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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO CERRADO

PATROCÍNIO
Graduação em Direito

OS IMPACTOS NEGATIVOS DAS FAKE NEWS FRENTE AO DIREITO


À INFORMAÇÃO

Maria Eduarda Pereira Costa

PATROCÍNIO - MG
2023
MARIA EDUARDA PEREIRA COSTA

OS IMPACTOS NEGATIVOS DAS FAKE NEWS FRENTE AO DIREITO


À INFORMAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como exigência parcial para obtenção do grau
de Bacharelado em Direito, pelo Centro
Universitário do Cerrado Patrocínio.

Orientador: Prof. Me Samir Alves Daura

PATROCÍNIO-MG
2023
FICHA CATALOGRÁFICA

Costa, Maria Eduarda Pereira


340
Os impactos negativos das Fake News frente ao Direito à Informação.
C87i 2023.Maria Eduarda Pereira Costa. – Patrocínio: Centro Universitário do
Cerrado Patrocínio, 2023.

Trabalho de Conclusão de Curso – Centro Universitário do Cerrado


Patrocínio.

Orientador (a): Prof. Me Samir Alves Daura.

1. Democracia. 2.Fake News. 3.Informação.


Centro Universitário do Cerrado Patrocínio Curso
de Graduação em Direito

Trabalho de conclusão de curso intitulado “Os impactos negativos das Fake News frente
ao Direito à informação”, de autoria da graduanda Maria Eduarda Pereira Costa,
aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes professores:

Prof. Titulação e nome completo do orientador


Instituição: UNICERP

Prof. Titulação e nome completo do avaliador 1


Instituição: UNICERP

Prof. Titulação e nome completo do avaliador 2


Instituição: UNICERP

Data de aprovação: dia/mês/ano

Patrocínio, dia de mês de ano


DEDICO àqueles que buscam uma informação transparente e justa.
AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, à Deus por sustentar-me até esse momento, por não me
deixar desistir e pela força concebida a mim para prosseguir na caminhada ao final do curso
com muita resiliência. À vista dos percalços, Ele me reergueu, logo gratidão.

Agradeço meus pais, Lucivania Alves Pereira Costa e Murilo Rodrigues da Costa, pelo
amor incondicional, amparo, carinho, paciência que tiveram comigo. Eles acompanharam de
perto todo processo e souberam lidar com minhas inseguranças e medos, sempre foram
compreensivos e apoiadores. Saibam que essa conquista é nossa! Eles foram essenciais para o
meu crescimento.

Sou grata a meu namorado Lucca de Barros Casalenovo que é meu maior incentivador e
acredita no meu potencial de forma admirável. Acredita na realização de cada sonho meu, e
apoia incansavelmente. Obrigada pelo carinho e amor, por ser meu porto seguro e pelas
inúmeras vezes que pensei que não conseguiria, mas você sempre me mostrava o contrário.

Ademais, agradeço a todos meus amigos, amigas e à minha família, que cercam meus
dias com momentos divertidos e palavras de afeto e coragem.

Por fim, agradeço por não ter desistido no decorrer do caminho, que não foi fácil, para
chegar ao final da graduação.
“A liberdade de opinião é uma farsa se a informação sobre os factos
não estiver garantida e se não forem os próprios factos o objeto do
debate”.

Hannah Arend
RESUMO

O direito à informação, por ser o mais amplo dos princípios informacionais, mostra-se
essencial para a regular verificação de um Estado Democrático que de fato atenda aos anseios
da coletividade. Mencionado direito, possui importância significativa no ordenamento jurídico
brasileiro, pois representa ampla forma democrática de condensar informações e transmiti-las
à sociedade. Desse modo, o direito à informação corresponde ao princípio fundamental que
aperfeiçoa a comunicação social de qualidade aos usuários. Com efeito, relaciona-se com as
fake news porque esse aglomerado de informações veiculadas, em sua maioria pelos meios
digitais, são essenciais para que o corpo social molde suas próprias convicções e participe
ativamente das esferas democráticas. Logo, as fake news, enquanto uma simulação do relato
jornalístico com cunho malicioso e fraudulento, danificam o acesso à informação transparente
e real ao Estado Democrático. Isso porque, um povo desinformado não participa ativamente
das evoluções sociais inseridas em seu país, alienam-se diante a submersão de notícias falsas.
É bem verdade que nem toda notícia é considerada uma fake news, visto que as notícias
jornalísticas transmitidas podem conter informações confusas. Todavia, as fake news são
criadas para desinformar de forma maliciosa e manipulada, invertendo os vetores da
democracia. É imprescindível discutir o presente tema, pois o Estado Democrático de Direito
se mantém com boas práticas democráticas, sendo que elas só serão produzidas se a sociedade
consome informações verídicas, que de fato retratem a realidade. Em discordância a isso, a
desinformação exacerbada, na qual a era digital está inserida, desacelera a formação de
opinião do corpo social e prejudica a promoção da cidadania. Convém destacar que o avanço
dos algoritmos e inteligências artificiais facilita a disseminação e difusão das fake news, visto
que em uma conjuntura informacional não há filtros nem preocupação com o fato verídico,
além do que manipular um povo é almejado por parte de quem produz a desinformação. Por
todo o exposto, qualquer forma deliberada de desinformar à coletividade não pode ser
considerada informação, sendo prejudicial a democracia.

Palavras-chave: Democracia. Desinformação. Estado Democrático. Fatos. Princípios


Informacionais.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL...................................................................................................pág
2 OBJETIVOS.......................................................................................................................
pág
2.1 Objetivo
Geral....................................................................................................................pág
2.2 Objetivos Específicos........................................................................................................pág
OS IMPACTOS NEGATIVOS DAS FAKE NEWS FRENTE AO DIREITO À
INFORMAÇÃO....................................................................................................................pág
RESUMO................................................................................................................................pág
ABSTRACT............................................................................................................................pág
3.1INTRODUÇÃO.................................................................................................................pág
3.2MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................................pág
3.3RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................................pág
3.3.1 Análise do direito à informação e sua importância para o Estado Democrático de
Direito......................................................................................................................................pág
3.3.2 Conceito e Evolução Histórica das fake news e sua relação com o direito à
informação...............................................................................................................................pág
3.3.3 Os problemas causados pelas fake news e seus impactos ao Estado Democrático de
Direito na era
digital.............................................................................................................................pág
3.3.4 Um paralelo entre fake news e a pós-verdade, além de uma breve análise dos principais
aspectos do Projeto de Lei n°2630/20.....................................................................................pág
3.4CONCLUSÃO...................................................................................................................pág
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................pág
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................pág
REFERÊNCIAS...................................................................................................................pág
1 INTRODUÇÃO GERAL

O direito à informação representa uma maneira democrática na qual as informações


são condensadas perante as relações humanas e transmitidas para a coletividade. É certo que,
sob a ótica constitucional reconheceu-se esse direito com maior destaque a partir da
Constituição Federal de 1988. Desse modo, têm-se que as liberdades comunicativas criadas
denotam uma vinculação entre o que é informado e aquilo que enseja a comunicação. Com
isso, o direito à informação corresponde a um elemento que aprimora o acesso e essa
comunicação social de qualidade para todos àqueles que a consomem.
Posto isso, a informação como um aglomerado de dados e conhecimento, é
imprescindível para que a população disponha a seu favor daquele conteúdo necessário para
manter-se informado. Com efeito, as fake news contrapõem a livre disposição de informações
no Estado Democrático de Direito. Isso porque, enganam seus consumidores com fatos
mentirosos, induzindo à população a um abismo de desinformação. Logo, os fluxos
informacionais voltados a falsas informações distorcem a realidade para uma manipulação em
favor daqueles que se aproveitam delas.
À vista de tais argumentos, necessário explanar sobre as acepções de fake news. Esse
termo está relacionado a uma simulação do vocabulário jornalístico, a qual assume o jargão
por meio de um linguajar típico de jornal, porém enganosas. Logo, contam mentiras por meio
da fraude referente à forma de transmitir o relato. Além disso, as fake news produzem seus
estragos porque atraem um mínimo de confiança pela notícia vinculada ao jornal induzindo
aqueles que consomem a informação a acreditarem em algo fora da realidade. Para além,
necessário destacar que nem toda “News” é fake, já que notícias ponderadas, editadas e
exibidas compostas por profissionais podem incorrer em informações equivocadas. Contudo,
não são fake, eis que estas, como já explanado, constituem como outras formas de mentiras,
as quais invertem vetores das técnicas deliberativas dentro de uma democracia.
Pelo exposto, o presente trabalho visa elucidar a importância do direito à informação
para a o Estado Democrático de Direito, bem como para àqueles que consomem tais notícias
vinculadas a grandes produções midiáticas. Além disso, as fake news devem ser observadas
como fenômenos atentatórios à democracia e contrapõem a transparência informacional.
Outro ponto importante a ser mencionado é a relevância da pesquisa. À vista disso é
importante abordar sobre o tema, eis que disseminar notícias com cunho intencionalmente
mentiroso, induzindo a sociedade a acreditar em inverdades é um ato que coloca à prova toda
a noção de verdade, descredibilizando instituições como a imprensa que possui como
principal objetivo informar o corpo social. Ademais, essas notícias falsas conflitam com o
direito à informação real e mais transparente possível, ao passo que viola as próprias bases
fundamentais do Estado Democrático de Direito.
Outrossim, com a evolução dos algoritmos e inteligência artificial, as fake news
mostram-se ainda mais avassaladoras, já que a informação é transmitida de forma cada vez
mais veloz, ocasionado dimensões imensuráveis de desinformação. Com isso, abordar sobre o
tema é imprescindível e singular, pois informações manipuladas, tendenciosamente, atingem
drasticamente a promoção da cidadania. Sendo assim, o ponto fundamental para boas práticas
democráticas engloba o aspecto de informações confiáveis, o que não coaduna com
disseminação de fake news.
Portanto, é indubitável assegurar que o presente estudo possui a finalidade de
elucidar a importância das informações reais e corretas para o pleno desenvolvimento social.
Para tanto, o direito à informação realça a ideia de translucidez no que é difundido para a
sociedade, com isso as fake news destoam do que preceitua tal direito. A comunicação deve
ser a mais ampla, transparente e verdadeira possível, portanto, qualquer forma deliberada de
distorção da realidade, com a intenção de manipular o público-alvo não pode ser considerada
efetivamente informação.
2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Explanar como as fake news influenciam negativamente o acesso ao direito à


informação na era digital. Elucidar, ainda, quais são os efeitos e problemas referentes a essa
desinformação exacerbada, bem como seus impactos sobre a sociedade.

2.2 Objetivos Específicos

Como objetivos específicos, lista-se:

A) Abordar sobre o direito à informação e sua relação com as fake news.


B) Analisar a importância das informações transparentes e reais para o
desenvolvimento pleno do corpo social que as consome.
C) Explicar o motivo pelo qual as fake news são tão prejudiciais ao Estado
Democrático de Direito.
D) Estabelecer um paralelo entre o fenômeno da pós- verdade e fake news, e
elencar sua aplicação junto ao direito à informação.
OS IMPACTOS NEGATIVOS DAS FAKE NEWS FRENTE AO DIREITO
À INFORMAÇÃO

MARIA EDUARDA PEREIRA COSTA


SAMIR ALVES DAURA

RESUMO

Introdução: o direito à informação, por ser o mais amplo dos princípios informacionais,
mostra-se essencial para a regular verificação de um Estado Democrático que de fato atenda
aos anseios da coletividade. Mencionado direito, possui importância significativa no
ordenamento jurídico brasileiro, pois representa ampla forma democrática de condensar
informações e transmiti-las à sociedade. Referente as fake news e sua ligação estrita com esse
direito fundamental, verifica-se que os meios digitais, velozes e cada vez mais usuais na
contemporaneidade, são propícios a desinformarem indivíduos com seus relatos fraudulentos
e desagregadores. Com isso, tem-se a importância da informação transparente e real, porque
se não há informações sérias e responsáveis, sem manipulação, o corpo social não se
desenvolve, não elabora senso crítico, tampouco consegue opinar em questões sociais,
políticas e econômicas. A partir dessa reflexão que se observa, desde já, é a prejudicidade de
não conhecer a realidade dos fatos, pois são essenciais para que a sociedade molde suas
próprias convicções e participe ativamente das esferas democráticas. Objetivo: explicar,
abordar, analisar e estabelecer os efeitos negativos e problemas ocasionados pela veiculação
de fake news, relacionando-o com o direito à informação. Materiais e Métodos: o trabalho
desenvolveu-se por meio de uma análise bibliográfica, utilizando-se da identificação de um
problema, o qual tentará chegar a uma possível sugestão através da elaboração de hipóteses.
Resultados: diante do exposto e da análise dos casos concretos, ocorridos em alguns países
do mundo, verifica-se que a desinformação assola as sociedades com transmissões de
informações maliciosas e manipuladoras. Com efeito, as consequências e problemas são
notáveis e prejudicam um bom debate democrático. Ao contrário tem-se populações que não
possuem voz, tampouco opinam e criam convicções sobre a melhor maneira de gestão política
e social do seu país. Conclusão: infere-se que o Estado Democrático de Direito se mantém
com boas práticas democráticas, sendo que elas só serão produzidas se a sociedade consome
informações verídicas, que de fato retratem a realidade. A desinformação marcada pela fake
news é um retrocesso na era digital.

Palavras-chave: Democracia. Fake News. Informação. Manipuladoras. Sociedade.

ABSTRACT

Introduction: The right to information, as the broadest of the informational principles, is


essential for the regular verification of a democratic state that actually meets the wishes of the
community. This right has significant importance in the Brazilian legal system, as it
represents a broad democratic way of condensing information and transmitting it to society.
Regarding the fake news and its strict connection with this fundamental right, it is verified
that the digital media, fast and increasingly used in contemporaneity, are prone to misinform
individuals with their fraudulent and disintegrating reports. With this, we have the importance
of transparent and real information, because if there is no serious and responsible information,
without manipulation, the social body does not develop, does not develop a critical sense, nor
is it able to express an opinion on social, political, and economic issues. From this reflection
we can see, right from the start, the harmfulness of not knowing the reality of the facts,
because they are essential for the social body to shape its own convictions and actively
participate in the democratic spheres. Objective: to explain, address, analyze, and establish
the negative effects and problems caused by the dissemination of fake news, relating it to the
right to information. Materials and Methods: the work was developed through a
bibliographical analysis, using the identification of a problem, which will try to arrive at a
possible suggestion through the elaboration of hypotheses. Results: In view of the above and
the analysis of concrete cases, which occurred in some countries of the world, it is verified
that disinformation plagues societies with its malicious and manipulative information
transmissions. In fact, the effects and problems are notable and harm a good democratic
debate. On the contrary, we have populations that have no voice, no opinions, and no
convictions about the best way of managing their country's politics and society. Conclusion:
it is inferred that the democratic rule of law is maintained with good democratic practices,
which will only be produced if society consumes truthful information that actually portrays
reality. The disinformation marked by fake news is a setback in the digital age.

Keywords: Democracy. Fake news. Information. Manipulation. Society.

3.1 INTRODUÇÃO

É bem verdade que no Estado Democrático de Direito o poder emana do povo, desse
modo a representação periódica dos representantes acontece pelo voto democrático. Contudo,
só será possível a livre decisão dos representantes, se as informações forem veiculadas de
forma transparente e verídica. O direito à informação conceitua-se enquanto postulações
informacionais de natureza protetiva, visando promover ao corpo social as exposições de
notícias e fatos concisos e reais.
Logo, o vínculo existente entre direito à informação e as fake news apresenta-se por
ser imprescindível que os cidadãos consumam notícias translucidas para formar suas opiniões
e decidir conforme acreditam ser o melhor para toda coletividade. À vista disso, a
desinformação, na era das fake news e pós-verdade, distanciam todo acesso dos usuários aos
fatos reais, prejudicam boas práticas democráticas em um país.
É indubitável ponderar que o presente estudo se aplica hodiernamente,
principalmente após as eleições presidenciais de 2016 nos Estados Unidos. Na mesma linha
de raciocínio, a imprensa possui liberdade para informar seus consumidores, porém as fake
news, como ocorreu em muitos países inclusive o Brasil, abalam as estruturas democráticas
em virtude da falsificação do relato jornalístico. As fake news possuem autoria forjada e
utilizam-se de textos reais, para conferir confiança pelos consumidores. Entretanto,
manipulam, descontextualizam fatos, lesionando direitos do público, no caso em analise ao da
informação.
Feitas considerações importantes para adentrar ao tema proposto, destaca-se a
seguinte problemática: Como as fake news influenciam negativamente o acesso ao direito à
informação e quais são os problemas advindos da desinformação exacerbada? Nesse sentido,
o trabalho precipuamente visa responder tal controvérsia após análise minuciosa de
informações que circundam o tema.
Ademais, o presente estudo, inicialmente aborda o conceito de direito à informação.
Lista suas principais acepções e ideias que circundam esse direito. Aborda, ainda, sobre a
importância desse direito fundamental para o debate democrático e como isso contribui para a
manutenção do Estado Democrático de Direito.
Em uma segunda análise, buscou-se inserir a definição de fake news, para tanto foi
necessário refletir essa conceituação de forma mais profunda. Posteriormente, a abordagem
foi referente a evolução histórica, não de forma acentuada, mas sim elencando aspectos
importantes da história que originaram a desinformação. Na mesma linha de ideias,
relacionou-se as fake news com o direito à informação, apontando a importância do relato
verdadeiro para manutenção de boas práticas democráticas no país.
Além disso, em um terceiro momento, tratou-se dos problemas e impactos negativos
que as fake news causam ao Estado Democrático de Direito. Desse modo, elencou-se vários
exemplos concretos de como algumas democracias do mundo foram afetadas pela crise de
desinformação, e como isso interferiu diretamente para eleição dos representantes dos países.
Outrossim, aduziu-se do quanto a justiça eleitoral vem sendo descredibilizada por inverdades.
Ao final, foi produzido um paralelo entre a conceituação e realização na prática das
fake news e pós-verdade. Embora ambas estejam interligadas, esses fenômenos
desinformativos alteram o entendimento e conduta de como a sociedade prioriza a busca pela
veracidade, e são distintos. Ao passo que fake news são notícias falsas disseminadas com
finalidade maldosa, a pós-verdade é a aceitação dessa realidade enquanto sendo uma verdade.
No mesmo ponto, apresentou-se uma análise do Projeto de Lei n° 2630/20 com pontos
positivos e negativos a serem ressaltados.
Com todas as explanações e apontamentos iniciais, nota-se que a desinformação
prejudica o acesso a um ambiente virtual amistoso e tranquilo, sem admitir que a sociedade
postule e molde convicções sobre o melhor para a gestão social. As fake news negam
evidencias cientificas, disseminando ódio e mentira, portanto os usuários envolvem-se nessa
desinformação sem notarem que a dimensão comunicacional prolifera notícias falsas em
desacerto ao Estado Democrático de Direito.
Destarte o objeto precípuo desse estudo é explanar sobre os malefícios da
desinformação à democracia, e como os problemas causados pelas fake news impactam e
prejudicam o direito à informação.

3.2 MATERIAIS E MÉTODOS

Observa-se que a presente pesquisa apresenta-se como descritiva, já que descreve o


assunto abordado, expondo seus aspectos e particularidades, além de elucidar alguns
conceitos. Utilizou-se da pesquisa bibliográfica em livros, artigos e sites, com a finalidade de
ampliar a exposição do tema e sistematização de dados.
Ademais, o método a ser aplicado na pesquisa consiste no dedutivo, uma vez que
para alcançar uma conclusão especifíca, pertiu-se de uma ideia geral. Desse modo, utilizou-se
de premissas concretas, as quais conduziram o estudo para posteriormente chegar a resultados
efetivos. Logo, a conclusão da pesquisa visa alcançar um resultado que mediante o
desenvolvimento do estudo, visa encontrar um resultado final através da dedução.

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.3.1 Análise do direito à informação e sua importância para o Estado Democrático de


Direito

Para iniciar a discussão do objeto principal deste trabalho, necessário discorrer sobre
o direito à informação. Para tanto, é válido abordar que na democracia o poder emana do povo
que o exerce por meio da eleição de seus representantes de forma periódica. Com isso,
conforme assevera Caroline Clariano Ferrari e Dirceu Pereira Siqueira (2016, p.126) “é
essencial à democracia a participação política dos cidadãos embasada em processo de livre
decisão”. Logo, para que ocorra o exercício da “livre decisão” a sociedade deve ter acesso a
uma série de informações dispostas de forma livre e clara, com fatos e ideias transparentes
para moldar suas opiniões e desejos rumo à mais plena forma de gestão democrática.
Nesse ponto insere-se a concepção de direito à informação, o qual mostra-se
essencial para que haja o desenvolvimento pleno da formação de opinião da coletividade
dentro do Estado Democrático de Direito. Com efeito, para fins de compreender o raciocínio
elucidado notemos o seguinte conceito:

Direito à informação postula prestações, tanto de natureza informacional,


quanto no âmbito dos deveres estatais de proteção, mediante a edição de
normas de cunho procedimental e organizacional, vinculando todos os
órgãos estatais, notadamente os jurisdicionais aos quais está deferido o
cuidado para a concretização dos direitos e interesses postos em causa.
(SARLET, MOLINARO, 2014, p.17)

À vista disso, o direito à informação assevera a defesa dos cidadãos a não serem
impedidos de consumir ideias, fatos, exposições de notícias vinculadas pelos meios
informacionais de comunicação. Sendo assim, usufruir informações claras, concisas e reais,
são ferramentas que possibilitam materializar a proteção do livre pensamento em um Estado
que por vezes é consumido por tendenciosidades prejudiciais ao corpo social.
Para além, Raddatz (2014, p. 109) afirma que primordialmente o direito à informação
é um direito-meio, o qual permite ao indivíduo alcançar outros direitos fundamentais por meio
dele. Permite-se, pois, obter ideias sobre diversos pontos de vista que assegurem aos cidadãos
o acesso a outros direitos basilares, tais como: direitos civis, políticos e sociais. Raddatz
expõe, ainda, que há uma necessidade de que todas as classes sociais se sintam livres para
expressarem seus pontos de vista por meio das informações vinculadas, e “ se a grande
maioria não se sente representada nesta imprensa, é porque ela não está cumprindo o caráter
social da comunicação” (2014, p.109)
Posto isso, o direito à informação é muito mais profundo do que a sociedade
imagina, garante disposições de comunicação social que se vinculam à liberdade de
expressão, pois um cidadão só poderá expressar-se livremente se as informações prestadas
forem claras e reais (SARLET; MOLINARO, 2014, p.21). Logo, notícias manipuladas não
conferem veracidade ao que o indivíduo pode refletir e tomar para si como preceito.
Outrossim, o direito à informação apresenta-se enquanto direito fundamental
primordial à manutenção do Estado Democrático de Direito, além do que conforme preceitua
Paulo Bonavides (2014, p. 575) “os direitos fundamentais são aqueles direitos que receberam
da Constituição um grau mais elevado de garantia ou segurança”. Portanto, frente essa
garantia constitucional o direito à informação possui elevado grau de hierarquia e, por tal
razão, deve ser praticado com a devida importância que lhe foi conferida.
Ademais, abordar sobre qual dimensão o direito à informação está inserido enquanto
direito fundamental, consagrado com o constitucionalismo do século XVIII (FERRARI,
SIQUEIRA, 2016, p. 127) é preceito substancial para compreender sua singularidade no
âmbito informacional e confere-lhe garantia sob a ótica constitucional.
À vista disso, o direito à informação pode ser analisado enquanto um direito de
quarta dimensão. Isso porque decorre do processo de globalização, conferindo alto grau de
eficácia ao princípio e solidificando o avanço tecnológico. Desse modo, na perspectiva
universalista é instituído como um direito fundamental e sob análise de Ferrari e Siqueira
(2016, p.129) eleva a juridicidade conferida ao princípio e fortalece liberdades para que,
posteriormente, possam ser exercidas pelos cidadãos.
Nota-se que a proteção concedida pela Constituição Federal ao direito à informação
confere-lhe garantia fundamental necessária para efetivar a democracia no Estado
Democrático de Direito. Desta forma, veja-se a seguinte análise que elucida tal afirmação:

Os direitos relativos à manifestação do pensamento, em especial o direito à


informação [...] são protegidos pela Lei Maior e reconhecidos como direitos
fundamentais, uma vez que, são essenciais para realização de um Estado
efetivamente democrático. (FERRARI, SIQUEIRA, 2016, p. 130)

Portanto, os cidadãos só conseguirão moldar suas ideias e formas de expressão se


acessarem informações verídicas e factuais, fora de notícias tendenciosas ou manipuladas.
Nesta lógica, a democracia só é de fato exercida quando atendidos as informações reais pela
coletividade que se torna mais esclarecida, crítica, atenta e posicionada.

3.3.2 Conceito e Evolução Histórica das fake news e sua relação com o direito à
informação
Inicialmente, observa-se que “fake news” corresponde ao termo em inglês, o qual
extrai-se sua tradução literal por “notícias falsas” (PENA, 2018, p.136). Contudo, tal
terminologia não se resume a uma tradução retirada do dicionário, possui reflexões complexas
e elementares para compreensão deste estudo. Desse modo, Mariana Barbosa (2022, p.38)
aduz que fake news refere-se à fraude naquele relato, ora, simulam a condição de notícia, pois
apresentam-se com a mesma estrutura e forma de uma redação profissional, só que repleta de
manipulação por parte de quem as produziu.
Além disso, há outros aspectos que caracterizam as fake news, veja-se:

O que caracteriza uma Fake News, mais precisamente além de serem


notícias propositalmente falsas, são as intensões obscuras existentes na
divulgação massiva na era da internet destas histórias falsas, comumente
usadas como forma de manipular as massas e suas opiniões públicas em
encontro de um interesse político específico. (PENA, 2018, p. 136)

Outrossim, podem ser consideradas formas de obtenção da autoridade sob a


formação da opinião pública, eis que induzem o cidadão a acreditar em uma realidade distinta
do real, ficando submerso em um mundo sem questionamentos e alienado.
Na mesma linha de raciocínio, tem-se que as fake news iludem seus receptores ao
sintetizar dados inverídicos. Além do que, para atrair a confiança dos leitores, circulam como
se fossem efetivamente informação jornalística, visando adquirir uma maior credibilidade
perante a esfera pública (BARBOSA, 2022, p .38), sendo exatamente esse ponto que as
tornam tão prejudiciais e fraudulentas.
Para fechar a analise conceitual de fake news, veja-se:

Com esse mimetismo comunicacional, as fake news enganam os sistemas de


proteção naturais e informais do debate público e, aí sim, contando mentiras,
produzem seus estragos. É bastante sintomático que, para atrair um mínimo
de confiança de uns ou outros e, para circular na esfera pública, elas
precisem se passar por um relato jornalístico. (BARBOSA, 2022, p.38)

É importante ressaltar que news não são fake e que fake news não são notícias. Isso
porque, as notícias verdadeiramente concretas são formuladas por jornalistas que laboram em
empresa, devidamente registrada, endereço certo, editores identificáveis que poderão ser
responsabilizados caso não vinculem uma informação fidedigna com o real (BARBOSA,
2022, p.37). É claro que há possibilidade dessas notícias veiculadas pelas redações
profissionais conterem informações incorretas, irresponsáveis ou até mesmo absurdas,
contudo não são fake news, ainda sim permanecem sendo notícias. Por sua vez, as fake news
pautam-se em falsificar o relato com a intensão de manipular aquele tipo de informação.
Desse modo, afirma Mariana Barbosa (2022, p.38) que: “As fake news- que agora
vitimam o debate público no mundo como um vírus que inverte os vetores dos processos
decisórios- constituem outra modalidade de mentira”. Portanto, as fraudes informativas
modificam a forma pela qual os receptores captarão a mensagem produzida e assim
influenciam tendenciosamente os grupos sociais.
É bem verdade que a terminologia fake news tornou-se popularmente conhecida pelo
mundo, com maior ênfase, após as eleições presidenciais de 2016 pelo candidato Donald
Trump, nos Estados Unidos. Todavia, sua origem é marcada pela queda da União Soviética,
na qual a política russa alterava-se de forma constante com surgimento e fusão de partidos
políticos. Observa-se que a obtenção de informações era extremamente restrita, assim
qualquer informação sobre o sistema político transmitido pela televisão era de grande
interesse para a população. Com isso, em 1993 surgiu um novo canal de televisão
denominado NTV que possibilitava o acesso ao cenário político da Rússia. Porém, as
informações eram contrárias ao governo, diferentemente dos demais canais de televisão.
(PENA, 2018, p. 138).
Após as eleições parlamentares de 1999, ocorreu o divisor de águas para a restrição
ao acesso à informação da população russa, já que o presidente Vladimir Putin passou a
utilizar a mídia como um mecanismo político, valendo-se de uma aparência democrática em
meio a um governo autoritário. Desse modo, Putin unificou todos os canais de televisão e com
isso pautou-se na vinculação de notícias pró-Putin (PENA, 2018, p. 138), o que facilitou a
manipulação da opinião pública em relação a seu governo.
A partir de então, em meio a um aparato autoritário, as fake news surgiram como
uma forma de manipular informações referentes ao governo, em especial épocas de eleições e
candidaturas, enfatizando controle sobre a opinião pública com notícias irreais.
À vista da análise realizada até então, foi possível perceber que as fake news
surgiram como uma forma deliberada de falsificação do relato jornalístico, lesando o direito
da coletividade em obter informações de modo mais confiável possível.
Nesse sentido, as fake news relacionam-se com o direito à informação por um
aspecto de promoção da cidadania, eis que só será possível boas práticas democráticas pelos
indivíduos, se estes tiverem acesso a fatos transparentes que permeiam a coletividade (SENT,
MARTINS, MASSONI, 2022, p. 170). Na mesma linha de raciocínio, observa-se que a
sociedade tem o direito de adquirir informações límpidas, capazes de construir conhecimento
e cultura. Quando da inobservância desse direito, não serão aptas a desenvolver opiniões
sólidas e críticas que assegurem o livre pensamento, aspectos caracterizadores de um pleno
desenvolvimento democrático.
Outrossim, conforme atestam Tiago Seixas Themudo e Fernanda Carvalho de
Almeida (2020, p. 211), as informações possuem atribuições intrínsecas em sociedades
democráticas, ao associarem a forma de conduzirem questões políticas, sociais e culturais. À
vista disso, afirmam, ainda, quanto mais coerentes, verdadeiras e transparentes as informações
veiculadas em uma sociedade, mais a democracia solidifica e torna-se justa e expressiva de
fato. Elevando, pois, o corpo social ao senso questionador e analítico.
Pertinente destacar, ainda, a importância do direito à informação para afastar práticas
antidemocráticas, como as fake news, que simulam a informação ao torná-las imprecisas e
enganosas, gerando uma espécie de controle social. Ademais, há uma dificuldade em sustentar
uma democracia em tempos de desinformação, pois as fake news fraudam maliciosamente o
relato que será transmitido.
Logo, “a problemática das fake news interfere mundialmente no fluxo de
informações, no qual a sociedade consegue reconhecer-se como produtora e consumidora de
informações” (SENT; MARTINS; MASSONI, 2022, p. 172). À vista de tal reflexão, nota-se
que a desinformação gera um alto número de cliques, porque as mentiras, em nossa sociedade,
são fáceis de serem produzidas, além de despertarem maior interesse dos cidadãos que as
consomem. Outrossim, o conteúdo desinformado, veiculado em ambientes virtuais, gera
maior audiência e palco para impulsos antidemocráticos.
Por fim, lamentavelmente, é perceptível compreender, em uma breve análise deste
estudo, a quantidade de malefícios causados pela desinformação e o impacto negativo, bem
como os prejuízos ao Estado Democrático de Direito.

3.3.3 Os problemas causados pelas fake news e seus impactos ao Estado Democrático de
Direito na era digital

Vislumbra-se, por uma perspectiva tecnológica, que a sociedade da informação está


pautada nas interações sociais via internet, com ampla extensão de informações veiculadas a
todo instante por uma grande quantidade de indivíduos (PESCAROLO; ZAGONEL, 2019, p.
157). Posto isso, informações seguras e eficazes são imprescindíveis para a população moldar
suas próprias convicções. Contudo, a dificuldade de tal feito apresenta-se em razão da
crescente onda de desinformação que assola a democracia. Nesse ponto, importante destacar
que o processo democrático só será plenamente alcançado com o acesso a informações
fidedignas à realidade, conforme entendimento seguinte:

Embora a informação ocupe seu lugar fundamental, tanto na Carta


Constitucional e no dia a dia do cidadão, através do noticiário factual diário
ou pelos livros educativos, por outro lado, há, também, o fenômeno da
desinformação, onde os influenciadores digitais pregam o descrédito aos
veículos de imprensa (SILVA, LICZBINSKI, 2022, p. 143).

Ao tratar sobre a importância da informação, Luis Delcides Rodrigues da Silva e


Cátia Rejane Mainard Liczbinski (2022, p. 147) elencam que por tratar-se de um princípio
constitucional deve ser respeitado em todas suas dimensões, inclusive em tempos de eleições
e candidaturas. Isso acontece, em razão do período eleitoral ser um momento de necessidade
ímpar, em se transmitir informações claras e aptas a deixarem os eleitores seguros quando da
escolha de seus representantes.
À vista do exposto, para fins de elucidar que o presente estudo possui aplicação
incomparável e constante na contemporaneidade, tratemos das eleições presidências de 2016
nos Estados Unidos, as quais elegeram Donald Trump. Esse pleito foi marcado
significativamente por controvérsias envolvendo a disseminação de fake news. Para tanto,
houve grande influência dos veículos de informações russos, os quais desfrutavam-se de
mensagens automáticas, por meio de perfis desconhecidos disseminando, pois, fake news,
com a finalidade de manipular os eleitores (BALDISSERA; FORTES, 2021, p. 28).
Nesse período, grandes polemicas e tensões marcaram a desinformação massiva de
um povo, abalando as próprias fundações da democracia. Ademais, cabe mencionar que
Trump sempre manteve um discurso que por muitos foi considerado como “franco”, todavia
era repleto de desinformação, predominando a transmissão de notícias com teor totalmente
falsificado. Sobre essa reflexão, Matthew D’Ancona assevera que:

Como candidato e presidente, Donald Trump depreciou a suposição de que o


líder do mundo livre deve ter ao menos uma familiaridade obliqua com a
verdade [...] o que Trump queria dizer era que a história importava mais do
que os fatos. E foi exatamente sobre essa base que ele fez sua campanha em
2016 (D’ANCONA, 2018, p. 20 e 25).

Na mesma linha de raciocínio, de acordo com análise do site www.G1.com.br, desde


que assumiu a presidência do pais, Donald Trump já realizou de mais de 20 (vinte) mil
declarações não verdadeiras, dentre elas, acusou o México de enviar deliberadamente
criminosos como imigrantes ilegais ao Estados Unidos, além de afirmar que a candidata
Hilary Clinton e o presidente da época Barack Obama, haviam criado o Estado Islâmico.
É certo que tais atitudes corroboraram para afastar boas práticas democráticas no
país, ao desinformar massivamente os eleitores estadunidenses.
Vale destacar, ainda, sob uma análise mais profunda, que o chamado “brexit” possui
um vínculo estritamente relevante com a presente pesquisa. Isso porque, a saída do Reino
Unido do bloco político e econômico denominado União Europeia foi marcada pela
desinformação e guerra de narrativas (D’ANCONA, 2018, p. 26). Desse modo, foram
transmitidas inúmeras informações falsas que induziram camadas sociais a apoiarem o brexit
com discursos fraudulentos e atentatórios à democracia inglesa.
Assim, oportuno salientar, que os eleitores defensores do brexit extraiam
informações que não eram capazes de enfatizar a realidade, e acabavam ludibriados pelas
campanhas mentirosas, vejamos:

Dominic Cummings, diretor de campanha do Vote Leave, favorável ao


brexit, sustentou na época: o argumento a favor da saída tinha que ser claro e
se apegar a ressentimentos específicos do público [...] Cummings acreditava
que o custo semanal de pertencer à União Europeia – supostamente 350
milhões – deveria aparecer em primeiro plano na campanha e, crucialmente,
identificado como dividendo para o National Health Service (NHS- Serviço
Nacional de Saúde). Em outras palavras, subvencionar médicos e
enfermeiras, e não burocratas de Bruxelas (sede de importantes instituições
da União Europeia). Em terceiro lugar, a campanha deverá apresentar o
possível acesso da Turquia à União Europeia como um perigo claro e
presente para o controle britânico da política de imigração (D’ANCONA,
2018, p. 27 e 28)

Posto isso, as fake news veiculadas em favor do brexit resultaram sentimentos


xenofóbicos por parte da população, já que relacionavam os problemas sociais do Reino
Unido ao ingresso de imigrantes no país. Além disso, as informações falsas induziam que o
país não investia em questões sociais e econômicas por destinar altos valores para União
Europeia.
Outrossim, outro ponto de análise, refere-se as eleições presidências brasileiras do
ano de 2018 e 2022. Conforme preceitua Mariana Barbosa (2022, p.33) “as eleições
brasileiras de 2018 carregaram uma boa dose de ineditismo e anomalia”, tal afirmação refere-
se ao fato de a internet ter viabilizado que conteúdos de desinformação fossem vinculados de
modo difuso em ambientes digitais, fato que não havia acontecido em nenhum outro pleito
eleitoral até então.
Com isso, as fake news tornaram-se elemento decisivo para que os eleitores
consumissem notícias partidarizadas, as quais influenciaram suas ações que diante deliberadas
formas de desinformar, acabaram realizando escolhas confusas por não terem acesso a
informação real. A influência digital assolou gravemente as eleições de 2018, e não por um
aspecto positivo, uma vez que o conteúdo manipulado colocava em descrédito o meio
jornalístico, além de confundir a população (SILVA, LICZBINSKI, 2022, p. 154).
Ademais, o problema é bem mais desastroso do que se possa imaginar. Segundo a
organização Avaaz, que elaborou estudo sobre as eleições presidenciais de 2018 no Brasil,
relatou que 98,21% dos eleitores do presente pleito consumiram informações enganosas,
sendo que 89,77% acreditam que as notícias expostas eram verdadeiras.
No pleito de 2022, não foi diferente, os fatos inverídicos persistiram em uma
veiculação ainda mais avassaladora, comprometendo significativamente o direito à
informação. Salienta-se que a jurisdição eleitoral tem enfrentado percalços com a
disseminação de fake news, o que compromete toda a estrutura democrática do Brasil
(BARCELOS, 2019, p.79).
A esse respeito, nunca houve uma demanda tão intensa no combate à desinformação,
eis que após verificação do site TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral) constatou-se o
esclarecimento da Justiça Eleitoral referente a mais de 10 (dez) fatos mentirosos veiculados
pela internet sobre o pleito eleitoral de 2022. Dentre tais fatos, elenca-se: seções em que todos
os votos foram para o mesmo candidato, terminal de mesário mostra voto duplicado para
presidente, logs “descriptografados” das urnas revelam em quem a pessoa votou, é possível
saber em quem as pessoas votaram pela internet. Contudo, todas informações mentirosas
foram aclaradas pela Justiça Eleitoral.
Extrai-se, ainda, do site TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que o deputado estadual
Fernando Destito Francischini teve seu mandato cassado, por decisão do plenário do Tribunal
Superior Eleitoral, tornando-se inelegível, em razão da disseminação de notícias falsas contra
o sistema eletrônico de votação.
Pertinente frisar, que o jornalista Matthew D’Ancona (2018, p. 34) expôs em seu
livro, que até mesmo em sociedades democráticas a mentira, enfaticamente é considerada
regra e não uma exceção, como o caso da Polônia, no qual:

O partido nacionalista no poder, Prawo I Sprawiedliwosc (Lei e Justiça),


disseminou mentiras de modo rotineiro a respeito de homossexuais, de
refugiados que espalhavam doenças e da colaboração entre comunistas e
anticomunistas. Não esperamos mais que nossos políticos eleitos falem a
verdade: isso, por enquanto, foi eliminado do perfil do cargo ou, no mínimo,
relegado de forma significativa da lista de atributos requeridos
(D’ANCONA, 2018, p. 34)

Tendo em vista toda análise exposta nesse momento, o protagonismo da informação


na era digital, propiciou inúmeras formas comunicativas essenciais ao debate social e político
de um povo. Todavia, não há mecanismos democráticos eficazes se tais informações são
transmitidas de forma maliciosamente falsa, com a finalidade de manipular ideais de uma
sociedade (FAUSTINO, 2023, p.85). É bem verdade que a desinformação gera malefícios
irreparáveis ao Estado Democrático de Direito.
Portanto, deve-se “evitar a desinformação e a propagação de fake news para a
consequente efetivação de um Estado Democrático real” (DA SILVA, LICZBINSKI, 2022, p.
147), ao passo que o desenvolvimento pleno do corpo social está estritamente ligado a
informação real, transparente e fidedigna com a verdade. Só assim, a coletividade terá
aparatos necessários a discussão democrática.

3.3.4 Um paralelo entre fake news e a pós-verdade, além de uma breve análise dos
principais aspectos do Projeto de Lei n°2630/20

Para fins de concluir a ideia principal realizada nesse estudo, faz-se importante
relacionar as fake news com o fenômeno da pós-verdade. Nesse sentido, observa-se que a
discussão que se instaura em favor do termo “pós-verdade” interliga-se a uma ideia além de
oposição entre verdades e mentiras, reafirmando, assim, outras convicções. Posto isso,
Rodrigo Seixas destaca que:

A problemática da mentira no conceito de pós-verdade aparece já na própria


morfossemântica do termo. Trata-se do uso do prefixo “pós”, que indica, de
antemão, a natureza da relação pretendida com a noção de verdade [...] O
que ocorre, com efeito, é uma superação do desejo de verdade por parte dos
sujeitos, ao menos da verdade divergente da sua. Por assim dizer, haveria
certo desinteresse dos sujeitos em estabelecer um movimento heurístico de
verificação dos fatos e das verdades, porquanto mais vale a manutenção das
convicções e das identidades do que um verificacionismo a todo custo
(SEIXAS, 2018, p.125)

Portanto, a terminologia “pós-verdade” trata-se da alteração na percepção e conduta


de como a sociedade prioriza a busca pela veracidade, a transparência do que é veiculado e
consumido, eis que os usuários são atraídos para a desinformação sem perceber a submersão
que estão inseridos.
Além disso, Mariana Barbosa (2022, p.42) esclarece que “a mentira é fácil de
produzir- é barata- e desperta o furor das audiências”, sendo assim a pós-verdade relaciona-se
com as fake news por justamente não ocorrer questionamentos, por parte da sociedade, sobre
as fontes reais daquela informação transmitida, consolidando o campo de desinformação
ameaçador à democracia.
Convém enfatizar, ainda sob a perspectiva da pós-verdade, que tal terminologia
denota a possibilidade de que os fatos são menos preponderantes na forma de moldar a
opinião popular do que aqueles apegados a emoções e subjetividades pessoais. De tal modo
que este fenômeno possui aplicação útil e estritamente direta com os meios de comunicação, a
velocidade de propagação de notícias falsas, bem como a capacidade de influência imediata
dessa desinformação ao corpo social (DA SILVA, 2022, p. 664).
À vista do exposto, vislumbra-se que o Projeto de Lei n° 2630/20, cabe menção e
análise, sinteticamente, no presente trabalho. Ao passo que sua relação com as fake news e a
era da pós-verdade é singular.
Isso porque, tal Projeto de Lei institui a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência, desse modo determina normas referentes à clareza de
redes sociais e serviços, bem como a responsabilidade dos provedores no combate à
desinformação, conforme extrai-se do site do Senado Federal.
Analisando, sucintamente, o Projeto de Lei n° 2630/20 tem-se que vários pontos
referentes ao debate da regulamentação das plataformas digitais, visam de um lado conter a
disseminação das fake news, objeto principal do presente estudo. É indubitável que a
população ficou grandemente dividida, de um lado, há defensores que justificam que controlar
conteúdos com notícias falsas é necessário para manutenção de boas práticas democráticas.
Lado outro, há uma vertente que acreditam trata-se de uma censura e afronta à liberdade de
expressão (GOMES, VILAR, 2020, p.9).
Dentre as propostas, o Projeto de Lei respalda-se, de acordo com o site Politize,
principais objetivos, quais sejam: proibição da criação de contas falsas, proíbe o uso de bots,
estabelecem um limite do alcance de mensagens que são muito compartilhadas; delimita que
as empresas contenham registro de mensagens compartilhadas massivamente; requer a
identificação de usuários que contribuem com os conteúdos publicados, evitando, assim,
anúncios falsos; prevê a criação do Conselho de Transparência e Responsabilidade na
Internet; delimita que provedoras de redes sociais introduzam sedes no Brasil; impõe sanções,
por meio de advertências ou multas, àquelas empresas que infringirem as medidas previstas
em Lei.
Feitos os principais apontamentos do Projeto de Lei supracitado, nota-se que há uma
linha tênue entre conter a acentuada desinformação e respeitar a liberdade de expressão, por
isso é necessário precaver-se para evitar abusos, no mesmo raciocínio, imperioso combater as
fake news que assolam o Estado Democrático de Direito (GOMES, VILAR, 2020, p.7). Pelas
razões já expostas, o Projeto de Lei n° 2630/20 é fundamental, ao mesmo tempo, delicado,
uma vez que não se pode delinear uma única forma de conter a desinformação sem antes
analisar o confronto de direitos fundamentais que os cercam.
Para além, notemos a seguinte afirmação:

Na verdade, não se pode objetivar um único método eficaz para combater a


desinformação, a questão é mais complexa do que se imagina a depender do
caso prático. E com isso, utiliza-se o método de pós-verdade, onde é preciso
um conjunto de informações para obter a verdade sobre um determinado fato
vinculado na internet, principalmente nos provedores de aplicações (art. 5º,
VII), sobretudo na identificação e procedência lícita que possibilitam o
acesso de forma transparente para melhor informar o público sobre as
notícias políticas e os projetos propostos pelos gestores públicos, também
pelos portais de transparência (GOMES, VILAR, 2020, p.5 e 6).

Além do que foi explanado, importante mencionar, que o Projeto de Lei n° 2630/20
foi elaborado por um viés baseado no Digital Services Act (DSA) -Lei de Serviços Digitais, o
qual entrou em vigor em novembro de 2022, posteriormente à aprovação da União Europeia.
Sendo assim, essa legislação foi considerada a mais avançada em relação a
regulamentação dos serviços digitais, visando unificar o mercado digital, o qual está presente
há alguns anos na Europa, em concordância com o site CNM Brasil.
Desse modo, observando ainda o site CNM Brasil, o objetivo da Lei de Serviços
Digitais (Digital Services Act) consiste em focar nas questões de transparência referentes à
vinculação dos serviços digitais, visando proteger direitos fundamentais e ponderar os
conteúdos transmitidos, tendo como foco principal a estrutura da plataforma.
À vista disso, destaca-se a principal diferença entre o Projeto de Lei n° 2630/20 e a
Lei de Serviços Digitais, qual seja, no primeiro quanto a responsabilidade dos provedores,
gestão de riscos e dever de cuidado das plataformas, há uma proposta uniforme para os
provedores, não havendo mecanismos de proporcionalidade entre as obrigações, além de
amplo espaço para interpretações subjetivas. Diferente do que ocorre com o segundo, (Lei de
Serviços Digitais) no qual as obrigações dos provedores moldam-se de acordo com o papel
que exercem, tamanho e impactos no meio digital, além de atribuírem responsabilidades
especificas aos provedores no caso em que tenham ciência sobre o conteúdo ilegal.
Por conseguinte, as fake news agem em desfavor à democracia, enquanto revestem-
se de uma modalidade de mentira manipuladora, com suas fontes desconhecidas e autoria
quase sempre forjada (BARBOSA, 2022, p.41). Propõem-se lesar direitos públicos, como o
direito à informação, e por serem de fácil veiculação através das tecnologias digitais,
alcançam números alarmantes de usuários. De fato, restou cabalmente demonstrado, no
presente estudo, que a as fake news prejudicam drasticamente as estruturas democráticas de
uma sociedade, sendo que a tarefa de conter a desinformação é complexa, árdua e com
constantes limitações.

3.4 CONCLUSÃO

Destarte, para fins de conclusão da pesquisa, foi possível perceber que o debate da
desinformação, causada pelas fake news, é complexo e necessário para almejar possíveis
soluções no que tange conter as notícias falsas.
Durante todo estudo, verificou-se pontos cruciais para entendimento dos impactos e
problemas advindos da onda de desinformação. Em primeiro plano, ao relacionar fake news
com direito à informação extraiu-se que são ideias totalmente contrapostas e ao mesmo tempo
necessárias para manter um debate democrático. Com isso, as notícias falsas, em meio a uma
era informatizada e tecnológica, são transmitidas a seus usuários com a intenção de manipular
um povo, o que não coaduna com o direito à informação. Isso porque, a sociedade tem a
garantia fundamental de extrair de notícias jornalísticas e meios de informações, relatos
transparentes e reais para moldar suas ideias e opiniões.
Com a análise dos malefícios e problemas causados pelas fake news, aufere-se que
esse problema advém, com maior enfoque, após as eleições presidenciais de 2016 nos Estados
Unidos, na qual a pós-verdade e a manipulação adquiriram um espaço grandioso dentro da
sociedade. Posteriormente, esses efeitos foram crescendo e se manifestando em outros
Estados Democráticos do mundo. O Brasil, sofreu com a desinformação desde as eleições
presidenciais de 2018, ao passo que a sociedade não pôde, tampouco teve oportunidade de
escolher verdadeiramente o que acreditava ser melhor para o país, foram contaminados pela
desinformação fraudulenta e enganosa, sem perceber os malefícios à estrutura democrática do
Brasil.
Além disso, o próprio sistema eleitoral sofreu com a crise de desinformação, sendo
que a sociedade foi induzida pela transmissão de informações falsas sobre a forma que se
escolheria o próximo representante. Outrossim, vários fatos citados no desenvolvimento do
presente trabalho conferem veracidade a análise de que as fake news geram problemas
imensuráveis ao Estado Democrático de Direito. As bases democráticas enfraquecem-se com
a transmissão de informações mentirosas e manipuladas,
Por fim, ao estabelecer um paralelo entre pós-verdade e fake news objetivava-se
demonstrar que a sociedade está cada vez mais submersa em uma realidade coberta de
notícias mentirosas, que não são capazes de moldar suas opiniões buscando fatos científicos,
objetivos e reais. Desse modo, o poder das novas tecnologias diante a era informacional,
ratifica esse efeito de reprodução de relatos mentirosos, pois se consomem tantas
desinformações que dificulta à coletividade absorver o contrário, ficando reféns de um relato
mentiroso.
O presente estudo, analisou alguns aspectos do Projeto de Lei n°2630/20, o qual
preceitua certos limites na transmissão de informações na internet, buscando responsabilizar
os provedores no combate à desinformação, almejando determinar normas referentes à clareza
de notícias nas redes sociais. Diante tal fato, há pontos positivos e negativos sobre o referido
projeto de Lei. Isso porque, é necessário conter a disseminação em massa de fake news,
contudo há limites que devem ser observados, tais como a liberdade de expressão e imprensa.
Portanto, é delicado de se assegurar o que seria mais viável ao Estado Democrático de Direito,
pois há pontos importantes e se suma relevância que devem ser ponderados ao observar o
Projeto de Lei n°2630/20.
Para encerrar, o jornalista britânico Matthew D’Ancona (2018, p. 45) menciona que
“ a indignação dá lugar a indiferença e, finalmente, à conivência. A mentira é considerada
regra e não exceção”. À vista disso, tem-se que a sociedade se torna convivente com a
desinformação, justamente pela imersão em ambientes de informações com finalidade
manipuladora e irreal. Certamente, isso não a torna culpada, mas sim vítima desse relato. A
partir do instante que foi possível compreender, pela coletividade, a importância da
informação concreta ao Estado Democrático de Direito os rumos democráticos serão
realizados por uma nova perspectiva.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O direito à informação, pouco conhecido pela sociedade de fato, é um direito


fundamental imprescindível à comunicação humana, porque é através dele que os cidadãos
concretizam seu direito informacional garantido constitucionalmente. Nesse sentido, o direito
à informação assegura a defesa dos cidadãos a consumirem exposições de fatos, notícias,
ideias e levantamento de dados transmitidos pelos meios informacionais de comunicação.
Posto isso, usufruir informações claras, concisas e reais, são instrumentos que materializam a
proteção do livre pensamento em um Estado, no qual ocasionalmente, é dissipado por
tendenciosidades prejudiciais ao corpo social.
Malgrado, por sua importância na vida dos indivíduos deve ser mantido e respeitado.
Todavia, as fake news destoam dessa realidade, ao imergirem fatos mentirosos e fraudulentos.
Até porque, essa forma deliberada de desinformar falsifica o relato jornalístico ou mesmo de
enunciados opinativos, constituindo-se uma mentira na era da pós-verdade. É claro que, por
advirem de fontes desconhecidas sua criação é desconhecida, porém real e maliciosa.
Além do que, as fake news possuem a intensão em lesar direitos preciosos, tais como
o da informação analisado junto a esse estudo. Nesse ponto, surge a questão controversa, qual
seja, não há como garantir informações reais, de qualidade e concretas quando o corpo social
está submerso em uma intensidade ímpar de desinformação.
Desse modo, o estudo do presente trabalho pretendeu abordar a importância do
direito à informação para a o Estado Democrático de Direito, bem como para a sociedade que
consome notícias difundidas a grandes produções midiáticas. Como também, as fake news
devem ser observadas como fenômenos atentatórios à democracia e contrapõem a
transparência informacional.
Por tais razões, foi primordial destacar ao longo do trabalho que disseminar notícias
com cunho intencionalmente mentiroso, estimulando a coletividade a acreditar em fatos
irreais descredibiliza a liberdade de imprensa. Ademais, essas notícias maliciosas conflitam
com o direito à informação real e translucida, violando boas práticas democráticas nos
Estados.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Mariana. Pós-verdade e fake news: reflexões sobre a guerra de narrativas.


Rio de Janeiro: Editora de Livros Cobogó, 2022.

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