Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
submeter sua moeda (“libra esterlina”) ao padrão monetário da moeda comum
europeia.
Duas figuras destacaram-se durante os movimentos pró-BREXIT: Boris
Johson [membro do Partido Conservador inglês, ex-prefeito de Londres e ex-presidente
da Câmara dos Lordes] e Nigel Farage [membro do Partido da Independência do Reino
Unido; apesar de nunca tenha ocupado cargo no Parlamento Britânico, tinha forte
influência na sociedade devido às políticas anti-imigração que defendia].
A saída do Reino Unido somente foi concluída quando ativou o art. 50
do Tratado de Lisboa, que exige a formalização do pedido junto ao Conselho Europeu,
operada em março de 2017. Desde então foram realizadas as negociações dos termos
de sua retirada, oficializando-se em 31/01/20204. Contudo, o Reino Unido e a União
Europeia terão um período de transição para que negociem como será sua relação
quando este período terminar em 31/12/2020 5.
Vislumbram-se algumas consequências para o Reino Unido com a
consolidação da saída: a) impactos na economia britânica (embora haja discordância de
opiniões sobre este ponto); b) o futuro dos trabalhadores europeus imigrantes que
moram no Reino Unido; c) os acordos de cooperação para a questão de segurança
contra o fundamentalismo e a atuação de grupos terroristas islâmicos; e d) a reativação
de movimentos separatistas, dentre eles, o debate pela independência escocesa.
Por sua vez, há desdobramentos da saída do Reino Unido para a União
Europeia: a) perda da contribuição monetária do Reino Unido; b) renegociação dos
tratados comerciais com o Reino Unido; c) possibilidade de o BREXIT inspirar outros
países; e d) preocupação com a situação da Irlanda do Norte, que faz parte da UE, mas
tem fronteiras com o Reino Unido. Nesse sentido, convém destacar trechos de opiniões
lançadas em reportagem publicada na BBC News Mundo na data de 31/01/20206.
Confira-se:
“Para Jean Pierre Maury, vice-diretor do Instituto de Relações Internacionais e
Estratégicas de Paris, o Reino Unido nunca esteve "completamente" na UE.
"Ele ingressou em uma parte do bloco: a relacionada ao livre comércio. Mas
ele sempre se sentiu desconfortável com uma maior integração", disse ele à
BBC Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC.
Maury diz acreditar que após o Brexit "nos daremos conta de que o Reino
Unido estava atrasando o progresso do bloco" e, embora lamente a saída dos
britânicos da UE, sugere que a integração será mais fácil sem os britânicos.
Segundo um estudo publicado em 2014 pela empresa Deloitte, 40% das
multinacionais com sede na Europa escolheram Londres para montar sua
4
https://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Europeia. Acesso em 30 de julho de 2020.
5
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%ADda_do_Reino_Unido_da_Uni%C3%A3o_Europeia. Acesso em
30 de julho de 2020.
6
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51325461. Acesso em 30 de julho de 2020.
2
sede ou simplesmente abrir um escritório, seguido por Paris (8%), Madri (3%),
Amsterdã e Bruxelas (2,5% cada).
Com o Brexit, a UE não apenas perde um membro, mas também sua segunda
economia mais importante, que representa cerca de 15% do seu PIB e que
contribui com mais de US$ 13 bilhões por ano ao seu orçamento.
Também perde um país com assento permanente no Conselho de Segurança
da ONU e, um Estado cuja capital, Londres, é um dos maiores centros
financeiros do mundo.
No entanto, líderes continentais — como o primeiro-ministro francês,
Edouard Philippe — veem o Reino Unido deixando o bloco como uma ocasião
para fortalecer a competitividade de seus países e atrair empresas
atualmente instaladas em Londres.
"A França tem uma oportunidade única, aproveitando o potencial do nosso
centro financeiro, de fazer de Paris o principal centro financeiro europeu após
o Brexit", disse Philippe em discurso na capital francesa em 2017.
As autoridades holandesas e alemãs expressaram desejos semelhantes em
relação a Amsterdã e Frankfurt, respectivamente.
Outra vantagem do Brexit para os outros países da UE, segundo Maury, é
que, com medo da organização esfacelar, seus líderes serão forçados a
comunicar objetivos mais claramente aos seus cidadãos e estabelecerão
melhor suas prioridades, o que poderia reforçar seu caráter democrático.
Mas o futuro não será fácil, devido, sobretudo, à ascensão do populismo no
continente.
A partir do Brexit, haverá um período de 11 meses, durante o qual Reino
Unido e União Europeia terão que definir como será sua relação no futuro.
Todos concordam que o mais benéfico seria um divórcio amigável. Não está
claro que isso de fato acontecerá”.
Referências:
3
PAREDES, NORBERTO. Brexit: o que a União Europeia ganha com a saída do Reino
Unido, seu integrante incômodo. Disponível em
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51325461>. Acesso em 30 de julho de
2020.