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Na Mandela da Vida todos os seres tem o seu lugar, sua importância em relação ao todo e

sua força de contribuição na construção da realidade ainda que permeada pelos campos
de vibração duas de bem e mal. Mais do que uma visão bela, ou que possa ser vista como
romântica, é a pura aceitação da força viva da mandala - a vida como ela é. Dentro desse
mesmo olhar que busca amplitude e acolhimento, reconhecemos os campos de vibração
distintos e como cada campo vibracional opera como uma bolha de realidade com seu próprio
modo de olhar e se relacionar com a Vida. Não se trata de um mero apaziguamento das tensões
de superfície a adoção desse olhar amplo e inclusivo, mas de perceber que mesmo àqueles que
atuam dentro do espectro do bizarro, do inadmissível estão movimentando, ainda que sequer
consigamos perceber, os planos evolutivos. Como lidamos com os conflitos, com as dores
e violências perpetradas nesse cenário? Adotamos a sabedoria, o discernimento e a atuação
movidos pela compaixão que deliberadamente escolhe, ainda que tendo que agir energicamente
pela desconstrução das realidades de dor, não perder o fio motivacional interior de que o
outro é parte de mim. Nos recusarmos a perder o espírito de reconhecimento da chama
tímida da dignidade em todos os seres. É a sabedoria de perceber com amor a luz tímida por
debaixo de escombros. Quem em mim se recusa a ver o divino no outro ou sob o outro? Esse
reconhecimento é medida curativa para as mazelas que vivencio também em mim. Há instantes
onde os estilhaços de dor e violência são tantos que nosso coração perde o aquecimento
mínimo e necessário para se conduzir na confiança da dignidade humana. E com isso perdemos
o fio que nos conduz aos submundos da consciência para atuar invocando em cada ser a
redenção e acolhimento do pouco amor e compaixão que possa ser percebido em si mesmo.
Se perdemos esse fio na descida, reconstituir a sabedoria da Mandala da Vida é importante
para que façamos o caminho de retorno. Do contrário, nossas ações compassivas, ainda que
movidas pelas melhores intenções, serão ofuscadas pela escuridão por incontáveis aeons.
Afirmar a Vida, afirmar o Amor, afirmar a Compaixão de modo a romper com a construção de
um agente opositor absoluto. Eu e o outro somos opositores instrumentais e circunstanciais.
A complexidade que se apresenta com esse olhar se deve ao quanto nossa mente coletiva
ainda opera com um software ultrapassado. Precisamos realizar os updates necessários com
contemplação estável, ações compassivas e o mínimo de renúncia aos frutos para não cairmos
no escuro de desacreditar das possibilidades infinitas de redenção. Eu aprendo com meu
oposto instrumental. Através de mim e dele posso contemplar a sabedoria da Mandala que nos
convida a retomarmos o lugar pacífico na dança da Vida em direção ao centro que pulsa livre de
oposições e fixações.

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