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1767118 E-book gerado especialmente para CAMILA FORTUNATO

Banco do Brasil
Escriturário - Agente Comercial

Atualidades do Mercado
Financeiro

1767118 E-book gerado especialmente para CAMILA FORTUNATO


Obra

BB — Banco do Brasil
Escriturário - Agente Comercial

Autores

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO • Amanda Aires

ISBN: 978-65-5451-019-6

Edição: Dezembro/2022

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SUMÁRIO

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO..............................................................5


FUNÇÕES DA MOEDA........................................................................................................................... 5

SISTEMA MONETÁRIO: CONCEITO INICIAIS....................................................................................................5

MOEDA.................................................................................................................................................................6

CONTAS DO SISTEMA MONETÁRIO................................................................................................... 9

BALANCETE DOS BANCOS COMERCIAIS..........................................................................................................9

BALANCETE DA AUTORIDADE MONETÁRIA...................................................................................................11

CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE LIQUIDEZ...........................................................................................................15

MULTIPLICADOR MONETÁRIO.......................................................................................................... 16

DEMANDA POR MOEDA..................................................................................................................... 18

INTRODUÇÃO: O QUE ESPERAR DOS BANCOS NA ERA DIGITAL?................................................ 28

BANCO DIGITAL X BANCO DIGITALIZADO....................................................................................... 35

OPEN BANKING.................................................................................................................................................37

NOVOS MODELOS DE NEGÓCIOS.....................................................................................................................38

O DINHEIRO NA ERA DIGITAL...........................................................................................................................41

MARKETPLACE................................................................................................................................... 43

CORRESPONDENTES BANCÁRIOS................................................................................................... 46

ARRANJOS DE PAGAMENTOS........................................................................................................... 49

SISTEMA DE PAGAMENTOS INSTANTÂNEOS - PIX........................................................................ 54

SEGMENTAÇÃO E INTERAÇÕES DIGITAIS E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NO SISTEMA


FINANCEIRO........................................................................................................................................ 55

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ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO

FUNÇÕES DA MOEDA
CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Neste texto vamos trabalhar o conceito de moedas. Aqui, vamos falar sobre a sua forma-
tação mais tradicional: a moeda metálica e o papel moeda. Entender o seu conceito mais
essencial é relevante para compreender a sua importância na economia e, assim também, no
sistema financeiro.
Ao trabalho?

SISTEMA MONETÁRIO: CONCEITO INICIAIS

O sistema monetário de um determinado país consiste nas instituições e regras cujo obje-
tivo é conceder eficiência nas transações econômicas, além de possibilitar ao país o controle
da política monetária.
Para fins de análise macroeconômica, o sistema monetário é composto da autoridade
monetária (Banco Central) e das instituições financeiras bancárias (resumidas como bancos
comerciais), os quais estão autorizados a receber depósitos à vista do público não financeiro.
Deste modo, podem influenciar na determinação dos meios de pagamento e da oferta mone-
tária, como será visto adiante.
Ainda que no Brasil existam outras instituições financeiras bancárias, como as cooperati-
vas de crédito, os bancos múltiplos etc., a teoria econômica simplifica todas estas instituições
como bancos comerciais, pois são estes as instituições financeiras bancárias por excelência.

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


Quando cada um de nós que vai ao banco comercial depositar certa quantia, mantém este
saldo em conta corrente. Esta é a chamada moeda escritural.
No entanto, os bancos utilizam estes recursos para conceder empréstimos a outros indiví-
duos, que também passam a apresentar saldo em conta corrente.
Naturalmente, o banco está disponibilizando mais capital do que dispõe, pois o depósito
inicial se “multiplicou” através dos saldos apresentados pelos outros indivíduos que toma-
ram empréstimos bancários. Este é o mecanismo básico para entender por que os bancos
influenciam a determinação da oferta monetária. Quando operam no sistema monetário,
elevam a quantia de moeda em circulação na economia.
O Banco Central, devido ao exercício do monopólio da emissão monetária, controla a
base monetária da economia. Este fato é fundamental para a compreensão da política mone-
tária, pois, mesmo que os bancos comerciais influenciem na determinação da moeda em cir-
culação, como explicado de maneira simplificada, a autoridade monetária pode influenciar
em todas as instâncias do circuito monetário, como será explicado adiante.
Desta forma, algumas importantes ideias, que serão melhor expostas adiante, já devem estar
em mente:
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z o sistema monetário é formado pelo Banco Central e pelas instituições financeiras mone-
tárias (resumidas como bancos comerciais);
z o Banco Central possui total controle sobre a base monetária pois possui monopólio na
emissão de moeda, além de ser capaz de realizar outras operações que determinam a base
monetária;
z o Banco Central pode influenciar a quantidade total de moeda na economia (que não se con-
funde com a base monetária, mas é um múltiplo desta variável);
z os bancos comerciais, através do processo de multiplicação de moeda, multiplicam a base
monetária no total de moeda em circulação na economia.

MOEDA

Naturalmente, vamos começar pela unidade básica do sistema monetário: a moeda.


A moeda é definida como toda forma de ativos financeiros utilizados como meio de
troca nas transações econômicas.
Esse é o conceito básico e mínimo de moeda. Por toda história, várias formas de moeda
foram adotadas e várias características foram derivadas como consequência. No entanto, em
todas as formas assumidas, a característica de meio de troca foi o denominador comum.
Na atualidade, a moeda assume outras características, como reserva de valor, por exemplo.
Começando pela característica básica de meio de troca, devemos compreender que, ao promo-
ver eficiência nas trocas, esta característica é intrínseca à moeda.
Ou seja, sua utilização possibilita reduzir os custos de transação, eliminando a necessidade
de desejos mútuos para a realização de negócios. Imagine o seguinte caso: eu oferto aulas de
macroeconomia, e exijo em troca dotações de alimento. Naturalmente, caso alguém quisesse ofe-
recer garrafas de vinho eu não aceitaria, resultando em uma transação a menos. Ao adotar a moe-
da, eu posso aceitá-la e adquirir as dotações de alimento que preciso.
Assim, todos (interessados) podem adquirir o curso sem necessitar conhecer minhas preferên-
cias de consumo, oferecendo moedas na transação. Obviamente, mais transações serão realizadas
de modo mais eficiente.
Outra função da moeda é servir como unidade de conta. Todos os bens e serviços dispos-
tos na economia podem ser cotados em relação ao valor de unidades da moeda de referência.
Assim, dotações de alimento custam 10 unidades monetárias, garrafas de vinho, 5 unidades
monetárias, e assim por diante. A possibilidade de comparar os valores entre os bens auxilia
no processo decisório e, consequentemente, nas transações.
Naturalmente, a adoção de um padrão monetário confere ainda mais facilidade a esta
característica. É como se tornasse mais tangível o valor dos bens. Afinal, todos sabem o signi-
ficado e a diferença entre R$ 5,00 e R$ 1 mil.
É importante salientar que em períodos inflacionários, a moeda perde a função de unida-
de de conta. Nada mais natural: a inflação resulta em desvalorização da moeda; assim, cada
vez mais a moeda é necessária para exprimir o valor de determinado bem/serviço; no limite, o
valor seria muito grande e os agentes escolheriam outra unidade mais estável para esta função.
No Brasil, a dissociação entre meio de troca e unidade de conta ocorreu na adoção do Plano
Real. As transações eram cotadas em URV (unidade de conta), mas liquidadas em cruzeiro real
(meio de troca).

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Por fim, pode-se também utilizar a moeda como reserva de valor. Ao realizar as tran-
sações os agentes não necessitam consumir toda a renda derivada da produção no mesmo
período em que ela é produzida. O resultado deste fato é a geração de poupança.
Assim, o excesso de produção sobre o consumo no período corrente pode ser armazenado
e consumido no futuro. Neste aspecto, a moeda assume a forma de ativos financeiros.
Podemos resumir as funções da moeda da forma que segue:

z Meio de troca: função intrínseca da moeda, permitindo eficiência nas transações;


z Unidade de conta: denominador comum na cotação do valor dos bens e serviços transa-
cionados; permite apurar o valor relativo dos bens, mas pode perder a função em períodos
de grande inflação;
z Reserva de valor: possibilidade de a moeda render juros e efetivar transações dentro do
ambiente intertemporal.

No limite, caso a moeda perca toda a credibilidade e, portanto, suas funções, um país pode
escolher outra moeda para realizar as transações. É o caso de países cuja inflação atingiu
valores elevados, e que escolheram o dólar como meio de troca, unidade de conta e reserva
de valor (processo chamado de dolarização). Naturalmente, ao adotar a moeda de outra
nação, o país perde a possibilidade de efetuar política monetária e influenciar a renda por
este canal.
Podendo assumir formas distintas, a moeda não se resume ao papel-moeda ou à moeda
metálica, chamadas de moedas de curso forçado1. Ativos financeiros também podem ser
utilizados como meio de troca.
O que diferencia estas formas de moeda é a liquidez e seus emissores.
Devemos compreender a liquidez como a capacidade de conversão de um ativo em dinhei-
ro sem perda de valor. Assim, a conversão de papel moeda em ativos é imediata, o que conce-
de a esta espécie de moeda a maior liquidez de todas. Do mesmo modo, a conversão de títulos
financeiros em ativos não é tão imediata, evidenciando menor liquidez, além de incorrer em
custos de transação maiores.
Em que pese à relevância da liquidez na caracterização dos agregados monetários, atual-

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


mente o Banco Central define os agregados monetários de acordo com o sistema emissor.
Esta é uma modificação recente promovida pelo Bacen e tem sido muito cobrada em con-
cursos. Portanto, atenção: antes a definição era realizada pelo grau de liquidez do meio de
pagamento; no momento, são definidos de acordo com a instituição emissora.
Mais precisamente, atualmente existem os seguintes agregados monetários no Brasil:

z M1: também conhecido como meio de pagamento restrito, M1 é gerado pelas instituições emis-
soras de haveres estritamente monetários. Abrange o papel moeda em poder do público +
depósitos à vista;
z M2: também conhecido como meio de pagamento ampliado, corresponde ao M1 e às
demais emissões de alta liquidez realizadas primariamente no mercado interno por insti-
tuições depositárias — as que realizam multiplicação de crédito. Abrange M1 + depósitos
especiais remunerados + depósitos de poupança + títulos emitidos por instituições
depositárias;

1 Moedas de curso forçado são aquelas que não possuem nenhum ativo como lastro (moeda fiduciária). O valor
é derivado da confiança que a moeda exprime, como o dólar (US$), ou o real (R$). 7
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z M3: também conhecido como meio de pagamento ampliado, é composto por M2 e pelas
captações internas por intermédio dos fundos de renda fixa e das carteiras de títulos regis-
trados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC). Contém M2 + quotas de fun-
dos de renda fixa + operações compromissadas registradas no SELIC;
z M4: também conhecido como poupança financeira, engloba o M3 e os títulos públicos de
alta liquidez. Agrega, portanto, M3 + títulos públicos de alta liquidez.

É importante citar que o processo de inovação financeira realizado pelo mercado cria
ativos financeiros substitutos à moeda. Ao passo que estas inovações ocorrem de maneira
consistente, a definição de agregados monetários torna-se variável. Naturalmente, os compo-
nentes de M1, M2, M3 e M4 são mutáveis.
É preciso ter em mente que todos os agregados são considerados substitutos da moeda,
isto é, podem substituí-la em quaisquer de suas funções, quando for o caso. Indo além, a
variação nas quantidades em circulação de cada um dos agregados monetários pode signifi-
car variação na oferta de moeda e, consequentemente, mudanças na política monetária.
No momento, cabe detalhar o conceito de papel-moeda, devido a sua elevada liquidez e
vital importância no sistema econômico.
O papel-moeda instituiu um marco na história econômica. Anteriormente, as transações
eram realizadas por moeda metálica ou por outra forma de pagamento que fosse lastreada
em metal precioso, ou mesmo pelo próprio metal (chamado moeda-mercadoria). Assim, as
transações eram liquidadas em moedas de ouro, ou através de papel moeda que estivesse
lastreado em ouro, denominada moeda fiduciária. A liquidação das operações estava garan-
tida, pois a fonte de valor (ouro) permanecia depositada nos cofres do governo, lastreando
as operações.
No entanto, esta maneira não é mais praticável. No momento, as transações no mundo são
realizadas, em grande maioria, por papel-moeda sem qualquer lastro, já denominadas de
curso de forçado.
A fonte de confiança na liquidação das transações é a credibilidade do governo central.
Ao passo que o governo central adota determinado papel-moeda para realizar suas tran-
sações econômicas, o restante da economia assume a mesma forma.
O papel-moeda é dividido em 3 espécies:

z Papel-moeda emitido: total de moeda emitido pela autoridade monetária, que pode se
encontrar no caixa da autoridade monetária ou em circulação pelo setor privado bancário
ou não bancário;
z Papel-moeda em circulação: é o total de moeda em circulação na economia, ou seja,
quantidade moeda emitida (-) a quantidade de moeda no caixa da autoridade monetária;
z Papel-moeda em poder do público: corresponde ao total de papel-moeda emitido que se
encontra em poder do público não financeiro, isto é, que não esteja em poder da autorida-
de monetária ou dos bancos comerciais.

A quantidade de papel-moeda em circulação e de papel moeda emitido é praticamente a


mesma, dada a quantidade desprezível (em relação ao total de moeda circulação) de moeda
no caixa da autoridade monetária.

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O papel-moeda em poder público consiste na quantidade de numerário que não está em
poder da autoridade monetária e dos bancos comerciais. Quando somado à quantidade de
moeda escritural, origina o conceito de meios de pagamento restrito (M1).

CONTAS DO SISTEMA MONETÁRIO


A análise das contas do sistema monetário, além de denotar a “troca de mãos” da moeda,
possibilita a compreensão do processo de criação e destruição de liquidez (meios de paga-
mento) na economia.
A autoridade monetária transaciona diretamente com os bancos comerciais, assim como
estes transacionam com o público não financeiro. Da primeira relação, podemos obter a
quantidade de base monetária da economia. Da segunda, resultam os meios de pagamentos
e quantidade de liquidez. Portanto:

z as transações do Banco Central com os Bancos Comerciais determinam a base monetária da


economia;
z as transações dos bancos comerciais com o público em geral (mais precisamente, as tran-
sações consolidadas do sistema monetário) determinam a quantidade de meios de paga-
mento da economia.

Podemos começar analisando as contas dos bancos comerciais.

BALANCETE DOS BANCOS COMERCIAIS

Assim como qualquer companhia que desenvolve atividades comerciais, os bancos comerciais
possuem direitos e obrigações, expressos em seu balancete nas contas do ativo e do passivo. A dife-
rença é a atividade social desenvolvida pelos bancos comerciais: ao invés de produzir bens/servi-
ços (entre outros ativos reais), os bancos ofertam ativos financeiros, além de prestar o serviço

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


de intermediação financeira (captam recursos do público e os aplicam em ativos diversos).
Deste modo, os recursos captados pelos bancos comerciais, que representam o passivo da
instituição (também chamado de funding), são formados por:

z recursos próprios (patrimônio líquido e reservas);


z depósitos à vista e a prazo, recebidos do público não financeiro (correntistas, por exemplo);
z depósitos de poupança;
z empréstimos tomados com outras instituições financeiras e afins;
z empréstimos tomados com a autoridade monetária, a título de redescontos;
z recursos diversos.

Através de suas atividades típicas, os bancos comerciais aplicam estes ativos em:

z concessão de empréstimos;
z reservas bancárias (encaixes bancários);
z aplicação em títulos financeiros públicos e privados;
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z imobilizado bancário;
z outras aplicações.

Estes ativos e passivos podem ser representados da forma contábil, como segue abaixo:

BALANCETE DOS BANCOS COMERCIAIS


Ativo Passivo
Reservas bancárias
z moeda corrente
z no Banco Central Recursos próprios
Depósitos à vista
z voluntárias
Depósitos a prazo
z compulsórias Redescontos
Empréstimos externos
Empréstimos concedidos Depósito em poupançaDemais recursos
Títulos/ativos público e privado Imobilizado
Outras aplicações

Reservas Bancárias

Correspondem às reservas voluntárias e compulsórias. As voluntárias são mantidas no


caixa do banco comercial e voluntariamente no Banco Central. Sua principal função é com-
pensar eventuais excessos de pagamentos em relação aos recebimentos dos bancos em deter-
minado dia.
Já as reservas compulsórias correspondem a um percentual dos depósitos à vista e a prazo
captado pelos bancos comerciais e mantidos no Banco Central. A principal função é conter
excessos de liquidez na economia, servindo de instrumento de política monetária. Comumen-
te, estas reservas são representadas pela taxa de compulsório, que nada mais é que o percen-
tual dos depósitos recebidos pelos bancos que deve ser mantido nos cofres do Banco Central.

Empréstimos Concedidos e Tomados

Correspondem à natureza das operações bancárias. Os bancos tomam recursos (funding)


no mercado interno e externo, remunerando ou não os proprietários destes valores, e empres-
tam estes recursos a uma taxa de juros aos agentes da economia. Naturalmente, a diferença
entre as taxas de juros corresponde ao resultado das operações bancárias e é comumente
denominada de spread bancário.

Redesconto

Corresponde à função da autoridade monetária de emprestador de última instância. As


operações de redesconto correspondem aos empréstimos da autoridade monetária aos ban-
cos comerciais, para fins de liquidez. Este procedimento ocorre nos casos de encaixes bancá-
rios atingirem limite mínimo em relação aos depósitos à vista, e em outros determinados por
lei, geralmente quando os bancos comerciais se tornam agentes financeiros da autoridade
monetária, intermediando empréstimos com finalidade específica a determinado setor da
10 economia (por exemplo, empréstimos ao setor exportador e ao agrícola).
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O redesconto mais comum é o de liquidez. Como as instituições bancárias apresentam
encaixes inferiores aos depósitos à vista (pois concedem o depósito à vista de determinado
indivíduo a outro), em determinado momento os saques dos agentes não financeiros podem
superar os encaixes bancários. Para garantir a solvência do sistema, o Banco Central concede
empréstimos (redescontos) para cobrir a diferença.
É importante fazer menção a duas “pegadinhas” recorrentes em concursos. Na primeira,
o redesconto pode ser entendido como a operação de empréstimo, ou como a taxa de juros
cobrada nesta operação. É importante se atentar a este detalhe, pois elevação na taxa de
redesconto resulta em redução da operação de empréstimo. No entanto, aumento do redes-
conto pode ser entendido como aumento do montante emprestado aos bancos comerciais a
título de redesconto.
Na segunda, as operações de redesconto não são incomuns e são realizadas apenas em
momentos de crise ou de problemas no sistema financeiro. No Brasil, por exemplo, as ope-
rações são realizadas diariamente em procedimento conhecido como redesconto intradia.
Nessa sistemática, se em determinado momento do dia a instituição financeira se encontrar
com posição de pagamentos mais elevada que sua disponibilidade no sistema financeiro, o
Banco Central realiza o redesconto intradia para fornecer liquidez. Em contrapartida, a insti-
tuição financeira deposita títulos públicos federais na conta do Banco Central como garantia
até encerrar a operação, fato que pode acontecer no mesmo dia (por isso o nome intradia).

Aplicação em Títulos Públicos/Privados

A aplicação em títulos, além de render remuneração aos recursos depositados no banco


comercial, pode ser considerada como substituta dos encaixes (depósitos). Como alguns títu-
los são altamente líquidos e rentáveis, os bancos comerciais preferem manter títulos como
encaixe ao invés de liquidez (moeda corrente), que não rende juros. Parte dos depósitos com-
pulsórios podem ser realizados em títulos ao invés de em dinheiro.
Por fim, é importante mencionar que o balancete dos bancos comerciais evidencia ope-
rações com a autoridade monetária e com o público não financeiro, interno e externo. Deste
modo, podem-se entender os bancos comerciais como intermediários no sistema monetário.

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


Isto será importante para compreensão de criação e de destruição de liquidez, além do con-
ceito do multiplicador monetário.

BALANCETE DA AUTORIDADE MONETÁRIA

O balancete do Banco Central evidencia suas quatro características básicas:

z emissor de papel-moeda (base monetária);


z banqueiro do Tesouro Nacional;
z banqueiro dos bancos comerciais (redesconto);
z depositário das reservas internacionais.

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BALANCETE DA AUTORIDADE MONETÁRIA
Ativo Passivo

Reservas internacionais Papel-moeda emitido


Empréstimos do Tesouro Nacional e demais Depósitos do Tesouro Nacional
entes federativos Reservas dos Bancos Comerciais no Banco
Redescontos Central:
Títulos públicos z Voluntárias
Moeda corrente z Compulsórias
Empréstimos ao setor privado
Imobilizado Recursos próprios
Demais aplicações Demais exigibilidades

Emissão de Papel-Moeda (Papel-Moeda Emitido)

A mais comum das funções do Banco Central é a emissão de papel-moeda. Como o papel
moeda emitido consta no ativo de todo o resto da economia, porquanto é utilizado como
ativo das transações econômicas, ele é apresentado como passivo no Banco Central, a fim de
respeitar o princípio contábil das partidas dobradas. Ou seja, a cada crédito há também um
lançamento a débito.
Há diversos motivos para variar a quantidade de papel-moeda na economia. Dentre as
mais comuns está a possibilidade de influenciar positivamente a demanda agregada e, por
consequência, a renda; estimular as transações da economia; financiar o déficit do governo,
entre outros.

Banqueiro do Tesouro Nacional (Títulos, Empréstimos e Depósitos ao Tesouro Nacional)

A autoridade monetária desempenha o papel de banqueiro do Tesouro Nacional, além


de poder, teoricamente, conceder empréstimos aos demais entes da federação. Assim, pode
conceder empréstimos ao poder central, adquirir títulos públicos federais para fins de polí-
tica monetária (modificar a oferta de moeda e a taxa de juros da economia), ou fiscal (cobrir
déficits orçamentários)2.

Banqueiro Dos Bancos Comerciais (Redescontos e Reservas dos Bancos Comerciais)

Já foram apresentados no balancete dos bancos comerciais os detalhes da operação de


redescontos e das reservas voluntárias e compulsórias exigidas pelo Banco Central. Aqui se
aplicam as mesmas disposições.

2 Segundo o § 1º, do art. 164, da Constituição Federal, de 1988, é vedado ao banco central conceder, direta
ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição
financeira.
Art. 164 A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo banco central.
§ 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer
órgão ou entidade que não seja instituição financeira.
§ 2º O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a
oferta de moeda ou a taxa de juros.
§ 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em
12 instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei.
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Depositário das Reservas Internacionais

As transações com o resto do mundo resultam no acúmulo ou perda de reservas inter-


nacionais. Quando o país aufere saldos positivos no balanço de pagamentos, as reservas se
elevam e o Banco Central as deposita em conta correspondente; do mesmo modo, caso o
balanço de pagamentos apresente saldo deficitário, as reservas diminuem, fato evidenciado
no balanço da autoridade monetária.
Assim, é útil realizar alguns ajustes nos balancetes, para adequar a contabilidade às finali-
dades de analisar as variações da base monetária e dos meios de pagamento. Como, ao invés
de contabilizar o papel-moeda emitido no passivo e o caixa do Banco Central no ativo, pode-
mos contabilizar o papel moeda em circulação, o que é a mesma coisa. Pois, Papel-Moeda em
Circulação = Papel-Moeda em Poder do Público + Reservas Bancárias.
Este conceito é muito relevante, pois ele representa o valor da base monetária. Desta for-
ma, a base monetária, como derivada da moeda emitida pelo Banco Central, é igual à moeda
em poder do público mais a moeda em poder dos bancos comerciais.
Podemos simplificar todas as contas não relacionadas ao sistema monetário, tais como o
imobilizado, demais aplicações e outras, denominando-as de saldo líquido das demais contas.
Outro exemplo de ajuste seria, decompor o passivo entre passivo monetário e passivo não
monetário.
O passivo monetário corresponde à base monetária e pode ser expresso como os meios
de pagamento criados pelo Banco Central, ou seja, pelo papel-moeda em poder do público
e pelas reservas dos bancos comerciais. Deve-se aqui comparar as características da base
monetária criada pelo Banco Central e do agregado monetário M1.
Este é composto pelo papel-moeda em poder do público e pelos depósitos bancários, que
são definidos na interação entre os bancos comerciais e o setor não financeiro, e representa-
do no balancete dos bancos comerciais.
A base monetária, como é formada pelo papel-moeda em poder do público mais as reser-
vas bancárias, corresponde a uma parcela do total de meios de pagamento restrito (M1), pois
as reservas bancárias são inferiores ao total de depósitos bancários. Afinal, estes represen-
tam por excelência a ideia do multiplicador monetário, que será explicado mais adiante.

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


No entanto, recorde da diferença: a base monetária é inferior aos meios de pagamento
devido à diferença entre reservas bancárias e depósitos bancários.
O passivo não monetário é composto por contas não importantes em nossa análise no
momento, como imobilizado, recursos especiais, depósitos do Tesouro Nacional, entre outros.
Feitas as observações, podemos apresentar o balancete consolidado da autoridade
monetária:

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BALANCETE CONSOLIDADO DA AUTORIDADE MONETÁRIA
Ativo Passivo

Base monetária:
z papel-moeda em poder do público
z reservas dos bancos comerciais em caixa e
Reservas internacionais no Banco Central
Empréstimos ao Tesouro Nacional e demais
entes federativos
Títulos Públicos Passivo não monetário:
Empréstimos ao setor privado z reservas do Tesouro Nacional
z empréstimos externos
z recursos especiais
z saldo líquido das demais contas

Desta contabilidade, atente-se a conceituação abaixo:

z a determinação da base monetária pode ser entendida como a determinação do passivo


monetário do balancete;
z para a base monetária variar, é necessário que varie o ativo, ou o passivo não monetário
(ou mesmo os dois juntos, desde que em valores distintos);
z o aumento das reservas internacionais, das operações de redesconto, empréstimos ao Tesouro
e ao setor privado, bem como o aumento de títulos públicos na carteira do Banco Central (man-
tendo o passivo não monetário constante) elevam a base monetária.

BALANCETE CONSOLIDADO DO SISTEMA MONETÁRIO

A consolidação contábil do sistema monetário corresponde à soma dos balancetes dos


bancos comerciais e da autoridade monetária.
Aqui se obtém uma importante regra: a interação entre os dois balancetes fornece o resul-
tado das operações do sistema monetário com os agentes não financeiros da economia, ou
seja, evidencia o volume das transações do banco central e dos bancos comerciais com o
restante da economia.
A elevação do ativo do balancete consolidado resulta em criação de meios de pagamento
(política monetária expansionista).
O aumento do passivo em destruição de meios de pagamento (política monetária
contracionista).

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BALANCETE CONSOLIDADO DO SISTEMA MONETÁRIO
Ativo Passivo
Meios de pagamento
z papel-moeda em poder do público
Aplicações dos bancos comerciais z depósitos nos bancos comerciais
z empréstimos ao setor privado
z títulos públicos e privados Recursos Não Monetários dos Bancos
Comerciais
Aplicações do Banco Central z depósito a prazo
z reservas internacionais z depósitos de poupança
z empréstimos ao Tesouro Nacional e z saldo líquido das demais contas
demais entes federativos
z títulos públicos Recursos não monetários do Banco Central
z empréstimos ao setor privado z depósitos do tesouro nacional
z aplicações especiais z empréstimos externos
z recursos especiais
z saldo líquido das demais contas

CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE LIQUIDEZ

A determinação da base monetária e dos meios de pagamento, através dos balancetes da


autoridade monetária e do sistema monetário consolidado, é fato consumado.
Ainda melhor é saber que podemos traduzir os balancetes em simples expressões algébri-
cas, que determinam os valores da base monetária e dos meios de pagamento na forma de
resíduos.
Observe:

ΔBase Monetária= ΔAtivoB.Central- ΔPassivo não MonetárioB.Central

ΔMeios Pgto= ΔAtivoS.Monetário- ΔPassivo não MonetárioS.Monetário

A variação na base monetária é resultado de variações no ativo do balancete do Ban-

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


co Central ou em seu passivo não monetário. A elevação do ativo e a redução do passivo
não monetário aumentam a base monetária
O aumento nos meios de pagamento é resultado ou do aumento do ativo do balancete
do sistema monetário consolidado, ou da redução do passivo não monetário dele.
Outras duas conclusões são essenciais à análise. A primeira é que haverá variação na base
monetária apenas quando um dos lados da operação for a autoridade monetária. Por exem-
plo, quando o Banco Central adquire títulos públicos, ele aumenta a base monetária. Nesta
operação, obrigatoriamente deve estar de um lado o Banco Central e do outro lado o setor
bancário ou não bancário.
Outro exemplo ocorre quando o Banco Central eleva as reservas internacionais, aumen-
tando o ativo do balancete e, consequentemente, a base monetária. Ao elevar a quantidade
de reservas internacionais, o banco central adquire moeda internacional em troca de moeda
doméstica, acarretando o aumento da base monetária. Inversamente, quando o banco cen-
tral toma empréstimos externos, ele remete moeda ao exterior, reduzindo a base monetária.

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A segunda conclusão é que haverá variação nos meios de pagamento sempre que o setor
bancário trocar ativos monetários com ativos não monetários, ou vice-versa, com o setor não
bancário. Assim, quando o banco comercial adquire ativos não monetários (títulos privados,
por exemplo) do setor não bancário, ele provoca elevação no ativo do setor bancário e, con-
sequentemente, elevação dos meios de pagamento; esta operação chama-se monetização.
Analogamente, quando o setor bancário adquire haveres monetários do setor privado em
troca de haveres não monetários, ele destrói meios de pagamento.
Dado que variações na base monetária e nos meios de pagamento permitem compreender
o tipo de política monetária praticada na economia. Se expansionista, a base monetária se
eleva, assim como a oferta de moeda. Se contracionista, ocorre o contrário.

Exemplos de Variações de Meios de Pagamento

Em resumo, as variações ativas nos meios de pagamento prescindem da elevação das ope-
rações ativas do setor monetário ou pela queda do passivo não monetário do setor bancário.
Do mesmo modo, variações passivas dos meios de pagamento demandam ou a redução
das operações ativas do setor monetário, ou o aumento do passivo não monetário do setor
bancário. Seguem exemplos ilustrativos:

z Um indivíduo deposita a prazo no banco comercial $10: há destruição de meios de paga-


mento, a operação aumenta o passivo não monetário;
z O banco compra títulos do público: há criação de meios de pagamento, tendo em vista a
elevação do ativo do sistema bancário;
z O indivíduo faz um depósito à vista no banco: nada ocorre, pois há uma transferência den-
tro das contas de meios de pagamento;
z O governo paga servidores, sacando seus depósitos no banco central: há criação de meios
de pagamento, pois o passivo não monetário varia negativamente;
z O governo deposita o superávit orçamentário obtido no Bacen: há destruição de meios de
pagamento, o saldo da conta depósitos do tesouro nacional aumenta (aumento do passivo
não monetário).

MULTIPLICADOR MONETÁRIO
Tendo em vista as funções da moeda e dos conceitos de agregados monetários e, também
que as operações registradas nos balancetes da autoridade monetária e do sistema bancário
resultam em variações na base monetária e nos meios de pagamento, percebemos que as
operações realizadas entre o Banco Central e os bancos comerciais podem resultar em eleva-
ção da base monetária.
Agora, basta analisar como as variações na base monetária resultam em variações nos
meios de pagamento ou, mais amplamente, como a base monetária determina os meios de
pagamento a partir do multiplicador bancário. Assim, teremos o comportamento dinâmico.
Os meios de pagamento são um múltiplo da base monetária. Desta forma:

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Meios de Pagamento
m=
Base Monetária

A variável m (multiplicador monetário) exprime este múltiplo, ou seja, demonstra em


que medida os meios de pagamento superam a base monetária. São admitidos os seguintes
parâmetros na expressão:

z c = papel moeda em poder do público/meios de pagamento;


z d1 = depósitos à vista nos bancos comerciais/meios de pagamento;
z r1 = encaixes dos bancos comerciais/depósitos à vista nos bancos comerciais;
z r2 = depósitos voluntários dos bancos comerciais/depósitos à vista nos bancos comerciais;
z r3 = depósitos compulsórios dos bancos comerciais/depósitos à vista nos bancos comerciais;
z R = r1+r2+r3 (encaixe total) /depósitos à vista nos bancos comerciais.

Os parâmetros exprimem todas as maneiras pelas quais os meios de pagamento podem


ser direcionados: papel moeda, depósitos à vista, caixa dos bancos, reservas voluntárias
e compulsórias no Banco Central.
Para fins didáticos, vamos suprimir a dedução da fórmula e apresentá-la já pronta:

1 ΔB
m= ΔM =
1 – d1(1 – R) ou  1 – d1(1 – R)

As duas versões da expressão do multiplicador apresentam a mesma forma. Através da


primeira, encontramos o valor próprio do multiplicador (m). Pela segunda, encontramos a
variação nos meios de pagamento (ΔM) dada a variação na base monetária (ΔB). O multipli-
cador é positivamente relacionado a d1.
Na prática, caso a relação entre depósitos à vista e meios de pagamento se eleve, os bancos
comerciais podem elevar suas operações ativas e, assim, elevar os meios de pagamento em
circulação.
Do mesmo modo, caso R se eleve, evidenciando maior proporção de encaixes em relação

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


ao total de depósitos à vista nos bancos comerciais, os bancos terão menor grau de liberdade
para promover operações ativas, denotando menor criação de meios de pagamento, ou seja,
menor multiplicador da base monetária. É o caso, por exemplo, da elevação do compulsório
pelo Bacen.
Esta relação evidencia que ao passo que a Autoridade Monetária possui o condão de
influenciar o valor da base monetária, ela também pode influenciar o valor dos meios
de pagamento de maneira indireta, através do multiplicador.
Os meios de pagamento são influenciados diretamente pelos bancos comerciais,
através das operações que modificam o ativo e o passivo não monetário do sistema
bancário, como já dito.
Podemos citar três exemplos para demonstrar as afirmações anteriores:

z 60% dos meios de pagamento mantidos sobre a forma de depósitos à vista (d1 = 0,6) e o encaixe
total em relação aos depósitos da ordem de 30% (R = 0,3):

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1
m= = 1,72
1 – 0,6(1 – 0,3)

z 60% dos meios de pagamento mantidos sobre a forma de depósitos à vista (d1 = 0,6) e o encaixe
total em relação aos depósitos da ordem de 40% (R = 0,4):

1
m= = 1,56
1 – 0,6(1 – 0,4)

z 70% dos meios de pagamento mantidos sobre a forma de depósitos à vista (d1 = 0,7) e o encaixe
total em relação aos depósitos da ordem de 40% (R = 0,4):

1
m= = 1,72
1 – 0,6(1 – 0,4)

O aumento de d1 eleva o multiplicador, o aumento de R reduz o multiplicador. No


entanto, como os meios de pagamento são determinados diretamente pelo setor bancário,
nem sempre as variações na base monetária podem ser totalmente repassadas aos meios de
pagamento. Os bancos podem decidir manter em encaixe toda a expansão da base monetá-
ria, reduzindo o valor do multiplicador.
Há que se considerar certa estabilidade no multiplicador bancário. Todavia, esta estabilidade
não é necessariamente uma regra imutável. E as bancas têm a tendência de criar questões que
englobam estes conceitos.
É muito comum afirmarem que um determinado aumento na base monetária resulta, com
total certeza, em aumento da quantidade de meios de pagamento. Isto é incorreto: como já
citado, mesmo o aumento da base monetária pode não resultar em elevação da base monetá-
ria, pois o multiplicador monetário pode mudar.
Não obstante, o Banco Central possui os seguintes instrumentos para aumentar a quanti-
dade de meios de pagamento:

z expandir os empréstimos ao Governo;


z expandir os empréstimos ao setor privado;
z expandir os redescontos (ou reduzir a taxa de redesconto);
z comprar títulos públicos em poder do público bancário ou não bancários (operações de
open market, como o Quantitative Easing);
z reduzir o passivo em moeda estrangeira;
z aumentar as reservas internacionais;
z reduzir a relação encaixes/depósitos (R), diminuindo a exigência de depósitos compulsórios.

Naturalmente, todas estas operações elevam a base monetária e podem ser vistas a partir
do balancete da autoridade monetária (elas aumentam o ativo ou diminuem o passivo não
monetário) e, por isto, são chamadas de operações ativas.

DEMANDA POR MOEDA


A definição de moeda é simples e clara: todas as formas que servem como meio de troca/
18 reserva de valor/unidade de conta.
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Antes de iniciar a discussão dos motivos, devemos compreender que a demanda por moe-
da reside em uma simples condição: a demanda por moeda ocorre por saldos reais.
Ou seja, todos demandam moeda interessados no poder de compra que ela oferece. Não
buscamos tão somente o valor monetário (valor nominal) que a quantidade de moeda expri-
me, mas sim seu valor real (a quantidade de bens que ela permite adquirir).
O indivíduo está livre do fenômeno conhecido como “ilusão monetária” pois as variações
nos preços não o “enganam” quando o assunto é a demanda por moeda.
Visto de outra forma, a demanda por saldos reais de moeda implica que a demanda nomi-
nal por moeda se altera no mesmo sentido e grau da alteração de preços. Caso os preços se ele-
vem, a demanda nominal por moeda também irá se alterar. Se tudo se mantiver constante
(como renda, taxa de juros, custos de transação), a demanda real é mantida constante.

Importante!
Este aspecto, hora ou outra, é utilizado em questões nos mais diversos concursos públi-
cos: em todos os modelos vistos adiante a demanda por moeda ocorre por saldos reais.

DEMANDA POR MOEDA CLÁSSICA

O modelo clássico de demanda por moeda é o nosso ponto de partida. Formulado primei-
ramente pelo economista francês Jean Bodin, a demanda por moeda é colateral à demanda
agregada da economia. Esta conclusão é demonstrada através da Teoria Quantitativa da Moe-
da (TQM).
A TQM apresenta a seguinte forma:

M·V = P·Y

Segundo os economistas clássicos, a velocidade da moeda (V) é a quantidade de turnos que


ela faz para cumprir toda a produção da economia. Ou seja, dado que a produção agregada

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


soma R$ 10, e há 2 unidades monetárias, a moeda deverá circular 5x na economia para cum-
prir com todas as transações. Adicionalmente, como representa questões institucionais da
economia, entre outras, a velocidade é constante na expressão da TQM.
O produto (Y) é função dos fatores de produção (capital, trabalho e tecnologia), de modo
que é exógeno ao modelo, isto é, não é determinado nesta expressão e, desta forma, é fixo.
Portanto, as variações na quantidade de moeda (M) modificam o nível de preços (P) e, con-
sequentemente, o valor nominal da produção, que é dado por P·Y.
Deste modo, mais moeda implica em maior demanda agregada, pois eleva o produto
nominal da economia.
Os economistas clássicos (Bodin, Marshall, Wicksell e Fischer) partem do conceito de dico-
tomia do mercado monetário. Ou seja, o mercado de moedas (utilizado somente para transa-
ções) é separado do mercado de juros (títulos).
Assim, manter a riqueza na forma de moeda não possibilita auferir rendimentos com
juros, além de que não parece ser uma boa escolha.

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No entanto, para realizar as transações, os indivíduos necessitam de moeda, pois os títulos
não cumprem esta função. Tendo em vista esta funcionalidade, manter riqueza na forma da
moeda parece uma boa escolha.
Então, a demanda por moeda vista pelos clássicos é construída em torno de um dilema:
qual a utilidade que se obtém mantendo a riqueza na forma de moeda, e qual a utilida-
de que se adquire mantendo a riqueza na forma de títulos?
A resposta dada é natural. A demanda por moeda é útil apenas para cumprir com as tran-
sações da economia. As transações devem ser equivalentes ao total produzido, pois tudo o
que é produzido é demandado (afinal, os clássicos entendem que a economia está no equilí-
brio eficiente de pleno emprego), em outras palavras, a demanda por moeda é igual ao pro-
duto nominal da economia (total produzido multiplicado pelo preço).
Segue-se o mesmo raciocínio por derivada da Teoria Quantitativa da Moeda. No entanto,
ao invés de utilizar a quantidade de moeda na economia (M), vamos utilizar a quantidade de
moeda demandada (Md).
Desenvolvendo a expressão da TQM:

M·V = P·Y
1
Md= V PY

ou

Md = kPY
A única diferença entre esta última expressão e a TQM é considerar a demanda por moeda
ao invés da quantidade de moeda. Mas, na prática, como o mercado monetário está em equi-
líbrio (oferta de moeda = demanda por moeda), a substituição não modifica os resultados
Há, também, outra manipulação da expressão para exprimir melhor nossos fins. A velo-
cidade da moeda foi substituída pela constante marshalliana (k) que indica a propor-
ção de retenção da moeda, ou seja, caso k = 1, é necessário reter a moeda apenas 1 vez para
demandar o produto nominal da economia (PY).
Como exemplo, podemos imaginar a constante marshalliana igual a 1/12, caso os indiví-
duos retivessem moeda 1 vez por mês para realizar os pagamentos. Durante todo o período
(12 meses) haveria 12 retenções de moeda.
Portanto, conhecer k implica em saber a quantidade de moeda demandada, durante um
período, necessária para demandar o produto nominal da economia. Segue outro exemplo
mais detalhado.
Podemos assumir que as empresas produzem todos os bens e serviços da economia, ven-
dendo-os ao preço P. Naturalmente, elas contratam os trabalhadores mediante pagamento
de salários.
Os indivíduos recebem o salário no dia 01 de cada mês. Mas, o fluxo de pagamentos por
eles efetuados ocorre no decorrer do mês, quando eles demandam os produtos produzidos
pelas firmas. Assim, ao passo que o estoque real de moeda em posse dos indivíduos é reduzi-
do no decorrer do mês (linha contínua), o estoque de moeda das firmas (linha pontilhada) se
eleva, tendo em vista que o fluxo de pagamentos delas concentra-se no dia 01 de cada mês e o
fluxo de recebimentos ocorre no decorrer do mês. Podemos fazer uma representação gráfica,
da forma que segue:

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PY

Tempo
01/01 01/02 01/03 01/04

A linha pontilhada representa a demanda por moeda das firmas que se eleva até o último
dia do mês, devido à venda da produção. No entanto, no dia 01 de cada mês é reduzida a zero,
através do pagamento do fator trabalho.
Os trabalhadores, por sua vez, representados pela linha contínua, apresentam estoque
máximo de moeda no dia 01, o qual cai durante o mês, ao passo que demandam a produção
ofertada da economia.
Neste exemplo de 4 meses, a constante marshalliana (k) é igual a ¼, ou seja, durante todo
o período, a moeda é retida em 4 momentos na proporção de ¼ do total. Este é o primeiro
determinante da demanda por moeda clássica:
Os indivíduos demandam moeda em função das transações que realizam. Como não
podem transacionar com títulos, devem demandar a moeda no montante relativo ao
valor da produção nominal.
Seguindo, temos mais um importante fator determinante da demanda de moeda: a des-
concentração econômica. Se partirmos de uma economia de subsistência, em que o mesmo
agente produz todas suas necessidades, não haveria a necessidade de demandar moeda para
realizar transações.
Ao passo que a economia se torna mais complexa, outros indivíduos produzem diferentes
bens, novas necessidades são incluídas nas preferências dos consumidores e, assim, faz-se
necessário mais moeda para satisfazer este grau de complexidade. Desta forma, a demanda
por moeda tende a se elevar com o grau de desconcentração do sistema econômico.
Por último, a incerteza deve ser considerada na determinação da demanda por moe-
da. Os indivíduos não sabem prever ao certo as datas e montantes de seus pagamentos e

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


recebimentos. Devido a algum fator extraordinário, o recebimento de salário pode atrasar, a
produção pode não ser totalmente vendida, e assim por diante.
A necessidade de enfrentar este grau de incerteza resulta na demanda por moeda por
motivos de segurança, ou precaução. Quanto maior o grau de incerteza, maior a necessida-
de de demandar moeda para esta finalidade.
Assim, a demanda de moeda por precaução reduz a velocidade da moeda, pois os indiví-
duos mantêm consigo mais moeda do que o necessário para cumprir com suas transações
normais. A constante marshalliana se eleva (ficando mais próxima de 1).
Em suma, a demanda por moeda no modelo clássico ocorre em função de 3 parâmetros:

z Produto nominal: os indivíduos devem escolher a quantidade de moeda suficiente para deman-
dar o produto da economia, refletida na constante k (retenção de moeda) da Teoria Quantitati-
va da Moeda;
z Desconcentração econômica: eleva o número de transações e, consequentemente, a quantida-
de de moeda;
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z Incerteza: também chamada de motivo precaução, a presença de incerteza faz com que os
agentes demandem moeda por prudência, elevando a constante marshalliana.

DEMANDA POR MOEDA KEYNESIANA

Para determinar seu modelo de demanda por moeda, Keynes partiu das observações fei-
tas pelos clássicos. Assim, a demanda por moeda keynesiana também considera os motivos
transação e precaução, com algumas leves modificações. O avanço proposto por Keynes foi a
demanda pelo motivo especulação, como veremos adiante.

Motivo Transação

Nada mais, nada menos, que a demanda por moeda identificada pelos clássicos. Keynes
apenas criou o nome: motivo transação.
Para ele, os agentes da economia mantêm saldos monetários para realizar as transações
econômicas necessárias, dada a diferença entre o prazo de recebimento dos rendimentos e
as datas de pagamentos das transações.
Naturalmente, a demanda pelo motivo transação era proporcional ao produto nominal
gerado pela economia (PY), seguindo a terminologia da TQM.
Desta forma, Keynes afirmou que a demanda por moeda pelo motivo transação é direta-
mente relacionada à renda. Como a renda é uma boa medida do volume de transações (afinal,
quanto maior a renda mais provável o indivíduo demandar mais bens e serviços), a demanda por
moeda para fazer frente às transações estava intrinsecamente relacionada à renda.
Não obstante, os agentes possuem a escolha de manter a riqueza em moeda, não auferindo
rendimentos com juros, ou mantê-la na forma de títulos financeiros, ficando impossibilitados de
realizar transações.
Este é o trade off básico da demanda por moeda: ganhar juros e realizar menos transações,
ou demandar mais bens e serviços ao custo de auferir menos rendimentos.
Assim, ao passo que a taxa de juros aumenta, os indivíduos têm a propensão em consu-
mir menos, reservando uma parcela da renda para aplicação em títulos, dado o aumento de
rentabilidade.
Natural, pois a taxa de juros remunera as aplicações em títulos. A elevação nos juros pro-
voca o chamado efeito substituição entre liquidez e taxa de juros, isto é, os indivíduos
preferem manter a riqueza na forma de títulos, auferindo remuneração mais elevada, a
mantê-la na forma líquida, para cumprir com suas transações de bens e serviços.
Consequentemente, a demanda por moeda pelo motivo transação é inversamente
relacionada à taxa de juros.
Resumindo:

z Renda: a demanda por moeda pelo motivo transação é diretamente relacionada à renda (o
aumento da renda provoca aumento na demanda por moeda);
z Taxa de Juros: a demanda por moeda pelo motivo transação é inversamente relacionada
à taxa de juros (o aumento da taxa de juros reduz a demanda por moeda), pois ocorre o
efeito substituição.

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Motivo Precaução

O motivo precaução segue as conclusões previstas pelos economistas clássicos. A presen-


ça de incerteza na economia tende a provocar nos agentes certa cautela, a qual resulta em
demanda de moeda para cobrir possíveis contingências.
A demanda pelo motivo precaução é também positivamente relacionada à renda e negati-
vamente relacionada à taxa de juros, pois mais renda permite aos indivíduos reservar mais
liquidez para imprevistos, assim como o aumento na taxa de juros torna menos atrativo man-
ter a riqueza da forma líquida. Em suma:

z Incerteza: a presença de incerteza faz com que os agentes demandem moeda por prudência,
sendo o cerne da demanda por moeda pelo motivo precaução;
z Renda: a demanda por moeda pelo motivo precaução é diretamente relacionada à renda (o
aumento da renda provoca aumento na demanda por moeda);
z Taxa de juros: a demanda por moeda pelo motivo precaução é inversamente relacionada
à taxa de juros (o aumento da taxa de juros reduz a demanda por moeda), pois ocorre o
efeito substituição.

Motivo Especulação

A grande novidade trazida por Keynes foi a possibilidade de manter moeda para aplicação
em títulos com o objetivo de ganhos financeiros derivados da especulação.
Além de a moeda servir como meio de troca e unidade de conta, como visto pelos econo-
mistas clássicos, ela também poderia ser útil na geração de patrimônio (reserva de valor).
Keynes entendeu que os agentes poderiam reservar parte de sua riqueza na forma de
moeda na expectativa de auferir ganhos com a variação no preço de mercado de títulos.
A esta demanda, deu o nome de demanda de moeda pelo motivo especulação.
Vamos compreender suas características. A teoria básica das finanças ensina que o preço
de mercado de um título que paga certa remuneração constante (chamada de cupom) é nega-
tivamente relacionado com a taxa de juros. Observe o exemplo que se segue

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


Você foi ao mercado de juros e adquiriu um título no valor de R$ 1.000,00 que promete
pagar anualmente um cupom de 10%, ou seja, R$ 100,00, de maneira perpétua (este título é
chamado de perpetuidade).
No entanto, no ano seguinte, a taxa de juros da economia subiu para 20%. Como o cupom
pago é fixo (R$ 100,00), o preço de mercado do título caiu para R$ 500,00 (20% = 100/500) e
você perdeu metade da riqueza aplicada em títulos.
A expressão é simples e intuitiva:

C
i= T

A taxa de juros de mercado (i) é inversamente relacionada ao preço de mercado do título


(T), pois o valor do cupom é fixo (C). Desta maneira, caso ocorra elevação na taxa de juros de
mercado, há queda no preço de mercado de títulos.

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Tendo em vista esta relação, Keynes pensou da seguinte forma: a expectativa de eleva-
ção na taxa de juros provoca expectativa de queda no valor de mercado nos títulos.
Os agentes da economia vendem os títulos e mantém a riqueza na forma de moeda, ou seja,
aumentam a demanda por moeda.
Da mesma maneira, a expectativa de queda da taxa de juros, resulta em aumento na
demanda por títulos, pois os agentes esperam auferir ganhos patrimoniais com o pro-
vável aumento futuro no preço de mercado dos títulos. Resultado: há substituição de
moeda por títulos.
No limite definido por Keynes como uma taxa de juros de 2% (ou menos), os indivíduos
possuem a expectativa de aumento na taxa de juros no período subsequente.
Todos iriam manter a riqueza na forma de moeda, pois a expectativa é de subida da taxa
de juros e queda no preço de mercado dos títulos.
Neste caso limite, a demanda por moeda é infinitamente elástica. Ou seja, toda e qual-
quer forma de riqueza é mantida da maneira líquida, pois o preço dos títulos, cedo ou tarde,
irá cair com o aumento da taxa de juros.
A este fato, Keynes deu o nome de armadilha da liquidez (liquidity trap), ou seja, toda a
expansão monetária se manteria na forma líquida (papel moeda ou moeda escritural) e nada
seria alocado em títulos.
Portanto, de acordo com a demanda por moeda pelo motivo especulação, a demanda é
positivamente relacionada à taxa de juros futura (mantendo-se negativamente relacionada a
taxa de juros corrente):

Md = f(i,i’)

A esta função de demanda Keynes adicionou mais um pressuposto à ideia da armadilha


da liquidez: a taxa de juros esperada era rígida nos curto e médio prazos, ou seja, a taxa
de juros corrente seria provavelmente igual à futura até o médio prazo, transformando a
demanda de moeda pelo motivo especulativo em função apenas da taxa de juros corrente.
Graficamente, temos a seguinte forma:

i = 2%

Armadilha da liquidez

Md

O gráfico resume muito bem o que vimos até o momento. A demanda por moeda (Md) é
negativamente relacionada à taxa de juros corrente. A partir de certo valor da taxa de juros,
estimando por Keynes em 2%, toda a riqueza é mantida na forma de liquidez (armadilha da
liquidez).

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A expectativa de todos os agentes é que a taxa de juros suba no período subsequente. Evi-
dentemente, ninguém se arriscaria a demandar títulos e incorrer em perdas iguais à depre-
ciação do valor de mercado.
Sendo assim, a demanda por moeda pelo motivo especulação está inversamente relacio-
nada, segundo Keynes, com a taxa de juros corrente: taxas mais elevadas resultam em menor
demanda por moeda (o que é compatível com a expectativa de redução na taxa, aumento
no preço do título, e alocação da riqueza em títulos); taxas mais baixas resultam em maior
demanda por moeda (o que é compatível com a expectativa de aumento na taxa de juros,
redução no preço dos títulos e alocação da riqueza em moeda).

A Demanda por Moeda no Modelo Keynesiano

Agregando as observações Keynesianas para a demanda por moeda (transação, precaução


e especulação), ficamos com a seguinte conclusão:

MD = kPY+L(i)

Parte da demanda por moeda (MD) é positivamente relacionada ao nível de renda e expres-
sa pela constante marshalliana (kPY) (motivos transação e precaução).
A outra parte está negativamente relacionada à taxa de juros (L(i)), devido ao fato de as
variações na taxa de juros implicarem em variações no valor de mercado dos títulos e, con-
sequentemente, em perdas e ganhos aos agentes que demandam títulos.
Desta maneira, reduções na taxa de juros elevam o preço dos títulos, criando expectativa
futura de elevação nos juros e decréscimo no preço dos títulos. Como resultado, os agentes
trocam títulos por moeda, ou seja, elevam a demanda por moeda.
O raciocínio inverso é análogo. Adicionalmente, é importante considerar que a elevação
na taxa de juros provoca o famoso efeito substituição entre consumo e poupança, ou seja,
taxas de juros mais elevadas tornam a poupança mais interessante, de modo que os indiví-
duos alocam uma maior parcela da sua renda em títulos que pagam juros e menos em consu-
mo. Assim, mais juros indicam menor demanda por moeda.

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


É muito comum as bancas apresentarem a demanda total por moeda keynesiana da forma
convencional expressa abaixo:

M
P
= L (i,QD)

Não obstante, a forma convencional expressa as mesmas conclusões já citadas: a demanda


por moeda é positivamente relacionada a quantidade de demanda agregada (QD) e negativa-
mente relacionada à taxa de juros (i).
Em uma questão da banca Cebraspe-Cespe (2002), foi feita a seguinte afirmativa: caso uma
unidade familiar retenha moeda em seu poder, existe um custo no que se refere à possibili-
dade de consumo, que decresce quando a taxa nominal de juros aumenta.
O custo que se refere à possibilidade de consumo é a taxa de juros. Afinal, manter a rique-
za da forma líquida proporciona perda de rendimentos relacionados à taxa de juros. Desta
forma, quanto mais elevada a taxa de juros, maior é este custo. Portanto, a questão está
incorreta quando afirma que o custo decresce quando a taxa de juros nominal aumenta.
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MODELO BAUMOL-TOBIN

O modelo Baumol-Tobin procura solucionar a dicotomia clássica também um pouco presente


no modelo keynesiano: ao demandar moeda os indivíduos perdem juros, mas podem realizar
transações; ao demandar títulos, perdem em transações, mas ganham em juros.
Para os economistas que dão nome a este modelo, a demanda por moeda deveria ser vista com
a abordagem de estoques. Certa parcela da riqueza do indivíduo deve ser estocada na forma de
moeda, de modo que ele possa realizar as transações mas não perca a possibilidade de auferir
rendimentos da outra parcela alocada na forma de títulos.
Há a possibilidade de o indivíduo alocar sua riqueza de maneira eficiente entre liquidez e títu-
los e maximizar sua utilidade.
Vamos supor o caso da família que recebe os recursos no primeiro dia de cada mês em uma
conta poupança (rende juros), da mesma forma como foi apresentado no modelo clássico. O saldo
em moeda é máximo no dia de recebimento da renda e vai se reduzindo com o passar do período,
tendo em vista as transações pagas em moeda.
Mas aqui há uma diferença fundamental. O valor pode ser depositado em uma conta que ren-
de juros, como uma conta poupança. Assim, a família pode retirar desta conta o valor necessário
para efetuar seus pagamentos, mediante o pagamento de um custo de transação.
Este custo de transação pode ser expresso em função do número de saques realizados, afinal
cada saque exige fila de espera, custos de corretagem, entre outros, e do custo de oportunidade
auferido pela perda do rendimento com juros, pois, como já explicamos, a moeda da forma líqui-
da não rende juros.
Agregando as duas formas dos custos de transação, temos que:

PQ
tc = Pb · + i · M*
M* 2

Sendo:

z Pb: custo fixo de cada retirada (pode representar os custos de se dirigir ao banco);
PQ
z M* : o valor nominal das transações (PQ) dividido pela quantidade ótima de moeda sacada
(M*);
M*
z i 2 : taxa de juros (i) multiplicada pelo nível médio de moeda mantido durante o perío-
do, representando o rendimento que a família deixou de ganhar, ou seja, o custo de
oportunidade.

Desta maneira, o custo de transação deve ser entendido como o custo fixo de cada retirada
multiplicado pelo número de saques mais o custo de oportunidade referente ao período
multiplicado pela quantidade média de moeda.
Graficamente, temos a seguinte representação de cada variante:

26
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Custo TC
OC

CW

M* PQ

A curva que mede os custos de saques (CW) é inversamente relacionada à quantidade de


moeda mantida da forma líquida. Deste modo, ao passo que mais riqueza é mantida na for-
ma de moeda, menor o custo de saques, fato que resulta no formato de hipérbole da curva.
A reta que mede o custo de oportunidade (OC) é crescente em relação aos saldos reais de
moeda. Alocar mais riqueza na forma de moeda corresponde a auferir menos rendimento, de
modo que o custo de oportunidade se apresente de maneira crescente ao estoque de moeda.
A quantidade ótima de transações (n*) é encontrada na intersecção entre as duas cur-
vas, e representa o ponto mínimo da curva de custos de transação. A expressão segue abaixo:

(
iY (

n* = 2tc

Quanto maior a taxa de juros, maior o número de transações realizadas. Ou seja, o indiví-
duo prefere reter a riqueza na forma de poupança, sacando os valores quando necessários
para atender sua demanda por bens e serviços. Naturalmente, quanto maior os custos de
transação, menor a quantidade de transações.
Da expressão acima, podemos derivar a demanda por moeda, que segue abaixo:

M tc · Y
=
P 2i

A demanda por moeda é proporcional à renda (Y) e aos custos de transação (tc), na pro-

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


porção de ½. Isto significa que há economias de escala na administração dos saldos mone-
tários — a relação entre aumento na renda e aumento na demanda por moeda é dado pelo
constante ½ (valor da elasticidade — renda da demanda por moeda).
Ou seja, mesmo que ocorra o aumento na demanda por moeda, face ao aumento na renda,
isto é feito em menor grau que o aumento na renda.
Do mesmo modo, a demanda por moeda é inversamente relacionada à taxa de juros, na
proporção -½. Caso a taxa de juros aumente em 1%, a demanda por moeda será reduzida em
0,5%. Assim:

z a demanda por moeda (MD*/P) é vista como a demanda por saldos reais, ou seja, medida
em termos de poder de compra. Deste modo, as pessoas estão preocupadas com o nível
real de moeda mantido, ou seja, caso os preços dobrem, o estoque de moeda também irá
dobrar;
z o aumento da renda real (Y) eleva a quantidade de transações e, consequentemente, a
quantidade de riqueza mantida da forma líquida, fato que permite concluir que a deman-
da por moeda é positivamente relacionada à renda; 27
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z o custo de transação (tc) é também positivamente relacionado à demanda por moeda; o aumen-
to em (tc) incentiva a família a reter a riqueza na forma líquida, reduzindo a quantidade man-
tida na poupança. Deste modo, caso (tc) aumente, irá aumentar o número de transações;
z a taxa de juros (i) é negativamente relacionada à demanda por moeda, devido ao efeito-
-substituição (juros maiores promovem maiores possibilidades de rendimento em títulos e
menor demanda por moeda; os agentes substituem moeda por títulos na proporção de -½).

As conclusões do Modelo Baumol-Tobin são aplicáveis aos dias de hoje, mas com restri-
ções. A teoria foi formulada na década de 50, então, não era possível a realização de transa-
ções pela internet, que reduziu drasticamente o valor do custo de transação.
No entanto, ao passo que depósitos à vista não rendem juros (ou rendem uma taxa ínfima),
a ideia expressa no modelo é ainda válida aos dias atuais.

INTRODUÇÃO: O QUE ESPERAR DOS BANCOS NA ERA DIGITAL?


Olhe ao seu redor e note quanta tecnologia está à sua volta. A tecnologia mudou e evoluiu
muito nos últimos 10 anos. Assim também aconteceu com o sistema bancário, que está se
adaptando às novas tendências e demandas dos clientes e do mundo atual.
Para este texto utilizamos todo o conteúdo relevante da Pesquisa FEBRABAN de Tecno-
logia Bancária de 20223. Este conteúdo é bastante cobrado pelas bancas de concurso, então
atente-se a este material.
Para começar, vamos falar sobre a grande majestade do nosso sistema bancário atual: a
agência bancária tradicional. Vamos entender seu funcionamento e porque há uma grande
tendência de seu desaparecimento.

O SISTEMA BANCÁRIO E A AGÊNCIA BANCÁRIA TRADICIONAL: OS DESAFIOS DO HOJE

Como já mencionado, muitos bancos entenderam que o mundo migrou para uma era mais
digital, e a grande majestade do sistema bancário está, realmente, prestes a perder o seu rei-
nado, a agência tradicional está a um pequeno passo de entrar em extinção. Vamos entender
o seu funcionamento.
Por muitos anos, o sistema bancário era representado por uma agência física. Um local em que
as pessoas iriam para resolver todos os problemas ligados à sua vida financeira, verificar saldos,
extratos, pagar contas, fazer depósitos e saques. Além disso, quando as necessidades eram maio-
res ou mais complexas, surgia a figura do gerente de conta. A única pessoa que poderia responder
pela sua conta, na ausência dele (que poderia estar doente ou em reunião), o indivíduo não teria
uma saída para resolver qualquer problema.
Assim, com maior comodidade para efetuar transações (com e sem movimentação finan-
ceira) pelos canais digitais, as agências estão mudando, e com isso também há mudanças
no padrão de comportamento dos clientes. As agências que antes eram centros de todas as
transações bancárias estão, sistematicamente, se transformando em locais especializados e
voltados ao relacionamento e operações mais complexas.

3 Material disponível em: https://portal.febraban.org.br/pagina/3106/48/pt-br/pesquisa. Acesso em: 22 de fev.


28 de 2023.
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Deste modo, esse movimento se soma a uma tendência de aquisições na indústria financeira,
que leva a uma busca por mais eficiência nas operações físicas, e na abertura de agências digitais.
Nesse cenário multifacetado, segundo dados do Banco Central do Brasil, o número de agências
bancárias no país oscilou de 19,3 mil em 2020 para 18,3 mil em 2021, enquanto o número de
Postos de Atendimento Bancário (PABs) teve alta de 18,5 mil para 19,2 mil no período. Na soma,
portanto, o número total de agências tradicionais no Brasil manteve-se em um patamar similar ao
ano anterior.
A distribuição das agências pelo território nacional também se manteve sem grandes osci-
lações em relação ao ano anterior. O crescimento dos PABs decorre de uma estratégia dos
bancos de investir em estruturas mais enxutas e direcionadas, para manter a presença estra-
tégica e a capilaridade em um território de dimensões continentais, como o Brasil, como
mostra a imagem abaixo.

E para onde estão indo os clientes que antes iam às agências tradicionais? Os clientes estão

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


cada vez mais em busca de comodidade, por isso estão acessando os seus dados bancários
através de aplicativos bancários nos smartphones. E, é nessa tendência, que surgem as agên-
cias bancárias digitais.

O SISTEMA BANCÁRIO E A AGÊNCIA DO PRESENTE: AS AGÊNCIAS BANCÁRIAS DIGITAIS

Através das plataformas digitais, os profissionais da agência bancária digital interagem


com seus clientes por meio de ferramentas de comunicação como chats, videochamadas,
telefone ou outras tecnologias, retirando o foco antes depositado nas agências bancárias físi-
cas. Muitos bancos tradicionais tendem agora a se adequarem às mudanças na lógica de
atendimento ao cliente.
Nesse universo, surge a figura do banco digitalizado, o banco que não é 100% digital, mas
que está se adaptando a essa nova realidade. A diferença entre o banco digitalizado e o banco
digital é mostrada abaixo:

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BANCO DIGITALIZADO BANCO DIGITAL
Na agência (onde a con-
ta fica vinculada) cadas- Fluxo físico de Processo não presencial, com captura digital
ABERTURA DE
tro remoto nos canais documentos e de documentos e informações e coleta eletrô-
CONTAS
eletrônicos, processo assinaturas nica de assinaturas
presencial

Contato com o gerente Canais eletrônicos


Resolução de pro-
vinculado à conta para para consultas e Acesso a canais ele-
CONSULTA E blemas por múltiplos
resolução de problemas transações não trônicos para todas
RESOLUÇÃO DE canais sem a ne-
com necessidade de complexas – dú- as consultas e con-
PROBLEMAS cessidade da ida à
presença na agência vidas canalizadas tratação de produtos
agência
pelo cliente para gerente

A primeira diferença que discutiremos é a separação entre um banco digital e um banco


digitalizado. Para fins de prova, conforme falamos acima, o banco digital é aquele que não
possui uma agência física. A interação entre cliente e gerente de conta acontece via platafor-
mas de tecnologia, notoriamente o celular. Nesse tipo de banco, todos os grandes processos
acontecem pela internet, de maneira não presencial, como demonstrado no quadro. Observe
que tanto o processo de abertura de contas como a consulta para a resolução de problemas
acontecem sem que o correntista necessite ir a uma agência física.
Dessa forma, para atender a expectativas da necessidade de menos burocracia e mais
comodidade, um banco digital deve basear-se em uma nova forma de se comunicar com
o cliente, apoiado na avaliação das necessidades e demandas da nova mentalidade desses
clientes, que podem ser constatadas a partir de dados recolhidos da realização de transações,
interações com os canais de comunicação e outros meios.
Assim, o banco digital representa uma evolução na forma de se relacionar com o cliente ten-
do como base a inovação tecnológica. Ou seja, busca uma relação mais personalizada e próxi-
ma do consumidor a fim de atender uma nova geração de clientes mais exigentes e conectados.
A lógica é diferente quando falamos do banco digitalizado. Note que por mais que você
acesse e resolva muitas das suas pendências e necessidades financeiras por meio das plata-
formas de internet, no banco digitalizado, em algum momento, você precisará ir a uma agên-
cia física. Isso vale tanto para a abertura de uma conta quanto para resolver um problema.
Para esse último caso, você não apenas necessitará ir a uma agência, mas também precisará
conversar com a pessoa responsável pela sua conta: o seu gerente de conta.

INVESTIMENTOS EM TECNOLOGIA

TREINAMENTOS EM TECNOLOGIA PARA TODOS OS PROFISSIONAIS

2020 Aumento de 2021

Investimento R$ 52,9 milhões 7% R$ 56,8 milhões

Pessoas treinadas 221 mil 33% 294 mil

Amostra: 15 bancos

TREINAMENTOS PARA OS PROFISSIONAIS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO


2020 Aumento de 2021

Investimento R$ 15,9 milhões 7% R$ 32,1 milhões

Pessoas treinadas 27,4 mil 15% 31,4 mil

30 Amostra: 15 bancos
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Como demonstrado nos quadros acima, feitos a partir de informações da pesquisa FEBRA-
BAN de 2022, os investimentos em talentos pela indústria bancária tiveram um aumento em
2021 em relação à 2020, apontando a prioridade no aprimoramento da tecnologia. Há ainda
uma necessidade crescente de melhoria da segurança cibernética, que se faz importante no
contexto de uso de dados pessoais e financeiros de seus usuários.
A complexidade dos novos modelos de negócios, produtos e serviços demandam uma
maior velocidade de resposta às necessidades do cliente final. Esta edição da pesquisa traz
um indicador inédito sobre o investimento em treinamentos de metodologias ágeis.
Assim, por mais que os bancos tradicionais estejam em processo migratório para uma ver-
são mais digital, ainda existem processos que necessitam do cliente de maneira presencial na
agência e isso é um grande desafio a ser vencido pelos bancos, uma vez que os seus clientes já
não aceitam com tanta facilidade a ideia de se deslocar até uma agência bancária.
A questão é que além de não querer mais ir à agência bancária, o cliente quer ter acesso
fácil aos seus dados financeiros. É dentro dessa ideia que surge a grande inovação dentro do
sistema bancário: o mobile banking.

O ACESSO AO BANCO: MOBILE E INTERNET BANKING

O acesso à internet banking acontece quando acessamos as nossas contas no computador,


através do navegador de internet, característico do banco digitalizado. Já o acesso ao mobile
banking acontece, necessariamente, por meio do smartphone, notoriamente através de apli-
cativos, característico do banco digital. O que não quer dizer que os bancos ficam restritos
somente à essas plataformas, pois o meio digital permite diversas possibilidades para que
atenda às necessidades dos usuários.
De acordo com dados do FEBRABAN de 2017 “primeiro, houve o crescimento do internet
banking e, em 2017, o mobile banking se consolidou como grande destaque”. Ainda segundo
dados da mesma pesquisa, eram 59 milhões de contas ativas nesse canal — o mesmo núme-
ro das contas de internet banking. Só no ano citado, foram abertas 1,6 milhão de contas por
mobile no Brasil, quase o triplo do ano anterior. No ano posterior, 2018, foram abertas 2,5
milhões de contas via mobile banking, com um crescimento de 23% em relação ao ano de

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


2017.
Conforme dados do FEBRABAN de 2022, no ano anterior, 2021, foram registradas pelas
instituições financeiras 119,5 bilhões de transações bancárias, sendo que 70% dessas foram
realizadas por canais digitais, como demonstra o gráfico a seguir. Um aumento de 75% em
relação ao ano anterior, salto que pode ser atribuído à forte adesão ao Pix. Só em 2022 houve
um aumento de 809% no número de pessoas que realizam mais de 30 transações em Pix por
mês, número que chegou a 3,9 milhões.
Contratações de produtos e serviços financeiros também tiveram aumento significativo
nos mobile banking e no internet banking, mas ainda há espaço para que os bancos explorem
mais os canais digitais para ofertas de produtos financeiros. O número de contas correntes
abertas no mobile banking e no internet banking atingiu 10,8 milhões em 2021, um crescimen-
to de 66% em relação ao ano anterior. Com essa evolução, pela primeira vez, o número de
contas abertas em canais digitais superou o de contas abertas em canais físicos.
De acordo com a pesquisa do FEBRABAN de 2022, conforme o ecossistema fornecer uma
experiencia cada vez melhor, mais pessoas físicas doaram seus dados para o Open Finance,
que só no ano da pesquisa já teve um crescimento de 18%. 31
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Volume de transações (em bilhões) 119,5
+15% Mobile banking
Internet banking
POS — Pontos de venda no comércio
104,3
ATM — Autoatendimento
+21%
Correspondentes
Agências bancárias

+6%
86,4 Contact centers

+11%
81,1 67,1
73,2 52,6 +28%

37,2
33,1
25,3

16 15,9 +6% 16,9


15,7 18

10,9 13,6 17,7 +10%


19,5
10,3

9,9 9,7 9,1 8,3 -11%


7,4
4 4,4 4,5 3,8 -8% 3,5
5,9 4,6 5 3,2 -6% 3
1,5 1 2,8 -25% 2,1
2017 2018 2019 2020 2021

Fonte: FEBRABAN, 2022.

Todas essas mudanças deixam clara a nova configuração que está sendo delineada no sis-
tema bancário e que é mostrada na figura abaixo:

Modelo atual
Agências

Contact center Online Mobile banking E-mail

Futuro

Mobile banking
Agências Online

Contact center E-mail

APls abertos

Fonte: 2018 BANKING OUTLOOK — acelerating the transformation


32
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De acordo com a pesquisa da FEBRABAN de 2022 o mobile banking não apenas traz maior
comodidade, como também proporciona um novo tipo de contato do consumidor com seu
banco: mais frequente e mais prático. É nesse tipo de relação que repousa uma das princi-
pais transformações desse relacionamento, assim como umas das maiores oportunidades
dos bancos de satisfazer e também estimular os novos hábitos dos consumidores.
Ainda de acordo com a pesquisa, o avanço do mobile banking também confirma a lógica
de que, quanto mais os bancos avançarem para enriquecer a experiência do usuário, mais
esses consumidores estarão dispostos a experimentar as inovações. Por isso mesmo, a maior
parte das instituições está investindo fortemente em tecnologias, tais como inteligência arti-
ficial, computação cognitiva e analytics, que estavam no topo da lista de investimentos de
80% dos bancos já em 2017. Além disso, 75% investem em blockchain, 55% em NFC (Near
Field Communication, na sigla em inglês) e 45% em Internet das Coisas (IoT). Cada uma dessas
tecnologias está em um nível de adoção diferente e permitirá aprimorar a oferta de serviços
em alguma frente.
Indo um pouco além, os bancos querem, por uma questão de sobrevivência no mercado
e por uma questão de ampliação de lucros (quanto menos você vai ao banco, mais agências
são fechadas, maior a lucratividade das operações bancárias), que você deixe de precisar ir à
agência. E o que ele está fazendo para que isso aconteça?
A indústria bancária é um dos setores que mais investe em tecnologia, tanto no Brasil
quanto no mundo. Em levantamento realizado pela Gartner, o setor bancário fica apenas
atrás dos governos na composição dos dispêndios em tecnologia em 2021. Este é o primeiro
ano em que a indústria bancária brasileira ultrapassa a média global na proporção de inves-
timento em tecnologia.
Os bancos sempre estiveram à frente na inovação tecnológica, sempre pensando na
demanda do consumidor mais exigente e orientado para o uso das tecnologias. Basta pensar
nos caixas eletrônicos, serviços de atendimento ao cliente e, os mais recentes, internet ban-
king e os aplicativos para smartphones.

Total do orçamento em tecnologia (em R$ bi)


R$ 35,5 bi

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


+18%

R$ 30,1 bi
+13%
R$ 26,6 bi
R$ 23,9 bi
11,3
8,9 +27%
R$ 19,8 bi
R$ 19 bi 8,3

5,8 5,8

+6% 18,8
17,7
13,2 14 15,6

2017 2018 2019 2020 2021 2022*


Despesas
Investimentos

Fonte: FEBRABAN, 2022

33
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Antes, olhava-se para as ferramentas tecnológicas como soluções internas que trariam
mais eficiência aos processos, mais segurança aos dados, mais força à estratégia e mais robus-
tez à capacidade de atendimento. Agora, não só́ os bancos, como todo o mercado, centram os
esforços em pesquisa e desenvolvimento para fora: nas soluções que fortalecem a fidelidade
e a satisfação dos consumidores.
Os dados acima mostram a grande tendência dos investimentos dos bancos: tecnologia
para desenvolvimento de softwares. Isso é rapidamente explicado: durante os anos iniciais
de investimentos em tecnologia, os bancos investiram em telecomunicações. Posteriormente,
os investimentos foram focados na construção de imensos datacenters com grandes desem-
bolsos em hardware. Atualmente, com a grande necessidade de comodidade do cliente, os
investimentos ficam focados no desenvolvimento de softwares.
Conforme dito acima, de acordo com essa lógica, 80% dos bancos consultados pela Pes-
quisa afirmam investir em inteligência artificial e em computação cognitiva — tecnologias
que se complementam. Ambas estão diretamente ligadas à entrega de maior comodidade e
assertividade aos consumidores quando eles utilizam os serviços disponíveis. Essa parcela,
de 80%, afirma estar investindo em analytics, tecnologia que vem ganhando maturidade para
aplicação. O objetivo dos bancos, agora, é ampliar o leque de maneiras pelas quais o analytics
pode ser utilizado no dia a dia. Trata-se de uma evolução dos esforços feitos no passado com
a big data, uma tecnologia, hoje, já́ bastante madura entre os bancos.

Percepção em relação a novos investimentos

dos bancos
dos bancos investem investem em
em big data/ blockchain
analytics

dos bancos investem em


inteligência artificial/
computação cognitiva

dos bancos investem


em robotics dos bancos investem
em open banking/
Amostra 15 bancos
marketplace banks Pesquisa FEBRABAN
de Tecnologia Bancária
2019  30

Fonte: FEBRABAN, 2019

Os serviços de Tecnologia da Informação foram incluídos como categoria na pesquisa


FEBRABAN em 2022 e destaca os recursos destinados a parceiros do ecossistema que contri-
buem com o desenvolvimento e aceleração do desenvolvimento de soluções e monitoramen-
to de resultados.
A categoria manteve o orçamento total de tecnologia dos bancos, porém, este valor cres-
ceu para acompanhar o aumento das despesas com serviços de Tecnologia da Informação,
desenvolvimento de softwares, entre outros. Estes serviços tendem a necessitar de mais mão
de obra especializada.

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Proporção de cada atividade em relação ao orçamento total de Serviços de TI*
Suporte de hardware Apoio à implementação de tecnologias
Serviços de implantação de infraestrutura e e processos
serviços gerenciados de infraestrutura

Amostra: 8 bancos Amostra: 10 bancos Amostra: 14 bancos

* Em relação a soma de despesas e investimentos da amostra daquela determinada atividade

Fonte: FEBRABAN, 2022

Observe os gráficos acima, o que todos esses nomes significam?


Significam que os bancos precisam entender o que fazemos dentro dos aplicativos para
que eles possam entregar a melhor experiência possível. Assim, por meio do analytics, que
busca entender o nosso padrão de comportamento, os bancos investem em inteligência arti-
ficial uma tecnologia que aprende o que você faz.
A lógica da inteligência artificial é a seguinte: digamos que um determinado cliente faça
empréstimos. A inteligência artificial entende isso e faz com que o sistema do banco fique
oferecendo empréstimos a este cliente. A computação cognitiva vai um pouco além: ela faz
inferências. Ela analisa a necessidade de um cliente que não tem mais linhas de crédito salá-
rio, por exemplo, então infere que essa pessoa precisa de mais linhas e entrega um crédito
de antecipação de 13º salário, por exemplo. O cliente nunca havia feito essa operação, mas a
computação cognitiva entende que ele ainda precisa de crédito, então ela oferece alternati-
vas. Algo que o gerente faria.
Veja que o mercado bancário está mudando. O nosso comportamento com relação ao banco

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


também mudou. Estamos mais exigentes, mais conectados. O grande foco dos bancos é melho-
rar a experiência do usuário. Para isso, todo o sistema tem investido fortemente em tecnologia,
sobretudo em softwares e para que esses sejam mais eficientes e afastem os clientes das agências
tradicionais, focando em Inteligência Artificial e computação cognitiva.
Porém, com tanta coisa que tem mudado, os bancos estão focando em suas atividades crí-
ticas para garantir a sua sobrevivência. É dentro desse contexto que surge open banking, uma
inovação não apenas para o setor bancário, mas também para o Banco Central e, finalmente,
para nós, clientes.

BANCO DIGITAL X BANCO DIGITALIZADO


Então, para começarmos a falar sobre open banking vamos esclarecer algumas informações
sobre banco digital, para que o nosso aprendizado seja completo!
Segundo o Banco Central, em Estudo Especial nº 89, de 2020 – Divulgado originalmente
como boxe do Relatório de Economia Bancária 2019,
35
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O processo de digitalização dos serviços bancários surgiu da necessidade de desburocra-
tização dos processos dos grandes bancos, o que resultou no aprimoramento da experiência
do cliente, que teve acesso a mais segurança, transparência e agilidade em suas opera-
ções. (BC, 2020, p. 7)

Importante!
Banco digital é uma instituição financeira que possibilita a seus clientes operar tudo pelo
aplicativo ou site da instituição, sem que seja necessário deslocar-se até a agência.

Pois bem, ainda de acordo com dados do estudo de 2020 do Banco Central, os bancos digitais
se enquadram na medida do possível às normas aplicadas aos demais bancos, pois ainda não há
“um regime de autorização e funcionamento específico para eles” (p. 7). Contudo, algumas insti-
tuições financeiras estão “adotando modelos de negócio exclusivamente digitais”, sem a abertura
de agencias ou postos de atendimento físicos (p. 7).
Essa estratégia vem sendo cada vez mais adotada especialmente por novos grupos empre-
sariais — que podem adquirir uma instituição financeira já autorizada ou entrar em proces-
so de autorização de uma nova — e por conglomerados financeiros que já se consolidaram
no mercado, porém, visam uma inserção no mercado digital.
A proposta dos bancos digitais é oferecer preços e custos baixos e simplicidade de acesso
a diversos serviços bancários, entrando na disputa nesse mercado financeiro. Mesmo assim,
encontram certa dificuldade para oferecer preços competitivos em serviços que entram em
conflito com sua proposta de funcionamento, como saque em terminais de atendimento.
Os principais serviços que um banco digital oferece são:

z conta corrente digital sem tarifa;


z cartão de crédito, em muitos casos sem anuidade;
z investimentos;
z seguros;
z consórcios;
z empréstimos.
z melhor experiência do cliente e integração com outros serviços financeiros

Mas, existe ainda uma certa dúvida quanto aos bancos digitalizados. Cabe aqui destacar-
mos que o banco digital é muito diferente de um banco digitalizado. Lembre-se que o banco
digital oferece serviços de forma exclusivamente online, geralmente, via aplicativos no smar-
tphone, não há uma agência física.
Enquanto o banco digitalizado, é uma modernização do banco tradicional, que utiliza de
recursos digitais — plataformas digitais, soluções tecnológicas, canais interativos — para
complementar o acesso aos seus serviços, porém, alguns recursos ainda serão oferecidos de
maneira presencial.
Para ser considerado um banco digital, a instituição deve seguir os seguintes critérios:

z todos os processos são realizados de maneira online, isso inclui o recolhimento de infor-
mações sobre o cliente;
36
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z contratação de serviços ocorre somente online;
z resolução de problemas só ocorre por meio de canais online, como chats, e-mail e
mensagem.

Feita essas considerações iniciais, vamos ao open banking.

OPEN BANKING

O Open Banking, ou sistema financeiro aberto, é o ecossistema financeiro que, com permissão
do cliente, compartilha de forma segura e conveniente seus dados, informações entre as diferentes
instituições autorizadas pelo Banco Central, e suas contas bancárias através de várias plataformas
que não se restringem apenas aos aplicativos ou sites. Esse recurso incentiva a inovação e criação
de novos modelos de negócio, e oferece aos clientes uma experiência segura, ágil e acessível.
A maior transparência que esse fluxo de informações entre as instituições fornece, favorece a
melhora nas políticas de crédito e oferta de serviços mais adequados aos diferentes perfis de clien-
tes e seguimentos sociais. Espera-se que as inovações facilitem o planejamento financeiro por parte
dos clientes, já que essas permitem a comparação de serviços prestados por diferentes instituições.
No Brasil a implementação do open banking fica à rigor dos princípios estabelecidos pelo Banco
Central, que definiu, não apenas princípios, como também objetivos e regras, que dizem respeito a
finalidade dos dados a serem compartilhados, quem são os participantes e quais são suas respon-
sabilidades, e quais são as orientações e diretrizes de experiência do cliente. É responsabilidade das
instituições participantes implantarem o que foi estabelecido pelo Banco Central.

Princípios

BC (definições
para o open
banking)

Objetivos Regras

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


Para garantir o cumprimento das diretrizes estabelecidas, foi criada uma estrutura de
governança, que reúne entidades importantes das instituições participantes do escopo ini-
cial do open banking, essas incluem segmentos como bancos, cooperativas de crédito, coope-
rativas financeiras e instituições de pagamento.
O BC também instituiu regras para o funcionamento dessa estrutura de governança, garan-
tindo a representatividade e o acesso não discriminatório das instituições participantes, e
abrandando conflitos de interesse. Essa estrutura é composta por:

z Conselho deliberativo: responsável por decidir sobre questões de implementação do open


banking e propor padrões técnicos ao BC;
z Secretariado: responsável por organizar e coordenar os trabalhos;
z Grupos técnicos: responsáveis por elaborar estudos e propostas técnicas para o ecossistema.

O BC é responsável por acompanhar todas as discussões e propostas para assegurar que


todas as diretrizes estabelecidas sejam cumpridas.

37
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Para facilitar o entendimento o site da Open Finance Brasil4 traz um quando sobre as fases
de aplicação do open banking no Brasil:

DATA ETAPA DESCRIÇÃO IMPACTO


Compartilhamento padronizado de da-
Surgimento de soluções ino-
dos sobre as instituições participantes,
vadoras que comparam pro-
canais de atendimento, produtos e servi-
dutos e serviços financeiros,
01/02/2021 1ª fase ços relacionados a contas de depósitos,
auxiliando na escolha de pro-
contas de pagamento pré-pagas, cartão
dutos mais alinhados às ne-
de crédito operações de crédito de varejo
cessidades dos consumidores
disponíveis para contratação
Consumidores à frente do compartilha-
mento de dados dos clientes, inclusive Surgimento de produtos e ser-
15/07/2021 2ª fase dados cadastrais (nome, endereço, idade viços personalizados e mais
etc.) e transacionais sobre os produtos e acessíveis
serviços contemplados na fase 1
Acesso a serviços, transações (débito
em conta, transferências entre contas na
própria instituição, DOC, TED, PIX e pa- Consumidores ganham maior
30/08/2021 3ª fase gamento de boletos) e encaminhamento autonomia no acesso aos ser-
de proposta de operação de crédito não viços financeiros
somente nos canais das instituições
financeiras
Compartilhamento de outros dados, como
produtos e serviços relacionados a ope- O conceito de open banking
rações de câmbio, credenciamento em se tornou mais conhecido
arranjos de pagamento, investimento, se- e trouxe maior controle do
guros e previdência complementar aberta compartilhamento de dados
15/12/2021 4ª fase e transacionais de clientes relacionados pelos próprios clientes, apri-
a conta-salário, operações de câmbio, morando o desenvolvimento
credenciamento em arranjos de pagamen- de produtos e serviços cada
to, investimento, seguros e previdência vez mais alinhados às suas
complementar aberta, por meio do open necessidades
banking

NOVOS MODELOS DE NEGÓCIOS

De acordo com o Estudo Especial 895, de 2020, feito pelo Banco Central, há diversos mode-
los de negócios IPs que já se encontram no mercado e, destacando os centralizadores finan-
ceiros, os focados em nichos e os que agregam valor ao serviço financeiro.
Pois bem, o centralizador financeiro atua de acordo com as necessidades de seus clientes.
Oferece soluções como: conta digital, automatização de operações financeiras, conciliação de
pagamentos, verificação de recebimentos e serviços de transferência. O principal objetivo
desse tipo de instituição é se estabelecer como prestadora de serviços, soluções e platafor-
mas, assim ela se mantém como gestora financeira central de seus clientes (p. 2)

A rentabilidade dessas instituições está atrelada à capacidade de diferenciação dos pro-


dutos e serviços complementares aos de pagamento, fidelizando e obtendo receitas adi-
cionais correspondentes aos serviços prestados. (BC, 2020, p. 2)

4 Disponível em: https://openbankingbrasil.org.br/?cookie=true. Acesso em: 23 de fev. de 2023.


5 Disponível em: https://www.bcb.gov.br/conteudo/relatorioinflacao/EstudosEspeciais/EE088_Instituicoes_de_
38 pagamento_e_seus_modelos_de_negocio.pdf. Acesso em: 23 de fev. de 2023
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Já as instituições que usam modelos de negócio focados em nichos direcionam seus servi-
ços e produtos a porções demográficas específicas, desenvolvendo novas tecnologias e con-
figurações benéficas ao oferecimento em menor escala. Por fim, os que usam modelos como
agregação de valor adicionam.

[...] serviços tipicamente bancários – como serviços de pagamento, cartões de crédito e apli-
cativos de gestão financeira – à prestação dos serviços principais de um determinado ramo
econômico não financeiro, como aplicativos de transporte, comércios ou serviços de entrega.
(BC, 2020, p. 3)

Assim,

[...] ramos que operavam necessariamente com a contratação de uma instituição financeira
(IF) atualmente já começam a oferecer meios de pagamento fornecidos por IPs. Constata-se
que, para atingir esse objetivo, as IPs geralmente optam por realizar parcerias com IFs ou,
alternativamente, constituem IFs, que podem realizar operações de crédito, formando um con-
glomerado prudencial liderado pela IP. (BC, 2020, p. 3)

Para exemplificar melhor o tema acima vamos falar sobre as fintechs, em seguida sobre as
startups e big techs.

Fintechs

As fintechs são empresas que introduzem inovações em modelos de negócios no mercado


financeiro, por meio de um intenso aparato tecnológico. No Brasil, há várias categorias de fintechs,
que vão desde as de crédito, pagamento, gestão financeira, às de câmbio e multisserviços. No país
dois tipos de fintechs de crédito são autorizadas a funcionar: as para intermediação entre credores
e podem ser autorizadas a funcionar no país por meio eletrônico: a Sociedade de Crédito Direto
(SCD) e a sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP).
A Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP) faz as operações também conhecidas como

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


peer-to-peer lending, realiza crédito entre pessoas, intermediando as relações entre credor e deve-
dor, podendo cobrar tarifas por isso. Os recursos são de terceiros que apenas utilizam a infraes-
trutura que a fintech proporciona.
Já a Sociedade de Crédito Direto (SCD) caracteriza-se pela realização de operações de
crédito, por meio de plataforma eletrônica, com recursos próprios. Ou seja, esse tipo de insti-
tuição não pode fazer captação de recursos do público.

Startups e Big Techs

As startups são empresas emergentes, cujo principal objetivo é desenvolver ou aprimorar


um modelo de negócio, especialmente o escalável. Embora possa haver startups de vários
setores, elas geralmente são de base tecnológica.
No Brasil, também podem ser classificadas em:

z B2C (business to consumer): tipo de transação mais comum, é realizado entre uma empre-
sa e o cliente final; 39
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z B2B (business to business): não envolve o consumidor final, transação realizada entre
empresas;
z B2B2C (business to business to consumer): transação realizada entre a indústria e o consu-
midor, sendo facilitada por outro negócio.

As Big Techs são grandes empresas de tecnologia que, inicialmente startups, criaram ser-
viços e modelos de negócio inovadores, escaláveis, dinâmicos e ágeis, que passaram a fazer
parte do dia a dia dos consumidores e hoje dominaram o mercado. À exemplo temos: Google,
Uber e Netflix. Elas são movidas à inovação, estando continuamente definindo novas tec-
nologias e serviços, além de estarem sempre em atualização para sempre atender as novas
demandas dos consumidores.
Quando em aliança com os grandes bancos, as instituições big tech resultam em uma revo-
lução digital no sistema bancário, na tentativa de gerar disrupção em um campo normalmen-
te conhecido como rígido.

Sistema de Bancos-Sombra (Shadow Banking)

Conforme definição do BC (2015)6 Shadow banking é “o sistema de intermediação de crédi-


to que envolve atividades e entidades fora do sistema bancário tradicional” (p.33). De acordo
com o documento, embora o sistema seja benéfico para a ampliação do acesso ao crédito
e providencie fontes alternativas de investimento, ele também “envolve riscos tipicamente
bancários: alavancagem, transformações de maturidade e de liquidez e transferência de ris-
co de crédito”.
Ao contrário do sistema financeiro bancário, o shadow banking não recebe depósitos,
então não tem a necessidade de ter patrimônio líquido para garantir suas funções, o que,
novamente, torna sua aplicação mais arriscada. Atualmente, o sistema cresce exponencial-
mente, pois não utiliza a garantia do governo fornecida aos bancos tradicionais, já que essa
garantia encarece o dinheiro e diminui a rentabilidade.
Pois bem, os Bancos-sombra são definidos como intermediários financeiros que realizam
funções de banca “sem acesso à liquidez do banco central ou garantias de crédito do setor
público. Alguns exemplos de banco sombra são: Bancos de investimentos, factoring (anteci-
pação de receitas), fundos Hedge (fundos de investimentos mais arriscados), companhias de
seguros e fundos de capital privado.
Os Bancos de investimento, por exemplo, se diferem dos bancos tradicionais, pois recebem
dinheiro de investidores e não através de depósitos, por isso, tem menos regulamentação e
consequentemente menos garantias governamentais. O Sistema de bancos-sombra (Shadow
banking) é formado por instituições que fornecem crédito para pessoas que normalmente
não conseguem crédito em instituições financeiras tradicionais.
Além disso, o BC destaca que em relação ao “shadow banking”, é importante lembrar que
se trata de um fenômeno que ocorre não apenas no Brasil, mas também em outras partes do
mundo. Entre os vários fatores que colaboram para o seu surgimento está a existência de
lacunas no mercado bancário, que são atendidas por estes agentes do “shadow banking”.

6 Disponível em: https://www.bcb.gov.br/content/publicacoes/ref/201503/RELESTAB201503-refC6P_1.pdf.


40 Acesso em: 23 de fev. de 2023.
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O Comitê para Estabilidade Financeira (Financial Stability Board – FSB, em inglês) tem o
objetivo de coordenar o trabalho de autoridades financeiras nacionais e organismos interna-
cionais, regulando políticas e supervisionando o setor financeiro, assim promove a estabili-
dade financeira global.
A FSB divulgou, para consulta, uma série de documentos sobre a regulação do shadow ban-
king system. Os relatórios objetivaram a regulação das entidades que compõem esse sistema,
além de propor um arcabouço integrado para lidar com os riscos colocados por esse sistema.
Também foi publicado o resultado do primeiro monitoramento a nível global desse tema.
Nos documentos divulgados, mencionam-se o desenvolvimento e a introdução de uma
série de inovações financeiras, que por um lado permitiram uma grande liquidez nos merca-
dos, mas que por outro lado, questiona-se sobre os riscos que esse caráter não-bancário, as
instituições e as práticas desse sistema paralelo podem trazer para a estabilidade do sistema
financeiro.
Assim, a concessão de crédito de longo prazo pode ser identificada, em contrapartida, uma
estrutura alavancada de funding, essencialmente de curto prazo, como um dos potenciais
vulnerabilidades que o sistema paralelo pode trazer ao sistema financeiro como um todo.
Assim, o FSB tenta desenvolver suas recomendações de políticas em cinco áreas de atenção:

z interconexão entre os sistemas bancários tradicional e paralelo;


z money market finds (mmfs);
z securitização;
z outras instituições do sistema bancário paralelo;
z operações compromissadas e empréstimo de títulos.

O DINHEIRO NA ERA DIGITAL

Para iniciarmos o nosso estudo vamos a definição de moeda digital: as moedas digitais
exibem propriedades semelhantes às moedas tradicionais, mas geralmente não têm uma for-
ma física, ao contrário das moedas com notas impressas ou moedas cunhadas. Ela é o equiva-
lente ao dinheiro tradicional, mas em formato digital e possui as mesmas características de

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


uma moeda fiduciária, podendo ser utilizada como meio de pagamento.
As moedas digitais operam a partir de uma rede descentralizada, o que possibilita que a
transferência seja realizada sem mediação da agência bancária. Por isso, esse tipo de moeda
não se submete à regulamentação de sistemas monetários e autoridades financeiras, como
de praxe. Portanto, a burocracia da negociação inexiste.
Usualmente, as moedas digitais usam da criptografia blockchain para assegurar transações
seguras via internet, tal tecnologia que pode ser descrita como um livro contábil, portadora
de registro público das operações realizadas com criptomoedas.

Blockchain, Criptomoedas e Bitcoin

Criptomoeda é o nome comum para moedas digitais descentralizadas. Elas são criadas a
partir de uma rede de blockchain, em sistemas avançados de criptografia que objetivam pro-
teger essas transações, informações e os dados do operador.

41
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Mas, o que é Blockchain? Blockchain é uma tecnologia que permite o armazenamento
distribuído e seguro de informações digitais através da criação de uma rede descentralizada
de computadores interconectados. A informação é organizada em blocos de dados, que são
conectados em uma cadeia, formando um registro imutável de todas as transações ocorridas
na rede. Esses blocos são criptografados e validados por diversos participantes da rede, tor-
nando a informação transparente e resistente a alterações ou fraudes. Portanto, blockchain
é um sistema que possibilita o rastreamento confiável e seguro de informações online, como
transações financeiras, registros médicos, contratos inteligentes, entre outros. É esse sistema
que permite o funcionamento e transação das chamadas criptomoedas, ou moedas digitais.
O conceito do blockchain surgiu em 2008 no artigo acadêmico “Bitcoin: um sistema finan-
ceiro eletrônico peer-to-peer”, de Satoshi Nakamoto:

Neste material, a blockchain é definida como “uma rede que marca o tempo das transações,
colocando-as em uma cadeia contínua no ‘hash’, formando um registro que não pode ser alte-
rado sem refazer todo o trabalho.

O blockchain possibilitou a criação da bitcoin e das outras criptomoedas, e pode ser usada
para outras aplicações. O blog da do banco digital Nubank, utiliza uma metáfora para exem-
plificar o funcionamento do blockchain, observe abaixo:

Pense num trenzinho de brinquedo cujos trilhos estão espalhados pelo mundo inteiro. Não um,
mas vários que formam uma rede global. Cada material vai dentro de um vagão, que é validado
por máquinas espalhadas pelo mundo. Se aprovado, ele é selado com um código complexo de
letras e números e se junta a outros vagões. Para aumentar ainda mais a segurança, cada vagão
carrega seu código e o código do vagão anterior. Assim, caso alguém tente invadir um vagão, será
preciso desvendar mais de um código. (Blockchain: uma explicação simples — Fala, Nubank7)

A bitcoin é uma moeda virtual — a primeira criada no mundo — e pode ser usado para
a compra de serviços, produtos e quaisquer outros itens em estabelecimentos que aceitem
ser pagos com ele. Bitcoin é uma moeda, uma espécie de dinheiro tal qual o real ou o dólar,
diferenciando-se das demais por ser pura e inteiramente digital, sem vínculo algum com o
governo. Tem valor determinado pelo próprio mercado e tem sido a forma ideal de pagamen-
to, atualmente. É uma tecnologia inovadora, uma vez que seu uso é rápido, barato e seguro.

Moeda Digital no Brasil

De acordo com o Banco Central, a discussão sobre a emissão de moedas digitais pelos ban-
cos centrais tem ganhado proeminência devido à transformação digital em andamento na
economia global. Como parte dos esforços da Agenda BC, o Banco Central do Brasil tem pro-
movido discussões internas e com seus pares internacionais visando ao eventual desenvolvi-
mento de uma CBDC que possa acompanhar a evolução tecnológica da economia brasileira,
aumentar a eficiência do sistema de pagamentos de varejo, contribuir para o surgimento de
novos modelos de negócio e de outras inovações baseadas nos avanços tecnológicos, favore-
cer a participação do Brasil nos cenários econômicos regional e global e aumentar a eficiên-
cia nas transações transfronteiriças.

7 Disponível em: https://blog.nubank.com.br/o-que-e-mineracao-de-criptomoedas/ . Acesso em: 24 de fev. de


42 2023
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Em uma avaliação preliminar, o Banco Central destaca diretrizes para o potencial desen-
volvimento de uma moeda digital brasileira, incluindo:

z ênfase na possibilidade de desenvolvimento de modelos inovadores a partir de evoluções


tecnológicas;
z previsão de uso em pagamentos de varejo;
z capacidade para realizar operações online e eventualmente offline;
z emissão pelo BCB como uma extensão da moeda física;
z ausência de remuneração;
z garantia da segurança jurídica em suas operações;
z aderência a todos os princípios e regras de privacidade e segurança determinados;
z desenho tecnológico que permita integral atendimento às recomendações internacionais
e normas legais sobre prevenção à lavagem de dinheiro, ao financiamento do terrorismo
e ao financiamento da proliferação de armas de destruição em massa;
z adoção de solução que permita interoperabilidade e integração visando à realização de
pagamentos transfronteiriços, e adoção de padrões de resiliência;
z segurança cibernética equivalentes aos aplicáveis a infraestruturas críticas do mercado
financeiro.

O Banco Central ressalta que as diretrizes apresentadas tratam do entendimento atual do BCB
em relação ao tema, a fim de direcionar a discussão no âmbito nacional, e que poderá reavaliar
seu posicionamento à medida em que as discussões evoluam em nível mundial.

MARKETPLACE
Surgido no Brasil em 2012, marketplace é um modelo de negócio também conhecido como
um tipo de shopping center no mundo virtual. As vantagens para o consumidor envolvem a
facilidade em procurar pelo melhor preço e produto e a reunião de várias marcas e lojas em
um único lugar. Como exemplo, tenha em mente empresas como: Amazon, Shoptime, Wal-

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


mart, Mercado Livre, OLX e Bom Negócio.
E para a empresa que adota o marketplace, qual é a vantagem? Veja a seguir:

Sem dúvidas, a maior vantagem do marketplace é a visibilidade. Quanto maior a quan-


tidade de visitas que o site possui, mais sólido será o público atingido. Isso elimina a neces-
sidade de investimento de tempo e dinheiro para a divulgação. Um bom exemplo disso, é o
Mercado Livre, ele é acessado por milhões de usuários diariamente e é o maior site do seg-
mento. Além disso, uma vez que seu produto está na vitrine dos maiores e-commerces, maior a
confiança dos clientes para comprá-lo, mesmo que a sua marca ainda seja nova. O site é a por-
ta de entrada e uma vez gerando confiança ao consumidor, ganha credibilidade no mercado.
Isso subentende-se que todos os produtos nele comercializados são de confiança e qualidade.8

8 MARKETPLACE: Uma nova tendência de mercado. Demander, 2019. Disponível em: https://www.demander.
com.br/marketplace-uma-nova-tendencia-de-mercado/. Acesso em: 23 fev. 2023. 43
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Mas e o mercado financeiro? Segundo o Banco Central, em sentido estrito, os “marketpla-
ces” são empresas de comércio eletrônico, que aproximam compradores e vendedores por
meio de plataformas centralizadas para a venda de produtos ou serviços.

Importante!
Em alguns modelos de negócio, essas empresas atuam também como subcredencia-
dores, recebendo e repassando os pagamentos aos vendedores, depois de extrair sua
remuneração.

É importante deixar claro que não se configura como subcredenciadora a empresa que
vende produtos ou presta serviços ao usuário final pagador nos casos em que a relação jurí-
dica do pagador é diretamente com ela. Nesses casos, a própria empresa é o usuário final
recebedor da transação de pagamento, ainda que utilize autônomos ou parceiros para pro-
ver o produto ou serviço.
Já o Banco do Brasil anunciou, em dezembro de 2020, o lançamento do Programa AgroBB,
uma plataforma exclusiva para venda de imóveis rurais. O portal agrobb.com.br, criado em
parceria com a Resale, utiliza, na concorrência pública, a tecnologia blockchain.
Conforme informações do BB, ao adotar o modelo de marketplace, o Banco, como princi-
pal agente do mercado agro no Brasil, pretende fomentar a cadeia produtiva da agroindús-
tria e ainda integrar suas linhas de negócios.
Abordaremos a seguir dois temas que são presentes em provas. São os:

z marketplaces de produtos e serviços financeiros;


z marketplaces como participantes de arranjos de pagamento.

Primeiramente falaremos sobre o marketplaces de produtos e serviços financeiros. De


acordo com a Febraban, grandes redes varejistas e marketplaces estão investindo pesado em
novas plataformas tecnológicas com produtos e serviços financeiros.

É um fenômeno global, conhecido como “fintechzação”, e que começa a ganhar força no Brasil.
Empresas como Via Varejo (dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio), Carrefour, Magazine
Luiza, B2W (dona dos sites Americanas.com, Submarino e Shoptime) e Mercado Livre acele-
ram novas parcerias e criação de novos negócios dentro de casa.9

A Federação explica também que o marketplace oferece soluções para que pessoas e
empresas possam comprar, vender, anunciar e enviar produtos e serviços por meio da inter-
net. São 76,1 milhões de usuários ativos e mais de 12 milhões de vendedores. Por segundo,
são realizadas 19 vendas!
E, fique atento: a chegada das fintechs abriu novos desafios para solucionar problemas
dos consumidores em diversos aspectos. Com isso, veio o chamado “marketplace banking”,
que proporciona uma experiência integrada de serviços bancários, trazendo comodidade e
praticidade para o consumidor e para o lojista.
9 MARTINS, D. Varejistas e marketplaces ampliam soluções financeiras digitais. Febraban Tech, 2020. Disponível
em: https://febrabantech.febraban.org.br/temas/banco-digital/varejistas-e-marketplaces-ampliam-solucoes-
44 financeiras-digitais. Acesso em: 23 fev. 2023.
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Agora, vamos falar um pouco sobre o marketplaces como participantes de arranjos de
pagamento. Acompanhe:

Hoje, para o Bacen, alguns marketplaces podem ser considerados facilitadores de pagamento,
ou seja, instituições que intermediam o pagamento de terceiros. Falamos aqui dos mar-
ketplaces que recebem o pagamento dos consumidores por produtos ou serviços ofertados e
só depois repassam o valor para os vendedores.

Veja como isso funciona:

O fluxo é o seguinte: o comprador paga com cartão de crédito, a adquirente de cartão processa
o pagamento e o deposita na conta bancária do operador do marketplace. Este, por sua vez,
repassa o dinheiro em seguida. Por ser responsável por dinheiro que não é seu, o Bacen enten-
de que o marketplace também age como subcredenciador, instituição que faz a ponte entre
adquirentes e estabelecimentos comerciais.10

Como na imagem a seguir:

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO

A Circular nº 3.682, de 2013, do BACEN, regulamentou os arranjos de pagamentos inte-


grantes do Sistema de Pagamentos Brasileiro — SPB.

10 RIBEIRO, R. Entenda as novas regras do Bacen para marketplaces. iugu, 2021. Disponível em: https://www.
iugu.com/blog/novas-regras-bacen-marketplaces. Acesso em: 23 fev. 2023. 45
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Dica
Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) é o conjunto de instrumentos e operações que
dão suporte às movimentações financeiras entre participantes do mercado.

A Circular nº 3.815 aplica-se para todos os participantes dos arranjos — ou seja,

[...] instituições-domicílio e de pagamento que repassam fluxos de pagamento para terceiros,


como é o caso de credenciadores, adquirentes e facilitadores. Além dos participantes tradi-
cionalmente reconhecidos como facilitadores de pagamento, essa nomenclatura foi estendida
também aos marketplaces que participam do fluxo de liquidação.11

CORRESPONDENTES BANCÁRIOS
De acordo com o Banco Central12, ​os correspondentes são empresas contratadas por ins-
tituições financeiras e demais instituições autorizadas pelo Banco Central para a prestação
de serviços de atendimento aos clientes e usuários dessas instituições. Entre os correspon-
dentes mais conhecidos, encontram-se as lotéricas e o banco postal.
A regulamentação do Banco Central para os correspondentes bancários (Resolução do
CMN nº 3.954, de 2011) permite ofertar os serviços a seguir listados, conforme disposto nos
arts. 8º e 9º, do Capítulo II:

Art. 8º O contrato de correspondente pode ter por objeto as seguintes atividades de atendi-
mento, visando ao fornecimento de produtos e serviços de responsabilidade da instituição
contratante a seus clientes e usuários:
I - recepção e encaminhamento de propostas de abertura de contas de depósitos à vista, a pra-
zo e de poupança mantidas pela instituição contratante;
II - realização de recebimentos, pagamentos e transferências eletrônicas visando à movimen-
tação de contas de depósitos de titularidade de clientes mantidas pela instituição contratante;
III - recebimentos e pagamentos de qualquer natureza, e outras atividades decorrentes da exe-
cução de contratos e convênios de prestação de serviços mantidos pela instituição contratante
com terceiros;
IV - execução ativa e passiva de ordens de pagamento cursadas por intermédio da instituição
contratante por solicitação de clientes e usuários;
V - recepção e encaminhamento de propostas referentes a operações de crédito e de arrenda-
mento mercantil de concessão da instituição contratante;
VI - recebimentos e pagamentos relacionados a letras de câmbio de aceite da instituição
contratante;
VIII - recepção e encaminhamento de propostas de fornecimento de cartões de crédito de res-
ponsabilidade da instituição contratante; e
IX - realização de operações de câmbio de responsabilidade da instituição contratante, obser-
vado o disposto no art. 9º.

11 BARROS, R. V. do; MARCONDES, F.; GALLO, J. Banco Central centralizará liquidações financeiras de provedores
de serviços de pagamento. CMA, 2018. Disponível em: https://cmalaw.com/conteudos/informativo-liquidacoes-
financeiras-servicos-de-pagamento/. Acesso em: 23 fev. 2023.
12 CORRESPONDENTES bancários. Banco Central do Brasil, 2023. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/
46 meubc/faqs/p/quem-sao-correspondentes-no-pais. Acesso em: 23 fev. 2023.
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Parágrafo único. Pode ser incluída no contrato a prestação de serviços complementares de cole-
ta de informações cadastrais e de documentação, bem como controle e processamento de dados.
Art. 9º O atendimento prestado pelo correspondente em operações de câmbio deve ser contra-
tualmente restrito às seguintes operações:
I - compra e venda de moeda estrangeira em espécie, cheque ou cheque de viagem, bem como
carga de moeda estrangeira em cartão pré-pago;
II - execução ativa ou passiva de ordem de pagamento relativa a transferência unilateral do
ou para o exterior; e
III - recepção e encaminhamento de propostas de operações de câmbio.

O BCB destaca que os correspondentes devem informar ao público sua “condição de prestador
de serviços à instituição contratante”, isso “com descrição dos produtos e dos serviços oferecidos
e os telefones dos serviços de atendimento e de ouvidoria da instituição contratante” (III, art. 10).
O correspondente não pode efetuar qualquer cobrança por sua iniciativa. Somente
as tarifas previstas na tabela da instituição contratante, elaborada de acordo com a regulamentação em vigor,
podem ser cobradas. Não pode ser cobrado do cliente qualquer outro valor pelo serviço prestado (art. 17).
Além disso, ​a prestação de serviços por correspondente não pode ser realizada no “recin-
to de dependências da instituição financeira contratante”, conforme art. 17-A, da Resolução
nº 3.954, de 2011.
Fica sob responsabilidade da instituição financeira contratante a contratação do corres-
pondente. A instituição contratante precisa comunicar ao Banco Central a contratação de
empresa para a prestação dos serviços acima referidos.

A comunicação é realizada mediante registro no sistema Unicad – Informações sobre Entida-


des de Interesse do Banco Central, em que são cadastrados dados referentes à identificação da
empresa contratada, serviços executados e respectivas datas, bem como dados cadastrais das
instalações do correspondente.
O Unicad pode ser consultado pelo cidadão por meio do telefone 145.13

Dentro do sistema financeiro, a utilização da palavra “banco” restringe-se a bancos comer-


ciais, bancos múltiplos, bancos de investimento e de desenvolvimento. Não há restrição

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


legal ou regulamentar ao uso da palavra “banco” para empresas não integrantes do sistema
financeiro. Entretanto, a instituição contratante precisar obter autorização do Banco Central
para contratar empresas que usarem, na sua denominação social ou nome fantasia respec-
tivo, “banco” ou outros termos característicos das denominações das instituições do Sistema
Financeiro Nacional, bem como suas derivações em língua estrangeira.
É da instituição que contratou o correspondente a responsabilidade pelas operações dos
correspondentes.
Como visto, os correspondentes devem informar ao público sua condição de prestador de
serviços à instituição contratante (art. 10, Resolução do CMN nº 3.954, de 2011):

III - [...] com descrição dos produtos e serviços oferecidos, os telefones dos serviços de atendimento
e de ouvidoria da instituição financeira contratante, por meio de painel visível, mantido nos locais
onde seja prestado atendimento aos clientes e usuários [...].

13 O que são correspondentes bancários? Brasil Consultas, 2018. Disponível em: https://blog.brasilconsultas.
com.br/o-que-sao-correspondentes-bancarios/. Acesso em: 23 fev. 2023. 47
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Devem ainda utilizar outras formas, caso necessário para esclarecimento do público.
O Banco Postal (Serviço Financeiro Postal Especial) é a marca que a Empresa Brasilei-
ra de Correios e Telégrafos (ECT) usa para a atuação, por meio de sua rede de atendimento,
enquanto correspondente contratado de uma instituição financeira.
E não esqueça! Em seu Capítulo III, no art. 10, a resolução traz o seguinte:

Art. 10 O contrato de correspondente deve estabelecer:


I - exigência de que o contratado mantenha relação formalizada mediante vínculo empregatí-
cio ou vínculo contratual de outra espécie com as pessoas naturais integrantes da sua equipe,
envolvidas no atendimento a clientes e usuários;
II - vedação à utilização, pelo contratado, de instalações cuja configuração arquitetônica,
logomarca e placas indicativas sejam similares às adotadas pela instituição contratante em
suas agências e postos de atendimento;
III - divulgação ao público, pelo contratado, de sua condição de prestador de serviços à instituição
contratante, identificada pelo nome com que é conhecida no mercado, com descrição dos produtos
e serviços oferecidos e telefones dos serviços de atendimento e de ouvidoria da instituição contra-
tante, por meio de painel visível mantido nos locais onde seja prestado atendimento aos clientes e
usuários, e por outras formas caso necessário para esclarecimento do público;
IV - realização de acertos financeiros entre a instituição contratante e o correspondente, no
máximo, a cada dois dias úteis;
V - utilização, pelo correspondente, exclusivamente de padrões, normas operacionais e tabelas
definidas pela instituição contratante, inclusive na proposição ou aplicação de tarifas, taxas de
juros, taxas de câmbio, cálculo de Custo Efetivo Total (CET) e quaisquer quantias auferidas ou
devidas pelo cliente, inerentes aos produtos e serviços de fornecimento da instituição contratante;
VI - vedação ao contratado de emitir, a seu favor, carnês ou títulos relativos às operações rea-
lizadas, ou cobrar por conta própria, a qualquer título, valor relacionado com os produtos e
serviços de fornecimento da instituição contratante;
VII - vedação à realização de adiantamento a cliente, pelo correspondente, por conta de recur-
sos a serem liberados pela instituição contratante;
VIII - vedação à prestação de garantia, inclusive coobrigação, pelo correspondente nas opera-
ções a que se refere o contrato;
IX - realização, pelo contratado, de atendimento aos clientes e usuários relativo a demandas
envolvendo esclarecimentos, obtenção de documentos, liberações, reclamações e outros refe-
rentes aos produtos e serviços fornecidos, as quais serão encaminhadas de imediato à institui-
ção contratante, quando não forem resolvidas pelo correspondente;
X - permissão de acesso do Banco Central do Brasil aos contratos firmados ao amparo desta
resolução, à documentação e informações referentes aos produtos e serviços fornecidos, bem
como às dependências do contratado e respectiva documentação relativa aos atos constituti-
vos, registros, cadastros e licenças requeridos pela legislação;
XI - possibilidade de adoção de medidas pela instituição contratante, por sua iniciativa, nos termos
do art. 4º, ou por determinação do Banco Central do Brasil;
XII - observância do plano de controle de qualidade do atendimento, estabelecido pela insti-
tuição contratante nos termos do art. 14, § 1º, e das medidas administrativas nele previstas; e
XIII - declaração de que o contratado tem pleno conhecimento de que a realização, por sua própria
conta, das operações consideradas privativas das instituições financeiras ou de outras operações
vedadas pela legislação vigente sujeita o infrator às penalidades previstas nas Leis nº 4.595, de 31
48 de dezembro de 1964, e nº 7.492, de 16 de junho de 1986.
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E, conforme o art. 15, do Capítulo VI, da Resolução nº 3.954, de 2011:

Art. 15 A instituição contratante deve manter, em página da internet acessível a todos os


interessados, a relação atualizada de seus contratados, contendo as seguintes informações:
I - razão social, nome fantasia, endereço da sede e o número de inscrição no Cadastro Nacio-
nal da Pessoa Jurídica (CNPJ) de cada contratado;
II - endereços dos pontos de atendimento ao público e respectivos nomes e números de inscrição no
CNPJ; e
III - atividades de atendimento, referidas no art. 8º, incluídas no contrato, especificadas por
ponto de atendimento.
Parágrafo único. A instituição contratante deve disponibilizar, inclusive por meio de telefone,
informação sobre determinada entidade ser, ou não, correspondente e sobre os produtos e
serviços para os quais está habilitada a prestar atendimento.
Art. 16 A instituição contratante deve segregar as informações sobre demandas e reclama-
ções recebidas pela instituição, nos respectivos serviços de atendimento e de ouvidoria, apre-
sentadas por clientes e usuários atendidos por correspondentes.

ARRANJOS DE PAGAMENTOS
Nos termos do Banco Central do Brasil, um arranjo de pagamento é o

[...] conjunto de regras e procedimentos que disciplina a prestação de determinado serviço


de pagamento ao público. As regras do arranjo facilitam as transações financeiras que usam
dinheiro eletrônico. Diferentemente da compra com dinheiro vivo entre duas pessoas que se
conhecem, o arranjo conecta todas as pessoas que a ele aderem. É o que acontece quando o
cliente usa uma bandeira de cartão de crédito numa compra que só é possível porque o vende-
dor aceita receber daquela bandeira.14

Veja os exemplos trazidos pelo Bacen:

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


Os arranjos podem se referir, por exemplo, aos procedimentos utilizados para realizar com-
pras com cartões de crédito, débito e pré-pago, em moeda nacional ou estrangeira. Os serviços
de transferência e remessas de recursos também são arranjos de pagamentos.15

O site do Bacen ainda traz a definição de instituições de pagamento. Acompanhe:

As pessoas jurídicas não financeiras que executam os serviços de pagamento no arranjo


são chamadas de instituições de pagamento e são responsáveis pelo relacionamento com os
usuários finais do serviço. Instituições financeiras também podem operar com pagamentos.16

Observe a seguir quais são os tipos de arranjo de pagamento que não se sujeitam à regula-
ção do Banco Central do Brasil:

14 ARRANJOS de Pagamento. Banco Central do Brasil, [s.d.]. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/


estabilidadefinanceira/arranjospagamento. Acesso em: 23 fev. 2023.
15 Ibid.
16 Ibid. 49
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Alguns tipos de arranjo de pagamentos não estão sujeitos à regulação do BCB, tais como
os cartões private label – emitidos por grandes varejistas e que só podem ser usa-
dos no estabelecimento que o emitiu ou em redes conveniadas. Também não são sujei-
tos à supervisão do BC os arranjos para pagamento de serviços públicos (como provisão de
água, energia elétrica e gás) ou carregamento de cartões pré-pagos de bilhete de transporte.
Incluem-se nessa categoria, ainda, os cartões de vale-refeição e vale-alimentação.17

Finalmente, acompanhe o que diz o Bacen sobre serviços privativos de instituições


financeiras:

A legislação proíbe que instituições de pagamento prestem serviços privativos de instituições


financeiras, como a concessão de empréstimos e financiamentos ou a disponibilização de con-
ta bancária e de poupança.18

A figura, abaixo, disponibilizada pelo Bacen, explica melhor o que acabamos de ler!

ARRANJOS de Pagamento. Banco Central do Brasil, [s.d.]. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/


estabilidadefinanceira/arranjospagamento. Acesso em: 23 fev. 2023.

17 Ibid.
50 18 Ibid.
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ARRANJOS DE PAGAMENTOS INTEGRANTES DO SPB

Em seu site, o Banco Central do Brasil apresenta algumas explicações acerca dos arranjos
de pagamentos integrantes do SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiro). Acompanhe:

​ rranjos de pagamento integrantes do SPB são aqueles em que o conjunto de participantes


A
apresenta, de forma consolidada, nos últimos 12 meses, volumes iguais ou superiores a pelo
menos um dos limites constantes no quadro ao lado e não estão enquadrados nas demais hipó-
teses do art. 2º da Circular nº 3.682/2013.19

Importante!
“Os instituidores de arranjos de pagamento, integrantes do SPB, devem solicitar autori-
zação de funcionamento em até 30 dias após o arranjo de pagamento superar os limites
do quadro.”20

BR CODE, PADRÃO ÚNICO DE QR CODE PARA PAGAMENTOS NO BRASIL

Veja a seguir algumas informações trazidas pelo Bacen sobre o BR Code:

O BR Code é o padrão de QR Code que deve ser utilizado pelos arranjos de pagamento inte-
grantes do SPB que ofertem a iniciação de uma transação de pagamento por meio desse meca-
nismo, conforme disposto na Resolução BCB nº 150/2021.
A existência de um único QR Code vai facilitar o processo de iniciação dos pagamentos pelos
usuários pagadores, que terão um instrumento comum para iniciar a transação, utilizando
o arranjo da sua escolha que seja aceito pelo usuário recebedor para efetivar a operação.
Do ponto de vista do recebedor, existe uma redução dos custos de aceitação de arranjos que
permitem a iniciação por meio do BR Code, além de uma racionalização da quantidade de QR
Codes expostos nos estabelecimentos.21

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


Além disso, o site informa que, “Conforme estabelecido pela Carta Circular nº 4.014/2020, as
especificações técnicas do BR Code estão detalhadas no Manual do BR Code.”22

​PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO DE FUNCIONAMENTO

Acompanhe os seguintes pontos acerca do pedido de autorização de funcionamento, ainda


de acordo com o Bacen:

19 ARRANJOS de pagamentos integrantes do SPB. Banco Central do Brasil, [s.d.]. Disponível em: https://www.
bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/arranjosintegrantesspb. Acesso em: 23 fev. 2023.
20 Ibid.
21 Ibid.
22 Ibid. 51
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As informações e os documentos que compõem o pedido de autorização de arranjos de paga-
mento integrantes do SPB devem ser apresentados em atendimento ao disposto nos arts. 16
a 20 do Anexo I à Resolução BCB nº 150, de 6 de outubro de 2021, e em conformidade com os
modelos e as orientações descritas na Instrução Normativa BCB n° 181, de 28 de outubro de
2021.23

CICLO DE AUTORIZAÇÕES

Organiza-se as autorizações em “lotes”, seguindo critérios de natureza dos arranjos, semelhan-


ça de características e complexidade da análise, assim como de cronologia do recebimento dos
pedidos de autorização.
A ordem de prioridade a seguir é seguida pelo rito de autorização:

z arranjos fechados com conta de pagamento pré-paga ou pós-paga;


z arranjos abertos com conta de pagamento de depósito pré-paga ou à vista;
z arranjos abertos com conta de pagamento pós-paga. Esse processo também depende do
atendimento tempestivo a demandas do Banco Central por ajustes ou de particularidades
que eventualmente podem não estar no domínio total do instituidor.

Informação importante:

Vale ressaltar que a autorização dos arranjos é apenas um dos processos que compõem a vigilância
dos arranjos de pagamentos integrantes do Sistema de Pagamentos Brasileiro. Independentemente
da concessão de autorização, o Banco Central continua atuando, por outros meios, a fim de garan-
tir a segurança e a eficiência dos arranjos de pagamento.24

INSTITUIÇÃO DE PAGAMENTO

Neste tópico, apresentaremos algumas informações trazidas pelo Bacen acerca das insti-
tuições de pagamento. Acompanhe:

Instituição de pagamento (IP) é a pessoa jurídica que viabiliza serviços de compra e venda e
de movimentação de recursos, no âmbito de um arranjo de pagamento, sem a possibilidade de
conceder empréstimos e financiamentos a seus clientes.
As instituições de pagamento possibilitam ao cidadão realizar pagamentos independentemen-
te de relacionamentos com bancos e outras instituições financeiras. Com o recurso financeiro
movimentável, por exemplo, por meio de um cartão pré-pago ou de um telefone celular, o
usuário pode portar valores e efetuar transações sem estar com moeda em espécie. Graças
à interoperabilidade, o usuário pode, ainda, receber e enviar dinheiro para bancos e outras
instituições de pagamento.25

23 Ibid.
24 Ibid.
25 O que é instituição de pagamento? Banco Central do Brasil, [s.d.]. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/pre/
52 composicao/instpagamento.asp?frame=1. Acesso em: 23 fev. 2023.
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Importante!
“[...] serviços de pagamento são prestados não só por IPs, mas também por instituições
financeiras, especialmente bancos, financeiras e cooperativas de crédito.”26

Nesse tipo de transação, é preciso existir:

[...] uma instituição de pagamento ou uma instituição financeira que tenham aderido a um
arranjo de pagamento;
o instrumento de pagamento, que é o dispositivo utilizado para comprar produtos/serviços ou
para transferir recursos, como o cartão de débito ou de crédito, o boleto ou o telefone celular;
o instituidor do arranjo de pagamento, que é a pessoa jurídica responsável pela criação e
organização do arranjo, como as bandeiras de cartão de crédito;
os arranjos de pagamento criados pelo instituidor, que são as regras e procedimentos que dis-
ciplinam a prestação de serviços de pagamento ao público; entre estas regras estão:
- os prazos de liquidação;
- as condições para uma instituição de pagamento ou financeira aderir ao arranjo;
- as regras de segurança para proteger consumidores e lojistas de riscos, fraudes, clonagem
de cartões etc.
Todos os envolvidos no pagamento devem aderir e aceitar as regras do arranjo (emissores dos
instrumentos de pagamento e credenciadores desses instrumentos). A participação em um arranjo
une todos os integrantes da cadeia de pagamento, permitindo que, por meio de suas instituições, o
pagador e o recebedor consigam realizar e aceitar pagamentos;
a conta de pagamento, que é o registro individualizado das transações (transferências, paga-
mento de contas e de compras, saques e aportes).27

Note ainda o seguinte:

Instituições de pagamento não são instituições financeiras, portanto não podem realizar ativi-
dades privativas destas instituições, como empréstimos e financiamentos. Ainda assim, estão
sujeitas à supervisão do Banco Central. Devem constituir-se como sociedade empresária limi-
tada ou anônima.28

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


Arranjos de pagamento são autorizados nos termos do Anexo I à Circular nº 3.682, de 2013. A
classificação quanto ao relacionamento com usuários finais e abrangência segue critérios estabe-
lecidos pela mesma circular.
O Banco Central (BC) publicou, em abril de 2021, a Resolução BCB nº 89, que promove aprimo-
ramentos na regulamentação que trata de arranjos de pagamento.

As alterações têm como objetivos, além de modernizar a regulação sobre o tema, dimi-
nuindo o custo regulatório sobre arranjos de menor porte ou que atendam a mercados
específicos, aprimorar as regras de liquidação de operações de antecipação de recebíveis de
arranjos e conferir tratamento mais equitativo a agentes que desempenham atividades simi-
lares em arranjos de pagamento abertos.29

26 Ibid.
27 Ibid.
28 Ibid.
29 BC aprimora regulamentação de arranjos de pagamento. Banco Central do Brasil, 2021. Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/detalhenoticia/17376/nota. Acesso em: 23 fev. 2023. 53
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Acompanhe também as seguintes informações trazidas pelo Banco Central do Brasil:

A Resolução redefine os critérios de volumetria para que arranjos integrem o Sistema de Paga-
mentos Brasileiro (SPB), de forma que apenas aqueles de maior porte permaneçam sujeitos à
autorização, regulação e supervisão/vigilância pelo BC. Tal medida aumenta o espaço para a
inovação e a competição, ao permitir que os arranjos de menor porte tenham maior flexibili-
dade e menores custos. [...]
Por fim, a norma aprimora as regras de interoperabilidade, conferindo tratamento mais equi-
tativo aos diversos agentes que desempenham atividade semelhante no âmbito de um arranjo
de pagamentos aberto.30

E, não esqueça! A Lei nº 12.865, de 2013, que dispõe sobre arranjos de pagamentos, em seu
art. 7º traz que:

Art. 7º Os arranjos de pagamento e as instituições de pagamento observarão os seguintes


princípios, conforme parâmetros a serem estabelecidos pelo Banco Central do Brasil, observa-
das as diretrizes do Conselho Monetário Nacional:
I - interoperabilidade ao arranjo de pagamento e entre arranjos de pagamento distintos;
II - solidez e eficiência dos arranjos de pagamento e das instituições de pagamento, promoção
da competição e previsão de transferência de saldos em moeda eletrônica, quando couber,
para outros arranjos ou instituições de pagamento;
III - acesso não discriminatório aos serviços e às infraestruturas necessários ao funcionamen-
to dos arranjos de pagamento;
IV - atendimento às necessidades dos usuários finais, em especial liberdade de escolha, segu-
rança, proteção de seus interesses econômicos, tratamento não discriminatório, privacidade
e proteção de dados pessoais, transparência e acesso a informações claras e completas sobre
as condições de prestação de serviços;
V - confiabilidade, qualidade e segurança dos serviços de pagamento; e
VI - inclusão financeira, observados os padrões de qualidade, segurança e transparência equi-
valentes em todos os arranjos de pagamento.
Parágrafo único. A regulamentação deste artigo assegurará a capacidade de inovação e a diver-
sidade dos modelos de negócios das instituições de pagamento e dos arranjos de pagamento.

SISTEMA DE PAGAMENTOS INSTANTÂNEOS - PIX


Pix é o pagamento instantâneo brasileiro, segundo o Bacen. O Banco Central criou esse
meio de pagamento no qual se transfere cursos entre contas em poucos segundos, em qual-
quer dia ou hora, incluindo fins de semana e feriados.
O Pix é seguro, prático e rápido e é realizado a partir de conta corrente, poupança ou de
pagamento pré-paga. Ele é uma forma de pagamento como boleto, TED, DOC, transferências
entre contas de uma mesma instituição e cartões de pagamento (débito, crédito e pré-pago).
Além desses pontos, o Pix pode:

54 30 Ibid.
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alavancar a competitividade e a eficiência do mercado;
baixar o custo, aumentar a segurança e aprimorar a experiência dos clientes;
incentivar a eletronização do mercado de pagamentos de varejo;
promover a inclusão financeira; e
preencher uma série de lacunas existentes na cesta de instrumentos de pagamentos disponí-
veis atualmente à população.31

Essa ferramenta está disponível para todas as empresas e pessoas que possuam conta
(poupança, corrente ou de pagamento pré-paga) em uma das 734 instituições que são apro-
vadas pelo Banco Central.

​Importante!
Tecnologia centralizada é utilizada pelo Pix, pois a comunicação entre o Banco Central e
os diversos participantes ocorre via mensageria.

Em 2021, as principais novidades do Pix foram:

Inclusão da conta salário na lista de contas movimentáveis por Pix;


Possibilidade de devolução ágil de recursos pela instituição recebedora, em casos de fundada
suspeita de fraude ou falha operacional nos sistemas das instituições participantes;
Pix Saque, para dar ao consumidor mais uma opção de obtenção de dinheiro em espécie e para
facilitar a gestão de caixa do lojista;
Pix por aproximação, para dar mais facilidade e conveniência na iniciação de um Pix e para
atender casos de uso específicos;
Iniciador de pagamentos no Pix, a partir de 30/08/2021, com desenvolvimentos que seguirão o cro-
nograma estabelecido no Open Banking, para permitir que os iniciadores possam ser participantes
do Pix agregando ainda mais competição ao arranjo;
QR Code pagador, que viabilizará a realização de Pix mesmo quando o pagador estiver off-li-
ne, ampliando o acesso da sociedade ao Pix [...].32

ATUALIDADES DO MERCADO FINANCEIRO


SEGMENTAÇÃO E INTERAÇÕES DIGITAIS E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
NO SISTEMA FINANCEIRO
Os bancos tradicionais têm utilizado tecnologia para oferecer serviços e conveniências aos
clientes há algum tempo, seja através de internet banking ou mobile banking. No entanto,
esses bancos precisam inovar tecnologicamente rapidamente, caso contrário, serão supera-
dos pelos bancos digitais.

31 PIX: em 2 anos foram registradas 28,5 bilhões de transações. Gov.br, 2022. Disponível em: https://www.
gov.br/casacivil/pt-br/assuntos/noticias/2022/novembro/pix-em-2-anos-foram-registradas-285-bilhoes-de-
transacoes. Acesso em: 23 fev. 2023.
32 PIX: saiba como funciona o sistema de pagamento mais querido do momento. Sicoob Engecred, 2021.
Disponível em: https://www.sicoobengecred.coop.br/blog/2021/06/02/pix-saiba-como-funciona-o-sistema-de-
pagamento-mais-querido-do-momento/. Acesso em: 23 fev. 2023. 55
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Para atrair mais clientes, os bancos digitais estão cada vez mais inovando em tecnologia e
solucionando problemas de forma rápida e simplificada, proporcionando um valor e utilida-
de aos seus usuários. Essas instituições têm identificado oportunidades para incluir produtos
e serviços financeiros para aqueles que não têm vínculo com os bancos tradicionais, como o
cartão de crédito pré-pago.
O segmento de clientes dos bancos digitais é muito variado, embora os mais jovens sejam
os mais atraídos pelos serviços virtuais, que oferecem rapidez, inovação e linguagem mais
fácil de entender. Para além da qualidade dos serviços oferecidos, os bancos digitais atraem
seus clientes com tarifas mais baixas em comparação aos bancos tradicionais, bem como a
simplicidade e conveniência de ter um banco acessível a qualquer momento e lugar.
Conforme o Banco Central do Brasil, o enquadramento inicial de cada instituição em fun-
cionamento obedece aos termos do art. 10 da Resolução nº 4.553, de 30 de janeiro de 2017.

Art. 10 O Banco Central do Brasil deve divulgar na data de publicação desta Resolução o
enquadramento inicial de cada instituição em funcionamento, considerando:
I - para o S1, S2, S3 ou S4, os valores dos parâmetros de apuração relativos à database de 30
de junho de 2016 para definição do porte e da relevância da atividade internacional;
II - para o S5, a utilização de metodologia facultativa simplificada para apuração dos requeri-
mentos mínimos de PR, de Nível I e de Capital Principal ou a não obrigatoriedade de apuração
de PR, ambos na data de publicação desta Resolução

O Banco Central (BC) tem um projeto em andamento para digitalizar o real, possibili-
tando aos clientes a escolha entre manter o dinheiro no formato convencional ou digital.
Essa proposta visa trazer mais liberdade de decisão aos usuários em relação às instituições
financeiras.
A moeda digital teria uma jornada semelhante ao dinheiro em papel, com a emissão pelo
Banco Central e transferência pelos membros do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)
para os usuários finais. Em uma entrevista para a Valor, Alexandre Chaia, economista e pro-
fessor do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), afirmou que a moeda digital teria mais
liquidez e poderia impulsionar a economia.
Dentre as principais vantagens da digitalização do real, estão:

z a inclusão financeira dos usuários;


z facilidade de pagamentos para o exterior;
z redução de gastos com a confecção do dinheiro físico;
z maior eficiência nos sistemas financeiros e de pagamento do país.

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