Você está na página 1de 15

Trabalho Interprofissional e Colaborativo como

instrumento para fortalecimento da Rede de


Atenção Psicossocial

UNIDADE 2
Trabalho Interprofissional e
Colaborativo: uma aproximação
teórico/prática
APRESENTAÇÃO DA UNIDADE

Olá!

Na Unidade 1, pudemos percorrer por uma discussão sobre a trajetória do cuidado


em saúde mental, observando como suas diferentes atribuições interferiram no seu
“lugar” e tratamento. Observamos que a conjuntura atual propõe o cuidado
integral e humanizado para que pessoas com transtorno mental e usuários de
álcool e outras drogas possam ser cuidados dentro da sociedade, perto de suas
famílias e sobretudo como sujeitos de direito, através da RAPS.

Uma configuração em rede requer dos serviços de saúde uma abordagem que seja
continuada e articulada, visto que existem diversos pontos de atenção que são
corresponsáveis pelas diferentes necessidades de saúde.

Nesta unidade apresentaremos o Trabalho Interprofissional e Colaborativo, para


entendermos melhor como sua prática pode ajudar na qualidade da assistência.
AULA 01- O trabalho em saúde e suas especificidades

A discussão em torno do processo de trabalho tem se mostrado muito


importante para a compreensão da organização da assistência à saúde e,
fundamentalmente, de sua potência transformadora quando buscamos dialogar
sobre formas de responder às complexas necessidades de saúde atual.

✓ Você já percebeu como as necessidades e os problemas das pessoas


estão cada vez mais complexos?

✓ Já pensou que essas mudanças impõem cada vez mais desafios para
os trabalhadores de saúde?

Essas mudanças exigiram novas repostas na produção do cuidado, e isso


exige um esforço conjunto do Estado, dos trabalhadores de saúde, da população,
das instituições formadoras, do conjunto de atores sociais envolvidos na garantia
do direito inalienável à saúde (curso Marcelo).
Nós, enquanto profissionais de saúde, temos uma grande responsabilidade
nesse contexto e nossa dinâmica de trabalho deve somar esforços ao objetivo de
responder as necessidades de saúde.
Mendes-Gonçalves (1994) discute sobre trabalho como termo nuclear para
compreensão as práticas de saúde, a partir do seu caráter histórico e com
compromissos sociais. O autor investiga nos seus estudos sobre processo de
trabalho, a aplicação da teoria marxista do trabalho ao campo da saúde e a
conformação dos seus elementos constituintes - objetos, instrumentos
materiais/intelectuais (saberes) e a atividade humana.
Em um processo de trabalho, existem alguns componentes que o
determinam (FARIA et al., 2009):

Finalidades ou objetivos
são projeções de resultados que visam a satisfazer necessidades e
expectativas dos homens, de acordo som sua organização social e
relativizado pelo momento histórico.
Os objetos
Podem ser matérias-primas, materiais já previamente elaborados ou, ainda,
certos estados ou condições pessoais ou sociais, que estão sendo
transformados.
Os meios de produção ou instrumentos de trabalho
Podem ser máquinas, ferramentas ou equipamentos em geral, mas também,
em uma visão mais ampla, podem incluir conhecimentos e habilidades.
os agentes
São os homens, que realizam a transformação de objetos ou condições para
se atingir fins previamente estabelecidos.

Para melhor entendimento dessa articulação, veja o mapa conceitual:

FARIA, et al. Processo de trabalho em saúde. 2. ed. Belo Horizonte: Coopmed, 2009. Disponível em:
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/Processos-de-trabalho-2009.pdf

Pode-se dizer, portanto, que a finalidade rege todo o processo de trabalho e


é em função dessa finalidade que se estabelecem os critérios ou parâmetros de
realização do processo de trabalho. Para Merhy (1995), o modo de operar os
serviços de saúde é definido como um processo de produção do cuidado. No
trabalho em saúde há uma imprevisibilidade do resultado final, configurado pela
intensa relação interpessoal, dependente do estabelecimento de vínculo entre os
envolvidos para a eficácia do ato.
Em determinados momentos, alguns profissionais podem até direcionar o
trabalho pelas suas especificidades, mas o resultado final é produto da intensa
relação pessoal e profissional (AGRELI e PEDUZZI, 2016). Nessa dinâmica, o
usuário assume o papel de corresponsável também pelo resultado final,
fornecendo informações necessárias e reconhecendo seu protagonismo na tomada
de decisões que melhorem sua qualidade de vida e saúde (MENDES-
GONÇALVES, 1994).
Atualmente, a expressão multidimensional das necessidades de saúde, bem
como o conhecimento sobre a complexidade que envolve as intervenções ao
processo saúde-doença de usuários/comunidades, requerem múltiplos sujeitos
para darem conta da totalidade das ações, demandando a recomposição dos
trabalhos especializados, com vistas à assistência integral.
Vejamos algumas situações importantes nessa mudança do cenário
epidemiológico (FRENK et al., 2010):
• Aumento das doenças crônicas não transmissíveis, que apontam para outras
formas de enfrentamento dos problemas de saúde.
• Ampliação da população urbana, com aumento da concentração de pessoas em
espaços com condições sanitárias mais precárias.
• Novos riscos infecciosos, ambientais e comportamentais.
• Necessidade de racionalização dos custos dos serviços de saúde.
Pela natureza das necessidades de saúde, torna-se evidente que um
profissional sozinho não consegue dar conta de resolver certas situações,
apontando assim, para a importância do trabalho em equipe.
Partindo da lógica que a centralidade do processo de produção dos serviços
de saúde é o usuário e suas necessidades de saúde, essa percepção exige uma nova
forma de trabalho em saúde, mais integrada e marcada por uma comunicação
efetiva (AGRELI; PEDUZZI; SILVA, 2016).
Vale destacar que a mera aglomeração de profissionais de diferentes áreas
não garante um trabalho conjunto, visto que ações isoladas, justapostas e sem
articulação não permitem o alcance da eficiência dos serviços na atenção à saúde
(RIBEIRO, PIRES e BLANK, 2004).
É necessária uma integração de forma consciente entre os profissionais para
que se efetive a articulação almejada e necessária para a integralidade das ações
de saúde. Esta, não ocorre automaticamente nas intervenções produzidas pelos
vários profissionais na rotina, mas depende de conexões percebidas e introduzidas
conscientemente pelos sujeitos do trabalho (PEDUZZI, 2003).
A mudança do modelo de assistência em saúde, de um “modelo médico
produtor de procedimentos” para outro “produtor do cuidado”, requer um
enfrentamento com os interesses que representam o ideário de mercado, no
sentido de ressignificar a utilização da saúde enquanto bem social e não enquanto
mercadoria.
O enfrentamento não se dá de forma simples e os processos implicados com
as práticas mercantis na saúde estruturam-se também em modos de agir dos
trabalhadores e usuários que orientam as práticas assistenciais (FRANCO, 2003).
Assim sendo, para se pensar um novo modelo assistencial em saúde
centrado no usuário, é fundamental ressignificar o processo de trabalho. Para isso,
é necessária uma mudança na finalidade desse processo, que passa a ser a
produção do cuidado, na perspectiva da autonomização do sujeito, orientada pelo
princípio da integralidade e utilizando como ferramentas a interdisciplinaridade,
a intersetorialidade, o trabalho em equipe, a humanização dos serviços e a criação
de vínculos usuário/profissional/equipe de saúde (RODRIGUES e ARAÚJO,
2001).
As práticas profissionais devem se complementar (BARR, 1998) e, assim
buscar alcançar um único objetivo. Trabalho em equipe de modo integrado
significa conectar diferentes processos de trabalhos, aproximando os saberes e
valorizando a participação das diferentes áreas na produção do cuidado, partindo
de objetivos comuns, e consenso quanto a maneira mais adequada de atingi-los
(RIBEIRO, PIRES e BLANK, 2004)

Para refletir:

✓ Como tem se dado a dinâmica do trabalho em saúde em sua realidade?

✓ Existe trabalho em equipe, ou apenas divisão de um mesmo espaço?

✓ Você se sente preparado para trabalhar em equipe?


São questões que pouco paramos para refletir no cotidiano. No entanto, as
transformações na sociedade estão acontecendo e precisamos acompanhar esse
processo para poder garantir uma atenção resolutiva.

Desenvolver competências capazes de melhorar a capacidade para o trabalho em


equipe é uma necessidade no contexto atual e, nos últimos anos, essa discussão
vem ganhando ainda mais força.

Vamos aprofundar essa discussão?

AULA 2 - Conceito de Trabalho Interprofissional em Saúde: uma breve


incursão

É extremamente provável que em algum momento de nossas experiências


profissionais, tenhamos escutado algumas expressões:

✓ E trabalho interprofissional? Prática colaborativa?

✓ Já ouviu antes ou são novas para você?

Visitar esses conceitos é um exercício interessante para perceber a


intencionalidade de assegurar profissionais que reconheçam a importância do
efetivo trabalho em equipe para melhorar a qualidade da atenção à saúde
O trabalho em equipe surge como necessária (re)configuração, enquanto
instrumento para a efetividade dos serviços de saúde, e consequente consolidação
e fortalecimento do Sistema Único de Saúde, visto que as novas formas de
organização dos serviços de saúde envolvem o desenvolvimento de novas práticas
clínicas baseadas em colaboração (PEDUZZI et al, 2016).
Entretanto, a continuidade da divisão por categorias e a hierarquização
ainda presente nas equipes dificultam a articulação entre os profissionais e
transformam esse espaço de produção de saúde potencial num espaço de
desavenças, lutas corporativas e de desqualificação do outro (BONALDI et al.,
2007).
Mediante a visualização da fragmentação ainda prevalente entre as ações
de saúde, que permanecem em práticas individualizadas em muitas realidades,
novas configurações de trabalho em equipe estão sendo discutidas. Esses debates
buscam promover reflexões e mudanças frente às características do processo de
interação entre os profissionais atuantes nos dispositivos de saúde e dos aspectos
que influenciam no trabalho cooperado.
Para um maior aprofundamento, existe a necessidade de maior
esclarecimento conceitual para melhor compreensão das discussões que
permeiam essa temática, visto que a perspectiva que se vislumbra atualmente
busca um pensamento mais avançado e abrangente, bem como a literatura aponta
uma ausência de consenso na especificação de termos.
Existe uma comum utilização da expressão “multiprofissional” para
designar o trabalho enquanto coletivo, em que os profissionais possuem
conhecimentos e práticas específicas mediante um objetivo em comum. Mas,
tornou-se necessária a busca por termos que colocassem em evidência, com mais
clareza, a importância da interação e cooperação necessária entre os profissionais
(COSTA, 2014).
De forma frequentemente os termos citados no início desta unidade são
tomados como equivalentes de forma equivocada, tornando imprescindível
discutir sobre essas definições de maneira clara, afim de promover um maior
conhecimento e consequente viabilidade para a execução na prática (PEDUZZI,
2007).
Na definição de Trabalho Interprofissional podemos identificar as seguintes
caraterísticas:

Assegura a efetividade da interação, sendo identificado pela


colaboração, respeito mútuo e confiança, no reconhecimento dos diferentes
profissionais, com interdependência e complementaridade dos conhecimentos
e ações (SILVA, 2014).
Permite a articulação entre práticas distintas através da boa
comunicação, coesão, flexibilidade, gerenciamento de conflitos e
compartilhamento da responsabilização nas tomadas de decisões (COSTA,
2014).
O trabalho interprofissional está relacionado à articulação entre
profissionais de uma equipe e equipes de diferentes serviços, direcionando a
organização do cuidado em saúde para novas práticas clínicas que promovam a
integração das ações, bem como a consolidação de redes de cuidado entre a
atenção primária, secundária e terciária. Trata-se de uma característica da “equipe
integração” (PEDUZZI, 2001) engrenadas por alguns aspectos como: respeito
mútuo e confiança, reconhecimento do papel profissional das diferentes áreas,
interdependência e complementaridade dos saberes e ações (D’AMOUR et al,
2008).
D’Amour e Oandasan (2005 apud D’amour, 2008) definem que as equipes
interprofissionais são constituídas por duas ou mais categorias profissionais que
compartilham conhecimentos e práticas para o planejamento, bem como execução
de ações no seu contexto de trabalho. Outras definições encontradas na literatura,
trazem que o termo se relaciona ao processo pelo qual os profissionais
desenvolvem reflexões e práticas que forneçam uma resposta integrada e coerente
com as necessidades do usuário, sua família e comunidade, envolvendo uma
interação longitudinal e a partilha de conhecimentos entre os profissionais, a fim
de resolver o cuidado contínuo, buscando estimular a participação do usuário
(ROCHA et al, 2016).
A literatura internacional traz evidências do impacto da prática
interprofissional colaborativa na atenção à saúde melhorando os resultados do
cuidado, principalmente no que se refere à segurança na assistência e satisfação
do usuário. Também se evidencia o impacto positivo nos próprios profissionais,
que relatam maior satisfação no ambiente de trabalho (PEDUZZI, LEONELLO e
CIAMPONE, 2016).
Alguns grupos internacionais canadenses e norte-americanos
desenvolveram um conjunto de competências para a prática colaborativa
interprofissional, a fim de suprir limitações na formação em saúde. O
grupo Canadian Interprofessional Health Collaborative (CIHC), estabeleceu seis
domínios de competências essenciais para a prática interprofissional colaborativa:
comunicação interprofissional; cuidado centrado no paciente, cliente, família e
comunidade; clarificação de papéis profissionais; dinâmica de funcionamento da
equipe; resolução de conflitos interprofissionais e liderança colaborativa (CIHC,
2010).
É necessário que os profissionais de saúde reconheçam a importância de se
trabalhar de maneira conjunta e estejam aptos a atuar mediante o reconhecimento
da importância da interação e complementaridade de diferentes olhares, e da
corresponsabilização em todos os aspectos do cuidado.
Vejamos agora duas cenas que enunciam diferentes conformações de
equipes:

Cena 01:
Em uma sala do CAPS AD, a coordenadora do serviço reúne os profissionais médico,
enfermeiro, psicólogo e assistente social para discutir o caso de João.
Coordenadora: Pessoal, precisamos ver o que podemos fazer para ajudar João. Sua mãe me ligou
dizendo que o mesmo não está conseguindo nem se alimentar.
Médico: Infelizmente não poderei ficar para a conversa, tenho muitos atendimentos para
realizar. Peça que ele venha que faço sua consulta.
Enfermeira: Quando ele for avaliado, eu explico como ele vai ter que tomar a medicação.
Psicólogo: Não conheço esse caso, vocês poderiam me explicar?
Enfermeira: Ah! Depois da consulta você pode conversar com ele.
Nesse momento todos saem e se dirigem cada um para sua respectiva sala.

Cena 2
Na sala da enfermeira, entra a agente comunitária de saúde:
ACS: Enfermeira, precisamos sentar para discutir o caso de adolescente Mariana, ela está cada
vez pior da depressão e agora não quer mais ir à escola.
Enfermeira: Precisamos investigar se ela realmente está tomando a medicação certinha. Vamos
chamar o médico e a técnica para estudarmos como podemos ajudar.
A ACS chama os profissionais, que entram na sala e sentam em círculo.
ACS: Bem pessoal, precisamos ver como podemos ajudar o caso de Mariana.
Médico: Irei procurar saber com o pessoal do CAPS como está o tratamento dela, mas podemos
fazer uma visita também.
Enfermeira: Vamos juntos para a visita, assim podemos fazer uma avaliação e traçar a melhor
conduta para o caso dela.
Técnica: Vocês podem me passar o caso dela? Posso ajudar na administração das medicações.
ACS: Claro, vou abrir agora o Projeto Terapêutico Singular dela para fazermos o planejamento.
✓ Você consegue identificar a diferença entre a forma de trabalho entre as duas equipes?

✓ Consegue identificar em alguma das cenas o Trabalho Interprofissional? A partir de


quais aspectos?

✓ Qual cena mais se aproxima da sua realidade de trabalho?

Para aprofundar essa reflexão, te convido para a próxima aula, onde abordaremos a
prática colaborativa.

AULA 03- Elementos-chave para a prática colaborativa

Na aula anterior discutimos sobre o trabalho colaborativo como importante


ferramenta para assegurar o efetivo trabalho em equipe. Nessa conjuntura, a
colaboração propõe alguns aspectos que direcionam as práticas de diferentes
profissionais para um caminho em comum.

✓ Na sua realidade, sua equipe costuma trilhar para o mesmo objetivo?

✓ Existe a rotina de traçar objetivos e executar intervenções


conjuntamente?

A colaboração é uma tendência relacionada à orientação do cuidado,


propondo nova prática clínica, integração do cuidado e estabelecimento de redes
de cuidado entre os níveis de atenção. Baseia-se no princípio de que os
profissionais querem trabalhar juntos para oferecer um cuidado mais qualificado
(SILVA, 2014).
D’amour et al (2008) estabeleceram um modelo e tipologia de colaboração
nos serviços de saúde, desenvolvido no Canadá, baseado em quatro dimensões e
seus indicadores, que orienta os elementos-chave para efetivação dessa
configuração de prática.
Veja o quadro para conhecer melhor as dimensões e seus indicadores:
Indicadores de Descrição
colaboração

METAS E VISÃO Metas Este indicador está relacionado a construção


COMPARTILHAD objetivos comuns pelos profissionais, com particular
AS referência ao caráter consensual e abrangente dos
objetivos.

Cuidado Geralmente existe uma assimetria de interesses entre


centrado no os parceiros, de modo que a centralização no usuário
usuário direciona o cuidado para o mesmo caminho.

INTERNALIZAÇÃ Conheciment Os dados mostram que os profissionais devem


O o mútuo conhecer-se pessoal e profissionalmente para
desenvolver o sentimento de pertencimento a
equipe.

Confiança Segundo os profissionais, a colaboração só é possível


quando existe a confiança nas competências uns dos
outros e na capacidade de assumir responsabilidades.

GOVERNANÇA Centralidade A centralidade refere-se à existência de um uma


figura que realize um direcionamento claro e um
desempenho de um papel estratégico e político para
promover a implementação de processos e estruturas
colaborativas.

Liderança A liderança local é necessária para o


desenvolvimento da colaboração interprofissional e
interorganizacional, podendo ser exercida por
gerentes ou por profissionais que tomam a iniciativa
por conta própria. Neste último caso, a liderança é
compartilhada por diferentes parceiros e está sujeita
a amplo acordo.
Suporte para A colaboração conduz a novas atividades ou porque
inovação envolve a divisão de responsabilidades de forma
diferente entre profissionais e entre instituições, e
isso implica na necessidade suporte para que essas
mudanças sejam desenvolvidas e implementadas.

Conectividad Conectividade refere-se a oferta de espaços de


e discussão e de construção de vínculos entre eles.
Pode se dar através de sistemas de informação,
comitês, etc.

FORMALIZAÇÃO Ferramentas A formalização é um meio importante de esclarecer


de as responsabilidades dos vários parceiros e negociar
formalização como as responsabilidades são compartilhadas,
utilizando meios como: protocolos, sistemas de
informação, etc.

Intercâmbio A troca de informações refere-se à existência e


de utilização adequada de uma infraestrutura de
informações informação que permita uma troca rápida e completa
de informações entre os profissionais.

A ampliação do conhecimento e entendimento sobre os processos


colaborativos na atenção à saúde, busca reconhecer o seu potencial na
contribuição para reforma dos modelos de atenção. Para isto, é preciso buscar a
implementação de um processo de construção e reconstrução da dinâmica de
trabalho, direcionada pela ótica do diálogo e compartilhamento de objetivos
comuns (ROCHA et al, 2016).
Campos (2000) dimensiona o campo e o núcleo profissional enquanto
dimensões para efetivação do trabalho colaborativo, onde o campo trata-se do
espaço comum em que os profissionais de saúde se inserem e desenvolvem a
clínica ampliada, e o núcleo envolve as ações específicas de cada profissional
dentro do processo do cuidado. Neste sentido, contextualiza-se uma zona de
construção de objetivos em comum e consequente contribuições específicas de
saberes profissionais de diferentes áreas.
Os novos saberes decorrentes da prática colaborativa, ampliam a
responsabilização das equipes, concedem flexibilidade à dinâmica do trabalho em
equipe.
A OMS define que a prática colaborativa na atenção à saúde ocorre quando
profissionais de saúde de diferentes áreas prestam serviços com base na
integralidade da saúde, envolvendo os pacientes e suas famílias, cuidadores e
comunidades para atenção à saúde da mais alta qualidade em todos os níveis da
rede de serviços (OMS, 2010).

Embora a literatura evidencie efeitos positivos das práticas colaborativas


para usuários, profissionais de saúde, bem como para o fortalecimento do sistema
de saúde, no contexto atual do trabalho em saúde, a competição é mais presente
que a colaboração. A nossa realidade ainda é marcada pela forte fragmentação das
práticas em saúde.

Os interesses profissionais geram uma barreira pela competitividade


existente, limitando a prática dos outros para manutenção do escopo de práticas
privativas de cada profissão, fomentando uma relação de conflito entre poderes
(SILVA, 2014). Tal rivalidade ocasiona prejuízo direto à dinâmica dos serviços,
que sofrem influência da divisão técnica do trabalho, ausência de articulação das
ações desenvolvidas e individualismo predominante.

Você já vivenciou alguma experiência em que fatores culturais, pessoais ou


institucionais proporcionaram competição entre os profissionais de sua equipe?

Você sente que existe colaboração na dinâmica do trabalho em seu serviço de


atuação? Que fatores favoreceram e dificultam?

Um ponto importante para destacar é que a liderança é um fator importante


para conduzir o processo de trabalho em equipe efetivo. Mas, a liderança na
perspectiva interprofissional é sempre compartilhada, reconhecendo e
valorizando todos membros da equipe na condução das ações. Essa liderança com
um tempo vai sendo incorporada por todos os sujeitos por meio do sentimento de
pertencimento e de corresponsabilização, e para isso o único caminho possível é
a partir da colaboração (COSTA, .

Agora que estudamos um pouco esses conceitos, como você percebe o


Trabalho Interprofissional e Colaborativo na sua realidade?

E dentro do contexto da RAPS?

Pare e pense e perceberá quão significativa é essa discussão para nossa


realidade.

Te espero na próxima unidade!!!

REFERÊNCIAS:

Você também pode gostar