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Resumo: Analisar a reinvenção dos profissionais 50+ e sua contribuição para o desenvolvimento territorial
é o objetivo deste artigo. Toma-se como referência de estudo o município de Belém, capital do Estado do
Pará. O tipo de pesquisa é qualitativa exploratória. Como instrumento de coleta de dados utilizou-se
questionários online no Google Forms, bem como a realização de entrevistas com profissionais. O estudo
aponta para contribuição tanto no campo teórico, pela necessidade de estudos que minimizem a lacuna
existente sobre a temática do trabalho 50+ e sua relação com o desenvolvimento territorial, com para o
campo empírico, por mais estudos que desvelem o trabalho dessa faixa etária da população que cresce
consideravelmente no município de Belém. O estudo demonstrou que o trabalho a partir dos 50 anos de
idade pode influenciar o desenvolvimento territorial de Belém por meio de políticas que estimulem o
empreendedorismo maduro.
Resumo: Analisar a reinvenção dos profissionais 50+ e sua contribuição para o desenvolvimento territorial é o
objetivo deste artigo. Toma-se como referência de estudo o município de Belém, capital do Estado do Pará. O
tipo de pesquisa é qualitativa exploratória. Como instrumento de coleta de dados utilizou-se questionários online
no Google Forms, bem como a realização de entrevistas com profissionais. O estudo aponta para contribuição
tanto no campo teórico, pela necessidade de estudos que minimizem a lacuna existente sobre a temática do
trabalho 50+ e sua relação com o desenvolvimento territorial, com para o campo empírico, por mais estudos que
desvelem o trabalho dessa faixa etária da população que cresce consideravelmente no município de Belém. O
estudo demonstrou que o trabalho a partir dos 50 anos de idade pode influenciar o desenvolvimento territorial de
Belém por meio de políticas que estimulem o empreendedorismo maduro.
Introdução
Desde os anos 1960, o avanço das políticas públicas na saúde, habitação e na educação
proporcionaram avanços na qualidade de vida da população, que contribuíram para a
longevidade dos cidadãos. Bem como, a divulgação e uso de métodos contraceptivos, além do
ingresso da mulher no mercado de trabalho tem influenciado a diminuição do crescimento
populacional no Brasil, e, portanto, de sua população jovem (FREIRE; MURITIBA, 2012).
A expectativa de vida no ano de 2019, no Brasil, foi de 80 anos para as mulheres e 73
anos para os homens (FOLHA, 2019). De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA, 2019), o pico populacional brasileiro levará a um envelhecimento
significativo da população, cuja projeção é de mais 43 milhões de idosos em 2031.
Consequentemente, as mudanças populacionais impactam no mercado de trabalho. Os novos
empregos deverão se encontrar nas pessoas com mais de 45 anos, faixa etária que deverá ser
responsável por cerca de 56,3% da futura população em idade ativa a partir de 2030
(FOGUEL; RUSSO, 2019).
Esses dados apontam para o desenvolvimento do empreendedorismo maduro no país, o
qual já tem reflexos significativos na economia brasileira, mediante o crescimento contínuo de
negócios gerenciados por profissionais com 50 anos de idade ou mais, além do aumento de
consumidores dessa faixa etária. Os consumidores maduros movimentaram cerca de R$ 402.3
bilhões no Brasil em 2012 (SEBRAE, 2018).
O envelhecimento da população, aliado às pressões do sistema previdenciário, deverá
manter o trabalhador ativo por um maior tempo. Por isso, Foguel e Russo (2019) consideram
necessária uma política de saúde ocupacional para diminuir as saídas do mercado de trabalho.
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Não obstante, será necessária a redução de preconceitos com relação ao trabalho dos idosos,
além de capacitação para que eles possam acompanhar as mudanças tecnológicas.
Diante desse cenário que se mostra alarmante e, simultaneamente, desafiador, os
profissionais 50+ podem gerar novas soluções para os problemas cotidianos da população,
renda, novos empregos, desenvolvimento, consumo e receitas para o país, por meio de
geração de impostos, já que estarão ativos, economicamente, por mais tempo.
O termo “50+” se aplica às pessoas com 50 anos de idade ou mais, de modo que
profissionais nessa faixa etária também são denominados “maduros”. Compreende-se que
profissionais com mais de 50 anos de idade, no futuro, terão potencial cada vez maior para
desenvolver atividades consideradas empreendedoras. Esse potencial empreendedor está
relacionado são somente pela questão do aumento da população e da qualidade de vida nessa
faixa etária, mas, também, porque os idosos do futuro são os jovens atuais, criados em uma
era de informação, com um nível de escolaridade superior ao de seus antecedentes, com
capacidade, assim, de contribuir significativamente para o desenvolvimento de seus
territórios.
Neste artigo, vislumbra-se que o desenvolvimento territorial requer o protagonismo de
todos os atores que compõem tal território, na reflexão e ação para seu desenvolvimento.
Assim, o desenvolvimento territorial não pode vir a depender somente do setor público, mas
também do envolvimento da iniciativa privada e do terceiro setor para que, em conjunto,
possam criar ações que promovam bem-estar social, sustentabilidade e competitividade de
negócios.
Tal movimento de desenvolvimento territorial requer a identificação das necessidades e
potencialidades territoriais, o que necessariamente inclui as pessoas de todas as faixas etárias,
no que identificamos os desafios ocupacionais postos aos profissionais 50+. Esses desafios,
em geral, envolvem aos profissionais percorrem caminhos de atualização ou até mudança
ocupacional, busca de novos aprendizados (inclusive tecnológicos) e, mesmo, de superação de
preconceitos. Neste artigo, caracterizamos esse processo enquanto reinvenção profissional.
Considerando esse contexto, surgiu a seguinte questão problema: como a reinvenção
dos profissionais 50+ pode contribuir para o desenvolvimento territorial do município de
Belém? Especificamente, o artigo busca identificar o perfil e o potencial empreendedor
maduro para o desenvolvimento territorial do município de Belém e examinar processos de
reinvenção do trabalho 50+ em Belém por meio das percepções de profissionais maduros.
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A pesquisa em Belém, capital do estado do Pará, é considerada pertinente, uma vez que
sua população é classificada como envelhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS),
pelo município ter um quantitativo de idosos a partir de 7% da população (IBGE, 2020).
Belém, capital do estado do Pará, tem uma população estimada de 1.492.745 pessoas, em
2019, sendo que 9,3%, da população possuem de 60 anos ou mais e 21,9% possuem de 40 até
59 anos.
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em curto prazo, a necessidade por parte do mercado de gerar oportunidades suficientes para a
população em idade ativa, entre esses atenção à inclusão produtiva dos profissionais maduros.
No que diz respeito aos indivíduos aposentados, Carvalho (2009) acrescenta que as
oportunidades para trabalhar temporariamente, ou meio período, após a aposentadoria, podem
reduzir a ansiedade de profissionais maduros e suas preocupações financeiras, diminuindo as
resistências no próprio processo de aposentadoria.
É necessário entender o sentido do trabalho para essa parcela da população madura,
possibilitando a elaboração e adoção de políticas e programas que sejam capazes de incluir
esses profissionais. Esse entendimento norteará as organizações para gerar maior retenção e
inclusão dos trabalhadores maduros, considerando que a oferta de profissionais mais jovens
não será suficiente para repor a geração que intenciona se aposentar nos próximos anos
(ROSSO; DEKAS; WRZESNIEWSKI, 2010).
Outra opção aponta para o desenvolvimento do empreendedorismo maduro no país, o
qual já tem reflexos significativos na economia brasileira, mediante o crescimento contínuo de
negócios gerenciados por profissionais com 50 anos de idade ou mais, além do aumento de
consumidores dessa faixa etária.
Assim, ser dono do próprio negócio torna-se uma alternativa para os profissionais 50+
para inclusão produtiva. Segundo Rosso, Dekas e Wrzesniewski (2010), pesquisas apontaram
que os profissionais maduros que escolheram empreender, conseguiram estender as carreiras
por mais tempo e com mais qualidade de vida, ainda que, às vezes, a renda diminua. Neri
(2009) também relata que profissionais maduros que empreenderam experimentaram
considerável aumento na qualidade de vida, incluindo a satisfação das necessidades
psicológicas fundamentais: controle, autonomia, auto realização e prazer.
Cabe acrescentar, ainda, que o trabalho voluntário também é uma alternativa para
preencher de sentido o tempo livre de pessoas maduras e para compartilharem experiências
(ROSSO; DEKAS; WRZESNIEWSKI, 2010). A permanência ou inclusão produtiva desses
profissionais 50+ também dialoga com aspectos de coesão social mais abrangente de cidades
e territórios, os quais podem potencialmente se articular com processos de desenvolvimento
territorial.
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até 14 de janeiro de 2020, em que ao todo se alcançou 43 respondentes, sendo 48,8% do sexo
feminino e 51,2% do sexo masculino.
Na segunda etapa, foram escolhidos cinco profissionais de 50 anos ou mais para a
realização de entrevista estruturada, os quais passaram por processo caracterizado como de
reinvenção profissional a partir dos 50 anos de idade. As áreas de atuação destes 5
profissionais são: (a) Corretor de Imóveis; (b) Médico Retinólogo; (c) Sócia da Barbearia; (d)
Professora Universitária; (e) Engenheiro Civil.
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Fonte: a pesquisa.
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Idade de
53 anos 69 anos 62 anos 51 anos 50 anos
reinvenção
Motivação
Falência e Desejo de A parceria Desejo de se Hipertensão e a
para
indicação do filho ocupação com o genro reinventar necessidade
reinvenção
Aprendizado
Experiências com Orientação Oftalmologia Gestão Voluntariado e
recente ou
clientes espiritual e Tecnologia Educacional Engenharia Civil
atual
Fonte: a pesquisa.
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ativo, como período oportuno para produzir atividades de significado pessoal, articular os
aprendizados conquistados ao longo da carreira e da vida (MINARELLI, 2010).
Perguntou-se qual é o objetivo para essa fase madura da carreira (ou negócio, ou
voluntariado) para cada um dos profissionais e empreendedores 50+.
Notou-se um discurso relacionado a um trabalho intimamente conectado com a
vocação, o interesse pela longevidade do trabalho e do voluntariado. Segundo Carvalho
(2009), o trabalho voluntário é uma alternativa para os maduros se sentirem importantes, além
de uma oportunidade de ajudar outras pessoas que precisam do benefício voluntariado. Esse
tipo de trabalho altruísta pode ser uma alternativa para preencher o tempo livre e para
compartilhar experiências, saciando as necessidades sociais, de aceitação por parte dos
colegas.
Observou-se ainda pelas falas dos entrevistados a ambição e o desejo de crescimento
profissional. O argumento revela um anseio de atendimento das necessidades e de realização
pessoal, que estão no topo da hierarquia. Elas são intimamente ligadas com a realização do
próprio potencial e autodesenvolvimento contínuo. Elas se expressam por meio da vontade
que a pessoa tem de se tornar mais do que é e de ser o melhor que pode ser (MASLOW,
1954).
Considerações finais
Incentivar o trabalho a partir dos 50 anos de idade é uma alternativa de valorização dos
profissionais maduros brasileiros, antes que o cidadão se torne um idoso, fomentando a
economia e desenvolvendo o território.
O profissional 50+ tem muitas chances de oferecer o know-how diferenciado para o
mercado. Entretanto, como a competitividade, a conectividade e os grandes avanços da
tecnologia se fazem presentes, a reinvenção desses profissionais é necessária e pode ser
facilitada por meio de aprendizado tecnológico e comportamental. São necessárias, então,
políticas públicas de capacitação específica para os profissionais maduros, que atenda as
peculiaridades, dificuldades e potenciais desses cidadãos.
Os resultados da pesquisa demonstram que os profissionais 50+ formam um grupo de
pessoas experientes, motivadas e comprometidas, que possuem diversas competências uteis
para empreender. Considera-se que esse público ainda está aberto ao aprendizado e
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