudo Aplicado a Estrutura de Custo da Cultura do Dênde no Estado do Pará-
Amazônia-Brasil, 2010. Revista Oidles, v. 5, n.° 11, dez. 2011.
ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JORDAN, B. Fundamentos de Administração
Financeira. 9. ed. São Paulo: McGraw Hill, AMGH, 2015.
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