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EXTENSÃO CURRICULARIZADA

PENA E PRISÃO: DIAGNOSTICAR A REALIDADE CARCERÁRIA DA REGIÃO


METROPOLITANA DO VALE DO AÇO

RELATÓRIO FINAL apresentado à


disciplina Teoria Geral do Processo Penal,
como requisito da resolução nº 316 de
30/05/2019 do CONSEPE, a qual
curricularizou a extensão.

CORONEL FABRICIANO/MG
JUNHO/2023

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SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO DOS DADOS CADASTRAIS ........................................................ 3
2. IDENTIFICAÇÃO DOS PARTICIPANTES ................................................................... 3
2.1. COORDENAÇÃO DA EXTENSÃO ........................................................................... 4
3. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 5
4. OBJETIVOS ..................................................................................................................... 5
5. METODOLOGIA, ESTRATÉGIAS DE AÇÃO, MATERIAL E MÉTODOS ......... 5
6. IDENTIFICAÇÃO DAS AÇÕES DESENVOLVIDAS ............................................... 6
7. IDENTIFICAÇÃO DA COMUNIDADE PARTICIPANTE NA AÇÃO DE
EXTENSÃO.......................................................................................................................... 6
8. RESULTADOS E CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO À COMUNIDADE ............. 6
9. CONTEÚDO DA ENTREVISTA .................................................................................. 7
10. ANEXOS ........................................................................................................................ 11

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1.0 – APRESENTAÇÃO DOS DADOS CADASTRAIS:
Título do Projeto: Pena e Prisão – Realidade Carcerária no Vale do Aço
Programa: Extensão Curricularizada
Curso: Direito

2.0 – IDENTIFICAÇÃO DOS PARTICIPANTES


 Nome: Anna Flávia Kaiser Moreira
E-mail: anna.kaiser@a.unileste.edu.br
Centro: Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste)
Curso: Direito
Contato: (31) 98733-3693
 Nome: Ana Luiza Ferreira de Souza
E-mail: ana.lsouza@a.unileste.edu.br
Centro: Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste)
Curso: Direito
Contato: (31) 9 8659 9678
 Nome: Cybelle Caroline de Sá Souza
E-mail: cybelle.souza@a.unileste.edu.br
Centro: Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste)
Curso: Direito
Contato: (31) 9 9620 2037
 Nome: Lívia Raminho Bonfá
E-mail: livia.bonfa@a.unileste.edu.br
Centro: Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste)
Curso: Direito
Contato: (31) 9 9287 7549
 Nome: Maria Eduarda Pereira Marques
E-mail: maria.emarques@a.unileste.edu.br
Centro: Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste)
Curso: Direito
Contato: (31) 9 8571 4199
 Nome: Maria Luiza Fontes Teixeira
E-mail: maria.fontes@a.unileste.edu.br
Centro: Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste)

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Curso: Direito
Contato: (31) 99888-1385
 Nome: Karina Soares Pires Ferreira
E-mail: karina.ferreira@a.unileste.edu.br
Centro: Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste)
Curso: Direito
Contato: (31) 97163-2035
 Nome: Roni Cristian Nunes dos Santos Magalhães
E-mail: roni.magalhaes@a.unileste.edu.br
Centro: Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste)
Curso: Direito
Contato:(31)99782-0223

2.1 COORDENAÇÃO DA EXTENSÃO


Nome: Taiane Martins Oliveira
E-mail: taiane.martins@p.unileste.edu.br
Centro: Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste)
Curso: Direito

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3. INTRODUÇÃO

Através deste trabalho será analisado a realidade careceria da região metropolitana do Vale
do Aço, bem como questionar a aplicabilidade real da legislação brasileira e se os Direitos
Humanos fundamentais estão sendo observados no sistema punitivo vigente. Possui extrema
relevância, uma vez que é evidente o descaso, a nível nacional, relacionado a reintegração e
reinserção social dos apenados. Portanto, através de duas entrevistas realizadas pelo grupo,
serão expostas as situações dos presídios do Vale do Aço, os problemas enfrentados
decorrentes da falta de estrutura física e de investimentos educacionais e também a
efetividade da ressocialização pós cumprimento da pena.

4. OBJETIVOS

Objetivo da presente pesquisa é apurar o atual contexto do grupo carcerário da região do


Vale do Aço, buscando informações com profissionais atuantes em áreas com contato
próximo a essa realidade que intriga boa parte da sociedade. A partir de entrevistas e
pesquisar obter informações que agreguem ao trabalho, além de trazer dados que, muita das
vezes, não são divulgados pela mídia, ocultando detalhes importantes do cenário dos
detentos de nossa região.

5. METODOLOGIA, ESTRATÉGIAS DE AÇÃO, MATERIAL E MÉTODOS

Dado o trabalho de extensão com o tema Pena e Prisão, nos foi proposto o sub tema
Diagnóstico da Realidade Carcerária no Vale do Aço. De forma geral no país em que
habitamos, o sistema carcerário tem como finalidade amparar, reabilitar e reintegrar o
detento para convívio em sociedade.
Em análise a entrevista com o Dr. Gustavo Viana, inscrito na OAB/MG sob o nº 212.237, foi
possível identificar que, no Vale do Aço, o sistema carcerário enfrenta desafios relacionados
acerca da violação dos Direitos Humanos em situações que ferem formalmente direitos
básicos de toda pessoa presa. Contudo, é notório que tal sistema traz consigo muitas
contradições, fazendo com que seus reflexos positivos se voltem negativamente, podendo até
ser caracterizado como escola do crime

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6. IDENTIFICAÇÃO DAS AÇÕES DESENVOLVIDAS
Nos dias 22 de março e 26 de abril, reuniões para definição do tema, coleta de bibliografia
e elaboração de questionário, na faculdade;
Durante a produção do trabalho procuramos duas autoridades para nos auxiliar e
responder nossas dúvidas, sendo elas:
 O Advogado Dr. Gustavo Viana, inscrito na OAB/MG sob o nº 212.237, que nos
atendeu por meio de mensagem e respondeu o questionário enviado a ele por meio do e-
mail. Sendo assim, atendeu nosso grupo de forma virtual devido a incompatibilidade de
agendas.
 O Juiz Dr Paulo Sérgio Vidal, da Vara Criminal e da Infância e juventude de Coronel
Fabriciano, que atendeu o nosso grupo no fórum Dr.Orlando Milanez, em seu gabinete, no
dia 27 de abril de 2023 às 14h da tarde, durante a entrevista foram respondidas oralmente as
questões desenvolvidas pelo grupo.

7. IDENTIFICAÇÃO DA COMUNIDADE PARTICIPANTE NA AÇÃO DE


EXTENSÃO

As ações extensionistas foram dirigidas ao poder judiciário (entrevista com o juiz) e a um


membro da ordem dos advogados.

8. RESULTADOS E CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO À COMUNIDADE:

Torna se evidente portanto que, após realizarmos duas entrevistas podemos ver que os
resultados alcançados foram bem satisfatórios para o grupo. Sendo que uma foi realizada em
âmbito online e outra presencialmente, onde os demais entrevistados expuseram seu olhar
sobre a realidade carcerária da região metropolitana do Vale do Aço. É notável que mesmo
em meio a reclamações sobre ambientes insalubres, falta de ventilação adequada, lotação
excedida de forma astronómicas e declarações de como a falta de recursos financeiros afeta a
qualidade de vida dos detentos, em ambas as entrevistas nós conseguimos ter algumas
soluções para certos problemas, tais como uma participação mais próxima e firme do
ministério público e da defensória pública.
Conseguimos entender que a falta de políticas públicas é o principal fator para a falta de
infraestrutura no sistema carcerário do país visto que elas influenciam a maneira como os
recursos e investimentos são alocados para fins específicos, com foco na melhoria da

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qualidade de vida da população. A implementação dessas políticas afeta diretamente a vida
das pessoas e a rotina das organizações, por isso visamos que para melhor estruturação do
país em si e principalmente no sistema carcerário brasileiro, precisaríamos primeiro de um
investimento maior nas mesmas.

9. CONTEÚDO DA ENTREVISTA, PERGUNTAS E RESPOSTAS:

O projeto consiste na investigação junto às autoridades policiais e judiciárias, objetivando


diagnosticar a realidade carcerária da Região Metropolitana do Vale do Aço, para tanto os
alunos deverão realizar entrevistas com juízes, promotores, advogados, serventuários da
justiça, e cidadãos da sociedade civil, sobre suas percepções acerca da situação criminal do
Vale do Aço.

Entrevistado Dr. Gustavo Viana – OAB/MG 212.237

Qual é a sua opinião geral sobre a realidade carcerária na região? E quais são as
medidas que podem ser tomadas para evitar a reincidência dos detentos?
“É evidente que ao vivenciar a realidade experimentada pelos detentos, esta, está em total
descompasso com o que rege os direitos humanos, ou seja, ainda hoje, os presos são
submetidos a situações que ferem frontalmente direitos básicos de toda pessoa presa, isso,
porquê órgãos como o Ministério Público que possuem o dever legal de fiscalizar o
cumprimento da lei, seja ela de pessoas presas ou não, se mantêm inertes principalmente
quando se tratam de pessoas em situação carcerária, onde, muito raramente visitam os
presídios ou quando recebem demandas acerca de violações de direitos humanos não as
tratam com a devida importância e cautela. Desse modo, como principal medida a ser
tomada para evitar a reincidência é que os órgãos como Ministério Público, Defensoria
Pública, OAB, etc, venham a fiscalizar ativamente o cumprimento dos direitos básicos dos
presos, sejam eles quanto a alimentação adequada, quanto ao tratamento pelos policiais
penais, etc, pois, somente diante de um ambiente propício será possível pensar em
ressocializar um indivíduo e, portanto, evitar sua reincidência na prática de atos
criminosos. – Resposta – Dr. Gustavo Viana – OAB/MG 212.237”

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Quais são as principais mudanças legais necessárias para melhorar a realidade
carcerária?

“Ao meu ver, o necessário não seriam mudanças legais, mas, sim à aplicação e
cumprimento adequado das leis em vigência, desse modo, entendo que o cerne de todo
imbróglio carcerário está em torno não da ausência de leis, mas, sim da não
aplicação e cumprimento das legislações existentes. – Resposta – Dr. Gustavo Viana –
OAB/MG 212.237”

Qual é a sua opinião sobre a privatização de prisões e como isso afeta a situação dos
detentos?

“Em face das PPP’s (Parcerias Público Privadas) no sistema carcerário vejo que existem
vantagens e desvantagens, as vantagens se atentam a inexistência de superlotação (isso, por
que é uma exigência contratual com as PPP’s) e o oferecimento de dinâmicas que envolvem
a ressocialização dos detentos, quais sejam, cursos profissionalizantes, incentivo à leitura,
áreas de lazer, etc, o que não ocorre muitas das vezes nas prisões públicas. No entanto, as
PPP’s no sistema carcerário também podem vir a acarretar danos e violações aos direitos
dos detentos, pois em tese o ente privado tem o interesse voltado aos lucros e, portanto, nas
prisões privadas o detento é sinônimo de lucro, ou seja, não é interesse dos administradores
das prisões privadas que os presos regridam de regime ou que sejam libertos, o que torna
extremamente necessária a participação efetiva dos entes públicos na fiscalização das
prisões privadas, bem como, é bem improvável que em caso de violações diretas de direitos
humanos os detentos poderão ter voz ativa para insurgir contra os administradores da
própria instituição privada, ou seja, é de suma importância que os entes públicos fiscalizem
para que situações dessa natureza não ocorram em prisões privadas. – Resposta – Dr.
Gustavo Viana – OAB/MG 212.237

Como a falta de recursos financeiros pode afetar a qualidade de vida dos presos?

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“A falta de recursos financeiros afeta totalmente a qualidade de vida dos presos, pois como
bem sabemos eles são custeados por verbas públicas e, se, essas verbas não chegam até
eles, isso, por si só, impacta totalmente suas qualidades de vidas, seja na área da saúde com
a ausência de profissionais capacitados, bem como, pela ausência de medicamentos, seja
pela ausência de produtos adequados de higiene pessoal, dentre outros fatores – Dr.
Gustavo Viana
– OAB/MG 212.237”

Como as condições nas prisões afetam a saúde mental dos detentos?

“As condições na prisão afetam totalmente a saúde mental dos detentos, inclusive em sua
ampla maioria eles já possuem problemas mentais ou psiquiátricos, sendo inclusive um
déficit do PDMC – Presídio Dênio Moreira de Carvalho, qual seja, a ausência de médico
especializado na área psiquiátrica, bem como, em toda e qualquer área e a ausência de
medicamentos apropriados. As celas são extremamente pequenas, sem iluminação, sem
entrada de ventilação adequada e superlotadas, ou seja, um ambiente propício para
ocasionar problemas mentais ou aflorar ainda mais a aqueles que já possuem – Dr. Gustavo
Viana – OAB/MG 212.237”

Como a falta de educação pode afetar a vida dos detentos dentro e fora das prisões?

“A falta de educação em regra foi e é o carro chefe para a ampla maioria das prisões, pois
a ausência de uma estrutura educacional adequada seja por parte do Estado ou até mesmo
familiar ocasiona a marginalização e consequentemente prisões, ou seja, a ausência de
educação é um fator crucial para as superlotações das prisões e estando presos, a
permanência da ausência de educação é uma resposta contrária a qualquer possibilidade de
ressocialização de um detento, bem como, lhe impossibilita de remir sua pena por estudo e
leitura, ou seja, tanto dentro como fora das prisões a ausência de educação afeta
negativamente a vida dos detentos – Dr. Gustavo Viana – OAB/MG 212.237”

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Quais são as dificuldades que os presídios da região vêm enfrentando atualmente para
abrigar a população carcerária. Até a data de hoje, o índice de crimes aumentou ou
diminuiu? Existe déficit de vagas?

“A situação do Estado de Minas Gerais com relação a população carcerária é precária e


extremamente preocupante, principalmente em decorrência da superlotação, hoje o PDMC
possui cerca de 1.334 (mil trezentos e trinta e quatro) presos, dados atualizados até a data do
dia 13/04/2023 e possui capacidade para cerca de 500 (quinhentos) presos, ou seja, é evidente
que há uma extrema superlotação e que, portanto, o índice de crimes aumentou, ressalta-se
que esse número aumentou em nossa região também em decorrência da ausência de vagas no
CERESP de Ipatinga, ou seja, hoje o PDMC além de abrigar os presos definitivos, também
recebe os presos provisórios, sendo hoje um total de aproximadamente 200 (duzentos) presos
provisórios – Dr. Gustavo Viana – OAB/MG 212.237”

Quais são as possíveis consequências da falta de acesso à assistência jurídica e judiciária


para os detentos?

“A principal consequência da falta de acesso jurídico aos detentos é o esquecimento, pois, sem
a assistência adequada muitos presos que possuem a capacidade de progredir de regime ou
que já podem ser soltos acabam sendo esquecidos nos presídios, o que de certa forma
colabora para a superlotação – Dr. Gustavo Viana – OAB/MG 212.237”

Como a falta de acesso a oportunidades educacionais e de treinamento afeta a


reintegração dos detentos à sociedade?

“Tendo em vista que, conforme já explanado a ausência de educação é o carro chefe para a
marginalização e consequentemente o aumento da criminalidade, desse modo, é indubitável
que, a falta de acesso a oportunidades educacionais e de treinamentos afeta totalmente a
reintegração, pois, somente a educação é apta a transformar a realidade de uma pessoa, sem
isso, o detento volta a sociedade da mesma forma que entrou e até mesmo em um estado pior

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caso não tenha tido nenhuma oportunidade educacional ou profissionalizante – Dr. Gustavo
Viana – OAB/MG 212.237”

Em sua opinião quais são os principais desafios enfrentados no exercício de sua profissão?

“Os principais desafios enfrentados pelo advogado (a) criminalista em específico é a falta de
tratamento isonômico nos órgãos públicos, seja em uma delegacia de polícia ou em um
presídio, pois, não raras vezes nossos direitos e prerrogativas são violados e, cada ente
público entende de uma forma como deve ser aplicado esses direitos. Além da ausência de
tratamento isonômico o (a) advogado (a) criminalista diariamente tem de enfrentar o
preconceito da sociedade que muitas vezes confundem o profissional com o suposto crime
cometido por seu cliente – Dr. Gustavo Viana – OAB/MG 212.237”

- Quais são as possíveis soluções para reduzir o número de detentos e melhorar a eficácia
do sistema carcerário?

“A principal solução é a participação efetiva e fiscalizatória do Ministério Público,


Defensoria Pública, Juízes Corregedores e OAB nos presídios, pois conforme já relatado não
são raros os casos de detentos que já poderiam estar cumprindo pena em liberdade e, no
entanto, pelo descaso da Defensoria Pública ou pela lentidão dos Magistrados encontram-se
reclusos, o que, favorece a situação de superlotação e, além disso, vejo que o aumento de
programas governamentais de prevenção a criminalização/marginalização seriam
fundamentais, com uma participação efetiva nas comunidades mais carentes – Dr. Gustavo
Viana – OAB/MG 212.237”

ANEXOS

Áudio da entrevista com o Juiz Dr Paulo Sérgio Vidal, da Vara Criminal e da Infância e
juventude de Coronel Fabriciano:
https://www.dropbox.com/s/zecv8v50oonq48u/Maria_Luiza.m4a?dl=0

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