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Finanças de
CURTO PRAZO
Organizadores:
Juliano Lautert | Marcelo do Carmo Rodrigues
unidade
2
V.1 | 2021
Gerenciamento em Gestão de
Tesouraria e Administração
Financeira de Curto Prazo
Prezado estudante,
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados
com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado
tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os
tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.
Objetivo Geral
Compreender os conceitos de valor presente e futuro, o custo do dinheiro, oportunidades e riscos
associados. Aprender a utilizar fluxos de caixa descontados para avaliar o valor de um negócio ou tomar
decisões sobre os investimentos.
Objetivos Específicos
• Revisar os conceitos básicos de Matemática Financeira;
• Determinar o custo do capital e analisar o impacto da utilização de diferentes fontes de financiamento;
• Utilizar a projeção de fluxo de caixa para determinar o valor da empresa ou tomar decisões sobre um
investimento;
• Conhecer diferentes indicadores de atratividade e de risco utilizados para avaliar o fluxo de caixa de um
projeto e do negócio.
Questões Contextuais
• Você acredita que um empreendedor deve financiar seus investimentos apenas com seu próprio capital?
Ou seria uma boa ideia ele poder contar com empréstimos bancários para aumentar a capacidade de
investimento e, portanto, de ganhos com o empreendimento?
• Como um empreendedor pode obter vários benefícios como o uso de financiamentos bancários para
iniciar um negócio?
• Quais métricas e indicadores uma empresa pode utilizar para avaliar o impacto das diversas decisões
sobre as opções de investimentos em sua atividade?
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valor de aluguéis, mensalidades escolares, salários etc. Isso faz com que o dinheiro
que o investidor espera receber no final do projeto (o retorno do investimento) perca
muito de seu poder de compra em relação ao capital que foi investindo no início do
empreendimento. Desta forma, simplesmente somar os valores e verificar o resultado
líquido, ou seja, a diferença das entradas e das saídas não é totalmente adequado para
a análise de Hermínio, empreendedor que conhecemos na Unidade 1.
DESTAQUE
Vp i x Vp Vf = Vp + i x Vp = Vp x (1 + i)
Exemplificando
Para todos os efeitos, uma pessoa com R$ 100,00 hoje é tão rica quanto uma
pessoa com R$ 110,00 daqui a um ano! Ou então, se alguém lhe diz que possui
R$ 100,00, do ponto de vista financeiro, não é suficiente dizer o quanto possui, mas
também quando esse valor estará disponível. Ter R$ 100,00 hoje é diferente de ter R$
100,00 daqui a um ano, como vimos em nossa conversa inicial sobre juros e inflação.
Vf Vp = valor presente
Vp = Vf = valor futuro
(1 + i) ⁿ
i = taxa de juros
Vf = Vp x (1 + i)ⁿ n = número de períodos
133,10
Vf = 100 x (1 + 10%)³ = 133,10 Vp = = 100,00
(1 + 10%)3
Desta forma, para se tornar atrativo, o investimento deve ter um retorno superior
às demais oportunidades a que o investidor tem acesso. Leone (2000) diz que “custo
de oportunidade é o valor do benefício que se deixa de ganhar quando, no processo
decisório se toma um caminho em detrimento de outro”, desta forma, podemos definir
que o custo de oportunidade pode ser mensurado, em comparação, ao valor da melhor
oportunidade de investimento que foi abandonada.
Neste sentido, para ser atrativo, o investimento deve ter um retorno superior às
demais oportunidades a que o investidor tem acesso.
Exemplificando
GLOSSÁRIO
de investimento e até mesmo a proibição de que a empresa contrate novas dívidas com
outras instituições financeiras sem o consentimento do banco. Esse excesso de controle
pode limitar a atuação dos donos do negócio em outras oportunidades de investimento,
mas também faz o papel de um controle externo independente, zelando pelo sucesso
do empreendimento.
Por último, uma empresa pode abrir seu capital, convidando novos sócios
para participar da gestão do negócio ou lançando ações na bolsa de valores. Em
função do perfil de nosso investidor Hermínio, vamos nos concentrar na utilização de
financiamentos bancários, mas você pode procurar mais informações para se inteirar
de outras formas de captação de recursos para investimentos.
Nos próximos itens, iremos analisar todos esses pontos, a começar pelo último
deles: o Sistema de Amortização. É importante entendermos que, quando pagamos
uma parcela de um financiamento, ela é composta basicamente de duas partes: os juros
sobre o saldo devedor e a amortização (ou valor que será abatido do saldo devedor).
Sistema PRICE
i x (1 + i) ⁿ P = Principal da dívida
(1) p = P x
(1 + i) ⁿ - 1 p = parcela
i = taxa de juros
( 2 ) Jn = i x Sn - 1
n = número de períodos
( 3 ) an = p - jn an = amortização do período “n”
( 4 ) Sn = Sn - 1 - an jn = juros do período “n”
Sn = saldo devedor no período “n”
Exemplificando
Para exemplificar, tomemos como exemplo uma linha de crédito com as seguintes
características:
Note que, antes de fazermos o cálculo, temos que nos assegurar que todas as
taxas são equivalentes aos períodos com os quais vamos trabalhar. Isto é, se estamos
calculando parcelas anuais, a taxa de juros tem que estar na mesma unidade de medida,
caso contrário, temos que converter as taxas. Os cálculos para o primeiro ano e os
valores praticados até o final do financiamento são apresentados na Figura 2.7. Note
que as prestações são fixas e iguais ao longo de todo o financiamento. Na medida
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em que o saldo da dívida vai sendo amortizado, a proporção de juros na parcela vai
diminuindo em relação à proporção de amortização, mas o efeito disso é que o saldo
devedor é bem pouco reduzido enquanto isso não ocorre.
0,12 x (1 + 0,12 )8
p = 100.000 x = 20.130,28
(1 + 0,12 )8 - 1
j₁ = 12% x S ₀ = 12.000,00 a₁ = p - j₁ = 8.130,28
S₁ = S ₀ - a₁ = 100.000,00 - 8.138,28 = 91.869,72
No entanto, essa carência não sai de graça: o banco irá cobrar juros sobre o saldo
devedor da mesma forma. Podemos acordar duas modalidades de carência. Na primeira,
não amortizamos o saldo devedor, mas pagamos ao banco os juros sobre esse saldo que,
com isso, permanece inalterado. Na segunda, não pagamos amortização, nem os juros,
que são calculados e somados ao saldo devedor. Na Tabela 2.1, que vimos anteriormente,
simulamos essa segunda situação, com os mesmos dados do financiamento anterior,
considerando dois anos de carência e juros somados ao saldo devedor. Note o aumento
do valor da parcela em relação à situação da Figura 2.7.
Sistema SAC
P = Principal da dívida
(1) a = P
n pn = parcela do período “n”
i = taxa de juros
( 2 ) jn = i x Sn - 1
n = número de períodos
( 3 ) pn = a + jn
a = amortização
( 4 ) Sn = Sn - 1 - a jn = juros do período “n”
Sn = saldo devedor no período “n”
Exemplificando
Para comparar com o Sistema PRICE, tomemos como exemplo uma linha de
crédito com as mesmas características do caso anterior, alterando apenas o sistema
de amortização:
a = 100.000,00 = 12.500,00
8
j₁ = 0,12 x S ₀ = 12.000,00 p₁ = a + j₁ = 24.500,00
S₁ = S ₀ - a₁ = 100.000,00 - 12.500,00 = 87.500,00
Como não deseja correr riscos de perdas financeiras, caso os juros aumentem
nesse período, os bancos procuram adicionar um prêmio de risco às taxas cobradas no
Sistema PRICE, que tendem a ser maiores que no Sistema SAC. Também por essa razão
não são praticados prazos de amortização muito longos nesse sistema. Já no Sistema
Gerenciamento em Gestão de Tesouraria e Administração Financeira de Curto Prazo | UNIDADE 2 49
SAC, a cada parcela os juros são calculados às taxas vigentes no mercado, pois apenas
a amortização é constante. Se os juros de mercado estiverem aumentando, isso refletirá
no valor referente aos juros na parcela a ser paga no período.
O Custo de Capital, para essa empresa, será calculado a partir de uma média
dessas diferentes taxas de juros. Não será uma média aritmética, mas sim uma média
proporcional: cada taxa de juros será ponderada pelo montante de capital financiado
àquela taxa em relação ao montante total financiado. Por isso, utilizamos o termo Custo
Médio Ponderado de Capital ou CMPC. Esse custo precisa ser apurado de forma a
possibilitar uma análise sobre a viabilidade de se buscar tais recursos. Isto é: o retorno
esperado com o uso do capital, quer seja pela aquisição de equipamentos, quer seja
financiamento de capital de giro das operações, deverá ser suficiente para cobrir os
custos financeiros de sua utilização.
Exemplificando
O custo médio ponderado do capital representa uma taxa mínima de retorno que
a empresa precisa obter em relação ao capital investido para poder arcar com os custos
desse financiamento, caso contrário, não conseguirá pagar esse investimento. Desta
forma, observa-se que todos os projetos de investimento, empreendimentos ou novos
negócios precisam apresentar, em média, uma taxa de retorno maior ou, pelo menos,
igual à taxa do custo de capital da empresa. Chamamos essa taxa de Taxa Mínima de
Atratividade (TMA).
Neste sentido, visualizaremos que, há princípio, o lucro das operações deve ser
utilizado pelo empreendedor para pagar o capital tomado emprestado do banco. Com
relação aos juros, são considerados despesas financeiras, e o pagamento de juros fica
conforme o exemplo da Figura 2.10.
De toda forma, note que nossa análise esta pautada na linha do fluxo de caixa
do investidor. Com base nisso, estudaremos um pouco sobre os principais indicadores
utilizados para avaliação de projetos de investimento.
Da seguinte forma:
n=0N =FCₙ(1+TMA)ⁿ
Exemplificando
VÍDEO
DESTAQUE
O ROIA pode ser obtido pela fórmula (PENA; HOMMA; SILVA, 2011):
(1n( -1
ROIA =
FV
PV ( (
Onde:
n = Prazo do Investimento
Desta forma, podemos verificar que quanto maior o ROIA, maior o retorno
adicionado ao custo médio ponderado de capital, o que quer dizer, maior a rentabilidade
que o investidor consegue em relação ao custo do dinheiro que utiliza, incluindo o custo
de oportunidade de deixar seu capital aplicado no banco em fundos de investimento.
Gerenciamento em Gestão de Tesouraria e Administração Financeira de Curto Prazo | UNIDADE 2 57
n
FCt
VPL = Σ
t=1 (1 + i) t
- investimento inicial = 0
2. A TIR consiste na taxa de desconto que faz com que o VPL de uma oportunidade
de investimento seja igual a R$ 0,00.
DESTAQUE
Síntese da Unidade
Nesta Unidade, você acompanhou as formulações acerca das decisões
relacionadas a como financiar seu projeto de investimentos, optando entre utilizar
seu capital próprio ou buscar financiamentos junto a instituições financeiras. Vamos
relembrar os pontos mais importantes que aprendemos:
• Ao tomar decisões sobre origens de recursos, temos que considerar que o valor do
dinheiro não é o mesmo ao longo do tempo. Isso é especialmente importante para
projetos de investimento que apresentam retorno no longo prazo. Devemos buscar
reduzir o custo de capital ou TMA - Taxa Mínima de Atratividade. Esse custo
impacta diretamente sobre o valor do fluxo de caixa gerado pelo investimento;
Bibliografia
ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Curso de administração financeira. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 2011.
GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2010.
HOJI, M. Administração financeira e orçamentária: matemática financeira aplicada,
estratégias financeiras, orçamento empresarial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
LEONE, G. Custos: planejamento, implantação e controle. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
PADOVEZE, C. L. Contabilidade Gerencial: um enfoque em sistema de informação
contábil. São Paulo: Atlas, 1994.
PENA, H. H. A; HOMMA, A. K. O; SILVA, F. L. Análise de Viabilidade Econômica:
Um Estudo Aplicado a Estrutura de Custo da Cultura do Dênde no Estado do Pará-
Amazônia-Brasil, 2010. Revista Oidles, v. 5, n.° 11, dez. 2011.
ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JORDAN, B. Fundamentos de Administração
Financeira. 9. ed. São Paulo: McGraw Hill, AMGH, 2015.
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