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membros BODIVA aos bancos comerciais a partir de 31 de Dezembro deste ano. Em termos
práticos os bancos deixam de ter domínio do mercado já que vão deixar de comprar títulos
para a carteira de clientes. Que impacto terá esta medida no mercado?
Nós como operadores do mercado e como intermediários financeiros temos o conceito que uma
bolsa é constituída pelos seus corretores, distribuidores e demais intermediários financeiros.
Angola passou por um momento em que ocorreu o inverso e agora volta à normalidade.
Os bancos chegaram a dominar quase 100% das transacções e dos clientes do mercado de
capitais. As corretoras queixavam-se que havia concorrência desleal. É a isso que se refere?
Sim! O surgimento do mercado de capitais trouxe apetite para o surgimento de vários players,
mas no final foi a banca a promover e a dominar as negociações na BODIVA. Nós constituímos a
corretora no mesmo ano do surgimento da BODIVA e a nossa expectativa era que aparecessem
outras corretoras.
A saída dos bancos ajuda a promover o surgimento de outras corretoras. Do ponto de vista do
negócio, a saída dos bancos vai aumentar o volume de negócios das corretoras e a redução do
monopólio por parte dos bancos. Ajudará também o mercado a modernizar-se, ou seja, a
modernização e evolução dos serviços do mercado de capitais. O que por sua vez vai trazer
maior capilaridade para permitir a execução de ordens dos clientes menos aforrados.
A medida permitirá a evolução do mercado e garante o acesso dos investidores aos distintos
produtos financeiros. Era necessário resolver esta questão para reduzir a concentração excessiva
de poder dos bancos, e para isso foi necessário dar preferência de atribuição das operações a
intermediários financeiros como corretoras, distribuidoras e outros agentes de intermediação,
para que tenhamos um sistema financeiro mais saudável.
Com grande poder vêm grandes responsabilidades. A CMC vai aumentar as acções de
supervisão e fiscalização junto das correctoras.
Foi criado o CSR que é o Conselho de Supervisão do Sistema Financeiro, que vai melhorar as
sinergias informativas entre os diferentes reguladores. Esta medida vai ajudar a mitigar os riscos
no sistema financeiro. Só teremos todos a ganhar. Tudo isso vai criar maior confiança para os
investidores. Este é um ponto crucial.
Os títulos de dívida pública eram, até ao início do ano, o produto mais procurado pelos
investidores que querem proteger o seu dinheiro da desvalorização e do efeito da inflação
sobre o seu poder de compra. Mas muitos queixam-se dos conflitos de interesse dos bancos.
O surgimento de mais corretoras licenciadas vai criar concorrência saudável no mercado, vai
promover melhorias dos serviços prestados ao cliente final, o que do nosso ponto de vista trará
mais investidores para a bolsa de valores.
Os bancos são o maior investidor do mercado. De acordo com o BNA quase 40% dos activos
dos bancos estão em títulos de dívida pública. Os bancos vão manter-se como clientes?
O dinheiro dos bancos vem dos depósitos dos seus clientes, o que lhes dá a possibilidade de
concluir mais ordens já que têm capacidade para trazer grandes poupanças e liquidez para o
mercado. Claro que para as corretoras ter os bancos como clientes vai proporcionar uma maior
dinâmica no mercado de capitais.
(Leia o artigo integral na edição 672 do Expansão, de sexta-feira, dia 29 de Abril de 2022, em
papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)
Por ora, cabe saber que essas instituições recolhem recursos dos
clientes e repassam aos tomadores de crédito, cobrando juros e
taxas de serviço em suas operações. Dessa forma, cria-se o
chamado “spread bancário”, a principal fonte de receita dos bancos
comerciais.