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O PROCESSO DE FORMAÇÃO DA UNIÃO EUROPEIA E BREXIT

A origem da União Europeia se deu através do grupo econômico


chamado BENELUX, em 1944, inicialmente era composto por 03 países (Bélgica,
Holanda e Luxemburgo). Entre os anos de 1952 e 2013, integraram ao bloco mais 25
países1 e o grupo ficou conhecido como ‘Europa dos 28’.
Do estudo sobre o processo da UE verifica-se que “A Europa passou
por notáveis mudanças ao longo do século XX, desde a devastação do continente por
duas guerras mundiais à unificação do mesmo por meio de projetos integracionistas
entre os países. A integração europeia não teve, no entanto, uma aceitação imediata e
total, devido à descrença de efetividade do projeto. Aos poucos, o processo de
integração europeu tornou-se modelo de sucesso, embora às vezes ainda seja
contestado, como foi o caso em meio às recentes crises financeiras, as quais causaram
instabilidades ao bloco”2.
Contudo, “a UE enfrenta desafios, como a aplicação do Tratado de
Lisboa, o controvertido processo da adesão da Turquia [Fatores que dificultam sua
entrada: a) “risco geopolítico, uma vez que parte do território turco compõe o Oriente
Médio”; e b) “diferenças culturais e religiosas, as quais poderiam desencadear grandes
movimentos de xenofobia e intolerância religiosa no continente europeu, uma vez que a
maior parte da população turca é islâmica”]3, a ampliação na Península Balcânica e a
adesão da Islândia”, além das tratativas para a saída do Reino Unido.
O presente trabalho visa o aprofundamento acerca deste último
ponto, também conhecido como BREXIT [abreviação das palavras inglesas britain
(Bretanha) e exit (saída)], termo que se popularizou com as campanhas pró e contra a
saída do Reino Unido da União Europeia.
Há apenas 02 (dois) anos de sua entrada na União Europeia, à época
Comunidade Econômica Europeia (CEE), no ano de 1975, o Reino Unido já se
encontrava no impasse semelhante ao ano de 2016, no sentido de permanecer ou
retirar-se do grupo econômico (o que exigiu a votação por referendo para resolvê-lo);
além da questão monetária, já que nunca aceitou entrar na Zona do Euro, isto é,
1
1952: França, Alemanha e Itália; 1957: Inglaterra, Irlanda, Dinamarca, Grécia, Espanha e Portugal; 1989:
Alemanha Oriental; 1995: Suécia, Finlândia e Áustria; 2004: ilhas de Malta, Chipre, o antigo bloco
socialista soviético (Polônia, Hungria, República Tcheca, Eslováquia, Eslovênia e Bulgária) e os três antigos
países da União Soviética (Estônia, Letônia e Lituânia); 2007: Bulgária e a Romênia; 2013: Croácia.
2
Trecho retirado do Artigo “O Processo de Integração Europeu e seus Desafios Contemporâneos”, de Kelly
Patrícia Ernst, publicado em 2015 no site
https://online.unisc.br/acadnet/anais/index.php/veeri/article/view/13261/2418.
3
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/uniao-europeia.htm. Acesso em 30 de julho de 2020.

1
submeter sua moeda (“libra esterlina”) ao padrão monetário da moeda comum
europeia.
Duas figuras destacaram-se durante os movimentos pró-BREXIT: Boris
Johson [membro do Partido Conservador inglês, ex-prefeito de Londres e ex-presidente
da Câmara dos Lordes] e Nigel Farage [membro do Partido da Independência do Reino
Unido; apesar de nunca tenha ocupado cargo no Parlamento Britânico, tinha forte
influência na sociedade devido às políticas anti-imigração que defendia].
A saída do Reino Unido somente foi concluída quando ativou o art. 50
do Tratado de Lisboa, que exige a formalização do pedido junto ao Conselho Europeu,
operada em março de 2017. Desde então foram realizadas as negociações dos termos
de sua retirada, oficializando-se em 31/01/20204. Contudo, o Reino Unido e a União
Europeia terão um período de transição para que negociem como será sua relação
quando este período terminar em 31/12/2020 5.
Vislumbram-se algumas consequências para o Reino Unido com a
consolidação da saída: a) impactos na economia britânica (embora haja discordância de
opiniões sobre este ponto); b) o futuro dos trabalhadores europeus imigrantes que
moram no Reino Unido; c) os acordos de cooperação para a questão de segurança
contra o fundamentalismo e a atuação de grupos terroristas islâmicos; e d) a reativação
de movimentos separatistas, dentre eles, o debate pela independência escocesa.
Por sua vez, há desdobramentos da saída do Reino Unido para a União
Europeia: a) perda da contribuição monetária do Reino Unido; b) renegociação dos
tratados comerciais com o Reino Unido; c) possibilidade de o BREXIT inspirar outros
países; e d) preocupação com a situação da Irlanda do Norte, que faz parte da UE, mas
tem fronteiras com o Reino Unido. Nesse sentido, convém destacar trechos de opiniões
lançadas em reportagem publicada na BBC News Mundo na data de 31/01/20206.
Confira-se:
“Para Jean Pierre Maury, vice-diretor do Instituto de Relações Internacionais e
Estratégicas de Paris, o Reino Unido nunca esteve "completamente" na UE.
"Ele ingressou em uma parte do bloco: a relacionada ao livre comércio. Mas
ele sempre se sentiu desconfortável com uma maior integração", disse ele à
BBC Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC.
Maury diz acreditar que após o Brexit "nos daremos conta de que o Reino
Unido estava atrasando o progresso do bloco" e, embora lamente a saída dos
britânicos da UE, sugere que a integração será mais fácil sem os britânicos.
Segundo um estudo publicado em 2014 pela empresa Deloitte, 40% das
multinacionais com sede na Europa escolheram Londres para montar sua

4
https://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Europeia. Acesso em 30 de julho de 2020.
5
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%ADda_do_Reino_Unido_da_Uni%C3%A3o_Europeia. Acesso em
30 de julho de 2020.
6
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51325461. Acesso em 30 de julho de 2020.

2
sede ou simplesmente abrir um escritório, seguido por Paris (8%), Madri (3%),
Amsterdã e Bruxelas (2,5% cada).
Com o Brexit, a UE não apenas perde um membro, mas também sua segunda
economia mais importante, que representa cerca de 15% do seu PIB e que
contribui com mais de US$ 13 bilhões por ano ao seu orçamento.
Também perde um país com assento permanente no Conselho de Segurança
da ONU e, um Estado cuja capital, Londres, é um dos maiores centros
financeiros do mundo.
No entanto, líderes continentais — como o primeiro-ministro francês,
Edouard Philippe — veem o Reino Unido deixando o bloco como uma ocasião
para fortalecer a competitividade de seus países e atrair empresas
atualmente instaladas em Londres.
"A França tem uma oportunidade única, aproveitando o potencial do nosso
centro financeiro, de fazer de Paris o principal centro financeiro europeu após
o Brexit", disse Philippe em discurso na capital francesa em 2017.
As autoridades holandesas e alemãs expressaram desejos semelhantes em
relação a Amsterdã e Frankfurt, respectivamente.
Outra vantagem do Brexit para os outros países da UE, segundo Maury, é
que, com medo da organização esfacelar, seus líderes serão forçados a
comunicar objetivos mais claramente aos seus cidadãos e estabelecerão
melhor suas prioridades, o que poderia reforçar seu caráter democrático.
Mas o futuro não será fácil, devido, sobretudo, à ascensão do populismo no
continente.
A partir do Brexit, haverá um período de 11 meses, durante o qual Reino
Unido e União Europeia terão que definir como será sua relação no futuro.
Todos concordam que o mais benéfico seria um divórcio amigável. Não está
claro que isso de fato acontecerá”.

Referências:

ALVES PENA, R. P. Etapas de Formação da União Europeia. Disponível em


https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/etapas-formacao-uniao-europeia.htm>.
Acesso em 30 de julho de 2020.

ALVES PENA, R. P. União Europeia. Formação e Características. Disponível em


https://brasilescola.uol.com.br/geografia/uniao-europeia.htm>. Acesso em 30 de julho
de 2020.

ALVES PENA, R. P. Etapas de Formação da União Europeia. Disponível em


https://alunosonline.uol.com.br/geografia/etapas-formacao-uniao-europeia.html>.
Acesso em30 de julho de 2020.

A história da União Europeia. Disponível em https://europa.eu/european-union/about-


eu/history_pt>. Acesso em 30 de julho de 2020.

ERNST, K. P. O Processo de Integração Europeu e seus Desafios Contemporâneos, 2015.


Disponível em
https://online.unisc.br/acadnet/anais/index.php/veeri/article/view/13261/2418>.
Acesso em 30 de julho de 2020.

3
PAREDES, NORBERTO. Brexit: o que a União Europeia ganha com a saída do Reino
Unido, seu integrante incômodo. Disponível em
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51325461>. Acesso em 30 de julho de
2020.

FERNANDES, CLÁUDIO e NEVES, DANIEL. Brexit: a saída do Reino Unido da União


Europeia. Disponível em https://brasilescola.uol.com.br/historiag/brexit-ou-saida-
inglaterra-uniao-europeia.htm>. Acesso em 30 de julho de 2020.

Saída do Reino Unido da União Europeia. Disponível em


https://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%ADda_do_Reino_Unido_da_Uni%C3%A3o_Europe
ia>. Acesso em 30 de julho de 2020.

BEZERRA, JULIANA. Brexit. Disponível em https://www.todamateria.com.br/brexit/>.


Acesso em 30 de julho de 2020.

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