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FORMAÇÃO DE EDUCADORES

AMBIENTAIS: DESAFIOS E
PERSPECTIVAS DA INOVAÇÃO
PEDAGÓGICA
Luciana Ribeiro
Ferenc Kiss
Marcela Kropf

Eixo Temático e Tema: Eixo 2 - políticas, programas e práticas de Educação


Ambiental

Palavras-Chave: formação de professores, sociedades sustentáveis, projetos


interdisciplinares, espaços educadores sustentáveis.

Resumo Expandido:

A formação inicial e continuada de professores é objeto de política pública no


Brasil. Por meio da Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério
da Educação Básica (PARFOR) foram disponibilizados aos municípios temas
prioritários de cursos de especialização a implementar, sendo um deles, a
Educação Ambiental com ênfase em Espaços Educadores Sustentáveis,
realizado na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA),
entre 2014 e 2016. A formação de educadores ambientais é processo complexo,
envolve a construção de habilidades, conhecimentos, atitudes e valores próprios
à transformação paradigmática proposta pela Educação Ambiental (EA), a qual
constitui-se em paradigma educacional inovador, tal como fundamentado nos
documentos históricos de nascimento e institucionalização da EA. Para fazer
frente às raízes da crise civilizatória, a EA se estrutura contrapondo-se na prática
às bases da crise. Daí caracterizar-se pela interdisciplinaridade, pensamento
complexo e ética da sustentabilidade (LEFF, 2001). A formação de educadores
ambientais requer coerência teórico-prática, buscando ter perspectiva crítica,
transformadora e emancipatória (GUIMARÃES, 2004; LOUREIRO, 2004;
CARVALHO, 2005; LAYRARGUES, 2011). Nesse intuito, a pós-graduação na
UNILA priorizou, em termos pedagógicos, fortalecer a identidade de Sujeito
Ecológico (CARVALHO, 2005), reconhecer as Representações Sociais
vinculadas à EA (REIGOTA, 1994), proporcionar a ampliação do contato consigo
próprio, de modo a favorecer a identificação e o desenvolvimento de valores
(PUIG, 1998), o funcionamento profissional enquanto professor reflexivo
(SCHÖN, 2000), interdisciplinar e voltado ao trabalho coletivo (ALVARADO-
PRADA, 2010). É objetivo deste texto avaliar a experiência de realização do
curso desde sua concepção. Discutimos os aprendizados relativos à implantação
da política pública, tanto em termos administrativos quanto da prática
pedagógica, enfatizando os desafios em materializar proposta coerente com as
bases da EA apresentadas. As estratégias pedagógicas estiveram vinculadas à
perspectiva da Educação Ambiental Crítica, buscando construir aulas
interdisciplinares, estimuladoras do pensamento complexo, enfocadas na
articulação entre realidade vivida, percebida e analisada a partir de problemas
concretos. Buscamos fazer da prática o principal meio de aprendizagem, não
apenas nas aulas, mas também com a realização de projetos coletivos de EA e
viagens de campo, as quais permitiram a compreensão da dinâmica social,
econômica, ecológica e cultural da região, com seus conflitos e potencialidades
ambientais. Foram realizados dois seminários com educadores ambientais do
Brasil e da América Latina, complementando conteúdos e articulando os
estudantes com as redes de educadores ambientais. Entendemos serem
positivas estas experiências, por aproximar teoria e prática, gerar
questionamentos e mobilizar os estudantes mais concretamente para a ação
educativo-ambiental. Houve avaliações participativas e permanentes com equipe
e estudantes ao final de cada módulo, incluindo, assim, diferentes óticas. A
metodologia de planejamento e desenvolvimento de aulas em equipe favoreceu
a consolidação de um coletivo de formação em EA com estudantes e
professores, processo fundamental no desenvolvimento do trabalho coletivo.
Criticamos o repasse de recursos, bem como dos entraves burocráticos, legais
e administrativos, para a materialização da política e do curso dentro das bases
apresentadas. Fazemos proposições e sugerimos alternativas para otimizar o
trabalho docente e potencializar a formação de professores, em especial, em
educação ambiental.

Agradecimentos
Ao COMFOR, pelo apoio financeiro à realização do curso; à UNILA, pelo espaço
de experimentação pedagógica.
Referências
ALVARADO-PRADA, L.E. Formação continuada de professores: alguns
conceitos, interesses, necessidades e propostas. In: Revista Diálogo
Educacional, v. 10, n. 30. Curitiba:Editora Universitária Champagnat, 2010.

CARVALHO, I. C. M. A invenção do sujeito ecológico: identidades subjetividade


na formação dos educadores ambientais. In: SATO, M.; CARVALHO, I. C. M.
(orgs). Educação Ambiental: pesquisa e desafios. Porto Alegre: Artmed,
2005.

GUIMARÃES, M. A formação dos educadores ambientais. Campinas, SP:


Papirus, 2004.

LAYRARGUES, P. P. Muito além da natureza: educação ambiental e reprodução


social. In: LOUREIRO, C. F. B. LAYRARGUES, P P. CASTRO, R, S de. (orgs.).
Pensamento complexo, dialética e educação ambiental. São Paulo: Cortez,
2011.

LEFF, E. Epistemologia Ambiental. São Paulo: Cortez, 2001.


LOUREIRO, C. F. B. Trajetórias e fundamentos da educação ambiental. São
Paulo: Cortez, 2004.

PUIG, J. M. A construção da personalidade moral. São Paulo: Editora Ática,


1998.

REIGOTA, Marcos. Meio Ambiente e Representação Social. São Paulo:


Cortez, 1994.

SCHÖN, D.A. Educando o Profissional Reflexivo: um novo design para o


ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2000.

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