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A CMC e o BNA decidiram retirar a licença de intermediação financeira e o estatuto de

membros BODIVA aos bancos comerciais a partir de 31 de Dezembro deste ano. Em termos
práticos os bancos deixam de ter domínio do mercado já que vão deixar de comprar títulos
para a carteira de clientes. Que impacto terá esta medida no mercado?

Nós como operadores do mercado e como intermediários financeiros temos o conceito que uma
bolsa é constituída pelos seus corretores, distribuidores e demais intermediários financeiros.
Angola passou por um momento em que ocorreu o inverso e agora volta à normalidade.

Os bancos chegaram a dominar quase 100% das transacções e dos clientes do mercado de
capitais. As corretoras queixavam-se que havia concorrência desleal. É a isso que se refere?

Sim! O surgimento do mercado de capitais trouxe apetite para o surgimento de vários players,
mas no final foi a banca a promover e a dominar as negociações na BODIVA. Nós constituímos a
corretora no mesmo ano do surgimento da BODIVA e a nossa expectativa era que aparecessem
outras corretoras.

Num universo de 27 membros BODIVA existem apenas duas corretoras. Porquê?

Observamos a evolução dos monopólios ou conglomerados financeiros. Os bancos confinaram-


se dentro da BODIVA e do próprio sistema financeiro e perdeu-se a grande oportunidade do
surgimento de mais correctoras. Hoje somos apenas três.

Qual o impacto da saída dos bancos da intermediação financeira?

A saída dos bancos ajuda a promover o surgimento de outras corretoras. Do ponto de vista do
negócio, a saída dos bancos vai aumentar o volume de negócios das corretoras e a redução do
monopólio por parte dos bancos. Ajudará também o mercado a modernizar-se, ou seja, a
modernização e evolução dos serviços do mercado de capitais. O que por sua vez vai trazer
maior capilaridade para permitir a execução de ordens dos clientes menos aforrados.

É o fim do domínio dos bancos nas operações na bolsa de valores angolana?

A medida permitirá a evolução do mercado e garante o acesso dos investidores aos distintos
produtos financeiros. Era necessário resolver esta questão para reduzir a concentração excessiva
de poder dos bancos, e para isso foi necessário dar preferência de atribuição das operações a
intermediários financeiros como corretoras, distribuidoras e outros agentes de intermediação,
para que tenhamos um sistema financeiro mais saudável.

Com grande poder vêm grandes responsabilidades. A CMC vai aumentar as acções de
supervisão e fiscalização junto das correctoras.

Foi criado o CSR que é o Conselho de Supervisão do Sistema Financeiro, que vai melhorar as
sinergias informativas entre os diferentes reguladores. Esta medida vai ajudar a mitigar os riscos
no sistema financeiro. Só teremos todos a ganhar. Tudo isso vai criar maior confiança para os
investidores. Este é um ponto crucial.
Os títulos de dívida pública eram, até ao início do ano, o produto mais procurado pelos
investidores que querem proteger o seu dinheiro da desvalorização e do efeito da inflação
sobre o seu poder de compra. Mas muitos queixam-se dos conflitos de interesse dos bancos.

O surgimento de mais corretoras licenciadas vai criar concorrência saudável no mercado, vai
promover melhorias dos serviços prestados ao cliente final, o que do nosso ponto de vista trará
mais investidores para a bolsa de valores.

Os bancos são o maior investidor do mercado. De acordo com o BNA quase 40% dos activos
dos bancos estão em títulos de dívida pública. Os bancos vão manter-se como clientes?

O dinheiro dos bancos vem dos depósitos dos seus clientes, o que lhes dá a possibilidade de
concluir mais ordens já que têm capacidade para trazer grandes poupanças e liquidez para o
mercado. Claro que para as corretoras ter os bancos como clientes vai proporcionar uma maior
dinâmica no mercado de capitais.

(Leia o artigo integral na edição 672 do Expansão, de sexta-feira, dia 29 de Abril de 2022, em
papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Intermediação financeira é a captação de recursos disponíveis junto aos agentes


econômicas superavitários, pelos agentes intermediários, geralmente
entidades financeiras, e repasse para aos agentes econômicos deficitários.
Os bancos comerciais são instituições financeiras privadas ou públicas que têm
como objetivo principal proporcionar suprimento de recursos necessários para
financiar, a curto e a médio prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras
de serviços, as pessoas físicas e terceiros em geral.

FONTE JORNAL MERCADO DATA : 13 DEZEMBRO DE 2021

A CMC e o BNA fizeram sair um comunicado que na qual os bancos


deixam de prestar serviços e actividades de investimento em
valores mobiliários e instrumentos derivados prestados, a partir de
1 de Janeiro de 2023. Porque é que a CMC tomou essa decisão
sendo os bancos os principais agentes do sistema financeiro?
Na realidade essa é uma orientação que decorre da nova Lei que aprova
o Regime Geral das Instituições Financeiras, no seu artigo 440º -
previsão da transferência dos serviços de investimento para sociedades
específicas do mercado de capitais. Apesar da importância dos bancos
no mercado de capitais, que nós reconhecemos, eles actuam como
sociedade distribuidora de valores mobiliários.
Na realidade, as entidades próprias para actuar no mercado são as
sociedades distribuidoras, e havia aqui uma situação de dupla supervisão
e mesmo para própria dinamização do mercado, os bancos comerciais
têm outros fins, então acaba por ser necessário, nesse momento esse
passo, que é necessário para a própria dinamização do mercado, termos
entidades específicas para o mercado de capitais e assim podermos
impulsionar, ainda mais, o nosso mercado.
Com a saída dos bancos, os agentes que fazem parte deste
mercado são suficientes para atender a procura destes
instrumentos?
Não diria que sairiam os bancos se não teriam outros operadores,
existem as sociedades correctoras actualmente registadas, e nós temos
vindo a assistir e prestar esclarecimentos a muitas instituições que
pretendem abrir as suas sociedades correctoras e que podem abrir as
suas próprias sociedades distribuidoras, e a par disso, os bancos, na
realidade, podem sempre constituir sociedades próprias para actuar no
mercado de capitais, que é o que muitos deles pretendem fazer, passar
esse serviço para uma entidade específica e assim acabamos por ter
entidades próprias no mercado sem ter o impacto das saída dos bancos.
Há sempre oportunidades de os bancos, através de outra instituição
própria do mercado, continuarem a actua no mercado.

O que é Intermediação financeira?


A Intermediação Financeira é uma operação que diz respeito à
captação de recursos pelas instituições financeiras, transferindo
dinheiro de agentes econômicos superavitários para os agentes
deficitários.

O que é um Banco Comercial?


O Banco Comercial é uma instituição financeira (de domínio
público ou privado) que tem como principal objetivo captar e
fornecer recursos financeiros em transações de curto a médio
prazo.

Ela pode atender tanto Pessoas Jurídicas (como companhias da


indústria, comércio, prestadores de serviço e mais) quanto Pessoas
Físicas (trabalhadores, por exemplo) atuando como um
intermediário financeiro.

Pode parecer um conceito estranho quando colocado de forma tão


formal, mas se você possui uma conta aberta em alguma
instituição, onde recebe o seu salário e faz transferências, saiba
que se trata de um banco comercial. Ou, pelo menos, de um banco
múltiplo - mas não se preocupe, te explicaremos as diferenças
mais adiante.

Por ora, cabe saber que essas instituições recolhem recursos dos
clientes e repassam aos tomadores de crédito, cobrando juros e
taxas de serviço em suas operações. Dessa forma, cria-se o
chamado “spread bancário”, a principal fonte de receita dos bancos
comerciais.

Como um Banco Comercial funciona?


Burocraticamente falando, os Bancos Comerciais devem ser
constituídos sob uma Sociedade Anônima (S/A). Isso significa que
não possuem capital social sob domínio de alguém em específico,
mas sim dividido em ações que podem ser transacionadas.

Além disso, a organização deve apresentar em sua denominação o


termo “banco” para ser considerada legítima.

Assim como todos as demais classificações de bancos, o Banco


Comercial é supervisionado pelo Banco Central do Brasil, seguindo
as regras do Sistema Financeiro Nacional (SFN).

No entanto, não só de conceitos legais um banco comercial vive.

No dia a dia, os serviços dos quais o cliente mais usufrui quando


associado a uma instituição desse tipo são:

 Movimentações em conta-corrente e conta-poupança;


 Uso de cartões de crédito;
 Uso de cartões de débito;
 Emissão de cheques;
 Pagamentos de contas;
 Transferências para outra conta bancária da mesma
instituição;
 Transferências para outra conta bancária de instituição
diferente;
 Custódia de bens em cofres;
 Empréstimos diversos.

Para financiar suas operações e garantir esses serviços, contudo,


os bancos comerciais recolhem depósitos à vista (via conta
corrente) ou depósitos a prazo (através de investimentos como o
Certificado de Depósito Bancário - CDB).

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